segunda-feira, 26 de maio de 2014

" João Álvares Fagundes"

Mapa do Canadá - Sec. XVII
A região explorada por João Álvares Fagundes é a península da Nova Escócia que  está ao centro do mapa.

João Álvares Fagundes (c. 1460 - Dezembro de 1522), foi um navegador português e armador de navios de Viana do Castelo no norte de Portugal a quem se deve o reconhecimento de parte das costas do nordeste americano, naquelas que são hoje as províncias marítimas canadianas da Nova Escócia e da Terra Nova e Labrador.
João Álvares Fagundes, estátua em Viana do Castelo
Organizou diversas expedições de exploração para as costas da América do Norte e para os Grandes Bancos da Terra Nova por volta de 1520-1521. Nessas viagens explorou as ilhas de Saint Paul, próxima de Cape BretonIlha SablePenguin IslandBurgeo e Saint Pierre e Miquelon, às quais ele deu o nome de ilhas das Onze Mil Virgens em honra de Santa Úrsula.
Era Cavaleiro da Casa de D. Manuel I quando este rei, a 22 de Março de 1521, lhe fez mercê da capitania das ilhas e terras que já descobriu ou viesse a descobrir, além das terras que os Corte Real descobriram, mais a norte (Gronelândia).
Mas não chegou a realizar a nova viagem que preparava. Era juiz ordinário e vereador da Câmara de Viana do Castelo quando em Dezembro de 1522foi substituído por sua morte, sendo sepultado na sua capela de Santo Cristo, na matriz. Já antes tinha sido juiz ordinário e vereador em 1512 e de novo a 11 de Abril de 1515. E cevadeiro e escrivão da sisa da Alfândega de Viana do Castelo a 4 de Março de 1502.

Filho de Álvaro Anes, administrador do Hospital Velho de Viana do Castelo, e de sua mulher Catarina Dias, que ainda vivia «muito velha» nesta cidade, na rua Grande, em 1517. Álvaro Anes era filho de João Paes Fagundes e neto de Paio Fagundes.
Dizem as genealogias tardias que João Álvares Fagundes casou duas vezes e teve vários filhos, mas a documentação veio revelar que casou apenas uma vez, com Leonor Dias (Boto), sepultada a 24 de Agosto de 1538 na Misericórdia de Viana do Castelo, e deixou duas filhas, D. Violante, que foi sua herdeira universal e casou com o fidalgo João de Souza de Magalhães, cujo filho sucedeu nos direitos do descobrimento da Terra Nova, que em1589 vendeu a D. Filipe I por 2.000 cruzados e D. Catarina Fagundes ‘a Fagunda’ que casou com Gonçalo Afonso Cerqueira e tiveram dois filhos, Rodrigo Afonso Fagundes de quem descende os Machado Fagundes e Afonso Gonçalves Fagundes que casou com Maria Casado e uma filha, Margarida Fagundes que casou com Francisco Pires Caminha.
Fonte: Manuel Abranches de Soveral, in Ensaio sobre a origem medieval dos Boto [1]

quinta-feira, 8 de maio de 2014

" Fernão Magalhães, a primeira viagem à volta do mundo e seu piloto João de Lisboa... ?!"


Fernão de Magalhães
A primeira viagem à volta do mundo contada pelos que nela participaram sobre a viagem de Magalhães e de Elcano são conhecidos relatos escritos por tripulantes que viveram a grande aventura, o mais divulgado dos quais é do italiano António de Pigafetta.
A viagem à volta do mundo., pelo cavaleiro ANTÓNIO PIGAFETTA gentil-homem da vivência
Partida de Sevilha até à saída do estreito de Magalhães

A frota era formada pelo San António, de 120 toneladas com cerca de 50 homens, o Trinidad, 110 toneladas 60 homens, o Concepción, de 90 toneladas 40 homens, o  Victoria, 85 toneladas de 40 homens e Santiago 75 toneladas 30 homens. A tonelagem na altura estimava-se segundo o número de tonéis ou barris de madeira para vinho que o navio carregasse. Por isso, cada tonel media 40 pés cúbicos, assim um navio de 120 toneladas, tal como o San António, teria uma estimativa actual de 145 toneladas.
Os capitães dos outros 4 navios que estariam sob o comando de Fernão Magalhães eram seus inimigos, pela única razão deles serem espanhóis, ao passo que ele Magalhães era português.
Foi anunciada a partida de Sevilha, numa segunda feira de manhã, no dia de São Lourenço, a 10 de Agosto de 1519 com uma descarga de artilharia, e largada a vela do traquete. Desceram o Bétis, passando por Coria até à ponte do Gualdalquivir, passando perto de S. João de Alfareche. Segundo Pigafetta, havia 237 homens a bordo dos cinco navios
Numa terça feira a 20 de  Setembro de 1519, a frota partiu de São Lucar de Barrameda, o porto marítimo de Sevilha, navegando para Sudoeste, a 26 de Setembro chegaram a uma hora das ilhas Canárias chamada Tenerife, situada a 28º à latitude Norte.
Deteve-se a armada 3 dias num local apropriado, para aprovisionamento de água e lenha. De seguida entraram  num porto chamado Monte Roxo, onde passaram dois dias.
Houve um episódio singular nesta ilha, dizem que nunca chove, e que não existe fonte, nem rio, mas que cresce uma árvore cujas folhas destilam continuadamente gotas de excelente água, a qual se abasteceram.
2ª feira, dia 3 de Outubro de 1519, fizeram-se à vela rumo ao Sul.
Passaram pelas ilhas de Cabo Verde, situadas 14º 13'   de latitude Norte.
Após terem navegado muitos dias ao longo da costa da Guiné, chegaram a 8º de latitude Norte.
Tiveram ali ventos contrários, mar calmo e chuva até à linha equinocial. O tempo chuvoso durou 60 dias, contra a opinião dos antigos.
Aos 14º de latitude Norte sofreram muitas rajadas de impetuosos ventos, que, com as correntes, os impediram de avançar. Ao aproximar as rajadas tinham o cuidado de amainar as velas e punham os navios de través até o vento cessar.
Durante aqueles dias calmos e serenos, aproximaram-se dos navios, uns peixes grandes a que chamaram tubarões, que nadavam perto dos navios, com dentes terríveis e se alguém apanhassem por desgraça devoravam-no.
Viram frequentemente, durante as tempestades o "corpo-santo", isto é, "santelmo".
Numa noite muito escura apareceu como uma bela tocha na ponta do mastro grande, onde flamejou pelo espaço de duas horas. o que no meio da tempestade, foi uma grande consolação
Ao desaparecer projectou uma labareda tão grande que deixou toda a gente cegos. Julgaram-se perdidos, mas o vento cessou naquele instante.
Viram aves de muitas espécies, Umas pareciam não ter rabo; outras não fazem ninho porque não têm patas, a fêmea põe e choca os ovos nas costas do macho, no meio do mar.
Há, ainda outras que lhes chamam "cagaselas", que se alimentam dos excrementos de outras aves. Muitas vezes uma destas aves perseguia outra insistentemente, até, por fim, a outra expeliu um excremento, sobre que se arrojou avidamente. Peixes voadores e outros peixes apinhados em tão grande quantidade que pareciam formar um banco no mar..
Como habitual depois de passar a linha equinocial, ao aproximar-se do Pólo Antárctico, perderam de vista a Estrela Polar. Seguiram entre o Sul e Sudoeste e meteram proa à terra do Brasil. Avistaram pela primeira vez a costa do Brasil, perto de Pernambuco, a 29 de Novembro. Desembarcaram a 13 de Dezembro, em 23º  30' de latitude Sul, provavelmente onde viria a ser o Rio de Janeiro.. Pigafetta conta que aí se abasteceram copiosamente de aves domésticas, batatas doces, pinhas muito doces, carne de tapir, cana de açúcar e outros alimentos.
Por um anzol, ou faca trocavam por cinco ou seis galinhas, por um pente dois gansos, por um espelho ou tesouras, peixe suficiente para dez pessoas; por guizos ou uma cinta um cesto de batatas, por cartas de jogar , um rei seis galinhas......continua.....


