1424, carta náutica de Zuane Pizzigano
Os portugueses descobriram a costa
americana as verdadeiras “Antilhas”. Reconheceram sucessivamente as ilhas “Saya”, península
Avelon; “Satanazes”, Terra Nova; “Antília”, Nova Escócia; “Ymana”, ilha
Príncipe Eduardo, como pode ser comprovado pela Carta Náutica de 1424, onde
estão gravadas nitidamente a data de 22 de Agosto de 1424 e o nome do seu
autor, Zuane Pizzigano, um cartógrafo italiano de Veneza. Apesar do mapa ter
sido feito por um italiano, os nomes das quatro ilhas – Antília, Satanazes,
Soya e Ymana – estão escritas em português a testemunhar a ida e volta de
navegadores portugueses a terras da América do Norte, antes de 1424! Esta
descoberta das verdadeiras Antilhas deve-se ao Dr. Manuel Luciano da Silva!
1439 portulano, Grabriel de Valseca
1459, mapa mundi de Fra Mauro
1467, portulano de Grazioso Benincasa
1471 -carta náutica anónima portuguêsa de "Circa"
Quem foi Fra Mauro?!
Foi monge dos Camaldulenses em Veneza,
no Mosteiro de S. Michele de Murano. Aí desenvolveu o seu trabalho de cartógrafo
(temos notícia de em 1443 estar a elaborar um mapa da Istria), chegando mesmo a
deixar discípulos importantes, como é o caso de Andrea Bianco.
É comumente considerado o melhor
cartógrafo erudito medieval, pode-se dizer que apenas se encontra num estádio de
maior avanço técnico e científico de muitos anteriores. A sua obra situar-se-á
assim num momento de transição entre a Idade Média e a cartografia do
Renascimento.
A cartografia medieval, de um modo
geral até ao século XIV, era basicamente esquemática e simbólica, sendo os seus
mapas conhecidos por T–O, pois o mundo era apresentado por um círculo, em que
no seu interior o T, formado por três rios, divide a Ásia, ao cimo, a Europa e
a África, em baixo. Jerusalém situava-se quase sempre no centro.
Este tipo de esquema vai-se tornando
cada vez mais complexo e começa a surgir o Mediterrâneo mais ou menos
correctamente representado, assim como as informações e legendas de carácter
económico ou social se vão multiplicando pelos vários continentes representados.
Ora, o planisfério de Fra Mauro é
profícuo em tais características, o que leva a considerar que o seu autor
represente o culminar deste tipo de cartografia, como já dissemos.
O Planisfério de Fra Mauro, terminado
em 1459, foi uma encomenda do Rei de Portugal, D. Afonso V.
Sobre o seu pagamento há alguns
documentos na Torre do Tombo e no Arquivo de Murano. Em Lisboa existe uma carta
de quitação (Chancelaria de D. Afonso V, Lv. 1, fl.2) onde está inscrita a
verba de 30 ducados para pagar aos pintores do mapa de Veneza.
Em Murano aparecem 3 assentamentos
relativos a pagamentos. Um de 28 ducados, de 8-II-1457, e outros dois de 1459
(17 de Março e 24 de Abril), um refere 2 ducados, e o outro afirma que o mapa
está pronto.
Veja-se agora as principais
características de tão famoso mapa-mundo. As suas dimensões são bastante
grandes, com 196 cm de diâmetro, ainda o podemos considerar um T-O, com a forma
circular e um oceano a toda a volta, invulgarmente está orientado para Sul, ou
seja o topo do mapa corresponde ao Sul, ou ao fim de África, o que David
Woodward considera ser influência árabe.
Relativamente ao centro temos o
Mediterrâneo que está mais ou menos correcto, o que se deverá à influência dos
portulanos e das informações de Ptolomeu.
Os desenhos da Ásia, embora
incorrectos, aparecendo bastante maior do que na realidade (outro dado de
Ptolomeu), têm importantes legendas e informações de carácter comercial.
Estas devem-se aos escritos de Marco
Polo, que influenciam bastante o cartógrafo. Assim, aparecem referenciados o
Cataio, o Cipango e a Insulíndia descrita por Polo. Na China aparecem os vários
«reinos» e indicações acerca da Rota da Seda.
Outra zona a que Fra Mauro atribui
bastante importância é a da costa oriental de África, o Índico em geral, embora
a Índia esteja bastante mal representada.
Isto deve-se às fontes que utilizou,
as informações dos comerciantes e viajantes árabes. Assim, interessa-se
bastante pelo comércio e navegação dos muçulmanos até Sofala. Será este conjunto
de informações que o levará a pensar que o Índico não é um mar fechado, é por
isso que representa a África, a Sul, desligada de qualquer continente.
Ora, tal facto é bastante importante,
pois como o mapa se destinou a Portugal, será bem provável que a ele se tenha
devido o plano de atingir a Índia das especiarias através da Costa Ocidental
Africana, não apenas o reino de Preste João.
Outro dado importante deste
Planisfério é a referência às viagens portuguesas, principalmente ao Golfo da
Guiné.
Diz que a exploração daquela zona se
deve ao Rei de Portugal, que recebeu cópias de cartas portuguesas com as novas
informações geográficas. Tais dados levam Fra Mauro a afirmar, ao contrário de
Ptolomeu e outros autores que a navegação e sobrevivência nas zonas tórridas
era possível.
Assim se verifica a importância deste
Planisfério, pois mostra aspectos da cartografia medieval tradicional, que
tenta conjugar com os novos dados da observação das viagens que os portugueses
e outros iam fazendo.
Biografia: Introdução à História dos
Descobrimentos Portugueses, 4ª Ed., Mem Martins, Europa-América, [s.d.].
CORTESÃO, Armando, Cartografia e Cartógrafos Portugueses dos séculos XV e XVI.
(Contribuição para um estudo completo), vol.1, Lisboa, Seara Nova, 1935. IDEM,
História da Cartografia Portuguesa, 2 vols., Lisboa, Coimbra, Junta de
Investigações do Ultramar/ 1969-1970. GONÇALVES, Júlio, Motivos Portugueses no
Planisfério de Fra-Mauro, Lisboa, Aca-demia das Ciências, 1961. NORDENSKIÖLD,
A. E., Periplus. An Essay on the Early History of Charts and Saling-directions,
Estocolmo, P. A. Norstodt & Söner, 1897. WOODWARD, David, HARLEY, J. B.,
The history of Cartography. Volume One. Cartography in Prehistoric Ancient and
Medieval Europe and the Mediterranean, Chicago/Londres, The University of
Chicago Press, 1987.
1462, portulano de Piero Roselli1467, portulano de Grazioso Benincasa
1471 -carta náutica anónima portuguêsa de "Circa"
Uma carta
náutica portuguesa anónima de Circa 1471. Está guardada,
com mais três, num estojo circular de cartão, na Biblioteca Estense,
de Modena. As quatro Cartas, com várias outras. pertenciam ao fundo de Cartas
geográficas do Palácio Ducal .de Modena, donde foram subtraídas em 1859, no
momento da passagem da antiga à nova ordem de coisas. Recuperou-as o Dr.
Giuseppe Boni, que em 1870 as doou à Biblioteca Estense . Está desenhada em
pergaminho, muito bem iluminada; posteriormente foi montada, com as pontas
-dobradas sobre a face superior. A Carta portuguesa mede 752
X 650 mm., e representa a costa atlântica da Europa e da África ocidental.
desde a Normandia (França) ao Rio do Lago (Golfo da Guiné), com os
Açores, a Madeira, as Canárias e as Ilhas de Cabo Verde, e ainda uma grande
parte do Atlântico Norte oriental, entre Este. e ESE. da Bretanha tem a Carta
-desenhada a Ilha Donayda, que representa uma das Ilhas Legendárias, místicas,
do Atlântico Norte.
2 - O Atlântico está absolutamente limpo de desenhos, que possam impedir o seu rápido emprego para a navegação; e nos continentes não se vêem os de animais ·e outros, que se admiram em muitas Cartas quinhentistas, nem tão pouco qualquer designação toponímica. As costas estão bem providas de toponímia genuinamente portuguesa, a qual se estende igualmente às ilhas Atlânticas, além disso, as 'costas mediterrânicas terminam no Sul da Espanha e no Cabo das Três Forcas (Marrocos). A letra da nomenclatura é do tipo cursivo das escritas portuguesas do século XV. De maneira que não pode existir a menor dúvida quanto a Carta náutica, destinada à navegação nacional para Marrocos, e para as costas africanas e ilhas atlânticas pelos nossos já então descobertas: aquelas costas vão do Bojador ao Rio do Lago, estas ilhas compreendem as dos Arquipélagos dos Açores, da Madeira e de Cabo Verde. Esta Carta náutica é pois portuguesa, tendo sido desenhada por um cartógrafo anónimo. É de aceitar que seja cópia da Carta padrão de el-rei dos armazéns da Casa da África, de Lisboa. Quanto ao ano da sua feitura inclino-me para Circa 1471, ano este, em que foi descoberto o Rio do Lago, término da nomenclatura da sua costa africana; desta forma a Carta, na frase feliz de Almagià: «é síncrona dos Descobrimentos portugueses».
2 - O Atlântico está absolutamente limpo de desenhos, que possam impedir o seu rápido emprego para a navegação; e nos continentes não se vêem os de animais ·e outros, que se admiram em muitas Cartas quinhentistas, nem tão pouco qualquer designação toponímica. As costas estão bem providas de toponímia genuinamente portuguesa, a qual se estende igualmente às ilhas Atlânticas, além disso, as 'costas mediterrânicas terminam no Sul da Espanha e no Cabo das Três Forcas (Marrocos). A letra da nomenclatura é do tipo cursivo das escritas portuguesas do século XV. De maneira que não pode existir a menor dúvida quanto a Carta náutica, destinada à navegação nacional para Marrocos, e para as costas africanas e ilhas atlânticas pelos nossos já então descobertas: aquelas costas vão do Bojador ao Rio do Lago, estas ilhas compreendem as dos Arquipélagos dos Açores, da Madeira e de Cabo Verde. Esta Carta náutica é pois portuguesa, tendo sido desenhada por um cartógrafo anónimo. É de aceitar que seja cópia da Carta padrão de el-rei dos armazéns da Casa da África, de Lisboa. Quanto ao ano da sua feitura inclino-me para Circa 1471, ano este, em que foi descoberto o Rio do Lago, término da nomenclatura da sua costa africana; desta forma a Carta, na frase feliz de Almagià: «é síncrona dos Descobrimentos portugueses».
3 -
Rumagem. - O ,centro de construção da Carta é no encontro .do meridiano de Faro
com o paralelo da Gran Canária. Fica este ponto no interior da África e
marca-o uma artística rosa-dos-ventos, muito bem iluminada. É ele igualmente
o centro da rumagem da Carta, o qual está circundado por dezasseis
rosas-dos-ventos secundárias, seis das quais são também artisticamente
iluminadas. As sete rosas iluminadas tem ao Norte a tradicional «flor de liz».
Devo notar que uma das secundárias, a mais meridional, tem a Oeste
mais outra «flor de liz» para o que não encontro qualquer explicação: seria
engano do cartógrafo? O sistema de rumagem vem das Cartas
mediterrânicas: mas o emprego .das 32 linhas dos rumos,
correspondendo às 32 quartas da agulha, deve-se aos portugueses, que o
iniciaram, conjunta ou seguidamente a terem principiado a bordo a prática das
observações astronómicas para a determinação da altura do pólo (latitude).
4-Escalas. - Não tem a Carta qualquer escala de latitudes ou de longitudes. Não
tem traçado o ,Equador, o que não admira porque o seu limite inferior o
não atinge, nem tão pouco o trópico de Câncer. Ignoro o que
possam significar um paralelo, que está traçado ao Sul do Cabo das Palmas, e um
pedaço dum meridiano, que quase margina a parte inferior direita da Carta . .
':tem aos cantos .da esquerda duas escalas das léguas, colocadas na direcção
dos meridianos, com doze grandes divisões troncos das léguas - a de cima, ·e quinze a
debaixo; ambas são coloridas e estão deformadas por motivo do encarquilhamento
do pergaminho. Alguns dos troncos das léguas contêm ainda subdivisões cada um.
O comprimento de cada tronco é em média de 107/10 mm. O trópico de
Câncer não está traçado, como disse, mas passa na Angra
dos Cavalos, 24º Norte (arredondamento de 23º 27' Norte), ao Sul
do Bojador, segundo Pacheco Pereira, a latitude do Cabo
das Palmas é 4° Norte. à diferença de 20°, entre estas
latitudes, correspondem na Carta 310 mm. ou 29 troncos das léguas.
Não pode admitir-se que o grau fosse de 16 2/3 léguas que os portugueses usavam quando iniciaram no
mar a prática da determinação da latitude pelo Norte (Polar) e pelo Sol -
porque então aos 20 graus de diferença de latitudes corresponderiam 333
1/3 léguas, e ao tronco 11 1/2 léguas ( 333
1/3), dimensão abstusa, como o dr. Duarte Leite já concluíra para a
Carta de Cantino.
De forma que o
grau era já de 17 1/2 léguas: correspondendo os 20 graus a
350 léguas, o tronco a 12 léguas, e a subdivisão a 2
2/5 léguas. Como a Carta de Cantino emprega o mesmo tronco de 12 léguas, e
ambas as Cartas foram copiadas das Cartas padrões de el-rei, segue-se que o
tronco de 12 léguas devia ser o oficial quando as duas Cartas foram
confeccionadas. Como 20°, cerca de 2.222 quilómetros,
estão representados na Carta náutica por 310 mm., a escala é muito
aproximadamente de 1:7.500.000.
5
-Bandeiras. - Nove bandeiras iluminadas ornam a
Carta: duas portuguesas, uma bretã e seis diversas. As portuguesas estão
colocadas em África: uma na Ilha de Arguim, onde já existia
uma fortaleza feitoria, ·e outra no local de a Mina do Ouro, local
em que se estabelecera o resgate do ouro pouco antes da Carta ser
desenhada. A bretã está situada na Bretanha, então ducado independente. As
outras seis, todas colocadas em África, devem pertencer a chefes indígenas locais.
6-Igrejas.- O ignorado cartógrafo desenhou três igrejas na sua Carta. A primeira na
Bretanha, sendo possível que simbolize qualquer importante igreja
do ducado. A segunda, em frente de Lisboa, representa a Sé da Capital. A terceira,
em terra de Marrocos, deve indicar a da Santa Maria de África, de
Ceuta.
Só raríssimas
Cartas fixam alguns nomes, muito poucos, de descobridores, seus descobrimentos
e até os respectivos anos em que os efectuaram. A Carta náutica, existente em
Modena, não pertence a essas raríssimas Cartas, mas é ela a melhor
Fonte portuguesa para a denominação, localização e sua consequente identificação
dos Descobrimentos marítimos da costa africana, com D. Henrique -até 13 de
Novembro de 1460- do Bojador à Serra Leoa; e com D. Afonso V
-até 1471- da Serra Leoa ao Rio do Lago. Poucas são as Fontes
coevas para o estudo dos Descobrimentos marítimos até 1471.
1474 Toscanelli, mapa
1484, recorte do mapa de Pedro Reinel. De notar a costa ocidental africana do capo Lopo Gonçalves até ao rio Zaire (rio poderoso), correspondente à 1ª viagem de exploração marítima da guarnição do navegador Diogo Cam (Caão)
1484, Pedro Reinel
Na corte dos reis D. João II e D.
Manuel I de Portugal, ponto de encontro de gentes de todas as raças e
proveniências, os escravos negros da Senegâmbia e Guiné, baptizados, instruídos
e casados com criadas mestiças ou até brancas, formavam uma elite, em que os
mais aptos poderiam especializar-se em variados ofícios, de criados da alta
nobreza a músicos e artistas. De 1470-80 até c.1540, distinguiu-se um grupo de
habilíssimos entalhadores de marfim da Serra Leoa, criadores da arte híbrida
chamada “afro-portuguesa” - primeiro exemplo duma arte colonial de origem
europeia desde os Fenícios e Romanos... Pela sua inteligência no desenho e alta
capacidade técnica, os filhos recebiam educação na escola do Paço, eram
libertos e podiam seguir uma profissão liberal. Deve ter sido esse o caso de
Pedro Reinel, ou “Reinol” (i.e, já nascido no Reino), e seu filho Jorge,
formados nas matemáticas e cosmografia, que viriam a tornar-se os fundadores e
melhores representantes da “escola” de Cartografia manuelina. A esses dois negros
oriundos da Pedro e Jorge Reinel (at.1504-60) Terra Brasilis (Nova Série), 4 |
2015 12 Serra Leoa devemos a primeira representação detalhada e realista do
litoral do Brasil, e uma imagem mítica do seu interior.
1489, portulano Albino Canepa
notar a costa marítima do cabo Lopo Gonçalves ao rio Zaire (rio poderoso), na sequência da 1ª viagem de exploração da guarnição de Diogo Cam. o recorte deste mapa assemelha-se ao mapa de 1485 de Pedro Reinel
1489, portulano Cristóvão Colon, Salvador Fernandes Zarco
1485, portulano do cartógrafo
veneziano “Cristóforo Soligo
O primeiro documento cartográfico
do Cabo de Stª. Catarina 2º latitude Sul, Gabão, à Ponta Redonda Farol do Giraúl, baía de Moçâmedes, Namibe em Angola latitude 15º 13' Sul e log. 12º 11'. Este. Zona explorada pela guarnição do navegador Diogo Cam, (Caão) a Sul do Equador, durante a
primeira viagem de exploração marítima, (1482 -1484), ao longo da costa ocidental
africana, existente no British Museum,
1489, mapa mundi Henricus Germanus Martellus
Martellus Germanus, Henricus
Sobre este cartógrafo pouco se sabe, dada a escassez de dados biográficos existentes sobre o mesmo. Sabe-se ser de nacionalidade alemã, o seu nome latinizado acrescentava o aposto “germanus”. Henricus Martellus Germanus operou em Itália, na cidade de Florença, no último quartel do século XV, na oficina do gravador e impressor de cartas náuticas, Francesco Rosselli.
