Partida de Sevilha até à saída do
estreito de Magalhães
A frota era formada pelo
San António, de 120 toneladas com cerca de 50 homens, o Trinidad, 110 toneladas
60 homens, o Concepción, de 90 toneladas 40 homens, o Victoria, 85 toneladas de 40 homens e
Santiago 75 toneladas 30 homens. A tonelagem na altura estimava-se segundo o
número de tonéis ou barris de madeira para vinho que o navio carregasse. Por
isso, cada tonel media 40 pés cúbicos, assim um navio de 120 toneladas, tal
como o San António, teria uma estimativa actual de 145 toneladas.
Os capitães dos outros 4 navios que
estariam sob o comando de Fernão Magalhães eram seus inimigos, pela única razão
deles serem espanhóis, ao passo que ele Magalhães era português.
Foi anunciada a partida de Sevilha,
numa segunda feira de manhã, no dia de São Lourenço, a 10 de Agosto de 1519 com
uma descarga de artilharia, e largada a vela do traquete. Desceram o Bétis,
passando por Coria até à ponte do Gualdalquivir, passando perto de S. João de
Alfareche. Segundo Pigafetta, havia 237 homens a bordo dos cinco navios
Numa terça feira a 20 de Setembro de 1519, a frota partiu de São Lucar
de Barrameda, o porto marítimo de Sevilha, navegando para Sudoeste, a 26 de
Setembro chegaram a uma hora das ilhas Canárias chamada Tenerife, situada a 28º
à latitude Norte.
Deteve-se a armada 3 dias num local
apropriado, para aprovisionamento de água e lenha. De seguida entraram num porto chamado Monte Roxo, onde passaram
dois dias.
Houve um episódio singular nesta ilha,
dizem que nunca chove, e que não existe fonte, nem rio, mas que cresce uma
árvore cujas folhas destilam continuadamente gotas de excelente água, a qual se
abasteceram.
2ª feira, dia 3 de Outubro de 1519,
fizeram-se à vela rumo ao Sul.
Passaram pelas ilhas de Cabo Verde,
situadas 14º 13' de latitude Norte.
Após terem navegado muitos dias ao
longo da costa da Guiné, chegaram a 8º de latitude Norte.
Tiveram ali ventos contrários, mar
calmo e chuva até à linha equinocial. O tempo chuvoso durou 60 dias, contra a
opinião dos antigos.
Aos 14º de latitude Norte sofreram
muitas rajadas de impetuosos ventos, que, com as correntes, os impediram de
avançar. Ao aproximar as rajadas tinham o cuidado de amainar as velas e punham
os navios de través até o vento cessar.
Durante aqueles dias calmos e serenos,
aproximaram-se dos navios, uns peixes grandes a que chamaram tubarões, que
nadavam perto dos navios, com dentes terríveis e se alguém apanhassem por
desgraça devoravam-no.
Viram frequentemente, durante as
tempestades o "corpo-santo", isto é, "santelmo".
Numa noite muito escura apareceu como
uma bela tocha na ponta do mastro grande, onde flamejou pelo espaço de duas
horas. o que no meio da tempestade, foi uma grande consolação
Ao desaparecer projectou uma labareda
tão grande que deixou toda a gente cegos. Julgaram-se perdidos, mas o vento
cessou naquele instante.
Viram aves de muitas espécies, Umas
pareciam não ter rabo; outras não fazem ninho porque não têm patas, a fêmea põe
e choca os ovos nas costas do macho, no meio do mar.
Há, ainda outras que lhes chamam
"cagaselas", que se alimentam dos excrementos de outras aves. Muitas
vezes uma destas aves perseguia outra insistentemente, até, por fim, a outra
expeliu um excremento, sobre que se arrojou avidamente. Peixes voadores e outros
peixes apinhados em tão grande quantidade que pareciam formar um banco no mar..
Como habitual depois de passar a linha
equinocial, ao aproximar-se do Pólo Antárctico, perderam de vista a Estrela
Polar. Seguiram entre o Sul e Sudoeste e meteram proa à terra do Brasil.