A nau Victória completa a primeira volta ao mundo

fonte:

No dia 6 de Setembro 1522, a nau Victoria, o derradeiro navio na armada de Fernão de Magalhães e o primeiro a dar uma volta completa ao mundo, chegou ao porto de San Lúcar de Barrameda.
O cronista Antonio Pigafetta registou o momento no seu diário, com as palavras seguintes: “graças à Providência, entrámos sábado, 6 de Setembro, na baía de San Lúcar, e dos 60 homens que compunham a tripulação quando saímos das ilhas Molucas, não restavam mais que 18, a maior parte doentes. (…) Desde a nossa saída da baía de San Lúcar até ao regresso, calculo que tenhamos percorrido mais de 14460 léguas, dando a completa volta ao mundo, navegando sempre de Oriente para Ocidente”.
Chegava assim ao fim a maior viagem marítima alguma vez realizada e que durou praticamente três anos. Dos 234 homens que compunham as tripulações da armada inicial, apenas completaram toda a volta ao mundo 18, conforme relata o cronista.
A viagem de regresso foi capitaneada por Sebastián Elcano, porque Magalhães, entretanto, ficou pelo caminho…

Porque não chegou Magalhães ao fim da viagem?
Fernão de Magalhães foi o homem que planeou a viagem e concebeu o projecto de circum-navegação do globo, mas morreu numa escaramuça nas Filipinas, em 26 de Abril de 1521. Após a sua morte, os espanhóis chegaram finalmente às ilhas Molucas, que eram o objectivo principal da expedição, mas a armada dividiu-se.
A outra nau, a Trinidad, tentou regressar à Europa pela via do Pacífico, mas acabou por se perder e apenas cinco dos seus homens sobreviveram. Sebastián Elcano, pelo contrário, decidiu completar a viagem no sentido oposto.
Das Molucas passou a Timor e daí iniciou a longa viagem de regresso pela via do Cabo da Boa Esperança, que durou cerca de sete meses. Apenas fez uma escala na ilha de Santiago, em Cabo Verde, para abastecimento de alimentos e água.
Os espanhóis mentiram aos portugueses da terra, dizendo que vinham da América e não da Ásia, o que inicialmente foi aceite mas acabou por ser descoberto e por levar à captura de parte da tripulação. Estes 12 prisioneiros foram posteriormente transportados para Lisboa e libertados ao fim de algumas semanas.

Que aconteceu depois da chegada da nau Victoria? 
Depois da chegada a San Lúcar de Barrameda, o navio prosseguiu rapidamente para Sevilha, onde os homens desembarcaram finalmente em terra. Foram posteriormente sujeitos a interrogatório pelas autoridades, para apuramento dos eventos e das responsabilidades da viagem.
Sebastián Elcano foi recebido pelo rei de Espanha e foi devidamente recompensado com uma tença e um escudo de armas com a esfera do mundo. A primeira viagem à volta do mundo foi rapidamente divulgada e reconhecida como um enorme feito de navegação.
Portugal e Espanha iniciaram negociações para regular o acesso às Molucas, que ficou definido pelo Tratado de Saragoça, e os espanhóis tentaram repetidamente criar uma ligação regular entre a América e a Ásia, o que só conseguiram muito mais tarde, já na década de 1560.
Quanto ao principal responsável pela façanha, o português Fernão de Magalhães, só muito lentamente lhe foi reconhecido o devido mérito, mas hoje ocupa o devido lugar na história das navegações e do descobrimento do mundo.