Alguns autores, entre os quais Roberto Almagià, admitem que Martellus tenha trabalhado em associação com Rosselli, concluindo aquele estudioso italiano que uma parte da obra cartográfica de Martellus Germanus se radica na obra de Rosselli, não obstante Armando Cortesão admitir que “apenas se pode conjecturar” a eventual associação entre os dois cartógrafos.
De importância fundamental para a história da cartografia quatrocentista, avulta o planisfério de raíz ptolomaica, da autoria de Henricus Martellus, datado de c. 1489, inserido no Insularium Ilustratum Henrici Martelli Germani, de que se conhecem quatro cópias:
no British Museum, na Biblioteca da Universidade de Leiden, no Musée Condé de Chantilly, e na Biblioteca Laurenziana de Florença.
A raiz ptolemaica na obra deste cartógrafo foi observada por O. A. W. Dilke a propósito do grande mapa-múndi manuscrito, datado de c. 1490, com assinatura “Opus Henricus Martellus Germanus”, que se guarda na Biblioteca da Universidade de Yale, divulgado em 1963 por Alexandre Vietor.
Dilke deduz que o cartógrafo, ao utilizar a Segunda Projecção de Ptolomeu na execução desta carta, foi “aparentemente a primeira pessoa que optou por este procedimento”.
Na carta de Martellus, de c. 1489, encontram-se registados os resultados da segunda viagem de Diogo Cão, quando este navegador, em 1486, erigiu o seu quarto padrão em “c. de padrom”, actual Cape Cross, Namíbia e chegou a “serra parda”, bem como as consequências da viagem de Bartolomeu Dias de 1487-88, no decorrer da qual descobriu a costa africana para além do término da última viagem de Diogo Cão, dobrou o Cabo da Boa Esperança e, tendo passado pela “ilha de fonti”, aportou a “rio do Infante” em pleno Oceano Índico.
Neste planisfério, as viagens efectuadas pelos dois navegadores portugueses são evocadas por três legendas.
Na legenda inscrita sobre o Golfo da Guiné, diz-se: “Hec est Uera forma moderna affrice secundum discripcione Portugalesium Jnter mare Mediterraneum et oceanum meridionalem”.
Esta legenda é bastante elucidativa da moderna configuração do continente africano, entre o Mediterrâneo e o Índico.
Uma segunda legenda elucida-nos sobre a colocação do referido quarto padrão no Cabo do mesmo nome, quando da última viagem de Diogo Cão, e refere: “Ad hunc usq; montem qui vocatur niger per venit classis secundi regis portugalie cuia classis perfectus erat diegus canus qui in memoriam rei erexit colunam marmorea cum crucis ab mõte nigro et hic moritur”.
A terceira e última inscrição, diz respeito à dobragem do Cabo e à chegada de Bartolomeu Dias à “ilha de fonte” e observa a data de 1489, portanto, imediatamente a seguir à viagem deste navegador.
Reza a legenda: “ Hunq usq ad Ilha de fonti pervent ultima navegatio portugalesium. anno. d. ni. 1489,
O monumento cartográfico da autoria de Henricus Martellus inscreve-se num grupo de cartas vulgarmente designadas por “luso-ptolemaicos”, que procuram conciliar uma cartografia de natureza prática, que tem por base a observação directa dos lugares e uma cartografia de raiz erudita e humanística, que ainda prevalecia nas oficinas dos cartógrafos onde Ptolomeu era modelo a observar.
O facto de Martellus Germanus ter elaborado o seu mapa-múndi a partir de originais portugueses desaparecidos, realça o seu excepcional valor, dada a escassez de monumentos cartográficos portugueses executados no século XV. Dada a abundante presença de estrangeiros na corte de Lisboa, interessados no comércio das nossas espécies cartográficas, o pretenso cuidado dos monarcas portugueses teve limitados ou nulos efeitos. Segundo Armando Cortesão, baseado em estudos de H. Winter e E. G. Ravenstein, Martim Behaim ter-se-á inspirado no mapa de Martellus na construção do seu Globo. “A Cartografia Portuguesa dos Séculos XV e XVI”, in História e Desenvolvimento da Ciência em Portugal, vol. II, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1986, pp. 1061-1084. CORTESÃO, Armando, Cartografia e Cartógrafos Portugueses dos Séculos XV e XVI, Lisboa, Seara Nova, 1935. IDEM, História da Cartografia Portuguesa, vol. II, Lisboa, 1970, pp. 204-209. GUERREIRO, Inácio, “A viagem de Bartolomeu Dias e os seus reflexos na Cartografia Europeia Coeva,”, in A Viagem de Bartolomeu Dias e a Problemática dos Descobrimentos, Actas do Seminário realizado em Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta, de 2 a 7 de Maio de 1988, pp. 133-143.
1492,globo terrestre de Martim Beahim, (Martinho da Boémia)
Martim Beahim,
(Martinho da Boémia)
Comerciante
alemão e cartógrafo, Martim Behaim ou Martinho
da Boémia, como lhe chamam nos textos portugueses da época, nasceu em 1459, em
Nuremberga, Alemanha.
Em 1484, Martim
Behaim estabeleceu-se em Portugal,
tendo nesse mesmo ano participado na segunda viagem do navegador Diogo Cão até
a S. Jorge da Mina no Gana, que, investido na qualidade de embaixador do reino
de Portugal e de D. João II, tinha como objectivo descobrir o caminho
marítimo para o Índico, através da costa africana.
Em 1490,
Behaim regressa a Nuremberga onde, com a experiência entretanto adquirida,
começa a trabalhar na construção de um globo terrestre, designado pelo próprio
de «Erdapfel». Na época e mesmo antes, não havia conhecimento da
existência de qualquer mapa cartográfico em forma de globo. Em 1261, Giovanni
Campano, notável matemático italiano, escreveu um tratado - Tractus de Sphera
Solida - onde descreve o processo de manufactura de globos de madeira
ou de metal. Toscanelli, na sua Carta de Navegação de 1474, refere ao globo
como a melhor forma de prever a distância entre o continente europeu e a Ásia.
Igualmente, Cristóvão Colon tinha o globo terrestre como um dos símbolos nas
suas embarcações.
Em 1492, no
ano em que Colon traçou o caminho marítimo até às Caraíbas, América
Central, Martinho da Boémia termina a construção do globo terrestre.
Utilizando os conhecimentos adquiridos em Lisboa, inspirou-se no mapa de Martellus
Germanus de 1489 para construir o globo. Defendeu a ideia de alcançar
a Ásia pelo Ocidente, ignorando portanto a existência do Continente Americano.
A distância do Faial(ilha do arquipélago dos Açores até Cipango (Japão)
seria mais ou menos a mesma do que a do Faial a Lisboa. Esta ilha, aliás,
figura como a Nova Flandres. O globo de Behaim representa, assim, a
transição entre o conhecimento cartográfico antigo e o moderno, ou seja, a
visão tradicional é parcialmente substituída pelo conhecimento empírico dos
portugueses.
Actualmente, o globo terrestre
encontra-se no Museu Nacional de Nuremberga, na Alemanha, daí ser também designado
de Globo de Nuremberga e tem cerca de 51 centímetros de diâmetro, sendo a sua
estrutura recoberta por gomos de papel pintados a tempera por Georg Glockendon, o «Velho». Martinho da Boémia morreu em 1507
1492, de Jorge Aguiar
Fonte:
A carta portuguesa mais antiga que se conhece assinada
e datada está arquivada na Yale University, em New Haven (EUA) [É de 1492 e o
seu autor é Jorge de Aguiar, piloto
e mais tarde Capitão de naus das Índias
no final do século XV e princípio do século XVI.
Para iniciarmos a nossa abordagem à carta
de Jorge Aguiar, vamos recordar dois modelos que estimam o valor da
declinação magnética em 1500 no Mediterrâneo e costa leste do Atlântico
Norte. Nestes dois modelos é possível verificar uma concordância no facto da declinação magnética ser nula nos Açores e na margem oriental no Mediterrâneo.
Curiosamente na carta de Jorge de Aguiar surgem duas rosas-dos-ventos (?) muito simples, sem flor-de-lis e aparentemente com uma agulha bem desenhada, apontando o Norte.
Curiosamente na carta de Jorge de Aguiar surgem duas rosas-dos-ventos (?) muito simples, sem flor-de-lis e aparentemente com uma agulha bem desenhada, apontando o Norte.
A primeira destas duas rosas, surge
perfeitamente alinhada com a linha agónica (declinação nula) que passaria nos
Açores em 1500.
Recordemos o que diz João de Lisboa no capítulo IX do
Tratado da Agulha de Marear, “Em que se declara como havemos de tomar este
meridiano Vero….”:
“Hás-de saber que este meridiano vero, onde as agulhas
verdadeiramente ferem o pólo do mundo árctico, divide a Ilha de Santa Maria e a
ponta da Ilha de São Miguel….”
O desenho desta rosa muito peculiar e o seu
posicionamento na carta faz com que legitimamente possamos colocar a
pergunta se não seria já conhecido o fenómeno da variação da agulha na época
(1492) em que Jorge de Aguiar desenhou a carta.
Uma segunda rosa, cujo desenho é idêntico ao da
primeira, parece indicar a linha agónica que passava pelo Mediterrâneo embora
se estime que na época esta passasse mais para oriente, na costa oriental do
Mediterrâneo, e não no centro do Mediterrâneo como parece surgir na carta
de Jorge de Aguiar. No entanto não deixa de ser um indício que parece
indicar alguma semelhança no que se pretendia assinalar com estas duas
rosas.
Pela terceira vez,
e no decurso de uma reunirão internacional que os portugueses têm conhecimento
da existência das raríssimas cartas
portuguesas quatrocentista conhecidas.
Foi num congresso
internacional de geografia que Marcel Destombes revelou a Fontoura da Costa que em Modena havia uma
carta portuguesa do último quartel do século xv, e foi no congresso internacional dos descobrimentos
que em Lisboa, em 1960, V. Bernard nos
deu a conhecer a carta de Pero Reine! de c. 1483 que esta em Bordeis.
Agora, pela forma que todos viram, sabemos
da ate aqui ignorada carta de Jorge de Aguiar de 1492,
e os portugueses devem estar gratos a Vietor e
Washburn por esta importante revelação.
Mais uma carta portuguesa
do século xv, e mais uma sem graduação de
latitudes ...
No aspecto estilístico,
afigura-se particularmente interessante a multiplicidade de tipos de rosas-dos-ventos, sobretudo a dupla representação de rosas de tipo mediterrâneo
(maiot-quino?) e Atlântico (com a curiosa escrita dos nomes dos ventos);
a dupla figura na grande rosa central e particularmente significativa.
Ao mesmo tempo que
se vêem os traços da origem mediterrânea da cartografia náutica portuguesa, nota-se já um novo estilo,
Atlântico sobretudo, com a característica flor-de-lis que encima uma das rosas.
E também de assinalar,
numa bandeira logo ao Sul da península de Cabo Verde - clara alusão a doação feita
por D . João II
de parte da Guiné ao duque de Viseu D. Manuel, a volta de 1486.
Tantos motivos de
interesse, colhidos apenas em rápida análise!
Muito obrigado a Vietor e
a Washburn pelo magnifico presente que trouxeram a essa reunirão! assina Cortesão
1502, Juan de la Cosa
Este mapa é um dos mais preciosos da
época dos descobrimentos. Foi elaborado pelo navegador e cosmógrafo espanhol
Juan de la Cosa (1460-1510). Participou da primeira (1492) e da segunda
expedição de Colon, bem como da expedição de Alonso de Ojeda, em 1499.Em
1500, após seu regresso, começou a confeccionar seu famoso mapa-múndi. Em baixo
da ilustração de São Cristóvão, escreveu: Juan de la cosa la fizo en el
puerto de S: ma en año de 1500 (Juan de la Cosa o fez
no porto de Santa Maria no ano de 1500).Posteriormente,
Juan de la Cosa fez outras viagens. O mapa foi actualizado, com novas descobertas, até por
volta de 1508. Registou as descobertas de Colon, Cabral, Cortes Reais e Vasco da
Gama.O
mapa foi elaborado numa época de revolução nos entendimentos da geografia do
Planeta. Em 1500, ainda não se concebia a existência do Oceano Pacífico. Nos
primeiros anos do século 16, a América era entendida, por quase todo mundo,
como uma extensão da Ásia. Assim, as feições da costa americana era uma
adaptação do que se conhecia do leste asiático. O Brasil foi muito confundido
com a Austrália. Esse
mapa foi manuscrito em couro de boi e mede 96 x 183 cm.
Foi encontrado, em 1832, numa loja de
Paris, pelo Barão Charles Athanase Walckenaer.
Em 1853, após sua morte, o mapa foi
adquirido pela Espanha.
O chamado
"Planisfério dito de Cantino" de 1502, é um dos mais antigos
mapas da era dos descobrimentos.
É uma cópia
do "padrão real" e foi desenhado por um cartógrafo
Português, da casa da Guiné e da Mina(mais tarde Casa da Índia) em 1502.
Demonstra o elevado grau científico com que os portugueses trabalhavam durante
os descobrimentos. Foi obtido clandestinamente por um espião chamado Alberto
Cantino.
Esta
personagem pagou 12 ducados de ouro ao cartógrafo e enviou-o para Itália, para
Hércules d' Este, Duque de Ferrara.
É o primeiro
mapa que apresenta a costa do Brasil a costa da América do Norte com a Flórida,
a Gronelândia e a Terra Nova, Madagáscar, Índia, Malásia e Golfo da Tailândia.
Foi a primeira
vez que estão representadas num mapa as linhas do Equador e do tratado de
Tordesilhas. A África está espantosamente bem desenhada, tendo em conta que só
tinha sido circum-navegada por três vezes (mas a última armada - a de João da
Nova ainda não tinha regressado a
Lisboa). No entanto a Europa, em relação à África, não está desenhada
correctamente, está mais curta.
Deve-se ao
facto de, na altura, se utilizarem medidas comprimento diferentes:
Na
Europa cada grau era medido duma maneira e na África foi utilizada outra
medida.
No séc. XVI as
escalas eram de 18 léguas por grau ou de 20 por grau.
Na escala de
18 cada légua media 6173 metros (cada grau eram 111.114 metros).
Na escala de
20 cada légua media 5.555 metros( cada grau media 111.100 metros)
O mapa está
desenhado em três escalas diferentes das que eram habituais; 18,5 ; 22,5 ; e
24.
Apresenta
ainda outros enigmas que são falados nas fotos de pormenor.
O mapa
encontra-se na biblioteca Estense, em Modena, Itália.
1504 Pedro Reinel
Fonte: consulta obrigatória
A
carta de marear de 1504 de Pedro Reinel
(arquivada na Bayerische Staatsbibliothek, Munique), famoso
cartógrafo português, é a carta mais antiga conhecida por ter uma escala de
latitudes. Na realidade a carta apresenta duas escalas de latitude, sendo
uma desenhada ao largo da Terra Nova e orientada obliquamente.
A
escala oblíqua apresenta um ângulo de 22º 30’ em relação ao Norte, valor muito
aproximado daquele que se estima quer seria o valor da declinação magnética
(15º W a 25º W, de acordo com diversos modelos) naquela zona em meados de 1500.
Supomos
que o ângulo da escala de latitudes resulta indirectamente da adaptação da
escala de latitudes aos territórios já previamente desenhados e não da
imposição prévia de um ângulo (duas quartas) no desenho da própria escala. Na
realidade Pedro Reinel adaptou a uma carta já existente uma
primeira escala de latitudes. Tinha boas referências para a construir, as
latitudes das várias ilhas do Arquipélago dos Açores, o mesmo em relação a
Cabo-Verde, Canárias, Madeira, etc. No entanto percebeu que as latitudes e os
rumos navegados que os pilotos portugueses lhe forneciam para os pontos mais
importantes da costa da Terra Nova (como por exemplo o Cabo St.John e o Cabo
Spear, como hoje são conhecidos) não se ajustavam à primeira escala, daí tendo
seguramente surgido a engenhosa ideia de ajustar uma escala oblíqua na carta.
Discordamos que se diga de
forma peremptória que esta escala oblíqua não representa um primeiro testemunho
do conhecimento explícito dos desvios das agulhas. Concordamos com a opinião
de que esta escala oblíqua resulta do reconhecimento por parte dos
desenhadores das cartas de marear das dificuldades em cartografar correctamente
a esfericidade da terra, mas não afastamos em absoluto a hipótese de já existir
um conhecimento razoável dos desvios sofridos pelas agulhas, do noroestear e
nordestear das agulhas de marear. Existem alguns factores de dúvida que deverão
ser estudados com mais profundidade, como iremos tentar fazer, nomeadamente o
facto de o desenhador da escala oblíqua ter atribuído exactamente o valor de
duas quartas ao ângulo da mesma escala
O
trabalho desenvolvido pelos pilotos e cartógrafos portugueses em cartografar e
desenhar nas cartas de marear a Gronelândia e a Terra Nova foi notável.
As
naus envolvidas nessas viagens partiram maioritariamente dos Açores, navegando
grandes distâncias por mares muito agrestes, o Atlântico Norte. O tradicional
método de desenhar novos territórios nas cartas existentes (oriundas dos
portulanos) através das singraduras e das léguas navegadas incorria em muitos
mais erros do que quando se navegava ao longo da costa de África, que era uma
navegação fundamentalmente em latitude e com declinação magnética geralmente
moderada. Um dos problemas que se colocava logo à partida, era o facto
(desconhecido para os pilotos) de que na época a declinação magnética era nula
nos Açores e aumentava com a navegação para Poente atingindo valores muito
elevados (aproximadamente 20 º a 25º W) na Terra Nova.