Avistaram pela primeira vez a costa do Brasil, perto de Pernambuco, a 29 de
Novembro. Desembarcaram a 13 de Dezembro, em 23º 30' de latitude Sul, provavelmente onde viria
a ser o Rio de Janeiro.. Pigafetta conta que aí se abasteceram copiosamente de
aves domésticas, batatas doces, pinhas muito doces, carne de tapir, cana de
açúcar e outros alimentos.
Por um anzol, ou faca trocavam por
cinco ou seis galinhas, por um pente dois gansos, por um espelho ou tesouras,
peixe suficiente para dez pessoas; por guizos ou uma cinta um cesto de batatas,
por cartas de jogar , um rei seis galinhas......continua.....
A nau Victória completa a
primeira volta ao mundo
fonte:
No dia 6 de Setembro
1522, a nau Victoria, o derradeiro navio na armada de Fernão de Magalhães e o
primeiro a dar uma volta completa ao mundo, chegou ao porto de
San Lúcar de Barrameda.
O cronista Antonio Pigafetta registou o momento no
seu diário, com as palavras seguintes: “graças à Providência, entrámos sábado,
6 de Setembro, na baía de San Lúcar, e dos 60 homens que compunham a
tripulação quando saímos das ilhas Molucas, não restavam mais que 18, a maior
parte doentes. (…) Desde a nossa saída da baía de San Lúcar até ao
regresso, calculo que tenhamos percorrido mais de 14460 léguas, dando a
completa volta ao mundo, navegando sempre de Oriente para Ocidente”.
Chegava assim ao fim a maior viagem marítima alguma vez realizada
e que durou praticamente três anos. Dos 234 homens que compunham as tripulações
da armada inicial, apenas completaram toda a volta ao mundo 18,
conforme relata o cronista.
A viagem de regresso foi capitaneada por Sebastián Elcano,
porque Magalhães, entretanto, ficou pelo caminho…
Porque não chegou Magalhães ao fim da viagem?
Fernão de Magalhães foi o homem que planeou a viagem e concebeu o projecto
de circum-navegação do globo, mas morreu numa escaramuça nas Filipinas, em 26
de Abril de 1521. Após a sua morte, os espanhóis chegaram finalmente às ilhas
Molucas, que eram o objectivo principal da expedição, mas a armada dividiu-se.
A outra nau, a Trinidad,
tentou regressar à Europa pela via do Pacífico, mas acabou por se perder e
apenas cinco dos seus homens sobreviveram. Sebastián Elcano, pelo
contrário, decidiu completar a viagem no sentido oposto.
Das Molucas passou a Timor e daí iniciou a longa viagem de
regresso pela via do Cabo da Boa Esperança, que durou cerca de sete meses.
Apenas fez uma escala na ilha de Santiago, em Cabo Verde, para abastecimento de
alimentos e água.
Os espanhóis mentiram aos portugueses da terra, dizendo que vinham
da América e não da Ásia, o que inicialmente foi aceite mas acabou por ser
descoberto e por levar à captura de parte da tripulação. Estes 12 prisioneiros
foram posteriormente transportados para Lisboa e libertados ao fim de algumas
semanas.
Que aconteceu depois da chegada da nau Victoria?
Depois da chegada a San Lúcar de Barrameda, o navio
prosseguiu rapidamente para Sevilha, onde os homens desembarcaram finalmente em
terra. Foram posteriormente sujeitos a interrogatório pelas autoridades, para
apuramento dos eventos e das responsabilidades da viagem.
Sebastián Elcano foi recebido pelo rei de Espanha e foi
devidamente recompensado com uma tença e um escudo de armas com a esfera do
mundo. A primeira viagem à volta do mundo foi rapidamente divulgada e
reconhecida como um enorme feito de navegação.
Portugal e Espanha iniciaram negociações para regular o acesso às
Molucas, que ficou definido pelo Tratado de Saragoça, e os espanhóis tentaram
repetidamente criar uma ligação regular entre a América e a Ásia, o que só
conseguiram muito mais tarde, já na década de 1560.