João de Lisboa, piloto de Magalhães


De acordo com o historiador brasileiro Francisco Adolfo Varnhagen (1816-78, visconde de Porto Seguro):no Tratado ou Livro de Marinharia de João de Lisboa, há um detalhe muito importante, que a todos tem passado despercebido sobre o “Estreito de Magalhães

Francisco Varnhagen
A certa altura, sobre a viagem de Magalhães, Varnhagen começa por notar que o navegador tentou mudar o nome do Rio de Janeiro, para Baía de Santa Luzia... facto de menor importância, mas que ilustra bem os objectivos da viagem de Magalhães, uma renomeação dos vários pontos geográficos conhecidos.:
Fernão de Magalhães, em vão quis mudar para baía de Santa Luzia o nome do golfo, em que aportou no dia do orago daquela santa (12 De Dezembro 1519), ao qual os primeiros navegantes chamaram sempre de Rio de Janeiro.
O navegador portuense tem reservadas para si páginas muito brilhantes na história das navegações em torno do globo, levou avante o preço da própria vida, miseravelmente mal amado, quando se tratava dum tão grande homem e de tão grande feito, apelidado de traidor pelo rei dum país que não o ajudou em nada. 
Magalhães tinha como seu piloto João de Lisboa, este já tinha estado no Brasil.
Escreveu um livro sobre marinharia, cujo aparecimento  se tornou primordial importância para a história geográfica.
O aparecimento do Tratado de Marinharia seria de transcendente importância... apesar de nunca ter sido dado como perdido! A diferença é que à data de Vernhagen nunca teria nenhuma publicação". No momento apesar de estar acessível na net, continua como se estivesse fechado num cofre muito seguro, ou perdido para sempre.  Por outro lado muito que se fale da velocidade de propagação da informação via net, ...só funciona se tivesse um circuito lubrificado que estimulasse o boato. ,há pelo menos uma ano 2015 que se tem mantido esta informação acessível, certamente chegou a centenas de pessoas, mas não tem tido os efeitos desejados e quem sabe nunca terá!
O interesse das pessoas é canalizado para assuntos de outra natureza, em boa fé a sociedade cresceu mas há muito que tem os seus valores definidos. Desconhece-se como a história pode influenciar definitivamente a actualidade... no fundo, não larga o conforto maternal das certezas!
É certo que os mapas de João de Lisboa, que têm o nome do Estreito de Magalhães, foram elaborados em 1514, anteriores à viagem de 1519 de Fernão de Magalhães. Como pode isto ser possível da datação do livro “ Tratado da Marinharia” de João de Lisboa, ser de 1514 e por cima do traçado do Estreito aparecer o nome de “Estreito de Magalhães?!
 A "Cola do Dragão" foi assim representada antes da viagem oficial, conforme já dissera António Galvão...  Sendo João de Lisboa piloto de Magalhães, resultam ainda outros coisas assuntos misteriosa e põe em causa a datação da sua morte.
João de Lisboa não consta na lista de 18 sobreviventes da viagem de circum-navegação à chegada a Espanha da nau Sebastião Delcano.
A história contada por Magalhães a Pigaffeta sobre um eventual mapa de Martin Behaim ganha contornos de simples despiste ao cronista, mas no fundo também poderá não ser despiste nenhum, uma vez que já havia conhecimento da costa ocidental da América do Sul, no oceano pacífico navegado antes de 1507 , como pode ser comprovado pelo mapa de Waldseemuller elaborado em 1507.
Pedro e Jorge Reinel ajudaram também Fernão de Magalhães com diversos mapas.
Na viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães levava consigo João de Lisboa como piloto da nau capitânia, que no livro do “tratado da Marinharia” feito por si, desenhou 5 anos antes 1514 um mapa com o respectivo Estreito, com ligação do oceano Atlântico para o oceano Pacífico!.

1514 João de Lisboa
Para que tudo passasse despercebido a inscrição “estreito dos Magalhães” sobreposta no traçado do canal do mapa de João de Lisboa aparece após a conclusão da viagem de circum -navegação da chegada a Espanha por Sebastião Delcano. O mesmo é dizer que não bate a cara com a careta!  
1514 João de Lisboa
O facto de estar escrito "estreito dos Magalhãis" dá logo a a entender que foi posteriormente incluído.
Alguns dos nomes do mapa são coincidentes: (São Julião... Puerto de San Julian, Baía de São Matias... Golfo de São Matias, Rio da Cruz... Rio de Santa Cruz), sendo que a maioria dos nomes, dum modo geral não correspondem, bem como os contornos da orla marítima duma linha de costa oriental Sul Americana não são fiáveis.
Um dos nomes não coincidente, é o singular o Cabo dos Trabalhos.
A expressão "cabo dos trabalhos" tem outra conotação com a empresa!
A morte de João de Lisboa em 1525 torna-se assim num enigma!
Vernhagen acabou por dizer que em 1535 o piloto era morto, pois nessa data, Heitor de Coimbra pedia ao rei de Portugal o lugar de "piloto mor do Reino", que pertencia a João de Lisboa.
Apesar do seu nome não constar no desembarque efectuado por Sebastian Elcano, não está posto de lado que João de Lisboa tenha desembarcado num qualquer outro ponto do império português, (afinal a nau capitania Trinidad acabaria por ser capturada nas Molucas pelos portugueses).
Apesar de estar o serviço da empreitada espanhola, continuaria como "piloto mor do reino" de Portugal?
O registo histórico é suficientemente estranho, claro é demonstrar que a viagem de Magalhães acabou por servir apenas a uma formalidade acordada pela ajuda recíproca entre os reis D. Manuel I a Carlos V, para consumar a partilha dos hemisférios.
“A navegação de Magalhães, em relação à historia do Brasil, interessa apenas pelo facto da conquista das Molucas, e faz descobrir as primeiras dúvidas na inteligência dos pontos questionáveis do tratado de Tordesilhas, pontos esses que a história hoje elucida; mas que em direito na altura dos factos nunca se chegaram a aclarar.
Esta aventura conjunta, consentida, pelas duas corroas teve profundas consequências na demarcação do anti-meridiano.
A obstinação de D. Sebastião em recusar a união com com a filha da casa de Filipe II, ofereceu aos monarcas espanhóis a tomada de assalto do trono Português, que teve consequências muito gravosas para Portugal. 