1504 planisfério de Maiollo
O PLANISFÉRIO DE MAIOLLO DE 1504.
De :ROBERTO LEVILLIER
Nova prova do
itinerário de Gonçalo Coelho-Vespúcio,
à Patagónia, na sua viagem de 1501-1502
(*).
(*) . Texto
espanhol traduzido pela Lic. Sónia Aparecida Siqueira (Nota da Redacção).
Ao entrar na
exposição vespuciana de Florença, em princípios de Julho de 1954, fiquei
admirado à vista do conjunto cartográfico.
Ir além dos
cinco mapas que formam o grupo de 1502, directamente derivado da viagem que
comento, encontrava-se entre eles, ocupando lugar de honra, um planisfério que
uma etiqueta oficial indicava ser de Maiollo,
datado de 15(3?)4. Procedia da
Biblioteca Federiciana de Fano. Já à distância, havia reconhecido no perfil
atlântico do hemisfério austral, grande semelhança com Kunstmann II, Pesaro e Hamy. Pude
verificar, aproximando-me, que a nomenclatura da região atlântica meridional
concordava com a de Kunstmann II, Cavério e Waldseemüller, desde o Cabo
de Santa Cruz, ao Norte, até Cananor,
ao Sul, (estamos a informar àcerca da costa Leste da América do Sul). Numa vitrina vizinha, estava a única cópia
existente da edição de 1507 de
Waldseemüller, com o título: América.
Em frente ao Maiollo exibia-se o planisfério de Cavério. Dum lado, Salviati e Juan Vespúcio. Faltava apenas Juan
de la Cosa para encontrarem-se reunidas os fac-similes de Hamy, Cantino e Juan de la Cosa
(que chegou depois da inauguração), as mais
importantes imagens do Novo Mundo, associadas à viagem austral. Essas
peças únicas e originais, pertencem às bibliotecas italianas e estrangeiras.
Foi estranho
ver que o mapa de Maillo surpreendesse, pois
nunca havia sido reproduzido. No grande
salão do Palazzo Vecchio levei tempo estudando-o, medindo-o e fazendo-o
fotografar, até conseguir uma boa cópia do hemisfério meridional, do mesmo
tamanho do modelo. No mês de
Agosto em Veneza, procurei e encontrei
na Biblioteca do Convento de São Marcos a respectiva bibliografia, e em começos
de Outubro entreguei à Revista L'Universo do Instituto Geográfico Militar de
Florença, um breve estudo sobre o mapa
de Maiollo, antes um conjunto de reflexões de um historiador de viagens
austrais, que a análise técnica de um cartógrafo. Este publicou com o título de Il Maiollo di Fano
alia mostra vespucciana Deixando de
lado os problemas de projecção e de construção do mapa, consagrei-me somente a
quatro pontos:
1.°) a configuração do hemisfério austral;
2.°) a toponímia da costa dessa região;
3.°) a legenda que marca a data e a assinatura
do autor, e
4.°) o sentido da legenda Tera de Gonçalvo Coigo vocatur Santa Croxe,
ou seja: Terra de Gonçalo Coelho chamada
Santa Cruz (2).
Vista a
bibliografia conclui-se que o mapa era 'conhecido pelo menos há um século, mais
pelo nome do que alguma vez tivesse sido analisado. Uzielli e Amat
de San Filippo (3) registam-no em catálogo como sendo de 1504, numa 'simples
anotação, baseada no elenco das cartas geográficas reunidas na exposição de
Veneza em 1881. Harrisse (4) e Nordens-lciold (5) já não puderam encontrá-lo e
declararam perdido o que acreditam ser um atlas. Por essa razão
provavelmente, e por estar arquivado na biblioteca duma pequena povoação
adriática, passou despercebido até que o Prof. Sebastián Crino o descrevesse num curto estudo, em 1907, sem reproduzi-lo
(6) . Sabe-se que o sr. Luigi Massetti o havia doado à Biblioteca de Fano em
1862. Cita as três
legendas principais sem delas tirar conclusão histórica, calculada a escala em
1:20.000.000 que sugere a data de 1534. A razão que dá
para atribuir ao mapa-múndi essa data, parece lógica, mas não era a exacta. O reputado
polígrafo Desimoni descobriu um convénio subscrito por Maiollo nesse ano, no qual se
comprometia a entregar antes de 1535 ao editor Lomellini uma carta náutica do
mundo (7), e o prof. Crino deduziu dessa circunstância que
"essendo
stata composta da carta in esame Giug no 15 4, due mesi dopo cioe dell'atto
notarile su ricordato se la cifra mancante tra il 5 e il 4 come non senta
verosimiglianza puo supporsi, sia un 3 completamente obliterado". Várias razões,
que se verá mais adiante, se opõem a esta conjectura. A que formulará depois o
Prof. Giuseppe Caraci é igualmente infundada. Num artigo em
que se ocupa de outros mapas de Maggiolo, dedica algumas linhas a este, à sua
data e aos que o haviam precedido no exame ou menção do planisfério (8). Com
tal ênfase generalizadora de que soe usar, rejeita sem dar razão alguma, a data
de 1504, e assevera: "La data
dei atlante (ainda acredita ser um atlas) e senza dubbio piu tarda; l'equivoco
fu possibili perche nella sotoscrizione la terza cifra del milesimo e
illegibile e fu credeta un zero". Notará o
leitor que o senza dubbio tem, como o equivoco, tão pouca justificação como
aquilo de que "il piu antico lavoro finora conosciuto di Vesconte resta il
notissimo atlante del 1511".
(1)— Revista
do Instituto Geográfico Militar. Ano XXXIV, no 6, Novembro ou Dezembro, 1954.
Florença.
(2)— Na
referida legenda nota-se com facilidade a região do Norte do Brasil.
(3) Studi biografici
e bibliografia sulla storia della geografia in Itallta. Roma, 1882.
(4)— The Discovery of North America. Londres,
Paris, 1892.
(5)— Periplus. Estocolmo, 1897.
(6)— Notizie
sopra una carta de navigare di Visconte Maiollo. Boletim da Sociedade Geográfica
de Roma, t. III, 1907.
(7) — Elenco
di certa et atlanti nautici di autora Genovesa. Giornale linguistico, lige 1875
(8)-Di un atrante poco noto di Vesconte Maggiolo (1549) . Bibliofilia,
Florença, janeiro-fevereiro 1951.
O exame do
hemisfério austral de Maiollo e sua
comparação com as outras representações já citadas do novo mundo, oferece
sólidos fundamentos para associar este planisfério à primeira cartografia
derivada do périplo de Gonçalo-Coelho-Vespúcio
de 1501-1502 e autoriza assim mesmo
a fixar-lhe a data de 1504.
Enviou-me uma
fotografia do planisfério, que não utilizei por parecer-me que as obtidas em
Florença, tanto do conjunto como das partes que me interessavam, eram mais
pormenorizadas e claras.
O mapa de Maiollo tem 1,40 m
de comprimento por 0,895 m de altura,
uma espessura do bordo direito e do esquerdo 0,915 m .
Carece de
graduações de latitude e longitude, não está incluída a ilha de Cuba, somente chega
até a Índia pelo Oriente.
A forma 'da
costa atlântica americana ao Sul do Equador, é a mesma de Pesaro, Hamy e Kunstmann II, sobretudo a deste último, pela sua
inflexão SSO. Termina uns graus mais ao Sul de um estuário ou golfo denominado
por Kunstmann II e Cavério, e mais tarde Waldseemüller: Rio Jordán, este é o nome que Maiollo também lhe dá, enquadrando-o,
como os anteriormente citados, entre Pináculo Detentio (Pináculo de Tentación)
ou seja o cerro 'de Montevidéu e Rio Santo António.
Já se demonstrou
em América la bien llamada e em El Nuevo Mundo (9) com uma vasta cartografia,
que essa enseada representa o sítio do primeiro nome cristão do Rio da Prata, chamado até então
Paranaguazú ou Huruay pelos índios .
Cavério, mapa
assinado, Kunstmann II, sem as Di un atlante sconoschno di Vesconte Maiollo
(1548) . "L'Universo", Setembro de 1926.
(9)— 2 vols. Kraft. Buenos Aires, 1948 e Editorial Nova, Buenos Aires,
1951 sinatura, mas datado de 1502 pelos mais eminentes cartólogos se unem a
Maiollo, datado e assinado, para certificar que ao redor ,de 1502 e 1504 foi
atingido e descoberto o Rio da Prata.
E
os três planisférios assim (10) Waldseemüller marcam também a presença em
sua nomenclatura de Cananor, como
extremo fim da expedição descobridora da Patagónia .
Do
ponto de vista da toponímia, Maiollo é muito satisfatório (11) . Quanto à
configuração, se conserva a inflexão SSO de Pesaro, Kunstmann II e Hamy, não
leva a costa atlântica até a alta latitude de Cananor. Possivelmente por má
informação diminui duns 10 graus ao Norte da latitude do Cabo Agulhas, se é que
não há demasiada extensão Norte-Sul do continente africano. Cavério e Hamy são,
entre os mapas citados de 1502, os únicos que marcam latitudes, e o segundo o
faz com características curiosas.
Publiquei
Hamy, fazem anos, na parte que mais interessava ao meu estudo (12) . Reproduzi
a África também, para demonstrar que a costa atlântica descia frente ao
continente negro, algo mais ao sul que o Cabo Agulhas (35°) mas a graduação da
escala .acabou ilegível na cópia fotográfica, e a imprensa a devolveu pedindo
que se aclarasse. Um desenhista o fêz, sem reparar no facto realmente insólito
de que esse mapa apresenta duas linhas equinociais. Uma começa no Oriente e
termina pelo meridiano de Alexandria, e a do Ocidente termina na costa oriental
da África, cinco graus ao sul da anterior.
O
paralelo marcado 35°S na escala oriental, passa com toda exactidão pelo cabo
terminal da África, mas na
mesmíssima altura, na escala ocidental, se
lê: 30°.
Segundo
Gallois, a linha que vem de Este a Oeste é a de Ptolomeu, e a que vai de Oeste
a Este a dos navegantes modernos. O desenhista ao esclarecer as cifras, que são
claras na escala oriental, utilizou as mesmas para a ocidental, alterando, sem
direito, um conceito do autor do mapa.
De
toda maneira, não favorece essa inadvertência à prova de que originalmente ia utilizando o mapa de
Hamy, conjuntamente com Pesaro, Kunstmann II, Cavério e Cantino, todos de 1502.
Os
cinco mapas, uns pela sua configuração, outros pela sua toponímia, outros pela
extensão de sua costa, demonstram com esses testemunhos, e não com suas.
latitudes escritas, que o Rio da Prata e o litoral patagónio estavam
descobertos desde 1502, por uma expedição que só podia ser a de Gonçalo
Coelho-Vespúcio. Maiollo corrobora esta verdade de forma concludente.
(10). — Ocuparam-se de Cavério, considerando-o de 1502, Gallois,
Kretschmer Marcel, Nordenskiold, Harrisse, Ruge, Phillips, Lowery, Stevenson,
Vignaud Winter, Tomaschek, Revelli, Almagia, Magnaghi e muitos outros.
Com Kunstmann II se especificaram aceitando a data dada por P. Kunstmann:
Kohl, Peschel, Ruge, Kretschmer, Nordenskiold, Harrisse, Stevenson, Winter,
Uzielli, Philips, Lowery, Almagia, etc. (11)— Veja-se a toponímia comparada no quadro anexo. (12) — América la bien Ilamada, vol. II, págs. 8, 9 e 10.
Se
a costa atlântica apresenta um perfil quase idêntico ao de Hamy, Kunstmann II e
Pesaro, a do Caribe oferece uma característica igual a que dão Juan de la Cosa
(1500), Kunstmann II e Hamy. Nesses três mapas, como pode ver o leitor na
América la bien llamada (13), se interrompe de repente a linha do litoral,
prolongando-se esse corte ao ponto de fazer desaparecer toda a terra
compreendida entre o Maranhão e o Rio Grande do Mar Doce (Amazonas) e também esses
dois rios.
Esta
singular omissão ocorre também em Maiollo indicando parentesco de época. O desenhista
italiano inspirou-se num modelo análogo ao de Kunstmann II, ao qual está ligado
por outros indícios de contemporaneidade. A toponímia de alguns destes mapas é
um deles. Veja o leitor o quadro no qual aproximamos os nomes da costa atlântica
Sul de Kunstmann II, Cavério, Maiollo e Waldseemüller.
Pouco
falta para que sejam idênticos, desde Santa Cruz até Cananor.
Estes
indícios concordantes permitem também afirmar que Maiollo pertence à
cartografia derivada das viagens caribeanas, de Colombo a Vélez de Mendonza,
que reflecte, como os cinco mapas citados, as viagens atlânticas de Cabral e Gonçalo Coelho-Vespúcio.
0
que foi dito já está muito bem provado.
Não
obstante ampliarei os testemunhos para que o Q.E.D. seja concludente. Passarei
à data.
A
legenda em que ela consta provê somente três cifras, apresentadas assim: 1.5.4.
À
primeira vista poderia ser 1534, 1524, 1514 ou 1504. Os
antecedentes enunciados tendem a demonstrar que é 1504. Acrescentarei razões
pelas quais se deve eliminar qualquer outra data. Indiquei,
há anos, a série de nomes mal situados por Maiollo, na costa atlântica de seu
mapa de 1519 (14). Acreditava que o cartógrafo os havia transposto nessa
representação. Descubro agora '11 que
não fêz mais do que reiterar seu errado encolhimento da costa de 1504, ficando
outra vez uma série de lugares fora do sítio. Leva Cananor, Santo António, Pináculo Detentio
e Rio Jordão, da jurisdição castelhana à portuguesa, colocando esses nomes por
São Paulo. Além de que, atribui a essa região uma altura de 19 e 20°, em vez da
correcta; 23°30'. Comete outro erro, ao marcar o cabo de Santa Maria por 28° em
vez de 34°45'. - (13)- Op.
cit., vol. 1, 92: vol. II, 'págs. 8 e 10. (14) --, Op. cit., vol. II, págs. 72 e 73. A
abundância da toponímia neste mapa de 1519, em comparação com as cartas
geográficas citadas, indica uma época mais avançada e a utilização de novas
viagens, cada uma das quais deixou atrás de si, baptismos sem precedentes.
Maiollo 1519 é, pois, posterior ao que ocasiona este estudo, e com muito maior
razão deve afastar-se a suposição de que pudesse ser de 1524. Por
seu lado, o planisfério de 1527 torna inadmissível a data de 1534.
Inteirado
o cartógrafo da viagem de Magalhães, marca todo o litoral e o estreito, e
acrescenta o nome de São Cristóvão (posto pelo nauta lusitano ao Rio da Prata)
ao de Jordán, resultante da viagem Gonçalo
Coelho-Vespúcio. Vai corrigindo erros de 1504 a 1519 e aproximando-se da
realidade topográfica do litoral (15). E seria verosímil que sete anos depois, ou seja, 1534, aparecesse um
mapa seu de tão breve costa e tão primitiva nomenclatura? E' bem sabido que surgiram
a miúdo na cartografia do século XVI, surpreendentes recúos, mas raramente
entre os italianos. Eles sempre souberam informar-se e foram entre os primeiros
a fazê-lo, graças ao seu contacto mediterrâneo com as potências descobridoras e
a actividade subtil dos núncios, diplomatas e agentes comerciais, prevalecentes
em Lisboa, Burgos e Sevilha. Basta
para concretizar, escrever aqui os nomes de Martir de Angleria, Pascualigo,
Trevisano, Cantino, Affaitadi, Cretico, Ca-Masser, Rondinelli, Priuli, Sanuto,
Empoli, Marchioni, Vespúcio mesmo (16) . Todos escreviam mostrando que sabiam.
O segredo
das chancelarias interessadas era um mito. Demonstram-no
mapas italianos de 1502, 1504, 1519 e 1527; 1536, 1543 e 1553.
As
abelhas sugavam seu mel onde e como podiam. Dar
ao Maiollo de Fano, conhecendo o de 1527, a data de 1534, seria uma
extravagância. Tão pouco é aceitável 1514. O corte na costa norte, semelhante
ao de Juan de la Cosa de 1500, Hamy e Kunstmann II de 1502 é explicável numa
época em que os pilotos de Espanha e os desenhistas de Portugal não tinham
segurança de acertar na indicação das jurisdições. Omitir, também podia ser uma
astúcia; mas em 1514, os nautas de Castela haviam percorrido muitas vezes a
costa norte, e descoberto o Mar do Sul. Um
mapa como o de Maiollo, nessa data seria um anacronismo. Ao
aparecer este artigo en L'Universo, em Dezembro de 1954, enviei um exemplar ao meu
eminente amigo Heinrich Winter, cartólogo alemão de grande autoridade e autor
de muitos trabalhos de valor, como The
false Labrador and the Oblique meridian, Francisco Rodrigues Atlas of 1513; The
true position of Hermann Wagner in the
controversy of the Compass Chart, A circular map in a .Ptolemaic mss, etc.,
pedindo-lhe sua opinião sobre a interpretação da data de Maiollo de Fano. Sua
resposta de 2 de Fevereiro de 1955, ratifica, por uma excelente razão, a
conclusão formulada de::
1504.
Publicamo-la em inglês, tal como a recebemos. (15). Op cit., vol. II, págs. 108 a 110. (16)— Veja-se op. cit., vol. I, págs. 182 a 199, Veja-se op. cit.,
vol. I, págs. 182 a 199, meus comentários à extravagante "política de
segredo", do senhor Jaime Cortesão, publicada pela primeira vez sob o
título de "O sigilo nacional sôbre os descobrimentos" na revista
"Lusitânia" de janeiro de 1924. O mesmo conceito é repetido com maior
extensão na Histria de América de A. Ballesteros, em 1947 "As to the date of
Maiollo, certainly it was inevitable to refute the readings : 1534, 1524, 1514.
