sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

"votação ostracismo por el-rei D. João II?!"


Terminada a segunda expedição marítima da guarnição de Diogo Cão, o nome do navegador desaparece da cena dos descobrimentos. A inexistência de referências oficiais, induziu os historiadores modernos a procurar uma explicação para este facto tão misterioso e enigmático.
A “Oratio de Obedientia”, pronunciada por Vasco Fernandes de Lucena, em 11 de Dezembro de 1485, durante a coroação do papa Inocêncio VIII, criou a ideia de que a guarnição alcançara o “ Promontorium Prassum”, onde começa o golfo arábico, do Mapa de Fra Mauro, na 1ª viagem de exploração marítima ao longo da costa ocidental africana.
Na segunda viagem de exploração marítima, a guarnição ao atingir a actual baía de Moçâmedes, Janeiro de 1486,verificou o equívoco, o engano.
Entrou numa larga baía a perder-se de vista.
A orla marítima a partir da Ponta Redonda do Farol do Giraúl, segue para Leste e Nordeste numa extensão aproximada de 4 Km! 
No actual  porto mineiro do saco Giraúl faz uma abrupta inflexão!
Em vez de seguir indefinidamente na direcção do Nordeste como seria  suposto pelo desenho do mapa de Soligo, a costa marítima  no  porto mineiro do saco Giraúl inflecte repentinamente na direcção do  Sudeste, Sul, Oeste e Noroeste, até à Ponta Grossa, Pau ou  Noronha, numa extensão aproximada de 15 Km, formando uma enorme baía, a baía de Moçâmedes.
farol na Ponta Redonda do Giraul baía de Moçâmedes, vista do Barambol, à latitude 15º 8' Sul 

Chegados a Portugal, os sobreviventes da expedição, na presença de D. João II, e  cosmógrafos do rei disseram:
“…a seguir ao cabo Zorto [falso cabo], "ver mapa mundi Henricus Martelus de 1489"uma enorme angra [baía]”.
“ A partir daí, [ baía de Moçâmedes], latitude 15º 8' Sul, reconhecemos a costa para além dessa angra, mil milhas para Sul, não verificamos qualquer sinal da navegação para Oriente ou Norte”, faz supor caso exista tal passagem,  existir muito mais a Sul ao ponto onde chegamos, Ponta dos Farilhões, Namíbia lat. 22º 26’ Sul “.
Haveria ou não um cabo meridional como limite extremo do continente africano, onde os oceanos Atlântico e Índico se ligam, dando a possibilidade de navegar para Oriente e alcançar a tão desejada rota marítima da Índia das especiarias e estabelecer contactos com o reino cristão do Preste João situado na Etiópia?!
Atingindo, nesta 2ª expedição, o ponto antes reconhecido o- falso Promontorium Prassum   actual Ponta Redonda do Farol do Giraúl , baía de Moçâmedes, a guarnição supôs achar-se ante um mar aberto, portanto no fim de África (cf. Fontoura da Costa – às portas da Índia em 1483, págs., 41-50), verificou a perder-se de vista, uma larga baía, cujo alargamento da orla marítima se dirige para Sul.
É impossível imaginar a surpresa e desilusão da guarnição!
Ultrapassará esse ponto e empurrará para além do paralelo 22 um reconhecimento desesperado!
baía de Moçâmedes, Namibe

A costa africana a partir daí, apresenta para o visitante, apenas perfis áridos e estende-se para Sul sem parar.
A ilusão de alcançar o Promontorium Prassum, dois anos antes, Setembro 1483, deveu-se a dois factores:
- O ponto de convergência dos dois oceanos, Atlântico e Índico, é bem visível, no mapa-múndi executado em 1459 pelo monge veneziano Fra Mauro, a pedido de D. Afonso V, situa-se a 15º latitude Sul, muito mais a Norte do que na realidade.
- A guarnição não obteve a necessária  visão factual da larga baía de Moçâmedes, Namibe na 1ª viagem de exploração marítima, Setembro de 1483 !
Na altura, o espectro visual da baía apresentava um manto de nevoeiro cerrado. 
Observou apenas a variação da posição da Ponta Redonda do Farol do Giraúl, da baía de Moçâmedes, Angola - a orla marítima segue para Leste 1 Km , e  para Nordeste num limite indefinido e desaparece.
Ver mapa de Cristóforo Soligo.