Fernão de Magalhães (Ponte da Barca c.1480, Portugal, - 27 de Abril de 1521, Filipinas)

Fernão de Magalhães (Ponte da Barca c.1480, Portugal, - 27 de Abril de 1521, Filipinas) foi um navegador português que, ao serviço do rei de Espanha, planeou e comandou a expedição marítima que efectuou a primeira viagem de circum-navegação ao globo. 
Foi o primeiro a alcançar a Terra do Fogo no extremo Sul do continente Americano, a atravessar o estreito hoje conhecido como Estreito de Magalhães e a cruzar o Oceano Pacífico, que baptizou. 
Fernão de Magalhães foi morto em batalha na ilha de Cebu, nas Filipinas no curso da expedição, posteriormente chefiada por Juan Sebastián Elcano até ao regresso em 1522. Fernão de Magalhães era filho de Rui de Magalhães e Alda de Mesquita, irmão de Duarte de Sousa, Diogo de Sousa, Isabel Magalhães e de Leonor de Magalhães, (da nobre Casa do Paço Vedro de Magalhães, Ponte da Barca). Após a morte de seus pais, aos dez anos, Magalhães tornou-se pajem da corte da Rainha D. Leonor, consorte de D. João II.
Casou com Beatriz Barbosa e teve dois filhos: Rodrigo de Magalhães e Carlos de Magalhães, ambos falecidos jovens.
Em Março de 1505, com 25 anos, alistou-se na Armada da Índia, enviada para instalar D. Francisco de Almeida como primeiro vice-rei da Índia.
Embora o seu nome não figure nas crónicas, sabe-se que ali permaneceu oito anos, e que esteve em Goa, Cochim e Quíloa.
Participou em várias batalhas, incluindo a batalha naval de Cananor em 1506, onde foi ferido.
Em 1509 partiu com Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada a Malaca, onde seguia também Francisco Serrão, seu amigo e possivelmente primo.
Chegados a Malaca em Setembro, foram vítimas duma conspiração e a expedição terminou em fuga, na qual Magalhães teve um papel crucial avisando Sequeira e salvando Francisco Serrão que havia desembarcado. Para trás ficaram dezanove prisioneiros. A sua actuação valeu-lhe honras e uma promoção.
Ao serviço do novo governador, D. Afonso de Albuquerque, participou na conquista de Malaca em 1511. Após a conquista da cidade Magalhães promovido, com um rico saque e na companhia de um escravo malaio, regressou.
 As cartas do seu amigo Serrão, que tinha ficado como embaixador nas ilhas Molucas, para Magalhães seriam decisivas, pois dele obteve informações quanto à situação dos lugares produtores de especiarias. Fernão de Magalhães, após se ausentar sem permissão, perdeu influência.
Em serviço em Azamor (Marrocos) foi depois acusado de comércio ilegal com os mouros, com várias das acusações comprovadas cessaram as ofertas de emprego a partir de 15 de Maio de 1514.
Mais tarde, em 1515, surgiu uma oferta para membro da tripulação de um navio, mas Magalhães rejeitou-a.
Em Lisboa dedicou-se a estudar as mais recentes cartas, investigando uma passagem para o pacífico pelo Atlântico Sul e a possibilidade de as Molucas estarem na zona de Tordesilhas espanhola, em parceria com o cosmógrafo Rui Faleiro.
Em 1517 foi a Sevilha com Rui Faleiro, tendo encontrado no feitor da "Casa de la Contratación" da cidade um adepto do projecto que entretanto concebera: dar a Espanha a possibilidade de atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas e, além disso, segundo Faleiro, provar que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério castelhano.
Com a influência do bispo de Burgos conseguiram a aprovação do projecto por parte de Carlos V, e começaram os morosos preparativos para a viagem, cheios de incidentes; o cartógrafo de origem portuguesa Diogo Ribeiro que começara a trabalhar para Espanha em 1518, na Casa de Contratación em Sevilha participou no desenvolvimento dos mapas utilizados na viagem.
Depois da ruptura com Rui Faleiro, Magalhães continuou a aparelhagem dos cinco navios que, com 256 homens de tripulação, partiram de Sanlúcar de Barrameda em 20 de Setembro de 1519.
A esquadra tinha cinco navios e uma tripulação total de 234 homens, com cerca de 40 portugueses entre os quais Duarte Barbosa, cunhado de Magalhães, João Serrão, primo ou irmão de Francisco Serrão e Estevão Gomes.
Seguia também Henrique de Malaca.
Antonio Pigafetta, escritor italiano que havia pago do seu próprio bolso para viajar com a expedição, escreveu um diário completo de toda a viagem, possibilitado pelo facto de Pigafetta ter sido um dos 18 homens a retornar vivo para a Europa.
Dessa forma, legou à posteridade um raro e importante registo de onde se pode extrair muito do que se sabe sobre este episódio da história. A armada fez escala nas ilhas Canárias e alcançou a costa da América do Sul, chegando em 13 de Dezembro ao Rio de Janeiro. Prosseguindo para o sul, atingiram Puerto San Julian à entrada do estreito, na extremidade da actual costa da Argentina, onde o capitão decidiu hibernar.
Irrompeu então uma revolta que ele conseguiu dominar com habilidosa astúcia. Após cinco meses de espera, período no qual a "Santiago" foi perdida em uma viagem de reconhecimento, tendo os seus tripulantes conseguido ser resgatados, Magalhães encontrou o estreito que hoje leva seu nome, aprofundando-se nele. 
Em outra viagem de reconhecimento, outra nau foi perdida, mas desta vez por um motim na "San Antonio" onde a tripulação, sem que soubesse seu capitão-mor, iniciou uma viagem de volta (realmente estes completaram a viagem, espalhando ofensas contra Fernão de Magalhães na Espanha).
Apenas em Novembro a esquadra atravessaria o Estreito, penetrando nas águas do Mar do Sul (assim baptizado por Balboa), e baptizando o oceano em que entravam como “Pacífico” por contraste às dificuldades encontradas no Estreito.
Depois de cerca de quatro meses, a fome, a sede e as doenças (principalmente o escorbuto) começaram a dizimar a tripulação.
No Pacífico que encontrou as nebulosas que hoje ostenta o seu nome - as nebulosas de Magalhães.
Em Março de 1521, alcançaram a ilha de Ladrões no actual arquipélago de Guam, chegando à ilha de Cebu nas actuais ilhas Filipinas em 7 de Abril.
Imediatamente começaram com os nativos as trocas comerciais.