But there is another reason for favoring 1504. At the end of the 15th century
one changed from semigothic letiers to latin ones and vice versa from latin
numbers to sernigothic ones, and after 1500 there was a new situation: one
pronounced one (thousand) Eive (hundred) and four = 1.5.4, so, having only
thrce unities. The refore one was not obliged to put in a zero, as far as, the
3 unity was an independent word, not composed as thirteen, fourteen, etc.
Therefore 1.5.4. is not a lapse. And even the same Maiollo uses the last
possibility for such writing (3 unity twelve) on his portulan chart in New
York: "Vesconte maiolo composuy hanc cartam in neapoly de anno dny.
1.5.12. dic 2 Juny,, still with three unities for writing as for
speaking". Pensamos
que esta grata lição, saída da realidade histórica,.servirá para consignar ao
planisfério de Maiollo uma poderosa ratificação de Hamy-Pesaro-Kunstmann
II-Cavério-Cantino, como grupo cartográfico e reflexo da viagem de
Gonçalo-Coelho-Vespúcio ao Rio da Prata e à Patagónia em 1501-1502. Uma
circunstância visível no próprio mapa, empresta à referida data um poderoso apoio.
Numa legenda escrita em caracteres maiúsculos, aparece no alto do mapa:
TERÁ DE GONZALVO' COE (G?) (L?) O VOCATUR
SANTA CROXE.
Maiollo
interpretou erradamente o nome e o sobrenome Gonzalo Coelho. Escreveu-os mal, e
nele não eram raros tais descuidos. Anota por Santo António: San Antogno;
Cristóvão Colombo: Cristof a Colombo; Santa Croce: Santa Crusis, e Magalhães:
Maçaianes.
A
legenda evidencia a intenção de uma homenagem ao capitão-mor da expedição
descobridora: das terras meridionais da América, percorridas por Gonçalo Coelho,.com Vespúcio, em
1501-1502, desde .o cabo São Roque
no Brasil, até Cananor na Patagónia
.
Muito
se discutiu, particularmente entre os brasileiros e na época do Império, se ele
foi o chefe, ou se esse cargo correspondeu a André Gonçalves (17) . Os
quatro historiadores brasileiros de renome do século XIX: Caetano da Silva,
Varnhagen, Mendes de Almeida e Capistrano de Abreu, firmaram o peso de sua
autoridade em favor do primeiro, e ante os motivos alegados por eles, sustentei
em América la bien llamada; El Nuevo Mundo, e vários artigos de polémica
publicados na Revista de História, de São Paulo, que deveria ter sido Gonçalo Coelho(18) A legenda até então
nunca apreciada (1954) corrobora de maneira decisiva essa tese. (17)
. Veja-se Varnhagen A., História Geral do Brasil, Madrí, 1854. Capistrano
de Abreu, O descobrimento do Brasil, Rio, 1883 Vespúcio, a quem um
profissional da quimera, e, mais tarde, seus corifeus, pretenderam atribuir o
comando da viagem de 1501-1502, nunca escreveu ter sido capitão-mor de
nenhum périplo, e quando foi capitão de uma caravela, afirmou-o claramente.Em
todas as suas cartas predomina seu interesse pelas questões cosmográficas,
astronómicas, etnográficas geográficas, sobre os problemas náuticos. Sua
hierarquia a bordo das três primeiras viagens, sobretudo na terceira, deve ter
sido a de assessor científico. Refere
que o Conselho de Oficiais lhe confiou em 15 de Fevereiro a orientação do
périplo, que ele dirigiu até 50° de latitude Sul. Em
7 de Abril, o capitão-mor retomou a direcção para voltar a Portugal. Noutro
parágrafo alude à morte dum grumete e ao impulso da tripulação de vingar-se dos
indígenas, o que o capitão-mor proibiu. Não
pretendia, pois, ser o Chefe. Veja-se
Varnhagen A., História Geral do Brasil, Madrí, 1854. Capistrano de Abreu, O
descobrimento do Brasil, Rio, 1883. A
legenda de Maiollo tira toda a dúvida sobre o tão discutido ponto; foi Gonçalo Coelho o capitão-mor da
expedição de 1501-1502. A
Vespúcio coube o mais importante, descobrir sob sua direcção o Brasil
Meridional, o Rio da Prata, o Cerro de Montevidéu e a Patagónia. Isto não é
tudo. Esta terra foi também sua fonte de inspiração. Ao
bordejar pelo litoral interminável, inteirou-se do carácter de
continentalidade. A
essa compreensão feliz se deve pela primeira vez na história o uso dos termos Mundus Novus, Continente e Quarta Parte Mundi, foi um uso exacto. A
viagem de tão fecundos resultados repercutiu sobre o capitão-mor, provocando a
homenagem lusitana de Tera de Gonçalo
Coelho, provavelmente inscrita no modelo utilizado por Maiollo. Desse
precioso testemunho evidencia-se que a viagem, o planisfério, e a legenda são simultâneos, agregam-se as seguintes conclusões:
1)
O mapa de Maiollo de Fano,
incorpora-se, por sua configuração ao grupo dos três planisférios de 1502, de
inflexão SSO;
2)
a concordância de sua toponímia com a de Kunstmann II, Cavério e Waldseemüller,
é evidente no quadro anexo, associa-o igualmente à família cartográfica
derivada da viagem Gonçalo
Coelho-Vespúcio de 1502;
3)
em razão dos conhecimentos obtidos em viagens posteriores, resumidos nos mapas
de Maiollo de 1519 e 1527, não é aceitável que o de Fano
seja de 1514, 1524 ou 1534;— Veja-se América la bien Ramada, tomo II. El Nuevo
Mundo e Revista de História, de São Paulo, n.° 16 de 1953. Boletin de la Real
Sociedad Geográ-fica de Madrid, n.o 333, de 1954.
4)
estes (18) fundamentos acrescentados a indícios da época, como a interrupção da
costa no litoral Norte do Brasil (em concordância com outros mapas de 1502) a lembrança da memória de Gonçalo Coelho, impõem
a data de 1504 ao planisfério de Maiollo da Biblioteca de Fano;
5)
a explicação dada pelo sr. Winter sobre a maneira de numerar em princípios do
século XVI, é definitiva para solução do problema de data . (18) - veja-se América la bien Ramada, tomo II. El Nuevo Mundo e Revista de História, de São Paulo, nº 16 de 1953. Boletim de la Real Sociedad geográfica de Madrid, nº 333, de 1954.
1506 Nicolaus Caraverius
1503 Kunstmanns
Título: Kunstmannn II (a.k.a.
"Mapa de quatro dedos").
Autor: desconhecido
Data: 1502-1506
Descrição: O mapa pode ser associado à
convergência íntima da descoberta do Novo Mundo e a promoção de uma nova cruzada
para difundir a fé cristã em toda a África, e de facto em toda a terra. O mapa
Kunstmann II,medindo 43,7 x 39 polegadas (110,5 x 99 cm), regista as
descobertas feitas no Novo
Mundo de Miguel Corte-Real e Amerigo
Vespucci em 1501-1502. Consequentemente, tem até agora geralmente estudado como
um importante documento inicial para a história da descoberta da América e
comparada com outras representações iniciais do Novo Mundo. O mapa anónimo foi
datado entre 1502 e 1506, o que tornaria um dos primeiros mapas do mundo
europeu para mostrar o Novo Mundo, bem como um dos últimos Mapas mundiais
europeus para caracterizar o paraíso terrestre. O mapa cobre a Ásia, a Europa,África
e as Américas recentemente descobertas. A Gronelândia (Terra de Lavrador) é
retratada na forma de uma ilha longa e estreita, que se estende de leste a
oeste. Terra Nova e Labrador, designado como Terra de Corte-Real, aparece como
um grupo de ilhas que se juntam por quatro tiras semelhantes aos dedos, que deram
ao gráfico o apelido de "Four-Finger Map".Cuba (Terra de Kuba) e
Haiti (insula spagnola) são retratados como grandes ilhas. Para o sul América do
litoral é mostrada a partir do lisleo [San Lorenzo, no Golfo de Maracaibo, par a
foz do rio de la aues [rio Orinoco] e, após uma lacuna, da costa sul identificado como Terra Sancte Crucis [Cabo San Roque a Rio Cananea],
combinando informações fornecidas pela expedição de Vespucci de 1501-1502. Uma
inscrição e uma representação na América do Sul regista o fenómeno local do
canibalismo, também relatado por Vespucci. O "banderole" [isto é,
pequena bandeira] e elementos pictóricos fornecem informações sobre nomes de
locais, produtos da região, papagaios e falcões, e o canibalismo supostamente
praticado lá. Um segundo bandeirola regista os nomes de as ilhas do Caribe, como
Le Antilie, bem como referências à sua descoberta oficial por Colon, sua estranha
fauna e a abundância de ouro encontrados lá. O Velho Mundo é também mapeado e inclui a Europa, a
África. A costa sul da Ásia, tanto quanto a Malabar e as costas do Mar Negro, do
Mar Cáspio e do Mediterrâneo. Uma grande e pequena vista de Jerusalém e Meca
e alguns navios de vela são retratados.Ou oito ou dezasseis flechas irradiam
para fora das cinco rosas de vento indicando a direcção dos ventos.
O mapa manuscrito do mundo conhecido
como "Kunstmannn II" é um dos conjuntos de Treze gráficos publicados
pela primeira vez por Friedrich Kunstmann em 1859. O que é conhecido sobre o mapa está bem resumido por Ivan Kupcik. Em termos de sua técnica cartográfica,
é escala média é 1:23 milhões; não tem uma projecção, e o equador não marcado e os
trópicos são colocados imprecisos. As duas rosas do compasso no Atlântico
Ocidental são anotado 11 ° para indicar desvio magnético. Kupcik descreve o
mapa de Kunstmann II como um"Imagem de pergaminho colorido", e o mapa
hoje está muito desbotado. No seu dia, foi certamente um mapa ricamente
iluminado destinado a alguém de alto nível. Isso pode ser deduzido por sua borda
decorativa em vermelho e marrom, suas iluminações, muitas das quais incluem
folha de ouro, e suas interpretações sobre lendas que descrevem
características-chave. A escala utilizada é verde, e embora a folha de ouro
tenha sido aplicada generosamente, é apenas parcialmente preservada. Toques
ocasionais de azul e vermelho aumentam a aparência deste impressionante
portolano. Finalmente, a rotulação é no estilo italiano, o que pode explicar o
facto de que o gráfico foi pensado para ser uma versão italiana de um original em
português; no entanto J. Rey Pastor e Garcia Camarreo declararam que o gráfico
pertence à Escola de Mallorca.
Detalhe: mostrado aqui são Terra Nova
e Labrador, designados como Terra de Corte-Reall, aparecem como um grupo de
ilhas e são unidas por quatro tiras tipo dedo, que deram o gráfico. apelido de "Four-Finger Map"
e Terra de Lavorador [Gronelândia] Como observou o historiador David Quinn,
mapas, gráficos,e os atlas foram apresentados como presentes por monarcas e
outros homens de alto nível no 16 século porque eram estimados como obras de
arte. Estes são os mapas e gráficos que sobreviveram principalmente aos nossos
dias, e existem precisamente porque foram valorizados como arte objectos,
mesmo quando saíram das mãos dos clientes a quem estavam dados. Tais mapas e
gráficos sobreviveram ao período em que foram valorizados pela sua utilidade,
seja como representações precisas ou como projectos estratégicos, porque eram trabalhos
de arte. A crista que aparece no mapa Kunstmann II como parte do ícone do "O
Jardim do Éden" colocado sobre a África do Sul sugere que o mapa foi encomendado
ou rapidamente entrou nas mãos do cardeal Bernardino Lopez de Carvajal.
Bernardino Lopez de Carvajal era um bispo espanhol de Cartagena e mais tarde foi
Cardeal em
1492.
Em Roma, morava no palácio dos Mellini. Era conhecido por sua aprendizagem.
A execução do mapa implica duas mãos: um cartógrafo e um artista. o cartógrafo desenhou o mapa e incluiu os dados geográficos, enquanto o artista ilustrou o mapa. A presença dum artista não é incomum para mapas, gráficos e atlas, sejam eles pintores, gravadores ou lenhadores, fazem uso de arte essencial as suas técnicas. Com certeza, a maioria dos gráficos que foram levados para o mar não foram amplamente ilustrados, mas gráficos e mapas criados para clientes ricos foram em bellished com imagens visuais projectado não só para agradar o patrono, mas também para recriar para o cliente uma visão e um sentir das terras recém-descobertas.
O mapa Kunstmann II é datado c. 1506 principalmente devido à ausência de Madagáscar, mas também pela forma como as Américas são retratadas. No norte Atlântico, uma leitura da Terra do Lavrador aparece sobre a Gronelândia, como acontece com a Mapa do rei Hamy de 1502 .
Um segundo rolo que lê Terra de Corte Reall aparece sobre o que é hoje Terra Nova e Labrador.
Corte Reall refere-se a Miguel e Gaspar Corte Real, dois irmãos portugueses que exploraram o Atlântico Norte. Como mencionado acima, o mapa é apelidado de "mapa de quatro dedos" devido à imagem visual que aparece em Terra Nova / Labrador.
De acordo com Kupcik, a terra foi dividido em quatro dedos que sugerem "a noção de América como uma ilha. . . é ilusório e aquele deve assumir um continente de dimensões até então desconhecidas ".
Existem poucos nomes de lugares, por exemplo, a representação dessas terras no Atlântico Norte segue o mapa do rei Hamy e o mapa de Cantino .
As iIlhas das Caraíbas, por outro lado, incluem nomes de lugares. Terra de Cuba marca uma longa Ilha fina com um pronunciado alinhamento norte-noroeste-sul-sudeste que se estende até o Norte, quase atinge o mesmo paralelo que a Irlanda. A ilha de Espanola é chamado Insula Spanola e carrega o nome do local, Punta de S. Maria, e a costa do Norte está marcada com cruzes.
O litoral da Venezuela contém doze nomes de lugares.
A costa do Brasil, que termina com o Rio Cananea, combina com a viagem de Vespuccide 1501-1502.
Existem 37 nomes de lugares ao longo da costa brasileira.
O pergaminho sobre o Brasil dá o nome do Brasil como Sanctae Crucis [Holy Cross] e descreve cassia, papagaios e canibalismo.
O ícone visual colocado sobre o continente do Brasil é um das mais representações famosas do canibalismo.
Esta imagem sugere Amerigo Vespucci, cujas descrições sobre o canibalismo faziam parte do que criou aquilo.Letras publicadas: o Mundus Novus e o Soderini. Contudo, descrições de O canibalismo também aparece na terceira carta familiar de Vespucci (Lisboa 1502), na qual descreve a viagem ao Brasil.
A imagem do canibalismo era da mão do artista ou do cartógrafo?Suzi Colin argumenta que a imagem do canibalismo no Four Finger Map foi desenhada por uma testemunha ocular, contudo incorpora claramente uma presunção europeia sobre o que o canibalismo devia ser.
A imagem no mapa consiste de um corpo empalado num cuspo e não recria rituais de canibalismo, conforme descrito por visitantes posteriores ao Brasil.
Um artista que não viu mas apenas o canibalismo imaginado pode surgir com a imagem tal como aparece no mapa. Esta é a primeira ilustração do canibalismo num mapa. Desde a descoberta e publicação do mapa no século XIX, os estudiosos têm concentrado a sua atenção principalmente na parte ocidental, vendo isso como essencialmente um documento para a história das descobertas que geralmente foram descritas em termos progressistas. desenvolvimento das "eras das trevas" medievais para o radiante "alvorecer dos modernos da geografia ".
Assim, no atlas de 1859, Kunstmann achou que era suficiente reproduzir apenas a parte ocidental do mapa, assim como Jules-Théodore-Ernest Hamy e KonradKretschmer, em 1886 e 1892, respectivamente. E se alguns estudiosos também olharam para representação da África, só foi para observar a exagerada extensão leste-oeste(devido ao cálculo impreciso da longitude), para comparar nomes de lugares costeiro com aqueles em outros gráficos ou outros registos de viagens portuguesas de exploração, ou para conclusões da ausência de Madagáscar,descoberto em 1506, que o gráfico deve ter feito antes dessa data. Pouca atenção foi dada ao "sinal do mapa" para o Paraíso terrestre (10 x 7cm) que aparece no meio do Sul da África.
A presença do Paraíso na África foi totalmente não marcado, mas não foi discutido muito na literatura.
Em Roma, morava no palácio dos Mellini. Era conhecido por sua aprendizagem.
A execução do mapa implica duas mãos: um cartógrafo e um artista. o cartógrafo desenhou o mapa e incluiu os dados geográficos, enquanto o artista ilustrou o mapa. A presença dum artista não é incomum para mapas, gráficos e atlas, sejam eles pintores, gravadores ou lenhadores, fazem uso de arte essencial as suas técnicas. Com certeza, a maioria dos gráficos que foram levados para o mar não foram amplamente ilustrados, mas gráficos e mapas criados para clientes ricos foram em bellished com imagens visuais projectado não só para agradar o patrono, mas também para recriar para o cliente uma visão e um sentir das terras recém-descobertas.
O mapa Kunstmann II é datado c. 1506 principalmente devido à ausência de Madagáscar, mas também pela forma como as Américas são retratadas. No norte Atlântico, uma leitura da Terra do Lavrador aparece sobre a Gronelândia, como acontece com a Mapa do rei Hamy de 1502 .
Um segundo rolo que lê Terra de Corte Reall aparece sobre o que é hoje Terra Nova e Labrador.
Corte Reall refere-se a Miguel e Gaspar Corte Real, dois irmãos portugueses que exploraram o Atlântico Norte. Como mencionado acima, o mapa é apelidado de "mapa de quatro dedos" devido à imagem visual que aparece em Terra Nova / Labrador.