baía Moçâmedes, Namibe, Angola, a Norte da baía a Ponta Redonda do Farol do Giraul, a Sul a Ponta Grossa ou Noronha ou Pau
Razões ponderosas às dificuldades adversas à navegação, fizeram retroceder as duas caravelas. 
As fortes correntes vindas do Sul, exerceram influência contra os rochedos pontiagudos da  Ponta Redonda do Farol do Giraúl.
Mapa de Fra Mauro

Seta a tracejado o grande canal (rio Zaire) ligação oceano Atlântico ao oceano Índico (Quiloa)
Seta a cheio o Promontorium Prassum
A orla marítima no actual porto mineiro do Saco do Giraúl, faz uma inflexão repentina para Sul, se estende ao longo dum arco de 15 Km, formando uma enorme baía.
Actualmente, barcos de grande calado navegam pela baía de Moçâmedes fazendo-se ao porto mar.
Na outra extremidade a Sul da baía fica o porto mar
No limite fronteiro Sul jaz outro cabo, o cabo da Ponta Grossa ou Noronha,  virado para o mar oceano a  indicar o ponto cardeal do Noroeste  e dá acesso à praia de nome D. Amélia.
A notícia, divulgada por Vasco Fernandes de Lucena, junto à Stª Sé revelou-se errada, após a 2ª expedição!
O desaparecimento do navegador da cena dos descobrimentos, deveu-se exclusivamente àquela errada notícia, e  consequente ostracização do monarca  da cena dos descobrimentos?!
O desaparecimento do navegador  deveu-se  ao  facto de não ter regressado da 2ª expedição marítima!
É imperioso ter em conta a legenda do "Insulário", de Henricus Martellus,  também uma afirmação contida nos pareceres da Junta de Badajoz, em que menciona o falecimento de Diogo Cão na região da Serra Parda, Namíbia, Sudoeste Africano, quando atingida a latitude 22º Sul.

Assim, é mais plausível considerar o desaparecimento do navegador da cena dos descobrimentos, como devida à sua morte por terras africanas,  do que como consequência de uma hipotética  errada informação dada na 1ª expedição marítima, ficando apenas pela actual baía de Moçâmedes por não ter alcançado o  extremo Sul de África! 
A votação ao ostracismo pelo rei como preferem alguns autores, carece de razões e fundamentos não tem qualquer consistência,.
O desaparecimento de cena do navegador é sustentado pela política de Segredo de Estado –  a confidencialidade, que as descobertas marítimas tiveram no reinado de D. João II. Procurava-se o caminho marítimo para a Índia das especiarias, cujo monopólio pertencia aos ducados e reinos de Itália