Quanto ao principal responsável pela façanha, o português Fernão
de Magalhães, só muito lentamente lhe foi reconhecido o devido mérito, mas hoje
ocupa o devido lugar na história das navegações e do descobrimento do mundo.
João
de Lisboa, piloto de Magalhães
De acordo com o historiador brasileiro
Francisco Adolfo Varnhagen (1816-78, visconde de Porto Seguro):no Tratado ou
Livro de Marinharia de João de Lisboa, há um detalhe muito importante, que a
todos tem passado despercebido sobre o “Estreito de Magalhães”
Francisco Varnhagen
A certa altura, sobre a viagem de
Magalhães, Varnhagen começa por notar que o navegador tentou mudar o nome do
Rio de Janeiro, para Baía de Santa Luzia... facto de menor importância, mas que
ilustra bem os objectivos da viagem de Magalhães, uma renomeação dos vários
pontos geográficos conhecidos.:
Fernão de Magalhães, em vão quis mudar
para baía de Santa Luzia o nome do golfo, em que aportou no dia do orago
daquela santa (12 De Dezembro 1519), ao qual os primeiros navegantes chamaram
sempre de Rio de Janeiro.
O navegador portuense tem reservadas
para si páginas muito brilhantes na história das navegações em torno do globo,
levou avante o preço da própria vida, miseravelmente mal amado, quando se
tratava dum tão grande homem e de tão grande feito, apelidado de traidor pelo
rei dum país que não o ajudou em nada.
Magalhães tinha como seu piloto João
de Lisboa, este já tinha estado no Brasil.
Escreveu um livro sobre marinharia,
cujo aparecimento se tornou primordial
importância para a história geográfica.
O aparecimento do Tratado de
Marinharia seria de transcendente importância... apesar de nunca ter sido dado
como perdido! A diferença é que à data de Vernhagen nunca teria nenhuma
publicação". No momento apesar de estar acessível na net, continua como se
estivesse fechado num cofre muito seguro, ou perdido para sempre. Por outro lado muito que se fale da
velocidade de propagação da informação via net, ...só funciona se tivesse um
circuito lubrificado que estimulasse o boato. ,há pelo menos uma ano 2015 que se
tem mantido esta informação acessível, certamente chegou a centenas de pessoas,
mas não tem tido os efeitos desejados e quem sabe nunca terá!
O interesse das pessoas é canalizado
para assuntos de outra natureza, em boa fé a sociedade cresceu mas há muito que
tem os seus valores definidos. Desconhece-se como a história pode influenciar
definitivamente a actualidade... no fundo, não larga o conforto maternal das
certezas!
É certo que os mapas de João de
Lisboa, que têm o nome do Estreito de Magalhães, foram elaborados em 1514,
anteriores à viagem de 1519 de Fernão de Magalhães. Como pode isto ser possível
da datação do livro “ Tratado da Marinharia” de João de Lisboa, ser de 1514 e
por cima do traçado do Estreito aparecer o nome de “Estreito de Magalhães?!
A "Cola do Dragão" foi assim
representada antes da viagem oficial, conforme já dissera António
Galvão... Sendo João de Lisboa piloto de
Magalhães, resultam ainda outros coisas assuntos misteriosa e põe em causa a
datação da sua morte.
João de Lisboa não consta na lista de
18 sobreviventes da viagem de circum-navegação à chegada a Espanha da nau
Sebastião Delcano.
A história contada por Magalhães a
Pigaffeta sobre um eventual mapa de Martin Behaim ganha contornos de simples
despiste ao cronista, mas no fundo também poderá não ser despiste nenhum, uma
vez que já havia conhecimento da costa ocidental da América do Sul, no oceano
pacífico navegado antes de 1507 , como pode ser comprovado pelo mapa de
Waldseemuller elaborado em 1507.
Pedro e Jorge Reinel ajudaram também
Fernão de Magalhães com diversos mapas.
Na viagem de circum-navegação de
Fernão de Magalhães levava consigo João de Lisboa como piloto da nau capitânia,
que no livro do “tratado da Marinharia” feito por si, desenhou 5 anos antes
1514 um mapa com o respectivo Estreito, com ligação do oceano Atlântico para o
oceano Pacífico!.