De acordo com Kupcik, a terra foi dividido em quatro dedos que sugerem "a noção de América como uma ilha. . . é ilusório e aquele deve assumir um continente de dimensões até então desconhecidas ".
Existem poucos nomes de lugares, por exemplo, a representação dessas terras no Atlântico Norte segue o mapa do rei Hamy e o mapa de Cantino .
As iIlhas das Caraíbas, por outro lado, incluem nomes de lugares. Terra de Cuba marca uma longa Ilha fina com um pronunciado alinhamento norte-noroeste-sul-sudeste que se estende até o Norte, quase atinge o mesmo paralelo que a Irlanda. A ilha de Espanola é chamado Insula Spanola e carrega o nome do local, Punta de S. Maria, e a costa do Norte está marcada com cruzes.
O litoral da Venezuela contém doze nomes de lugares.
A costa do Brasil, que termina com o Rio Cananea, combina com a viagem de Vespuccide 1501-1502.
Existem 37 nomes de lugares ao longo da costa brasileira.
O pergaminho sobre o Brasil dá o nome do Brasil como Sanctae Crucis [Holy Cross] e descreve cassia, papagaios e canibalismo.
O ícone visual colocado sobre o continente do Brasil é um das mais representações famosas do canibalismo.
Esta imagem sugere Amerigo Vespucci, cujas descrições sobre o canibalismo faziam parte do que criou aquilo.Letras publicadas: o Mundus Novus e o Soderini. Contudo, descrições de O canibalismo também aparece na terceira carta familiar de Vespucci (Lisboa 1502), na qual descreve a viagem ao Brasil.
A imagem do canibalismo era da mão do artista ou do cartógrafo?Suzi Colin argumenta que a imagem do canibalismo no Four Finger Map foi desenhada por uma testemunha ocular, contudo incorpora claramente uma presunção europeia sobre o que o canibalismo devia ser.
A imagem no mapa consiste de um corpo empalado num cuspo e não recria rituais de canibalismo, conforme descrito por visitantes posteriores ao Brasil.
Um artista que não viu mas apenas o canibalismo imaginado pode surgir com a imagem tal como aparece no mapa. Esta é a primeira ilustração do canibalismo num mapa. Desde a descoberta e publicação do mapa no século XIX, os estudiosos têm concentrado a sua atenção principalmente na parte ocidental, vendo isso como essencialmente um documento para a história das descobertas que geralmente foram descritas em termos progressistas. desenvolvimento das "eras das trevas" medievais para o radiante "alvorecer dos modernos da geografia ".
Assim, no atlas de 1859, Kunstmann achou que era suficiente reproduzir apenas a parte ocidental do mapa, assim como Jules-Théodore-Ernest Hamy e KonradKretschmer, em 1886 e 1892, respectivamente. E se alguns estudiosos também olharam para representação da África, só foi para observar a exagerada extensão leste-oeste(devido ao cálculo impreciso da longitude), para comparar nomes de lugares costeiro com aqueles em outros gráficos ou outros registos de viagens portuguesas de exploração, ou para conclusões da ausência de Madagáscar,descoberto em 1506, que o gráfico deve ter feito antes dessa data. Pouca atenção foi dada ao "sinal do mapa" para o Paraíso terrestre (10 x 7cm) que aparece no meio do Sul da África.
A presença do Paraíso na África foi totalmente não marcado, mas não foi discutido muito na literatura.
Alessandro Scafi explorou essa
característica particular no mapa Kuntsmann II. HansWolff e Ivan Kupic também
notaram um "símbolo pictórico do Paraíso" na África sem, num estudo italiano publicado em 2001, significativamente intitulado Alla scoperta
del mondo, onde a presença do Paraíso na África é definida como uma
"ancoragem muito sólida ao passado" e "muito peculiar num mapa
desse período ".
Os autores sugerem que a posição da vinheta é modelada na representação do Paraíso no mapa catalão Estense de 1450-1460 (Livro III, nº 246).
A representação da África no mapa Kunstmann II traça o litoral num detalhe cuidadoso, é rico em nomes de baías, promontórios, rios, cidades e portos. O retrato do interior é mais um resumo, o vazio geral do continente sendo mascarado por sete retratos de governantes locais e uma grande vinheta no Trópico de Capricórnio mostrando o paraíso, denominado Paradisus Terrestris.
A inclusão do Jardim de Eden num mapa mundial que data de apenas 1500 e que inclui esboços cartográficos do Novo Mundo é realmente notável. Ao longo da Idade Média, o Jardim do Éden descrito em Gênesis, acreditava-se que existisse na Terra, como um lugar pertencente ao passado e para o leste. Em primeiro lugar, pensou-se que o reino mítico do Preste João era em algum lugar da Índia,
Os autores sugerem que a posição da vinheta é modelada na representação do Paraíso no mapa catalão Estense de 1450-1460 (Livro III, nº 246).
A representação da África no mapa Kunstmann II traça o litoral num detalhe cuidadoso, é rico em nomes de baías, promontórios, rios, cidades e portos. O retrato do interior é mais um resumo, o vazio geral do continente sendo mascarado por sete retratos de governantes locais e uma grande vinheta no Trópico de Capricórnio mostrando o paraíso, denominado Paradisus Terrestris.
A inclusão do Jardim de Eden num mapa mundial que data de apenas 1500 e que inclui esboços cartográficos do Novo Mundo é realmente notável. Ao longo da Idade Média, o Jardim do Éden descrito em Gênesis, acreditava-se que existisse na Terra, como um lugar pertencente ao passado e para o leste. Em primeiro lugar, pensou-se que o reino mítico do Preste João era em algum lugar da Índia,
Esta transferência foi mais um factor
que contribuiu para a localização medieval tardia do Paraíso na África. Também
explica por que, neste mapa, Paradise aparece perto do retrato do Preste John. mas no decorrer do século 14 seu
império foi gradualmente mudado da Índia para a Etiópia, uma terra que sempre foi vista como quase
celestial.
Uma vez que a tradição ditava que o
primeiro paraíso era inalcançável pelo homem, oautor do mapa de Kunstmann II
colocou seu sinal para o Paraíso no trópico que JacobusPérez de Valência disse
que era a fronteira intransponível do fogo protegendo o Paraíso; aO fabricante
de mapas, no entanto, também estava esboçando e nomeando em seu mapa várias
novasdescobriu terras que se encontravam ao sul desse trópico, não só na
América, mas também na Áfricaem si. Uma lenda no mapa ao sul do Golfo da Guiné
(e, portanto, do Trópico deCapricórnio), por exemplo, indica a ilha onde os
criminosos portugueses foram exilados. DeO tempo que o mapa de Kunstmann II foi
compilado, ou seja, o mundo conhecido tinha
foi estendido para o sul do Trópico de
Capricórnio em vários pontos, quaseem torno, por assim dizer, dos territórios
africanos desconhecidos que se pensavam fronteiriços no Paraíso.O sinal do mapa
para o Paraíso, no entanto, destina-se a não identificar uma localização exata,
mas aindicar de forma geral um bairro e um limite, o ponto em que o conhecidoe
o mundo cognoscível deveria terminar. Na medida em que o autor do Kunstmann IIO
mapa mostra os litorais em grande detalhe, enumera os portos e define espaço
porastronomia matemática, ele está adotando os princípios da criação de
gráficos náuticos eMapeamento ptolemaico. Na medida em que ele inclui o
inacessível "em algum lugar" da terraParaíso na África, ele permanece
na tradição dos mapas mundiais medievais em que oA articulação do espaço é um
desdobramento do processo da história humana e os lugares sãoindicados um ao
lado do outro, independentemente das distâncias e posições
"corretas".O que torna a representação do Paraíso no mapa Kunstmann
II particularmenteinteressante é o seu design. Para ler a maioria das legendas
e vinhetas, o mapa deve servirou-se para que o leste esteja no topo. O ícone e
a inscrição para o Paraíso (paradisusterrestris) estão posicionados para serem
lidos com o mapa orientado para o leste na parte superior. oA vinheta mostra o
paraíso no topo de uma montanha alta, criando uma imagem que evoca a situação
intermediária de um Paraíso na Terra, a meio caminho do céu. O paraíso também é
retratado
como um jardim protegido por um cerco
murado, uma prática padrão na iconografia deo sujeito. Dentro do jardim, a
árvore maior e central poderia ser a Árvore da Vida ou,mais provável, a Árvore
do Conhecimento do Bem e do Mal, mencionada em Gênesis como situada nomeio do
Éden, enquanto as duas pequenas árvores que o flanqueiam representam as outras
árvores (Gênesis9). No topo da árvore central fica um papagaio.De acordo com a
Scafi, a maioria dos intrigantes de todos, no entanto, é o brasão que está
penduradona maior árvore do Paraíso. Um brasão é um sinal de propriedade. O
brasão éo do cardeal espanhol Bernardino López de Carvajal (1456-1523), e oimplica
que o mapa já estava na posse do cardeal ou, maisprovavelmente, dada a prática
cartográfica contemporânea, que tinha sido feita para ele.Considerando que os
contornos geográficos do mapa ilustram Columbus eAs descobertas de Vespucci, a
vinheta na península ibérica de duas figuras, rotuladas como RexHispaniae e Rex
Portugalie, apertando as mãos, são uma clara referência ao Tratado deTordesilhas.
A linha de demarcação especificada no tratado está registrada neste mapa como
emmuitas cartas contemporâneas. Os dois pares de veleiros colocados no oeste eAtlântico
Sul, como para sugerir a direção de viagens de descoberta em curso, podetambém
deve ser interpretado como uma dica para os exploradores espanhóis e
portugueses chegarem às terras para ooeste e leste da linha, respectivamente.O
mapa Kunstmann II não é apenas sobre reivindicações territoriais. Ao exibir a
localização geográficaconhecimento de seu tempo, o autor do mapa também fornece
uma visão coerente evisão unitária da propagação do cristianismo europeu sobre
a terra. Novamente, oA representação de África no mapa de Kunstmann II deve
muito à visão da rainhaIsabel de Espanha que a importância da conquista da
África e da luta para
propagar fé cristã foi um dos seus
principais objetivos / visão. Uma série de reissão retratados na África. Em seu
touro Ineffabilis et summi (1495), o Papa Alexandre VI teveapontou que os
territórios africanos eram governados por soberanos, todos com o título de
reis.A maioria desses reinos, no entanto, precisava ser cristianizado, e a
propagandaacompanhando a diplomacia espanhola apresentou o rei Ferdinand como o
rei capaz depropagando a fé unificando vários reinos diferentes. Sapi (Sappi,
no mapa)
foi o nome dado às pessoas que vivem
ao longo da costa da Serra Leoa pelos portuguesescomerciantes nos séculos 15 e
16. O líder Malindi (Rex Melindi no mapa) teveofereceu a primeira expedição
portuguesa, liderada por Vasco Da Gama (1497-1499), hospitalidadee presentes.
Magnus Soldanus foi o sultão da Babilônia, que governou o Egito e oTerra Santa
e teve laços diplomáticos especiais com os monarcas espanhóis. A presença deo Rei
de Túnis (Rex Tunci) e o Rei de Fez (Rex Fessi) (seus territórios eram oobjeto
de longas negociações entre Espanha e Portugal) lembrou o visor do mapa
que essas cidades africanas, que
haviam subido à soberania independente, se tornaram muitopopuloso após a
expulsão dos mouros e judeus da Espanha em 1492 e foram osobjeto da campanha
militar de Ferdinand. "Príncipe Bemoim" (o rei, ou bumi, de Jolof,Ziloffo
no mapa), pediram aos portugueses batizá-lo junto com todos os seuspessoas,
como relatado em 1488 por João de Barros e Pagholo degli Ulivieri, e foiconsiderado
um bom exemplo para o futuro do cristianismo africano. O ponto ésublinhado pela
presença no mapa do lendário Preste João, o governante cristãoPronto para
ajudar a cristandade europeia na sua luta contra o Islã.Neste contexto, a
submissão das Ilhas Canárias (insule de canaria) e a
novas descobertas no Atlântico foram
vistas pela Espanha (e pelo cardeal Carvajal) como umpasso importante no
processo de conversão da África, um processo que começou com a expulsão dos
muçulmanos de Granada e que visava uma cruzada contra aTurcos otomanos e a
reconquista cristã da Terra Santa. Na verdade, em 1503 Carvajalfoi nomeado
patriarca de Jerusalém. A importância dada à conquista de Jerusalémtambém
explica a ênfase visual dada à cidade sagrada (superada, no mapa, por umpadrão
marcado com uma cruz) neste mapa. Meca (Mecha), a cidade a partir da qual oa
heresia do islã se espalhou, também é retratada no extremo leste da península
arábica.É a conexão no mapa Kunstmann II entre expansão em África e recuperaçãode
Jerusalém, por um lado, e a descoberta de novas terras além do oceano, naOutro,
que foi discutido pelo historiador Alessandro Scafi. Como Columbus escreveu
paraO papa Alexandre VI, em fevereiro de 1502, navegando para o oeste foi outro
caminho para alcançar oTerra Santa. A pista está no design do Paraíso terrestre
na África, o casaco de Carvajalbraços e a Linha de Tordesillas atravessando os
"quatro dedos" no norte ecoincidindo com o cuspo no qual o canibal
está assando sua vítima no sul. Atéagora, as quatro tiras tipo dedo foram
tomadas para simbolizar o vasto desconhecidocontinente da América, verde com
florestas ricas. A proeminência de uma característica tão grande emO mapa, no
entanto, poderia sugerir outro significado, mais atraente. Os dedos pertencemuma
mão direita, abra com a palma voltada para cima, como se fosse convidar o
europeu para aNovo Mundo. Um gesto semelhante é mostrado, por exemplo, na Virgin
of the Navigators porAlejo Fernández (pintado um pouco mais tarde, c. 1530).
Uma referência visual anterior é a
Gravura famosa que acompanhou o poema
de Giuliano Dati L'isola che ha trovatonuovamente il Re di Spagna, publicado em
1493, onde o rei Ferdinand gesticula paraColón para as novas terras no oeste.
Ainda mais pertinente é o duque de Albareferência, em 1492, à "mão
sagrada" de Alexandre VI, a quem ele viu como destinado afortalecer a fé
católica e derrotar seus inimigos. Mas é o próprio Oratio super de Carvajalpraestanda
solemni obedientia de 1493 que parece confirmar nossa interpretação da mãono
mapa Kunstmann II:"Cristo colocou sob sua autoridade [dos reis espanhóis]
também o FortunatoIlhas, conhecidas por sua fertilidade maravilhosa [as Ilhas
Canárias são retratadasno mapa]. Recentemente, ele também apontou outras ilhas
desconhecidas para oIndies, que são predominantemente consideradas entre as
coisas mais preciosas emTerra e que se espera que obedeçam em breve a Cristo
graças à ação do Realenviados ".
Assim, a mão parece pertencer a
Cristo. Está mostrando aos espanhóis o desconhecidoterritórios que eles devem
reivindicar para a sua Igreja. Em tal luz, podemos relacionar acoincidência na
América do Sul da linha Tordesillas pólo a pó com os canibaiscuspir toda a
questão da expansão da fé; ensinar o cristianismo também significavaespalhando
civilização. No boato papal Inter caetera emitido em 3 de maio de 1493, o papaencorajou
os reis espanhóis a enviar missionários para as novas terras para ensinar tanto
aFé católica e bons costumes: a prática monstruosa do canibalismo retratada naO
mapa (não muito longe da inscrição Terra Sanctae Crucis) foi um forte aviso daimportância
de tal tarefa, confirmada em 1504 pela rainha Isabella.É razoável assumir um
relacionamento entre a mão apontando para o novo
terras e brasões no paraíso africano,
bem como uma coesão geral einter-relação de significados no mapa. É possível
que o autor do mapa pretendapara sugerir várias camadas de significado em uma
veia similar. Um escudo pendurado em uma árvore é ummotivo freqüente na
heráldica. O costume em torneios era apresentar escudos edesafiar desafios em
uma "árvore de honra". Aqui, a árvore de honra é a Árvore do
Conhecimento em Paraíso. Carvajal foi cardeal titular de Santa Croce em
Jerusalém e, como relatado porA história da Verdadeira Cruz, retratada na
abside dessa igreja e amplamente citadapor Carvajal em um sermão entregue em 1508
perante o imperador Maximiliano, a Árvore deO conhecimento forneceu a madeira
para a cruz de Cristo. Famosas relíquias da Verdadeira Cruzforam alojados na
igreja de Carvajal e o tema do triunfo da cruz sobre oinfiéis fazia parte da
propaganda espanhola e entusiasmo pela expansão da fé.A rainha Isabella foi
comparada à imperatriz Helena, que recuperou a Vera Cruz em
Jerusalém e Ferdinand com o imperador
Heráclico, que entrou na cidade sagrada com umreliquia disso. Para o ano
jubilar de 1500, Carvajal restaurou sua igreja e teve-seretratado no mosaico da
capela de Santa Helena, ajoelhada ao pé da cruzrealizada pelo santo. Por isso,
é apropriado que, no mapa Kunstmann II, o seu brasão se agachea madeira da
cruz.O elemento-chave da vinheta paraíso, no entanto, é o papagaio. O papagaio
foiconsiderado uma testemunha ocular da queda de Adão e Eva e um símbolo danascimento
virgem de Cristo. No entanto, no mapa de Kunstmann II,também poderia ser um
símbolo de eloqüência, outrosignificado aceito, para um homem aclamado como um
orador talentoso.