Dias depois, porém, Fernão de Magalhães morreu em combate com os nativos na Ilha de Mactan, atraído a uma emboscada.

A batalha da ilha de Mactan

Na ilha de Mactan, (Filipinas), um chefe local saiu para pedir a Magalhães ajuda contra um dos seus rivais. O comandante português decidiu enviar 60 homens “ armados com couraças e elmos” a bordo de três barcaças, e participou na expedição. Por causa dos escolhos, as barcaças detiveram-se a alguma distância da margem e 49 homens saltaram das embarcações. Ao chegarem à praia, encontraram 1500 indígenas que lhes lançaram pedras, flechas e lanças, dirigidas sobretudo às suas pernas, que iam destapadas. Magalhães mandou incendiar as cabanas dos indígenas, enfurecendo-os mais. “ Não resistimos às lanças e às pedras  […] . As bombardas das barcaças estavam demasiado longe, pelo que decidimos retirar-nos”. Porém, os indígenas conseguiram cercar Magalhães, derrubaram-no e torturaram-no com lanças até à morte. Com ele morreram mais seis homens. Alguns dias mais tarde, os canhões dos navios europeus também não serviram de nada no resgate dos expedicionários que tinham caído numa cilada dos seus antigos aliados da ilha de Cebu

A expedição prosseguiu sob o comando de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de Março de 1522. Dois meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano.
Decidiram incendiar a nau Concepción, visto o pequeno número de homens para operá-la, e finalmente conseguiram chegar às Molucas, onde obtiveram seu suprimento de especiarias.
Trinidad acabou ali permanecendo para reparos e a "Victoria" voltou sozinha para casa, contornando o Índico pelo Sul, a fim de não encontrar navios portugueses.
A Trinidad, após os reparos tentou seguir uma rota pelo Pacífico até a América Central, onde poderia contactar os espanhóis e levar sua carga, no entanto acabou tendo de retornar às Molucas onde seus tripulantes foram aprisionados pelos portugueses que haviam chegado.
A nau "Victoria" dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1522, fez escala em Cabo Verde, onde alguns homens foram detidos pelos portugueses, alcançando finalmente o porto de S. Lúcar de Barrameda, com apenas 18 homens na tripulação.
Uma única nau tinha completado a circum-navegação do globo ao alcançar Sevilha em 6 de Setembro de 1522.
Juan Sebastián Elcano, a restante tripulação da expedição de Magalhães e o último navio da frota regressaram decorridos três anos após a partida.
A expedição de facto trouxe poucos benefícios financeiros, não tendo a tripulação chegado a receber o pagamento.

" Angra das Aldeias, Porto Alexandre, Tômbwa, Angola"

Em actualização....

Mapa de Tombua, ex-Porto Alexandre, antiga "Angra das Aldeias", Angola
Tombua, Porto Alexandre, dista de Moçâmedes, Namibe, 45 milhas por via marítima e pouco menos de 100 Km por estrada. Esta angra foi descoberta pela guarnição do navegador Diogo Cão em Janeiro de 1486, na sequência da segunda viagem de exploração marítima ao longo da costa ocidental africana. 
Foi  designada pela guarnição por “Angra das Aldeias” ou “Angra duas Aldeias”, nome primitivo que perdurou ao século XIX, 1834.
Mapa google earth de Tombua, ex-Porto Alexandre, antiga "Angra das Aldeias", Angola
A História e a Natureza de mãos dadas.

Por Manuel João de Pimentel Teixeira, que nos apraz registar:

“Um facto inegável que tem ajudado a enriquecer este trabalho é a contribuição que se recebe da família, de amigos, de e - amigos e de pessoas anónimas.
São os moçâmedenses que mais têm colaborado.
Reconhecidamente orgulhosos da sua terra, jamais perdem a oportunidade de dá-la a conhecer. e está correcto! É quase uma obrigação de quem provém de uma cidade que tem por seus eternos companheiros, de um lado o mais antigo deserto do mundo, o Deserto do Namibe, do outro o mar, o Atlântico Sul...
“Um canto da nossa terra tão desconhecido e com tanta História.”
“A frase faz parte do relato que me foi feito por Manuel João de Pimentel Teixeira sobre a sua ida ao Cabo Negro, no Sul de Angola, Província do Namibe, no passado mês de Julho desse ano (2003).
O que me contou assim como as fotografias que me enviou do local sensibilizaram-me: foi-me dado conhecer, ainda que virtualmente, um local que é História.
Chocou-me ver a destruição a que o símbolo que o Homem lá instalou há mais de 5 séculos tinha mais uma vez sido objecto.
O símbolo que não diz respeito somente a Angola e a Portugal. Porque faz parte de feitos que mudaram o mundo. É, portanto, um símbolo que ultrapassa fronteiras, atravessa o tempo.
Em Angola, a terra que nos viu nascer, passados que estão os tempos de ânimos exacerbados, de lutas fratricidas, deve também ter-se em conta que nem tudo o foi feito estava errado, nem tudo o que se faz é correcto.
Assim foi e será sempre porque o Homem não é perfeito. Mas Deus concedeu-lhe a capacidade de discernir, de se sensibilizar. Se quiser, saberá que, se aproveitar o que foi/é bom, deixando que a História faça o seu julgamento, o povo será o grande beneficiado, a nação será engrandecida.
E porque assim sinto e vejo “as coisas”, querendo partilhar as imagens e a mensagem do Cabo Negro, pedi e obtive a anuência do autor para aqui reproduzir o que me descreveu. Importa, também, que recordemos o que a História nos relata sobre este local.
As páginas finais desta crónica disso darão conta. Basear-me-ei na obra “O Distrito de Moçâmedes”, da autoria do Dr. Manuel Júlio de Mendonça Torres, edição da Agência -Geral do Ultramar, Lisboa, 1974 (reprodução fac-similada da edição de 1950).