Desaparecimento dos roteiros de bordo

O rei não fizera  o recebimento nos Paços de Alcáçova, em Lisboa, dos sobreviventes agora chegados, como desejava, a peste ainda matava na capital, não podia correr riscos . 
Ali no Alentejo, embora as casas fossem menos imponentes, o ar era mais saudável.
Recebeu no Paço real o capitão substituto de Diogo Cão, Pêro Anes, relatando pormenorizadamente todos os detalhes da expedição.
Embora consternado, não demonstrou qualquer atitude de desagrado.
Ouviu-o atentamente.
Logo o seu pensamento se virou para Bartolomeu Dias de Novais, peça fundamental duma próxima e breve exploração.
Uma vez que, os objectivos ainda não tinham sido cumpridos, a tão desejada ligação dos dois oceanos (Atlântico e Índico), contornando a África pelo extremo Sul, o contacto com o reino cristão do Preste João situado na Etiópia, para uma futura base de apoio na luta contra os inimigos da Fé Cristã, daria continuidade à exploração da costa marítima ocidental africana para além de Cabo da Cruz, “Cape Cross”, até que o mesmo fosse definitivamente alcançado.
Apesar das vicissitudes, a “Oração de obediência ao Papa Alexandre VII”, proferida por Vasco Fernandes de Lucena (11 de Dezembro de 1485), em Roma, manter-se-ia . A frase mestra e quase  sempre utilizada por D. João II, era “....mais vale torcer do que quebrar....”
Os serviços de espionagem dos reinos da Europa gozavam de toda a espécie de autonomia em Portugal.
Espalhados por terras lusas, procuravam a todo o transe informações precisas das descobertas pioneiras dos portugueses.
João II, conhecedor desta saga de espiões, não se deixava atormentar.
Rui Pina, apresenta-nos o Rei como um homem capaz de realizar grandes e novos feitos: enquanto o corpo habitava o Reino para bem o governar, o espírito andava sempre por fora com vontade de o aumentar.
Foi também um investigador muito solícito dos segredos do mundo. Muito versado em assuntos de cosmografia, aplicava-se a vencer as dificuldades experimentais desde que os portugueses se aproximaram do Equador, ficando assim impossibilitados de ver a Estrela Polar e por ela determinar a latitude.
Seguindo o exemplo de D. Henrique, o navegador, que chamara Jacome de Maiorca para o auxiliar, nomeou uma junta de peritos, faziam parte os judeus José Vizinho e Abraão Zacuto, junta que sugeria o método da calcular a altura do sol ao meio dia. Preparou tábuas de declinação para facilitar o trabalho dos navegadores.
Estas tábuas estavam incompletas quando o Rei expediu a guarnição de Diogo Cão, em 1482, para continuar as explorações marítimas ou longo da costa ocidental africana.

Rui de Pina refere:

«...Foi príncipe mui justo e mui amigo de justiça e nas execuções dela mais rigoroso e severo que piedoso, porque, sem alguma excepção de pessoas de baixa e alta condições, foi dela mui inteiro executor, cuja vara e leis nunca tirou de sua própria seda, para assentar nela sua vontade nem apetites, porque as leis que a seus vassalos condenavam nunca quis que a si mesmo absolvessem.»
Dizia o Rei D. João II:“... lembrai-vos do que o nosso embaixador Vasco Fernandes de Lucena afirmou em público, no ano passado, em Roma, diante do Papa Inocêncio VIII. Se Diogo Cão errou e não encontrou a passagem, vamos ser motivo de troça e zombaria para toda a Europa...”.
“ E saía, de rompante, deixando os astrónomos consternados, a olhar com reprovação para Mestre Vizinho que teria feito melhor em guardar para si as suas suspeitas e maus agoiros, em vez de os partilhar com Sua Alteza”.
“ D. João II, a sós na sua câmara, passeava de um lado para o outro, para dominar os impulsos, temendo o malogro e o desfrute, sabia que não podia apresentar pontos fracos na sua governação! O seu poder aumentara, com ele cresciam igualmente os inimigos e os descontentes, sobretudo entre os poderosos do Reino e os mais próximos da família”.
“Não hesitara em cortar o mal pela raiz. Mandara prender por traição e condenar à morte no cepo, o primo D. Fernando, 3º duque de Bragança, confiscando-lhe os bens imensos em favor da Coroa”.
“Justiça que manda fazer el-rei nosso Senhor – fora o pregão do rei de armas e dos seus dois pregoeiros: - manda degolar D. Fernando, 3º duque que foi de Bragança por cometer e tratar traição e perdição de seus Reinos de sua pessoa Real”.
“A morte do duque revoltara os nobres e pouco tempo depois descobrira nova conspiração, dessa vez para o assassinarem, mas ele adiantara-se de novo, apunhalando com a sua própria mão o cunhado D. Diogo, duque de Viseu (a Rainha D. Leonor ainda lhe não perdoara a morte do irmão!)”.
“Um a um caçara os restantes conspiradores e a todos mandara degolar em público, com pregão de seu crime, excepto ao Bispo de Évora, o mais odioso dos seus inimigos, a quem fez encerrar numa cisterna sem água, onde depressa morreu... envenenado. Os que lograram fugir e esconder-se em Castela, foram descobertos e apanhados por Pêro da Covilhã, o seu espião mais eficaz”.
“Assim, os seus aterrorizados opositores (se é que ainda restavam alguns depois da limpeza que fizera), perderam o ânimo e converteram-se em vassalos submissos”.
“O Reino e a Coroa ganharam finalmente a força e o poder que seu pai, o sonhador e generoso D. Afonso V, conhecido por “O Africano”, havia deixado fugir para as mãos gananciosas dos nobres, em mercês e privilégios”.
Há tempos de coruja e tempos de falcão” costumava dizer e durante muito tempo fora a coruja nocturna, dissimulada, observando e atacando em segredo, até se sentir seguro no seu trono. Agora era tempo para os voos do falcão, cada vez mais velozes e amplos, à conquista de céus longínquos e de outros terrenos de caça. No entanto, para guardar esse poder, não podia cometer erros”. [Diana Barroquenho – cometa ]
Uma nova expedição de exploração da costa marítima será enviada.
Para além de novos recrutas, faziam parte desta armada a guarnição  dos melhores das expedições de Diogo Cão, tais como João de Santiago piloto da naveta de mantimentos e muitos outros.
A “oração de obediência” proferida pelo embaixador Vasco de Lucena, junto da Stª Sé, manter-se-ia, deste modo o alarme dum pressuposto sucesso já anunciado e não alcançado, seria altamente prejudicial à política seguida por D. João II
Esta viagem marítima de exploração foi  classificada pelo rei de muito secreta, aliás como acontecera como muitas anteriores e também em futuras expedições.
Toda a documentação: mapas, roteiros, registos, foram sigilosamente guardados ou desencaminhados, (não existem documentos, quer na Torre de Tombo, quer em qualquer outra parte), para não comprometer o bom-nome e a glória dos portugueses.
A frota de Bartolomeu Dias largou do Tejo, Porto de Povos, a 5 de Agosto de 1487 fazendo-se ao  mar oceano.
Cinco meses depois, a guarnição avista a Serra dos Reis, baptizada no dia 6 de Janeiro de 1488, que provavelmente é a montanha de Matsikama, na África do Sul.
Dias, afastou-se da costa depois de passar a “Serra dos Reis”.
Segundo Barros, os barcos navegaram durante treze dias, com ventos em popa e com apenas metade das velas içadas, através de mares frios e tempestuosos.
Mas, em pleno Verão, uma nortada deste tipo é impossível naqueles mares.
Parece claro que Dias, cansado de bolinar em face dos ventos do Sul, afastou-se deliberadamente da costa e, chegando aos “ roaring forties” (ventos rugidores, na latitude 40º S), apanhou uma tempestade de Oeste.
Os pilotos navegaram então para Leste e não encontraram terra.
Sem saber, tinham dobrado a África.
Mudaram a trajectória para Norte e deram com terra na foz dum rio, em cujas margens se encontravam manadas de gado guardadas por “Vaqueiros”.
Não encontrando sítio para desembarcar, os navegadores continuaram para Nordeste e, depois de passar uma escarpa, entraram numa baía que, sendo 3 de Fevereiro de 1488, Dias baptizou São Brás.
Mais tarde os Holandeses deram-lhe o nome de Mossel Bay  (Baía dos Mexilhões).
A guarnição encontrava-se em pleno Oceano Índico.
A realização da maior proeza naval desse tempo, 2 caravelas, com homens no limite das suas forças enfrentaram o mar tenebroso, descortinando o mistério do gigante Adamastor.
Cabo de Boa Esperança, África do Sul