Na verdade, outro papagaio apresenta
no mapa,mostrado na mão do sultão da Babilônia, o governante deEgito. Em várias
cartas náuticas tardias, o sultãoda Babilônia é retratado com um papagaio na
mão. Em outrocasos, aparece um papagaio ao longo do Nilo. É provável queO Egito
foi considerado pelos europeus como uma terra rica empapagaios; Era bem
conhecido, por exemplo, que um papagaio eraapresentado a Frederico II pelo
sultão da Babilônia. oo papagaio, no entanto, simbolizaria o trabalho daembaixador,
já que o papagaio imita a voz de suamestre. Assim, o papagaio na mão do sultão
deBabylon no mapa Kunstmann II também pode representarPeter Martyr d'Anghiera,
o embaixador enviado em abril1501 por Isabella e Ferdinand ao novo sultão da
Babilônia, Khansu al-Ghuri. Peter'sa tarefa era fortalecer a aliança com o
Egito contra os turcos, garantir a segurançada costa africana, e negociar sobre
a melhoria nas condições do localComunidade cristã, bem como acesso aos lugares
sagrados. Esta seria uma confirmaçãoque o autor do mapa pretendia que o
papagaio implicasse, como um dos seus significados, omissão do embaixador.No
mapa Cantino de 1502 (# 306), por exemplo, os papagaios aparecem na América do
Sule África Ocidental. Uma lenda na América do Sul no mapa Kunstmann II
refere-se àpresença de papagaios lá. Tanto as lendas quanto as imagens se
referem ao canibalismo. Curiosamente,as primeiras contas dos papagaios
associados à exploração e a alimentação de papagaios comcanibalismo.Assim, o
mapa Kunstmann II testemunha o fato de que, enquanto as descobertas denovas
terras no Atlântico foram consideradas parte da expansão territorial espanhola
na África,eles também marcaram uma nova colaboração. Após uma crise em seu
relacionamento, a Espanha e aPapa estava unido no seu objetivo de organizar uma
cruzada contra os turcos e trazendo
Cristo tanto para África como para as
Índias. O autor anônimo do mapa Kunstmann IIexibe em um estágio geográfico as
convicções que se colocam no cerne da Carvajalesforços diplomáticos: a
capacidade do poder cristão formado no Mediterrâneo poros soberanos católicos
não só para superar a ameaça turca, mas também para seguirO convite de Cristo
para ampliar os limites do mundo cristão, além do Atlânticobem como na África.
Como um cavaleiro trava seu escudo quando descansa após a vitória, ou como umdesafio
a outros cavaleiros a jogarem, brasão de Carvajal pendurado na Árvore deO
conhecimento parece estar destacando suas vitórias diplomáticas, bem como adesafio
de um Novo Mundo.
O mapa Kunstmann II também é um
exemplo importante de como o gráfico náuticofazendo adotar a lógica dos mapas
mundiais medievais na representação deÁfrica do Sul.O mapa Kunstmann II é
comparável a toda uma série de mapas famosos: o LaMapa de Cosa (# 305), o mapa
de Cantino (# 306), o mapa de Caveri (# 307), o mapa do rei Hamy(# 307.1), e o
mapa 1504 de Vesconte de Maggiolo (# 316). O Kuntsmann II, no entanto,mais
parecido com os mapas do rei Hamy e Maggiolo, particularmente com respeitopara
o espaço em branco deixado na costa norte da América do Sul e a dobra orientalleva
a sua costa leste, a maneira peculiar de que a ilha deA Groenlândia se estende
de leste a oeste e a representação das ilhas do Caribe comosendo muito perto da
costa sul-americana. Também é semelhante a representação do Mar Vermelho.Uma
diferença importante, no entanto, é a configuração das ilhas do Caribe e aForma
de "quatro dedos" de Terra Nova. Isso pode ter sido concebido como um
resumoe uma representação exagerada das florestas, semelhante àquelas
gráficamente representadas naGráfico de Cantino.Localização: Bayerische
Staatsbibliothek. Abteilung fur Handschriften und Seltene Drucke.Bacalhau.
ícone. 133.Tamanho: 43,7 x 39 polegadas (110,5 x 99 cm)Referências:Boehrer, B.
T., Parrot Culture: Nosso fascínio de 2.500 anos com os mais conversadores do
mundopássaro (Filadélfia: University of Pennsylvania Press, 2004), pp. 5 e
29-31.Colin, S., "Lenhadores e canibais: índios brasileiros como vistos
nos primeiros mapas", emAmérica: Early Maps of the New World, Ed. Hans
Wolff. (1992), pp. 175-181.Kupcik, I., Gráficos de Munique Portolan
"Kunstmann I-XIII" e dez outros gráficos Portolan.Metcalf, Alida C.,
"Amerigo Vespucci e o mapa mundial de quatro dedos (Kuntsmann II)",e-Perimetron,
Vol. 7, No. 1, 2012, pp. 36-44.Quinn, D. B. (1986), "Artistas e
ilustradores no mapeamento inicial da América do Norte",The Mariner's
Mirror 72 (3): 244-273.Relaño, F., "Paraíso na África: a história de um
mito geográfico de suas origens emPensamento medieval para sua morte
progressiva na Europa moderna precoce, "Terre incognitae: TheRevista para
a História das Descobertas 36 (2004), p. 9. Relaño, F., The Shaping of Africa,
pp. 98-100.Scafi, Alessandro, "O paraíso africano do cardeal Carvajal: New
Light on the"Mapa Kunstmann II," 1502-1506 ", The Warburg
Institute, 28 pp.Scafi, A., Mapeando o Paraíso: Uma História do Céu na Terra
(Londres: British Library, 2006),pp. 47-9, 125-31, 170-82, 193-5, 254-77.Van
Duzer, C., "Hic sunt dracones: a geografia e a cartografia deMonstros
", 18 Ashgate Research Companion, p. 428.* Wolff, H., América. Mapas
iniciais do Novo Mundo, pp. 134-5, Figura 5.
1504 Kunstmanns
1507 J. Ruysch
Mapa do Mundo de Johannes Ruysch - 1507
uma
cópia do mapa do mundo do cosmógrafo Johannes Ruysch (c.1460-1533), que foi
incluído na edição de 1507 da Geographia de Ptolomeu, publicada em Roma (Bernardus
Venetus de Vitalibus). Adopta uma projecção polar. Original na Biblioteca do
Congresso dos EUA. À direita, uma versão ampliada da parte do Brasil.
A
inscrição, em latim, colocada na área da América do Sul, pode ser traduzida
como:
"Terra de Santa Cruz ou Mundo Novo".
"Em
diferentes lugares essa região é habitada e muitos supõem ser outro mundo.
Homens e mulheres aparecem inteiramente nus ou usando folhas entrelaçadas e
penas de aves de várias cores. Eles vivem em comunidades sem qualquer religião
ou rei. Vivem continuamente em guerra entre si e comem carne humana daqueles
capturados. Os ares saudáveis permitem que vivam mais de 150 anos. Raramente
adoecem e, quando acontece, curam-se apenas com raízes e plantas. Existem leões
aqui, serpentes e outros monstros são encontrados nas florestas. Existe grande
quantidade de pérolas e ouro nas montanhas e rios. Daqui, pau-brasil e cássia
são levados pelos portugueses."
Texto
lateral na América do Sul: "Até onde os navegadores espanhóis chegaram.
Eles chamaram essa terra, por sua grandeza, de Mundo Novo. Como ainda não foi
explorada completamente, não se conhece seu contorno."
Outro
texto deste mapa indica que Johannes Ruysch acreditava que a Ilha de Cipango
(Japão), referida por Marco Polo, seria a Ilha Hispaniola (Haiti/Rep.
Dominicana).
1507, mapa- múndi waldseemuller
Os portugueses viajaram pela costa
ocidental da América Latina muito antes de 1513, quando o espanhol Fernando
Balboa “descobriu” o Oceano Pacífico para os europeus ou da viagem de
circum-navegação de Fernão de Magalhães em 1519. Por volta de 1500, o rei de Portugal D.
Manuel I patrocinou uma viagem secreta em que navegadores, dos quais a
guarnição de Gonçalo Coelho ou André Gonçalves passou pelo
Estreito conhecido mais tarde por Magalhães, dobrou o cabo Horn e
navegou depois ao longo da costa ocidental do continente Sul americano. Observe-se, por cima do mapa-múndi cuja representação está em baixo, a junção das fronteiras do Chile com o Equador que estão a 19 graus de latitude
Sul. É verdadeiramente impressionante este pormenor geográfico correcto num
mapa com a data de 1507. Este mapa do século XVI mostra inequivocamente a prova
de que Portugal chegou ao oceano Pacífico primeiro que a Espanha.
1507 waldseemuller globo e mapa
O globo de waldseemuller, mostra inequivocamente, a ligação do oceano Atlântico ao oceano Pacífico pelo extremo Sul, e a costa ocidental do continente Sul Americano. Nota-se a junção das fronteiras do Chile com o Equador, estão a 19 graus de latitude Sul, pormenor geográfico correcto num mapa com a data de 1507. A prova inequívoca de que Portugal chegou ao oceano Pacífico primeiro que a Espanha.
Em 1519, data que Fernão de Magalhães, cruzou o estreito efectuando a ligação do oceano Atlântico/Pacífico, já sabia da sua existência através de mapas portugueses da época.
Em 1519, data que Fernão de Magalhães, cruzou o estreito efectuando a ligação do oceano Atlântico/Pacífico, já sabia da sua existência através de mapas portugueses da época.
1513, Ptolomeu, carta de África
1513 waldseemuller
1516 walddseemuller carta marina
1516: A "Carta Marina" com
base em gráficos náuticos e novas explorações
Apenas nove anos depois, Waldseemüller
desenha outro mapa mundial, de tamanho similar, mas as diferenças são
impressionantes. Por sua "Carta Marina" - como se chama -
Waldseemüller abandonou as técnicas de Ptolemy e, desta vez, projectou um mapa
mundial baseado em gráficos náuticos, enfatizando as linhas costeiras e
mostrando um sistema de linhas de rumo (a construção desse sistema explicou
aqui) que foram utilizados na navegação como referência, para leitura e
marcação de direcções (cursos) entre lugares. Mais original, mais detalhado e
contendo mais elementos gráficos, o mapa é uma imagem inteiramente nova do
mundo, com base em novas fontes, explicou Chet Van Duzer. O seu título fala por
si: é "uma carta náutica que mostra de forma abrangente as viagens
portuguesas e a forma de todo o mundo conhecido ... suas regiões e seus limites
como estão determinados em nossos tempos e como eles diferem da tradição da
antigos, e também áreas não mencionadas pelos antigos ".
É pensado para ser o primeiro gráfico
náutico impresso do mundo inteiro.
Como modelo, Waldseemüller parecia ter
usado o mapa 1503 de Nicolo de Caverio, de Gênova, disse Van Duzer (veja o
comentário no final do artigo sobre outros mapas que poderiam ter inspirado
Waldseemüller).
Mais uma vez, as semelhanças são
facilmente vistas:
Forma da África, Ásia do Sul
Localização de Groenlândia e Labrador
Forma da linha costeira da América do
Sul na parte Leste. Omite a linha costeira da parte ocidental da América do Sul
ve r mapa de 1507
Localização das linhas de rumo
1513 Francisco Roíz Rodrigues e Tomé Pires
1513 Piri Reis
O mapa de Piris Reis é um fragmento de
um mapa elaborado pelo almirante, geógrafo e cartógrafo otomano Piri Reis em
Constantinopla em 1513. É o primeiro mapa conhecido do mundo real que mostra a
costa ocidental da Europa e o Norte da África com razoável precisão. O mapa
mostra pormenores da costa Leste do Brasil da América do Sul, várias
ilhas do Oceano Atlântico, incluindo as ilhas dos Açores a Ilha da Madeira as
ilhas Canárias e Ilhas de Cabo Verde, assim como a mítica ilha Antília.
Contém
elementos do hemisfério Sul, da costa da Antárctica e da calota polar,
considerados como prova dos conhecimentos da cartografia comprovados
recentemente.
Redescoberto
em 1929, resta apenas a metade ocidental, representando as Falsas Antilhas (Caraíbas), o Leste da
América do Sul, e o Noroeste da África e Europa. Tipo portulano, cortado por
linhas loxodrómicas, indicando as direcções dos ventos, terá sido confeccionado
com base em mapas portugueses e árabes. Nele, está registada a costa do
continente americano, tornando-o o primeiro a mostrar a América do Norte e
América do Sul. As legendas, em língua turca, informam: "os nomes, foram
dados por Colon, para que sejam conhecidos." Acredita-se que Piris Reis
tenha obtido essa informação através de um dos marinheiro de Cristóvão Colon,
mais tarde aprisionado e feito escravo pelos turcos.
Embora se
trate dum mapa elaborado pelo antigo sistema portulano, as posições de latitude
e longitude estão delineadas correctamente
As indicações
cartográficas de Piris Reis mostram a conformação das regiões polares
exactamente como estavam antes da última glaciação e não na situação actual.
Não se sabe qual mapa se baseou onde pudesse conter informações à 10 mil anos
atrás
1514 mapas de João de Lisboa,
Mapas
no Tratado de Marinharia
por João de Lisboa em 1514
alvorsilves@gmail.com
http://alvor-silves.blogspot.com
Não querendo falar aqui sobre a
enigmática existência de mapas, sejam eles egípcios, sumérios, gregos, romanos,
etc… fica claro que só temos acesso a uns poucos mapas do final da Idade Média
(catalães, italianos), A verdadeira produção de mapas do final da idade média só começa a partir de 1500.
Há mapas que merecem uma atenção e um relevo especial, que pouco têm
de tão informativo e surpreendente quanto o conjunto de mapas incluso no
Tratado de Marinharia (ou Livro de Marinharia) de João de Lisboa, de 1514. Desde
a representação do Estreito de Magalhães, às quinas nos castelos em território
Inca, ou numa bandeira em Jerusalém, tudo isto deveria merecer a máxima atenção.
No entanto, a obra é quase desconhecida, foi relegada para terceiro plano. É demasiado evidente o que
está nos mapas, e são esses que prendem a atenção imediata.
Mapas no Tratado de Marinharia
Datação
Na página 26 do Tratado de
Marinharia surge a primeira indicação sobre a sua data.
Aqui
se começa o tratado da agulha de marear achado por João de Lisboa o ano de
1514 - pelo que se pode saber em qualquer parte que homem estiver quanto é
arredado do meridiano verdadeiro pelo variar das agulhas.
O ano de 1514 é ali referido e serve
como datação para o Tratado da Agulha de Marear. Ao analisar-se a caligrafia nota-se que há duas formas, pelo uso ao longo do texto
percebe-se ter havido alguma simultaneidade temporal. A caligrafia para os
títulos dos capítulos é diferente, alterna com uma caligrafia corrida, de
forma natural. Uma excepção é a inclusão da datação, fora das margens da
página. Talvez o próprio autor fez uso de duas formas, o que parece difícil de analisar,
ou houve duas pessoas a escrever, pai e filho ou mestre e aluno.
A menção “achado por João de Lisboa”
deve ser entendida como “ encontrado por João de Lisboa”.
O corrente sentido popular do verbo
achar (no sentido “considerar”,“julgar”) não faz aqui qualquer sentido. É dito
claramente que João de Lisboa encontrou um tratado anterior a 1514, que dá
conta.
Os problemas de datação continuam com
os mapas inclusos. As dificuldades são brevemente relatadas na Portugalia
Monumenta Cartographica. Estabelece-se como data limite
superior o ano de 1560, já que as referências ao Estreito de Magalhães, ao
Japão, ou aos bancos de D. João de Castro, obrigariam a uma datação posterior a
1540.
A análise feita na Portugalia
Monumenta Cartographica parece feita de propósito, é pouco
detalhada. Não são mencionados problemas nos mapas, inconsistentes com a teoria
oficial, que colocam bandeiras portuguesas em território Inca (Perú), em
Jerusalém, etc. Seria mais importante publicar os mapas do que entrar em
polémicas para não comprometer a publicação da obra em 1960.
MAPA DO GLOBO
O mapa do
globo, em representação polar, é talvez a peça mais fascinante do conjunto de
mapas no Tratado de Marinharia. Encontra-se uma representação em traços
gerais que não é muito diferente dos mapas actuais. É globalmente superior
às representações encontradas posteriormente noutros mapas até 1770.
Em vários
aspectos este Mapa Globo, é o melhor mapa-múndi de que há registo durante os 250
anos seguintes à data da sua publicação.
Análise da disposição das bandeiras no hemisfério português de Tordesilhas
Análise da disposição das bandeiras no hemisfério português de Tordesilhas
Repara-se que não existe qualquer bandeira na península arábica. Só seria possível antes
das conquistas levadas a cabo por Afonso de Albuquerque, nomeadamente de Ormuz, o que dá uma indicação clara de ser anterior a 1515. Há uma bandeira na China,
o que se ajusta aos primeiros contactos em 1513, e bandeiras em Java e
Timor (1512). Não há qualquer bandeira no Japão. As bandeiras seguem a
costa africana, indicando as possessões portuguesas, encontram-se ainda na
Índia.Uma análise desta parte da Ásia possibilita a uma consistência maior com a datação de
1514. Surge então o problema oficial, com as bandeiras colocadas na parte americana.
Nota-se praticamente que toda a costa do continente americano está coberta de bandeiras. Considerando a datação de 1514, Balboa chegou à costa do Oceano Pacífico em 1515 . Nenhuma das bandeiras na costa do Pacífico se pode referir à presença espanhola (nem outra qualquer). A diferença das bandeiras
azuis e vermelhas tem a ver com a distinção das bandeiras de quinas
(reais, azuis), e as bandeiras com a cruz de Cristo (vermelhas). A parte da
costa americana que não tem bandeiras, é exactamente a que já se encontrava sob
reserva espanhola – uma parte no golfo do México (Cortés desembarca em 1519), e
uma outra na costa venezuelana (onde Colon [Colombo] desembarca em 1502). O mapa de 1514 não sofre alterações posteriores, tal como
o mapa da Europa, onde mostra uma situação política anterior a Carlos V, fazendo
notar uma bandeira de Castela em Sevilha (Juana, mas sob influência do
pai Fernando), e uma bandeira francesa com o arminho bretão, justificação para o reinado com Ana da Bretanha (que morre em 1514)
Com os outros
mapas nota-se algumas inclusões, para “justificar” a datação posterior do
conjunto, que se explica.