1514 João de Lisboa
Para que tudo passasse despercebido a
inscrição “estreito dos Magalhães” sobreposta no traçado do canal do mapa de
João de Lisboa aparece após a conclusão da viagem de circum -navegação da
chegada a Espanha por Sebastião Delcano. O mesmo é dizer que não bate a cara
com a careta!
1514 João de Lisboa
O facto de estar escrito
"estreito dos Magalhãis" dá logo a a entender que foi posteriormente
incluído.
Alguns dos nomes do mapa são
coincidentes: (São Julião... Puerto de San Julian, Baía de São Matias... Golfo
de São Matias, Rio da Cruz... Rio de Santa Cruz), sendo que a maioria dos
nomes, dum modo geral não correspondem, bem como os contornos da orla marítima
duma linha de costa oriental Sul Americana não são fiáveis.
Um dos nomes não coincidente, é o
singular o Cabo dos Trabalhos.
A expressão "cabo dos
trabalhos" tem outra conotação com a empresa!
A morte de João de Lisboa em 1525
torna-se assim num enigma!
Vernhagen acabou por dizer que em 1535
o piloto era morto, pois nessa data, Heitor de Coimbra pedia ao rei de Portugal
o lugar de "piloto mor do Reino", que pertencia a João de Lisboa.
Apesar do seu nome não constar no
desembarque efectuado por Sebastian Elcano, não está posto de lado que João de
Lisboa tenha desembarcado num qualquer outro ponto do império português,
(afinal a nau capitania Trinidad acabaria por ser capturada nas Molucas pelos
portugueses).
Apesar de estar o serviço da
empreitada espanhola, continuaria como "piloto mor do reino" de Portugal?
O registo histórico é suficientemente
estranho, claro é demonstrar que a viagem de Magalhães acabou por servir apenas
a uma formalidade acordada pela ajuda recíproca entre os reis D. Manuel I a
Carlos V, para consumar a partilha dos hemisférios.
“A navegação de Magalhães, em relação
à historia do Brasil, interessa apenas pelo facto da conquista das Molucas, e
faz descobrir as primeiras dúvidas na inteligência dos pontos questionáveis do
tratado de Tordesilhas, pontos esses que a história hoje elucida; mas que em
direito na altura dos factos nunca se chegaram a aclarar.
Esta aventura conjunta, consentida,
pelas duas corroas teve profundas consequências na demarcação do
anti-meridiano.
A obstinação de D. Sebastião em
recusar a união com com a filha da casa de Filipe II, ofereceu aos monarcas
espanhóis a tomada de assalto do trono Português, que teve consequências muito
gravosas para Portugal.
Fernão de Magalhães (Ponte da Barca
c.1480, Portugal, - 27 de Abril de 1521, Filipinas)
Fernão de Magalhães (Ponte da
Barca c.1480, Portugal, - 27 de Abril de 1521, Filipinas) foi um navegador
português que, ao serviço do rei de Espanha, planeou e comandou a expedição
marítima que efectuou a primeira viagem de circum-navegação ao globo.
Foi o
primeiro a alcançar a Terra do Fogo
no extremo Sul do continente Americano, a atravessar o estreito hoje conhecido
como Estreito de Magalhães e a cruzar o Oceano Pacífico, que baptizou.
Fernão
de Magalhães foi morto em batalha na ilha de Cebu, nas Filipinas no curso da
expedição, posteriormente chefiada por Juan Sebastián
Elcano até ao regresso em 1522. Fernão de Magalhães era filho de Rui de
Magalhães e Alda de Mesquita, irmão de Duarte de Sousa, Diogo de Sousa, Isabel
Magalhães e de Leonor de Magalhães, (da nobre Casa do Paço Vedro de Magalhães,
Ponte da Barca). Após a morte de seus pais, aos dez anos, Magalhães tornou-se
pajem da corte da Rainha D. Leonor, consorte de D. João II.
Casou com Beatriz Barbosa e teve dois
filhos: Rodrigo de Magalhães e Carlos de Magalhães, ambos falecidos jovens.