São dois volumes e o melhor e mais completo estudo sobre a história do Distrito de Moçâmedes, hoje Namibe.
Deve, todavia, ter-se em conta que esse escrito reflecte o pensamento da época, o sentimento de nação, de patriotismo, de posse de terra. Como já uma vez escrevi, as ideias e os ideais alteraram-se, a História reescreveu-se. Não pode, todavia, modificar-se o que foi escrito e que, independentemente dos ideais de cada um, transmite ensinamentos preciosos. Este símbolo possa um dia ser reconstruído.
Os dois relatos, infelizmente, não se completam, mas é preciso que se tome conhecimento de ambos. Na esperança de que se acordem consciências. Para que Porque o Padrão do Cabo Negro tem inegavelmente o seu lugar na História da Humanidade!

Visita ao Cabo Negro - 27 de Julho de 2003

Estava muito cacimbo, a estrada de asfalto molhada e escorregadia. Uma viagem agradável e serena. O ar limpo e húmido. Pouco vento. Nas praias que cercam o cabo e nas suas proximidades, tudo vazio, sem vivalma.
Subimos ao Cabo Negro. É uma marca inconfundível. Visto de longe, a Norte, percorrendo a estrada batida de terra, depois de deixar o asfalto, na direcção do mar, assemelha-se a um barco de pedra, enorme, pronto a entrar no oceano, a meio de praias rasas, solitário.
O carro avança com calma, até um ponto a quase 3/4 da altura das rochas, pela areia. Chegámos. Dirigimo-nos pelo topo, a pé, na direcção do local do Padrão, bem acima do mar, no pequeno "plateau", ponto mais elevado, mas sem grandes socalcos. Ao longe, mais a norte, a Rocha Magalhães, com as salinas que foram as mais produtivas de Angola.
A placa de mármore cravada na rocha de formas estranhas, que se vê nas fotos, tem cerca de 50 cm altura por 60 cm de largura, e um corte em forma de ranhura funda como moldura, a dois centímetros das margens e podia ler-se ainda, mas com dificuldade, mas sempre do lado direito no fim da primeira linha,

em cima .................. oyses Pinho
no meio, ......................... Sagres.
depois, mais afastada destas linhas, lia-se por baixo, ............ nove
As letras entalhadas, muito esbatidas já. A data mencionada talvez fosse de - ou por volta de - 1939, 1949 ou mesmo 1959. Será necessário confirmá-la, possivelmente em relatos escritos sobre alguma comemoração no local.

Qualquer coisa me diz ser possivelmente uma data dessas, não sei por que causa histórica, mas parece-me já ter lido algo sobre isso há muito tempo.....em criança talvez, até relativamente á Mocidade Portuguesa, á história de Gago Coutinho, ou de qualquer coisa assim.

Creio até que foi Setembro, o mês do meu aniversário.
Seria Dom Moisés Alves de Pinho?? Cardeal, Arcebispo, creio eu!!!!!! Para lá ir, pode chegar-se com o automóvel (4X4, obviamente), tirando-se algum ar das câmaras - de - ar dos pneus, de todos igualmente, para melhor se conduzir na areia, como se faz no deserto, e indo pelo Sul para a parte mais alta, em declive macio. Depois caminha-se bem a pé, sem qualquer problema, cerca de 50 metros. Vasculho com os olhos toda a área... Vou-me aproximando e, como num filme, em zoom, tristemente confirmo o que jamais imaginei: encontro-me perante o que restou do Padrão de Diogo Cão.
A sua história, todos a conhecemos, devidamente fundamentada e largamente difundida, para quem se interessa pela História da Humanidade. O toco, deixado por vândalos da inconsciência e das paixões políticas levadas ao extremo, nada mais é que a sua base com cerca de 40 cm de lado por cerca de 25 cm de altura até ao chão, aonde se eleva, quebrado de Poente para Nascente, num ângulo de 50 graus, com 60 cm no ponto mais alto do corte. O tronco do Cruzeiro tem cerca de 24 cm de diâmetro.
Possivelmente foi construído com algum tipo de calcário granulado, como aliás se vê no Cabo Negro, e está muito desgastado pela acção do tempo. Quando me propus visitar o Cabo Negro, que não conhecia, perguntei a muita gente, dali mesmo e de Porto Alexandre, se sabiam aonde era a cabeça do Diogo Cam, e ninguém soube informar-me. Foi a minha teimosia e a certeza de que o que o meu Avô escrevia era absolutamente EXACTO, que me fez e ao motorista Fernando, de Benguela, escalar pedras e a falésia, perigosa, e depois, por fim, decidir-me a ir por baixo, pela praia, até um ponto mais dentro do mar... mas não muito, quando há baixa-mar (não era baixa-mar na altura).
Teimosamente, dizia a mim próprio: “Se o meu Avô disse e fotografou como sendo aqui, TEM QUE SER AQUI!” (Há os que, dizendo-se conhecedores da região, se referem à “Ponta Negra” como se fosse um outro local, muitíssimo mais a Norte, e a Norte de Moçâmedes!).