COLA DO DRAGÃO
António Galvão
faz referência ao prévio conhecimento do Estreito de Magalhães, que teria sido
chamado Cola do Dragão (i.e. Cauda do Dragão).
No ano de 1428 o Infante D. Pedro, foi à Inglaterra, França, Alemanha, à Casa Santa, e outras localidades, Roma e Veneza, trouxe de lá
um Mapa-múndi com todo o âmbito da terra, o Estreito de Magalhães se
chamava "Cola do Dragão", o Cabo de Boa Esperança: "Fronteira de
África" (…)
Não seria novidade que houvesse um prévio conhecimento do Estreito, muito antes de
Magalhães ter efectuado a viagem de circum-navegação. No mapa do globo não se encontra qualquer referência ao “Estreito de Magalhães”, porém é dado destaque ao Cabo da Boa
Esperança. Situação inversa é encontrada nos mapas de pormenor. Não se encontra qualquer destaque para o Cabo da Boa Esperança, mas sim é dado um grande destaque ao “Estreito de Magalhães”.
Trata-se duma inclusão posterior, facilmente exequível. Acresce o facto que à saída do Estreito, se encontra uma outra referência a vermelho ultrapassando os limites do mapa. Nota-se a inclusão limitada pelo espaço onde diz “ estreito de Fernão Magalhães", oque indicia tratar-se de inclusão posterior, a que acresce a designação portuguesa “porto de
são Julião”, entre outros pormenores.
O mapa de João de Lisboa, que têm o nome do Estreito de Magalhães, elaborado em 1514, anterior à viagem de 1519 de Fernão de Magalhães. Como pode isto ser possível a datação do livro “ Tratado da Marinharia” de João de Lisboa, ser de 1514 e por cima do traçado do Estreito aparecer o nome de “Estreito de Magalhães?!
A "Cola do Dragão" foi assim representada antes da viagem oficial, conforme já dissera António Galvão... Sendo João de Lisboa piloto de Magalhães, resultam ainda outros assuntos misteriosos e põe em causa a datação da sua morte!
João de Lisboa não consta na lista de 18 sobreviventes da viagem de circum-navegação à chegada a Espanha da nau Sebastião Delcano.
A história contada por Magalhães a Pigaffeta sobre um eventual mapa de Martin Behaim ganha contornos de simples despiste ao cronista, mas no fundo também poderá não ser despiste nenhum, uma vez que já havia conhecimento da costa ocidental da América do Sul, do oceano Pacífico navegado antes de 1507 , como pode ser comprovado pelo mapa de Waldseemuller elaborado em 1507.
Pedro e Jorge Reinel ajudaram também Fernão de Magalhães com diversos mapas.
Na viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães levava consigo João de Lisboa como piloto da nau capitânia, que no livro do “tratado da Marinharia” feito por si, desenhou 5 anos antes 1514 um mapa com o respectivo Estreito, com ligação do oceano Atlântico para o oceano Pacífico!.
Para que tudo passasse despercebido a inscrição “ estreito de Magalhães” sobreposta no traçado do canal do mapa de João de Lisboa aparece após a conclusão da viagem de circum -navegação da chegada a Espanha por Sebastião Delcano depois de Setembro de 1522. O mesmo é dizer que não bate a cara com a careta!
O facto de estar escrito "estreito de Magalhães" dá logo a a entender que foi posteriormente incluído.
COSTA DO PERU
No mapa do pormenor sobre a costa do Peru, vê-se castelos com bandeiras nacionais (as
cinco quinas são indiscutíveis), e ainda uma possível bandeira islâmica! Não existindo qualquer registo da presença portuguesa nestas paragens, a execução
é anterior à conquista castelhana de Pizarro, ou seja, anterior a 1535. Há uma
mistura de nomes portugueses e castelhanos, resultado de possíveis inclusões
posteriores de nomes, adaptados à conquista em curso. É de suspeitar que as
inclusões sejam posteriores a Balboa e a Cortés, anteriores a Pizarro!
TERRA NOVA
Outro caso
onde se poderia colocar em causa a datação do conjunto, está relacionada com a Terra Nova e Labrador, onde se pode ler o nome “Estreito do Franceses”.
Este nome pode estar relacionado com as viagens bretãs, bem como a viagem de Jacques Cartier, sugerindo a data posterior
a 1535. Mesmo assim, parece notória a inclusão de nomes, pela necessidade em cortar a palavra “franceses” com a finalidade de adaptar o espaço
existente!
Uma das poucas
designações que refere a presença francesa é a de “c. dos bretões”,ou seja Cap
Breton (que curiosamente, sob domínio francês, foi chamada de Île Royale).
O frequente aparecimento do arminho bretão nos mapas de Reinel, na zona de
França, faz supor um eventual entendimento com os bretões na exploração da zona
da Nova Escócia e Terra Nova.
JERUSALÉM
Num dos mapas
aparece de forma surpreendente uma bandeira azul com as 5 quinas em Jerusalém.
Não é um facto menor… todas as Cruzadas tiveram como propósito a reconquista da
Terra Santa, por isso não é por acaso que alguém colocaria uma bandeira
portuguesa em Jerusalém, perdida para Saladino em 1187. A terceira cruzada, com
Ricardo Coração de Leão, e todo o esforço templário durante vários séculos tinha
esse propósito.
De que forma faz sentido? Tal facto passaria despercebido na História?
A bandeira não
é exactamente igual às restantes bandeiras com 5 quinas. São conhecidos os
relatos de Afonso de Albuquerque no sentido de recuperar Jerusalém, havendo
referência a uma possível troca com Meca (que após a conquista do Suez, estaria à
mercê dos portugueses). A cidade sob controlo Mameluco, com capital no
Cairo, já o vice-rei Francisco de Almeida tinha infligido
uma pesada derrota naval em Chaúl e Diu. Afonso de Albuquerque teria pedido
autorização ao rei, mas ao invés foi imediatamente substituído no cargo de
vice-rei por Lopo Soares de Albergaria, tendo morrido na viagem de retorno. A
partir desse momento, e com a queda do domínio Mameluco pelo império Otomano, o
desígnio de conquistar Jerusalém parece ter deixado de figurar como prioridade
nas conquistas portuguesas, e em geral, deixou de figurar como objectivo
principal, mesmo com os ingleses no Séc. XIX que possuíam um poder naval considerado. A incursão napoleónica chegou apenas a Jaffa, e não prosseguiu pela
peste…
1514 mapas de João de Lisboa,
1516 Vesconde de Maiollo
1517 Pedro Reinel
1519 Jorge Reinel
Mapa
do Brasil em 1519
Este
é o mapa do Brasil que tem origem no Atlas Português de 1519, conhecido como Atlas Miller. O
Brasil é indicado como Terra Brasillis, em latim, mas o nome
"Brasil" é registrado no mapa-múndi do mesmo Atlas. Acredita-se que
seria um presente, mas é claramente uma propaganda da grandeza do Império
Lusitano. Note, por exemplo, que as terras ao sul do Rio da Prata (Argentina) tem
a bandeira da Coroa Portuguesa. Original na Biblioteca Nacional da França.
1519 mapa Miller
Mapa preparado em Portugal como prenda
de casamento [presente envenenado] com o objectivo obscuro: evitar que Fernão
de Magalhães realizasse a sua volta ao mundo ao serviço dos reis espanhóis. O
Atlas Miller, assim conhecido porque o seu último dono particular foi Emanuel
Clement Miller, é um dos mais luxuosos mapas conhecidos da era dos
descobrimentos. Hoje encontra-se depositado na Biblioteca Pública de Paris. A
sua concepção e preparação são atribuídas a Lopo Homem, Pedro e Jorge Reinel,
enquanto a ilustração foi executada pelo miniaturista António de Holanda.
Tratou-se da oferta de casamento de D. Manuel à sua terceira mulher, D. Leonor
de Áustria, irmã do rei de Espanha, Carlos V, empenhado em financiar o projecto
de Fernão de Magalhães, que preparava a viagem de circum-navegação. O mapa, que
é bastante detalhado e correcto em vários aspectos, mostra também um oceano
Atlântico rodeado de terra por todos os lados, sem ligações a outros oceanos.
Este e outros pormenores levam os estudiosos a concluir que o mapa era um logro
montado por D. Manuel, de modo a fornecer informações falsas que levassem o
monarca espanhol a cancelar a expedição do português Fernão de Magalhães. Reinel,
Pedro e Jorge
Com Pedro Reinel dá-se início ao
segundo dos quatro períodos ou “escolas” da cartografia
portuguesa, estabelecidos por Armando Cortesão. Pedro Reinel, que
teve no filho Jorge um continuador da sua obra, marca a transição do
século XV para o XVI, no que concerne à evolução da cartografia
portuguesa. A sua obra reflecte os avanços científicos originados pelas viagens
de descobrimento e expansão dos navegadores portugueses, e inicia o corte com
as velhas concepções ptolomaicas na construção de cartas náuticas. Os primeiros
documentos que nos dão notícia de Pedro e Jorge Reinel são duas cartas de
mercê, datadas de 10 de Fevereiro de 1528, outorgadas por D. João III, concendo
uma tença de 15.000 reis anuais a Pedro Reinel, e uma de 10.000 reis a seu
filho Jorge. Temos igualmente notícia da presença de Jorge Reinel, como
assistente do Dr. Pedro Nunes, no exame para mestres de cartas de marear, feito
aos cartógrafos António Martins, em 1563, e Bartolomeu Lasso e Luis Teixeira,
em 1564. Para além destes documentos, nos Livros da Vereação, existentes no
Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, existem dois autos de ajuramentação,
datados de 29 de Agosto de 1551 e 29 de Novembro de 1554, respectivamente, em
que aparecem Jorge Reinel e Lopo Homem como “exemjnadores darte de navegar”.
Pedro Reinel, para além de ser o
primeiro cartógrafo português de quem se conhece produção cartográfica, foi
também o primeiro a assinar um trabalho seu. A sua carta atlântica de c.
de 1485 representa a costa ocidental do continente africano, e reflecte já as
viagens de exploração levadas a efeito por Fernão Gomes (c. 1474) e por Diogo
Cão na sua primeira viagem em 1482-1484, o que lhe confere um elevado
significado e valor histórico. Esta carta, que se encontra à guarda dos
Archives Departamentales de La Gironde, foi apresentada pela primeira vez em
1960, pelo Prof. Jacques Bernard. A produção cartográfica hoje conhecida,
da denominada “escola” dos Reinéis, assegura-lhes um justo lugar na cartografia
portuguesa, tanto em termos cronológicos, como pela qualidade técnica, rigor
científico e artístico das suas produções. A sua obra é composta por mais
oito cartas: a de c. 1504 está assinada Pedro Reinel, a de c. 1517, as duas de
c. 1522 e a de c. 1535, são anónimas, atribuíveis a Pedro Reinel; a seu
filho Jorge são atribuidas a carta anónima datada de 1510, o planisfério
de c. 1519, igualmente anónimo, e a carta de c. 1540, assinada REINEL.
Durante muito tempo as cartas que compõem o conhecido “Atlas Miller” foram
atribuidas aos Renéis. Contudo, na sequência da descoberta do planisfério de
Lopo Homem, datado de 1519, levantou-se o problema da atribuição da autoria,
não só do planisfério como do referido Atlas. Assim, um grupo de especialistas
reunido em Paris, em 1939, determinou que ambas as obras faziam parte de um
conjunto, atribuindo a sua autoria a Lopo Homem e não aos Reinéis, opinião que
não teve a concordância de Armando Cortesão, que atribuiu as cartas anónimas do
mesmo Atlas a Lopo Homem-Reinéis, como hoje é conhecido.
Em 1519, na sequência de uma contenda
com um clérigo de nome Pero Anes, Jorge Reinel refugiou-se em Sevilha, onde, ao
que parece, continuou a trabalhar no seu ofício. Seu pai, deslocou-se nesse
mesmo ano àquela cidade a fim de trazer seu filho de regresso a Portugal.
Porém, no seguimento dos preparativos da viagem de Fernão de Magalhães, pai e
filho vêem-se envolvidos numa situação obscura, conforme reza uma carta, datada
de 18 de Julho de 1519, enviada pelo feitor de Portugal em Sevilha,
Sebastião Álvares, na qual informava D. Manuel que a “terra de Maluco eu vy
asentada na poma e carta que ca fez o filho de Reynell, a qual nõ era acabada
quando caa seu pay veo por ele, e seu pay acabou tudo e pos estas terras de
Maluco e per este padram se fazem todalas cartas...”. Também Bartolomé Leonardo
de Argensola, citado por Armando Cortesão e A. Teixeira da Mota, refere que
Magalhães, a fim de obter o apoio de Carlos V para a sua viagem, se serviu de
“vn Planisferio dibujado por Pedro Reynel”, no qual as Molucas estariam
representadas a leste da linha de demarcação estabelecida pelo Tratado de
Tordesilhas, celebrado entre Portugal e Espanha, portanto dentro do hemisfério
espanhol. Durante as negociações da Junta de Badajoz-Elvas de 1524, os
espanhóis terão tentado obter os serviços de Pedro e Jorge Reinel,
oferecendo-lhes avultada soma, conforme Diogo Lopes de Sequeira e António de
Azevedo Coutinho informavam D. João III, por carta datada de 9 de Junho de
1524. Não obstante, os dois cartógrafos mantiveram-se ao serviço de Portugal. Por
Augusto O. Quirino de Sousa
1520 Pietro Coppo
1525 Lorenz Fries
1526 Canvas
1527 Weimar - carta universal
1528 Pero Fernandes
Esta é a segunda carta portuguesa
assinada e datada de que há conhecimento. Foi destruída durante a última grande
guerra, quando se encontrava na Künigliche Bibliothek Zu Dresden. Contudo,
tinha sido bem reproduzida em 1903 por Viktor Uautzsch e Ludwig Schimdt.
Pero
Fernandes foi o chefe de uma notável família de cartógrafos que, através de
várias gerações, produziram numerosas cartas e mapas durante dois séculos.
Admite-se que era natural do Porto.
1529 Diogo Ribeiro carta Universal
Carta Universal do cosmógrafo português Diogo
Ribeiro de 1529.
Título
original: Carta universal en que
se contiene todo lo que del mundo se ha descubierto fasta agora [material
cartográfico] la qual se divide
en dos partes conforme a la capitulacion que hizieron los catholicos Reyes de
españa [et] el Rey
Don Juan de Portugal en la villa de Tordesillas: Año: de 1494 / hizola Diego Ribero cosmographo de su
magestad, ano de 1529, e[n] Sevilla".
Uma reprodução está na Biblioteca da Real Academia de la Historia da Espanha, com
base no original do Museo del Palacio de Propaganda Fide, em Roma, cedido pelo
Papa Leão XIII (1810-1903) para W. Griggs, Londres. Está actualmente na
Biblioteca Apostólica Vaticana. Na margem inferior existem duas notas da
reprodução: "Reproduced from the
original in the Museum of the 'Propaganda' in Rome, lent by His Holiness Pope
Leo XIII, by W. Griggs, London." e "The second Borgian map by Diego Ribero, Seville 1529.
A
referência "Borgian map"
provavelmente tem relação com o Mappa
mundi Borgia, do século 15.
Uma
referência "1887?", feita a lápis, na cópia existente na Biblioteca do Congresso
dos EUA, indica que alguém acreditou ser aquele o ano dessa
reprodução.
W.
Griggs é o inglês William Griggs (1832-1911), pioneiro em técnicas de
litografia e que também reproduziu outros antigos manuscritos. A Kings Court
Galleries, de Londres, que comercializou um exemplar, informa que foram 200
cópias, feitas em cromolitografia. O exemplar referido teria sido exposto
na Colonial and Indian Exhibition,
de 1887, em Londres. Mas, ao que parece, existiu apenas uma edição daquele
evento e ocorreu no ano anterior, 1886. Lembre-se que todo o mapa foi
reconstruído e reeditado, em litografia.
Diego Ribeiro era português e passou a
trabalhar para a Coroa espanhola, em 1518.
Em 1527, confeccionou o Padron Real (carta padrão espanhola),
na Casa de Contratación,
em Sevilha. Faleceu em 1533.
Este foi um dos primeiros planisférios
conhecidos a incorporar os dados da circum - navegação de Fernão de Magalhães, entre 1519 e
1522. Essa viagem resultou num conflito pelas Molucas e o Tratado de Tordesilhas foi revisado no
mesmo ano de 1529, em que esta carta foi editada.
Diogo Ribeiro começou a trabalhar
para Carlos de Espanha em 1518, como
cartógrafo na Casa de Contratación em Sevilha. Após
adoptar a cidadania espanhola em 1519, participou no desenvolvimento dos mapas utilizados na primeira circum-navegação da
Terra por Fernão de Magalhães.
Em
10 de Janeiro de 1523, foi nomeado cosmógrafo real e "mestre na arte de
criar mapas, astrolábios e outros instrumentos". Por fim substituiu Sebastião Caboto (que partiu em viagem) como o cartógrafo principal.
Caboto publicou seu primeiro mapa em 1544.
Em
1524, Ribeiro participou da delegação espanhola na " Junta de Badajoz-Elvas" que antecedeu o Tratado de Saragoça (1529) na qual Espanha e
Portugal discutiram se as Molucas e
as Filipinas estavam
do lado Espanhol ou Português do Tratado de Tordesilhas.