Em Março de 1505, com 25 anos,
alistou-se na Armada da Índia, enviada para instalar D. Francisco de Almeida
como primeiro vice-rei da Índia.
Embora o seu nome não figure nas
crónicas, sabe-se que ali permaneceu oito anos, e que esteve em Goa, Cochim e
Quíloa.
Participou em várias batalhas,
incluindo a batalha naval de Cananor em 1506, onde foi ferido.
Em 1509 partiu com Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada a
Malaca, onde seguia também Francisco Serrão, seu
amigo e possivelmente primo.
Chegados a Malaca em Setembro, foram
vítimas duma conspiração e a expedição terminou em fuga, na qual Magalhães teve
um papel crucial avisando Sequeira e salvando Francisco Serrão que havia
desembarcado. Para trás ficaram dezanove prisioneiros. A sua actuação valeu-lhe
honras e uma promoção.
Ao serviço do novo governador, D. Afonso de Albuquerque, participou na conquista de
Malaca em 1511. Após a conquista da cidade Magalhães promovido, com um rico
saque e na companhia de um escravo malaio, regressou.
As cartas do seu amigo Serrão, que tinha
ficado como embaixador nas ilhas Molucas,
para Magalhães seriam decisivas, pois dele obteve informações quanto à situação
dos lugares produtores de especiarias. Fernão de Magalhães, após se ausentar
sem permissão, perdeu influência.
Em serviço em Azamor (Marrocos) foi
depois acusado de comércio ilegal com os mouros, com várias das acusações
comprovadas cessaram as ofertas de emprego a partir de 15 de Maio de 1514.
Mais tarde, em 1515, surgiu uma oferta
para membro da tripulação de um navio, mas Magalhães rejeitou-a.
Em Lisboa dedicou-se a estudar as mais
recentes cartas, investigando uma passagem para o pacífico pelo Atlântico Sul e
a possibilidade de as Molucas estarem na zona de Tordesilhas espanhola, em
parceria com o cosmógrafo Rui Faleiro.
Em 1517 foi a Sevilha com Rui Faleiro,
tendo encontrado no feitor da "Casa de la Contratación" da cidade um
adepto do projecto que entretanto concebera: dar a Espanha a possibilidade de
atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não reservados aos portugueses no
Tratado de Tordesilhas e, além disso, segundo Faleiro, provar que as ilhas das
especiarias se situavam no hemisfério castelhano.
Com a influência do bispo de Burgos
conseguiram a aprovação do projecto por parte de Carlos V, e começaram os
morosos preparativos para a viagem, cheios de incidentes; o cartógrafo de
origem portuguesa Diogo Ribeiro que começara a
trabalhar para Espanha em 1518, na Casa de Contratación em Sevilha participou
no desenvolvimento dos mapas utilizados na viagem.
Depois da ruptura com Rui Faleiro,
Magalhães continuou a aparelhagem dos cinco navios que, com 256 homens de
tripulação, partiram de Sanlúcar de Barrameda em 20 de Setembro de 1519.
A esquadra tinha cinco navios e uma
tripulação total de 234 homens, com cerca de 40 portugueses entre os quais Duarte Barbosa, cunhado de Magalhães, João Serrão, primo ou irmão de Francisco Serrão e Estevão Gomes.
Seguia também Henrique de Malaca.
Antonio Pigafetta, escritor italiano
que havia pago do seu próprio bolso para viajar com a expedição, escreveu um
diário completo de toda a viagem, possibilitado pelo facto de Pigafetta ter
sido um dos 18 homens a retornar vivo para a Europa.
Dessa forma, legou à posteridade um
raro e importante registo de onde se pode extrair muito do que se sabe sobre
este episódio da história. A armada fez escala nas ilhas Canárias e alcançou a
costa da América do Sul, chegando em 13 de Dezembro ao Rio de Janeiro.
Prosseguindo para o sul, atingiram Puerto San Julian à entrada do estreito, na
extremidade da actual costa da Argentina, onde o capitão decidiu hibernar.