Para se ver o "busto de Diogo Cam" ou a "cabeça de Diogo Cão", deve sair-se sempre duas horas antes da baixa-mar, a partir de Porto Alexandre - ou Tombua, como erradamente se lhe designa hoje aquela angra tão bela (o nome usado pelos habitantes do Deserto para designar a weliwítschia mirabilis é tumbo) - pelo Sul e pela praia junto do Cabo, até aonde o carro puder ir, o que se faz sem problema, mas tomando-se sempre as devidas e acima mencionadas precauções, até uma distância de cerca de cem metros da ponta do cabo.
É claro que é necessário saber-se dirigir em areia, fugindo sempre das curvas muito apertadas - quanto mais largas melhor, pois numa curva fechada os pneus sem pressão poderão sair das jantes - e nunca forçando movimento algum, nem acelerando demais.
Instala-se o carro em ponto relativamente mais alto que as marcas da maré-alta anterior deixadas na praia, e desloca-se a pé, sem problemas, e como que em reflexão meditativa, até á base do Cabo Negro junto ao mar, pela praia molhada, na direcção Sul -Norte.
A chegada às rochas da base é feita sem o mínimo perigo, até para crianças, - com cuidado para não escorregar ao subir às rochas baixas - e tem-se a admirável visão que tantos outros antes de nós tiveram, maravilhados. O meu Avô, há 100 anos, inclusive, aquele apaixonado pelas terras que adoptou como suas, sem jamais haver regressado "à Metrópole" após ter vindo para Angola, concluído que teve o seu Curso em Coimbra e no Porto, e com toda a certeza, deleitado e sentindo-se sublimado também, como Diogo Cão ter-se-á sentido à 518 anos.
E alguns e poucos mais antes de mim, há menos tempo, mais recentemente, se é que tal viram. Era perigosa a descida, diziam. Mas há caminhos mais simples e menos abruptos. É preciso sabê-los. E saber ir em Paz.
Uma rocha única, uma obra natural, desconhecida como "arte" por África e pelo Mundo. Um ornamento natural para a História de Angola. Um monumento eterno. É realmente um espectáculo, observar-se tanta simplicidade e tanta nobreza, trabalho imponente criado pela Mãe Natureza, esculpindo com o mar, com o vento e com as areias, nas marés calmas ou no mar irado, um símbolo tão belo, como que elevando o Homem acima do mar e do tempo.
Escrito aos 23 de Agosto de 2003, em Luanda.
Capo Negro a Norte de Tombua,Angola 
Texto de  Bobela Motta  escrito em 06.04.1927

O Cabo Negro foi sempre um ponto de referência, assinalando uma etapa na navegação para o Oriente.
Desde a sua descoberta pela guarnição de Diogo Cão em Janeiro de 1486, nunca mais a navegação deixou de o procurar.
É ele que referencia, sem erro o local onde ora se situa a vila de Porto Alexandre, a que a guarnição do navegador Diogo Cão pôs o nome de “Angra das Aldeias” e que Bartolomeu Dias visitou na sua viagem na descoberta do Cabo da Boa Esperança.
É esse o nome que figura, assinalando o local, nas cartas de Cantino 1502, Cesário 1502, Pedro Reinel 1520.
O facto de mais tarde alguns escritores de certa responsabilidade, como Luciano Cordeiro e Afonso de Castilho, lhe chamarem Manga das Areias , representa uma lamentável confusão com a Baía dos Tigres, ou melhor, com o nome dado à Baía dos Tigres por Diogo Cão, segundo Duarte Pacheco Pereira.
Angra das Aldeias” é efectivamente o nome primitivo de Porto Alexandre. Foi de lá que a guarnição  levou indígenas para Lisboa, repatriados na expedição de Bartolomeu Dias.
No entanto, a velha denominação foi sendo esquecida.
João Pilarte da Silva, visitando o local em 1770, já lhe chama apenas a “praia das Macorecas” e António José da Costa, passando ali alguns anos mais tarde nem sequer lhe faz referência.
No século XVIII e primeira metade do XIX, já se dá o nome vago de “ praias ao Sul do Cabo Negro”.
Acresce que a importância que começa a ganhar o Pinda, faz transferir para este local as atenções que a Porto Alexandre seriam mais tarde devidas.
O capitão da marinha inglesa. James Edward Alexander, que, em 1864, visitou a costa ocidental de África, assinalando a antiga “Angra das Aldeias” nas cartas do Almirantado, deu-lhe o seu próprio nome.
E "Porto Alexandre" foi  a denominação que ficou na tradição oral e na toponímia oficial
A melhor riqueza de Angola:
consultar: os sites dever da memória 3 
a História da História de Admário Costa Lino
 
 
 

Esmeraldo Situ Orbis –  Duarte Pacheco Pereira:

" ....oito léguas adiante do monte negro se faz uma grande angra que entra uma légua e meia pela terra dentro que se chama angra das aldeias e este nome puseram no tempo que Dieguo Caão descobriu esta costa por mandado del Rei Dom João que Deus tem, achou dentro neste angra duas grandes aldeias e por isso lhe pôs o dito nome; os negros desta terra são gente pobre que se nom mantem nem uiuem senom de pescaria que aqui há muita, fazem cazas com costas de baleas cobertas com seba do mar, lançando-lhes por cima areia e ali passam sua triste uida, são idolatras e nesta terra não há proveito. Do monte negro até aqui se corre a costa nordeste e sudeste e tem as ditas oito léguas na Rota e toda esta terra ao longo do mar é baixa...." 