No regresso, a guarnição  encontrou o tão desejado cabo, o “ Cabo da Boa Esperança”, era o dia 05 de Junho de 1488, onde ter+a sido implantado um padrão dedicado a S. Filipe, mas o dia deste santo comemora-se no dia 03 Maio!
A 16 de Dezembro de 1488, arribou a Portugal.
D. João II prudente e satisfeito com a notícia, concordou com o nome dado ao Cabo tormentoso, “Cabo de Boa Esperança”, por Bartolomeu Dias.
Os portugueses tinham contornado o extremo Sul de África ligando os dois oceanos, Atlântico versus Índico, abrindo definitivamente as portas do caminho marítimo para a Índia das especiarias.
O Mapa de Fra Mauro, passou a designar o esboço do continente africano perdido na imensidão do imaginário, contribuiu para o encontro de culturas diferentes, acabando por cair no esquecimento!



A morte de D. João II
Fonte:
De príncipe perfeito a precursor do absolutismo. A maior parte dos historiadores concorda que foi o grande responsável pela planificação e organização do processo que levaria os portugueses ao Índico.
No final da tarde de 25 de Outubro de 1495, um domingo, faleceu na vila do Alvor o rei D. João II e as causas da sua morte são, desde há muito, motivo de especulação entre os historiadores e os seus biógrafos.
A hipótese mais provável aponta uma doença renal crónica, mas há quem defenda possibilidade de envenenamento, talvez por arsénico, levado a cabo pelos seus inimigos ou, quem sabe, pela própria rainha D. Leonor.
De facto, D. João II morreu quase só, apenas acompanhado por um punhado de homens do seu conselho. Nem a rainha, o filho D. Jorge ou o seu primo e sucessor, o duque de Beja e futuro D. Manuel I, estavam presentes. A última fase da sua vida foi marcada, para além do agravamento do estado de saúde que o conduziu às caldas de Monchique, por uma crescente tensão que envolvia a sucessão ao trono. Durante algum tempo esteve, de facto, pendente sobre o reino o espectro de uma crise dinástica e de uma guerra civil.

Quais eram as causas dessa crise?
Em 1491, um acidente infeliz vitimou o príncipe D. Afonso. A morte do infante, então com 16 anos, foi um acontecimento inesperado que abalou profundamente o rei. Por um lado, deitava por terra o seu sonho político: D. Afonso era casado com Isabel, filha dos Reis Católicos, e todos esperavam que daqui viesse a resultar um herdeiro que unisse os três reinos peninsulares.
Em segundo lugar, colocava o problema da sucessão da coroa. D. Afonso era o único filho legítimo de D. João II e a sua morte colocava na linha de sucessão o duque de Beja, irmão da rainha, que contava naturalmente com o apoio desta e da grande nobreza do reino. O monarca tinha outro filho, ilegítimo, D. Jorge, que tentou por todos os meios legitimar e apresentar como sucessor.
O choque entre os dois partidos fazia, portanto, emergir o perigo de uma guerra civil após a morte de D. João II. Este, finalmente, desistiu das suas pretensões e, poucas semanas antes de falecer, redigiu o seu testamento onde reconheceu o Duque de Beja, D. Manuel, como o legítimo sucessor e futuro rei

Que balanço se pode fazer do seu reinado?
Os historiadores avaliaram o reinado de D. João II de modos diferentes, ao longo dos tempos. Nos séculos seguintes foi chamado de “Príncipe Perfeito”, por lhe reconhecerem as qualidades necessárias de um rei-modelo.
No século XIX, D. João II passou a ser olhado com desconfiança, porque as suas medidas de centralização do poder e de repressão da nobreza foram vistas como o prenúncio do absolutismo que veio a desenvolver-se mais tarde. Hoje, D. João II é sobretudo encarado como o rei inteligente, hábil e perspicaz que vislumbrou, delineou e preparou um projecto de expansão ultramarina que haveria de levar os portugueses à Índia, já depois da sua morte.
As suas capacidades diplomáticas e a forma como conseguiu resolver as crises e os conflitos com os poderosos vizinhos de Castela e Aragão demonstram que se tratou de um personagem excepcional, que deixou uma marca indelével na História de Portugal e cujas acções tiveram repercussão à escala europeia e, a longo prazo, mundial.

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