Irrompeu então uma revolta que ele
conseguiu dominar com habilidosa astúcia. Após cinco meses de espera, período
no qual a "Santiago" foi perdida em uma viagem de reconhecimento,
tendo os seus tripulantes conseguido ser resgatados, Magalhães encontrou o
estreito que hoje leva seu nome, aprofundando-se nele.
Em outra viagem de
reconhecimento, outra nau foi perdida, mas desta vez por um motim na "San
Antonio" onde a tripulação, sem que soubesse seu capitão-mor, iniciou uma
viagem de volta (realmente estes completaram a viagem, espalhando ofensas
contra Fernão de Magalhães na Espanha).
Apenas em Novembro a esquadra
atravessaria o Estreito, penetrando nas águas do Mar do Sul (assim baptizado
por Balboa), e baptizando o oceano em que entravam como “Pacífico” por
contraste às dificuldades encontradas no Estreito.
Depois de cerca de quatro meses, a
fome, a sede e as doenças (principalmente o escorbuto) começaram a dizimar a
tripulação.
No Pacífico que encontrou as nebulosas
que hoje ostenta o seu nome - as nebulosas de Magalhães.
Em Março de 1521, alcançaram a ilha de Ladrões no actual arquipélago
de Guam, chegando à ilha de Cebu nas actuais ilhas Filipinas em 7 de Abril.
Imediatamente começaram com os nativos
as trocas comerciais.
Dias depois, porém, Fernão de
Magalhães morreu em combate com os nativos na Ilha de Mactan, atraído a uma emboscada.
A
batalha da ilha de Mactan
Na ilha de Mactan, (Filipinas),
um chefe local saiu para pedir a Magalhães
ajuda contra um dos seus rivais. O comandante português decidiu enviar 60
homens “ armados com couraças e elmos” a bordo de três barcaças, e participou
na expedição. Por causa dos escolhos, as barcaças
detiveram-se a alguma distância da margem e 49 homens saltaram das embarcações. Ao chegarem à praia, encontraram 1500
indígenas que lhes lançaram pedras, flechas e lanças, dirigidas sobretudo às
suas pernas, que iam destapadas. Magalhães mandou incendiar as cabanas
dos indígenas, enfurecendo-os mais. “ Não resistimos às lanças e às
pedras […] . As bombardas das barcaças
estavam demasiado longe, pelo que decidimos retirar-nos”. Porém, os indígenas conseguiram cercar
Magalhães, derrubaram-no e torturaram-no com
lanças até à morte. Com ele morreram mais seis homens. Alguns dias mais tarde, os
canhões dos navios europeus também não serviram de nada no resgate dos
expedicionários que tinham caído numa cilada dos seus antigos aliados da ilha
de Cebu
A expedição prosseguiu sob o comando
de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de Março de 1522. Dois
meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano.
Decidiram incendiar a nau Concepción,
visto o pequeno número de homens para operá-la, e finalmente conseguiram chegar
às Molucas, onde obtiveram seu suprimento de especiarias.
Trinidad acabou ali permanecendo para
reparos e a "Victoria" voltou sozinha para casa, contornando o Índico
pelo Sul, a fim de não encontrar navios portugueses.
A Trinidad, após os reparos tentou
seguir uma rota pelo Pacífico até a América Central, onde poderia contactar os
espanhóis e levar sua carga, no entanto acabou tendo de retornar às Molucas
onde seus tripulantes foram aprisionados pelos portugueses que haviam chegado.
A nau "Victoria" dobrou o
Cabo da Boa Esperança em 1522, fez escala em Cabo Verde, onde alguns homens foram detidos pelos portugueses,
alcançando finalmente o porto de S. Lúcar de Barrameda, com apenas 18 homens na
tripulação.
Uma única nau tinha completado a
circum-navegação do globo ao alcançar Sevilha em 6 de Setembro de 1522.
Juan Sebastián Elcano, a restante
tripulação da expedição de Magalhães e o último navio da frota regressaram
decorridos três anos após a partida.
A expedição de facto trouxe poucos
benefícios financeiros, não tendo a tripulação chegado a receber o pagamento.