A designação de "Porto Alexandre", proveio do nome do explorador britânico James Eduard Alexander, que veio a terras de Benguela, então compreendia a actual província do Namibe, oficialmente autorizado em 1834.
Após a independência de Angola de 1975, adoptou-se o nome de "Tombwa", nome pelo qual os nativos designam a "Welwitschia Mirabilis".
As baías mais notáveis do distrito – Moçâmedes/Namibe, Angra das Aldeias/Porto Alexandre/Tombua e Manga das Areias/Baía dos Tigres, são todas de primeira ordem; mas as duas últimas, pela sua vastidão e excelentes condições, rivalizam com os melhores portos.
"Superior a Tombua não conheço outra no mundo!" afirmou um famoso navegador do século XIX.
Tombua é presentemente o segundo centro demográfico e o primeiro porto de pesca do distrito do Namibe
Está situada a 45 milhas ao Sul do Namibe, numa inflexão esplêndida da costa, notável pelo abrigo seguro que oferece e pela exuberância piscatória das suas águas.
região do Arco do rio Curoca 20 Km da sua foz. 
A povoação começou a ser erguida pelos colonos algarvios que aqui se estabeleceram em 1860 e que pouco tempo depois já iniciavam a exportação dos produtos da sua indústria para os portos do Norte e para os dos países limítrofes: para o Ambriz, Congo, S. Tomé e Gabão.
 A costa de Angola que forma nas suas sinuosidades, esplêndidos portos de abrigo que são dos, melhores de toda a costa de África, tem no distrito de Namibe alguns dos melhores.
De Norte para Sul, os fundeadouros que se podem chamar portos são: as baías das Salinas e do Namibe, do Tombua e dos Tigres

Dos 4 portos o melhor como fundeadouro abrigado é o de Tômbwa.
É um porto magnífico e vasto, duplamente abrigado da ondulação geral da costa, formando um abrigo do Sul com bastantes milhas de comprimento.
Tombua tem pois capacidade, nos seus portos interior e exterior, para uma frota tão grande como nunca terá probabilidades de servir. As suas condições naturais magníficas e o seu aspecto especializado a pesca - dispensam grandes obras.
As diversas pescarias e fábricas de conservas que se alongam sobre ele, possuem os meios necessários para as operações que realizam, Tombwa é hoje o porto de pesca mais importante de Angola.

Por Pedro Cardoso

22 de Setembro de 2016, sob o título Tômbua (Tômbwa):

O cenário é de filme. Uma baía no meio de uma planície árida, horizonte para todos os lados com rochas avermelhadas mais para lá da cidade. A angra que já foi Porto Alexandre sucumbe às dunas do deserto que avançam, vindas do Sul, sobre muros e casas. Semi-enterrada pela areia trazida pelo vento, Tômbua é ícone do Namibe e lugar único em todo o país.

O Sul são histórias (umas quantas minhas). O cheiro a peixe seco e barcos de faina, a paisagem árida. E o mar. Sempre o mar. Tômbua fez parte dessas memórias emprestadas. Foi, durante muito tempo, uma fotografia da lua-de-mel dos meus velhos. Lembro-me de desenhar numa folha branca grande, a carvão, essa baía sépia com cheiro a álbum velho. Guardei-a em algum lugar que já se perdeu.

Agora o tempo é depois. As areias moveram-se, o cordão verde que protegia a cidade quase desapareceu e Tômbua teima em permanecer viva nesta porta do deserto do Namibe. O principal porto pesqueiro de toda a Angola quer sacudir a maré de areia que o ameaça engolir.

É exactamente a imagem de uma cidade semi-enterrada pelo deserto que exerce um fascínio único. Cenário estranho de lugar abandonado. Assim se formam os mitos que mais tarde alguém vai desenterrar para adivinhar-lhe a história. A imagem do cemitério de Tômbua com cruzes com meio corpo enterrado na areia é simbólica. Aqui, os mortos e os vivos sobrevivem. Todos os anos várias casas acabam por ser engolidas pelo deserto. E são várias as vozes que alertam para um cenário de catástrofe nacional que há que evitar a todo o custo. Casuarinas e acácias estão na linha da frente contra a desertificação soprada pelos ventos do sudoeste.

A história desta vila começou a ser registada oficialmente com a chegada dos navegadores portugueses ao Cabo Negro, a norte de Tômbua. Pouco depois, em Janeiro de 1486, chegaram à enorme baia onde encontraram duas grandes aldeias. Estava dado o nome a esta terra de Mucubais, Himbas e Khoisans: Angra das Aldeias ou Angra das duas Aldeias. Apenas em 1864, com a passagem de um capitão inglês chamado James Alexander, o lugar passou a chamar-se Porto Alexandre, depois de se chamar temporariamente praia das Macorecas.

A enorme riqueza destes mares chamou desde logo a atenção dos colonos. À semelhança de outras zonas do Namibe, em meados do século XIX começaram a chegar a esta baía famílias vindas do Algarve, pescadores de tradição do sul de Portugal. 1860 é a data oficial do início da construção do Porto Alexandre que hoje conhecemos. Em 1895, vira município. E depois da independência mudou o nome novamente, e passou-se a chamar Tômbua.

A pesca nunca deixou de ser o grande motor deste lugar, que faz do Namibe a principal província piscatória de todo o país. Alguns projectos falam que aqui vai nascer o maior porto piscatório de toda Angola. Enquanto isso, a vida da vila gira em torno do barco-vai, barco-vem. Na praia de Porto Alexandre, as mulheres esperam a chegada do peixe, encarregando-se de os preparar e vender. O cheiro a mar, a pescarias e a areia é tipo vento: omnipresente. Falar com as gentes e conhecer-lhes as vidas e histórias deste lugar isolado na boca do deserto, é parte da magia de visitar Tômbua.

O município – o maior do Namibe – é uma verdadeira pérola do turismo nacional. A famosa Baía dos Tigres é, talvez, a mais conhecida. Mais lá ao fundo, a foz do Cunene. E outros lugares que ainda visitaremos com mais atenção, mas que não podem ficar de fora, como o Arco ou a Rocha.

Acompanhe o mar ao longo da sua espuma e das dunas que lhe moldam as baías do Namibe. Em Tômbua, afaste a areia com os dedos e abra a porta deste deserto fantástico que Angola guarda como um tesouro escondido a sul.

Como ir
Tômbua fica 93 km a sul da cidade do Namibe. A estrada, por si só, é um espectáculo à parte, irrompendo pelo meio da aridez cada vez mais disforme.