Em
1527, Diogo Ribeiro terminou o Padrón Real, o mapa oficial (e
secreto) usado como modelo para os mapas presentes em todos os navios
espanhóis. É considerado o primeiro mapa do mundo científico. Em
1531, Diogo Ribeiro inventou uma bomba de água de bronze capaz de bombear a
água dez vezes mais rápido que os modelos anteriores. Diogo Ribeiro morreu em
1533.
o mais importante trabalho de Diogo
Ribeiro é o Padrón real de 1527. O mapa principal é o
primeiro mapa-mundi com base
em observações empíricas da latitude. Existem 6 cópias atribuídas a Ribeiro incluindo na Grande Biblioteca Ducal em Weimar (1527 Mundus Novus) e na Biblioteca Apostólica Vaticana, na Cidade do Vaticano(1529
Carta Universal). A apresentação do mapa (Mapa-mundi)
é fortemente influenciada pelas informações obtidas durante a expedição de
Magalhães e Elcano em redor do mundo.
O
mapa de Diogo Ribeiro delineia com precisão as costas da América Central e do
Sul. No entanto, nem a Austrália nem a Antárctida aparecem, e o subcontinente
indiano surge muito pequeno. O mapa mostra, pela primeira vez, a real extensão
do Oceano Pacífico. Mostra
também, pela primeira vez, a costa Norte-Americana como
um contínuo (provavelmente influenciado pelas explorações de Estevão Gomes em 1525). Mostra também a
demarcação do Tratado de Tordesilhas.
1531, Oronce Fine
1534 Viegas, Gaspar Luís
1534 Viegas, Gaspar Luís
Carta Náutica do Oceano Atlântico e do
Mar Mediterrâneo, pelo cartógrafo Gaspar Luís Viegas, datada de Outubro de 1534
(96 x 70 cm), texto em português. Original na Biblioteca Nacional da França (disponível online). Este é o único documento conhecido
deste cartógrafo. Esta carta foi transferida dos arquivos de Portugal para a
França, em 1865, como uma troca. Cartógrafo (século XVI). Manteve-se
activo durante a primeira metade de quinhentos, sendo autor de uma carta do
Atlântico (Outubro de 1534), conservada na Biblioteca Nacional de Paris.
Segundo parece, Gaspar Viegas ter-se-á baseado nos testemunhos da expedição de
Martim Afonso, efectuada pouco antes da elaboração da carta. Apesar de este ser
o único trabalho que assinou, são-lhe também atribuídas duas cópias de um atlas
da mesma época, que foram deixadas anónimas. O historiador Armando Cortesão
identificou este cartógrafo com Gaspar Luís Viegas, escudeiro do cardeal
infante D. Henrique ou ainda com um Gaspar Luís, calígrafo de uma cópia do
Roteiro do Mar Roxo de D. João de Castro.
1535 Jorge e Pedro Reinel
1540 Jorge e Pedro Reinel
1544 Sebastion Caboto
1544 Battista Agnese, planisfério
1544 Apiano
1544 Jean Rotz
1545 Mapa mundi anónimo
1547 João Freire
1547 Dieppe, Nicholas Vallard de Dieppe
1548 Di Gastaldi , planisfério
1550 Lopo Homem
Em 1524 participou na Junta Badajoz-Elvas, comissão estabelecida pelas Coroas de Portugal e Espanha para demarcar os limites a
Este de navegação dos dois países, de acordo com o Tratado
de Tordesilhas, cuja posição exacta havia sido contestada na
sequência da chamada "questão das Molucas". Sobre esta Junta existe
na Torre do Tombo uma
carta de autoria de Lopo Homem, aludindo à querela entre os dois soberanos
acerca dos direitos que cada um tinha a territórios e navegações, e que
terminaria com a assinatura do Tratado de
Saragoça em 1529.
Foi-lhe atribuído, em 1531, um padrão de tença de 20.000 réis, aumentado com
5.000 em 1532. Esta renda foi vitalícia.
A obra mais antiga conhecida deste cartógrafo
é um planisfério, descoberto em Londres em 1930. Em Florença existe outro planisfério,
datado de 1554, e na Biblioteca
Nacional de Lisboa há também uma carta marítima (que antes de 1910 se encontrava no Paço das Necessidades, tendo
pertencido a Carlos
I de Portugal), atribuída a este cartógrafo por Armando Cortesão.
Este estudioso tem na sua obra "Cartografia e cartógrafos portugueses dos séculos XV
e XVI" uma extensa parte dedicada a Lopo Homem.
Foi pai de Diogo Homem, também cartógrafo.
1551 Sanches Guiterrez
1552 Sebastian Munster
1554 Lopo Homem
1554 Sebastian Munster
1558 Lopes, Sebastião
1555 Testu Guillaume
1555 Testu Guillaume
1558 C. Viupellius
1558 Diogo Homem
1558 Diogo Homem
1558 Pedro Lemos e Sebastião Lopes
1558 Sebastião Lopes ?
carta de Sebastião Lopes, encontra-se no British Museum e é a única que se conhece assinada por ele.
Trata-se de uma bela e preciosa carta e está muito bem conservada.
Sebastião Lopes raramente foi mencionado por qualquer dos grandes historiadores da cartografia, não obstante Armando Cortesão, entre muito poucos, se ocupar dele ainda que brevemente.
1558 Sebastião Lopes
carta de Sebastião Lopes, encontra-se no British Museum e é a única que se conhece assinada por ele.
Trata-se de uma bela e preciosa carta e está muito bem conservada.
Sebastião Lopes raramente foi mencionado por qualquer dos grandes historiadores da cartografia, não obstante Armando Cortesão, entre muito poucos, se ocupar dele ainda que brevemente.
1560 Bartolomeu Velho
Bartolomeu Velho (Lisboa, ?
- Nantes, 1568) foi um matemático, cartógrafo e cosmógrafo português do século XVI.
Entre outras importantes obras,
desenhou a Carta General do Orbe em 1561 para o rei Sebastião de Portugal.
No Brasil,
além da detalhada nomenclatura geográfica e da apresentação da divisão
administrativa em capitanias (erectas de 1534 a 1536), assinala a
localização exacta de sete nações indígenas, como Tupinambás,
Aimorés, Tamoios, Guaranis,
e localiza no interior uma misteriosa lagoa, o Alagoado Eupana, de onde partem vários rios. Trabalhou durante muito tempo
em França no
seu tratado Cosmographia, publicado em Paris no ano da sua morte.
1561 Rusceslli Giralamo
1562 Diego Guterres
1563 Lázaro Luís
1563 Homem, Diogo
1564 A. Ortellius
1565 Lopes, Sebastião
1566 Nicolas Deslient
1567 Joan Martines, desenhado em Massine, França
1569 Giacomo Gastaldi, planisfério
1570-1580 mapa Ortellius A.
1571-1644 ANGREN, Arnold Florent van
1570 Fernão Vaz Dourado
1572 Jaime Olives
1574 Luís Teixeira
1563 Homem, Diogo
1564 A. Ortellius
1565 Lopes, Sebastião
1566 Nicolas Deslient
1567 Joan Martines, desenhado em Massine, França
1569 Giacomo Gastaldi, planisfério
1570 Ortellius Abraam
1570 Ortellius Abraam1570-1580 mapa Ortellius A.
1571-1644 ANGREN, Arnold Florent van
1570 Fernão Vaz Dourado
1572 Jaime Olives
1574 Luís Teixeira
Mapa de Luís Teixeira (cerca de 1574)
Este mapa do cartógrafo português Luís Teixeira, mostra a América Lusitana com base no Tratado de Tordesilhas, após 1548, quando a Bahia foi transformada em Capitania Real. Notar existência de distorções, principalmente ao Sul. Contudo, é um mapa que define as terras acordadas na época entre Portugal e Espanha. O mapa é parte da obra Roteiro de todos os sinais, conhecimentos, fundos, baixos, alturas e derrotas que há na costa do Brasil desde o cabo de Santo Agostinho até ao estreito de Fernão de Magalhães (original na Biblioteca da Ajuda, Lisboa). Cartógrafo português, colaborou com Abraham Ortelius no Theatrum Orbis Terrarum. Pertenceu a uma destacada família de cartógrafos cuja actividade se estende desde meados do século XVI até ao fim do século XVIII, incluindo o seu pai Pero Fernandes, o irmão Domingos Teixeira, seus filhos João Teixeira Albernaz, o Velho e Pedro Teixeira Albernaz, entre outros.
Terá sido o primeiro a utilizar linhas isogónicas
1571 Vaz Dourado
1576 Dourado Vaz
Sobre o cartógrafo Fernão Vaz Dourado (c.1520-c.1580) existem poucos
e inseguros dados e muito do que encontramos divulgado são meras suposições. De
concreto, apenas chegaram até nós cinco atlas primorosamente iluminados, com
datas entre 1568 e 1580, cujo autor se identifica como Fernão Vaz Dourado e, em
três deles, com o título de "Fronteiro destas partes da Índia". Dois
dos atlas foram desenhados em Goa, e outros dois, provavelmente também, pelas
informações náuticas que incluem se referirem ao sub-continente indiano. O
quinto poderá ter sido elaborado em Lisboa, a ser verdade que o autor tenha
alguma vez estado em Portugal. A Dourado andou também atribuído o atlas
universal de 20 cartas, complementar do Livro de Marinharia de João de Lisboa
(c.1560), considerando-se, actualmente, que apenas um fragmento de um mapa
figurando o Índico ocidental é também de sua autoria.
Em busca de Fernão e da família
Dourado encontraram os biógrafos um Fernão Vaz
Dourado ferido no celebrado segundo cerco de Diu, em 1546, e um Fernão Dourado em viagens no Índico oriental, em
1543-1544 ou em 1547. Supondo que o militar, o navegador-comerciante, e o
cartógrafo-iluminador seja o mesmo homem, ele poderia ser filho de Francisco
Dourado, moço de câmara, que em 1513 embarcou em Lisboa para a Índia, e lá
casou, em 1519. Levantam-se ainda as hipóteses de a mãe ser indiana, de Fernão
ter estudado em Goa, próximo do círculo do Colégio jesuíta de São Paulo ou,
pelo contrário, ter vindo jovem a Portugal e estudado na Universidade, em
Lisboa ou já em Coimbra, e de ter voltado à Corte, por breve período, no fim da
vida, a acompanhar o vice-rei D. Luís de Ataíde, de quem era protegido. Tudo
são suposições como é o Iluminado 171, da Biblioteca Nacional, em Lisboa, ser
um atlas da sua autoria. Mas, com quase toda a certeza, trata-se de um sexto
atlas de Fernão Vaz Dourado.
"Tudo é confuso e misterioso quanto à história deste atlas" - referem Armando Cortesão e A. Teixeira da Mota, que, com o 2º Visconde de Santarém foram os maiores estudiosos do autor e da sua obra. Santarém atribuiu o atlas ao cartógrafo João Freire e datou-o de 1546; os autores dos Portugaliae Monumenta Cartographica, na esteira do Conde de Ficalho e de Ernesto de Vasconcellos inscrevem-no com segurança entre os trabalhos de Dourado e dizem-no elaborado entre 1575 e 1580, provavelmente c.1576.
"Tudo é confuso e misterioso quanto à história deste atlas" - referem Armando Cortesão e A. Teixeira da Mota, que, com o 2º Visconde de Santarém foram os maiores estudiosos do autor e da sua obra. Santarém atribuiu o atlas ao cartógrafo João Freire e datou-o de 1546; os autores dos Portugaliae Monumenta Cartographica, na esteira do Conde de Ficalho e de Ernesto de Vasconcellos inscrevem-no com segurança entre os trabalhos de Dourado e dizem-no elaborado entre 1575 e 1580, provavelmente c.1576.
O volume terá dado entrada na Biblioteca Nacional durante a I República vindo
das colecções reais do Palácio das Necessidades. D. Luís e D. Carlos tiveram
pelo atlas uma particular atenção. O primeiro, a quem se reconhecem dotes no
campo da pintura, copiou alguns dos mapas; o segundo mandou fazer um fac-símile
manuscrito, exibido na primeira grande exposição nacional de cartografia,
organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1903-1904. Antes, no final
dos anos 40 do século XIX, sabemos ter o atlas feito parte das bibliotecas do
senhor Ferron, sócio da Société de Géographie de Paris, e de João Martens
Ferrão Castello Branco, exilado miguelista radicado em Paris, como o Visconde
de Santarém, dedicando este último à obra uma primeira e detalhada análise.
Como e quando chegou a Paris e como e quando chegou ou voltou a Portugal está
por saber.
O códice encadernado é constituído por 20 fólios de pergaminho, de 38,5x51,5
cm, dobrados ao meio. Não tem frontispício, não apresenta autoria ou data e
compõe-se de 1 fólio com elementos cosmográficos, 2 com tábuas de declinação
solar e 17 onde se figuram cartas geográficas. Os elementos cosmográficos de
interesse náutico foram detalhadamente estudados por Luís de Albuquerque na
edição fac-similada do atlas, publicada pela Comissão Nacional para as Comemorações
dos Descobrimentos Portugueses, em 1991.
Os 17 mapas que constituem o atlas surgem ao leitor numa sequência geográfica,
como se de uma viagem de circum-navegação se tratasse. A superfície da Terra
observa-se através de largas e sucessivas janelas. Desde o Estreito de
Magalhães são percorridos os litorais ocidentais do Oceano Atlântico até ao
extremo Norte do Canadá, "saltando" o Brasil, que surgirá mais tarde,
como escala na viagem Europa-Oriente. Seguem-se as costas ocidentais do Atlântico
Norte, da Escandinávia à Península Ibérica, o Mediterrâneo (Ocidental e
Oriental), a África ocidental, o Brasil, a África meridional, Madagáscar e a
África oriental, o Índico ocidental e oriental, os litorais orientais da Ásia e
os arquipélagos da Oceania, o Pacífico e, finalmente, os litorais ocidentais do
continente americano.
Esta apresentação de mapas é em tudo semelhante às que encontramos nos atlas de Vaz Dourado, datados de 1570 e de 1575, eles também com 17 cartas. Aí, apenas se altera ligeiramente a localização das cartas referentes ao Brasil e às costas da Califórnia. A apresentação dos mapas dos três outros atlas de Dourado, em especial os que apresentam áreas particulares, de grande escala, terão outras leituras explicativas.
Esta apresentação de mapas é em tudo semelhante às que encontramos nos atlas de Vaz Dourado, datados de 1570 e de 1575, eles também com 17 cartas. Aí, apenas se altera ligeiramente a localização das cartas referentes ao Brasil e às costas da Califórnia. A apresentação dos mapas dos três outros atlas de Dourado, em especial os que apresentam áreas particulares, de grande escala, terão outras leituras explicativas.
A esta sequência geográfica liga-se uma pensada construção geométrica que
subjaz no estabelecimento das "janelas" e na sua própria construção
interna. Quando pensamos estar perante mapas de escalas distintas, atendendo
aos valores de latitudes que se apresentam, concluímos que são sempre,
aproximadamente, rectângulos de 40º de latitude por 50º de longitude, apesar
desta última coordenada não estar indicada e de a sua apreciação ser
difícil.
Oito dos mapas apresentam na base ou no topo a linha do Equador, prolongando-se
para Norte ou para Sul perto de 40º de latitude. Dos restantes, dois têm por
limite Norte o Círculo Polar Árctico, e outros dois "partem",
respectivamente, do Círculo Polar Antárctico e do Trópico de Capricórnio. As
excepções a esta geometrização do espaço mundial respeitam a áreas menos
conhecidas: o litoral ocidental e o extremo Nordeste da América do Norte, o
extremo Norte da Europa e o Pacífico. Nestes casos, os 40º de latitude
contam-se entre paralelos aparentemente mais aleatórios. Haveria que estender
estes exercícios a outros atlas coevos, portugueses e estrangeiros, analisando
igualmente desenhos de costa, inventariando topónimos e elementos iconográficos
e retendo a sua repartição espacial.
Porém, os mapas têm sido analisados quase exclusivamente a partir da toponímia
inscrita e da configuração e desenho das ilhas e dos litorais. Na maior parte
dos estudos, o objectivo último foi a relação entre esses aspectos e os
episódios da história política e militar, como demonstração da prioridade dos
portugueses na descoberta e ocupação de territórios não europeus. A hipótese de
que as novas imagens cartográficas portuguesas se revelem fontes determinantes
para a cartografia impressa da Europa do Norte e, mesmo, que transmitam
elementos iconográficos originais e exóticos, mereceriam um estudo comparativo
mais minucioso. No caso de Vaz Dourado, a quem são atribuídas inovadoras
imagens cartográficas de Ceilão e do arquipélago japonês, algumas dessas
análises foram já realizadas.
Tratando-se de cartografia de luxo ou de aparato, o seu processo de construção
parece dever mais às regras da pintura e, concretamente, da iluminura, que da
cartografia prática. O cartógrafo-iluminador terá sido antes um
iluminador-cartógrafo ou, o que é mais provável, vários terão sido os técnicos
e artistas implicados nas distintas fases de elaboração dos mapas. Aliás,
bastaria reparar na vasta produção atribuída a Vaz Dourado para se concluir que
só dificilmente um único profissional, do qual não são conhecidos trabalhos
anteriores a 1568, em escassos 12 anos, poderia desenhar e pintar 115 folhas de
pergaminho, 98 das quais com minuciosos mapas, ricamente decorados.
Só uma escola com experiência, oficinas e artistas em actividade, poderia responder a tais encomendas. Mas pouco se sabe sobre a existência dessa comunidade em Goa, assim como de todo o processo de construção dos mapas: desde a proveniência e fabrico do pergaminho e das tintas, aos tipos de fontes consultados e à sua origem (ocidentais e orientais, manuscritas e impressas), assim como dos métodos utilizados no desenho do fundo das cartas e no estabelecimento da sua coloração e ainda sobre a inclusão de elementos iconográficos.
Ao nome de Vaz Dourado têm sido associados os de Diogo Botelho Pereira, cuja obra se encontra perdida, e de Lázaro Luís, autor do famoso atlas de 1563, cujas cartas tantas semelhanças apresentam com as de Dourado, discutindo-se a mútua e estreita influência. Os três cartógrafos, provavelmente, nasceram e formaram-se na Índia portuguesa, representando os seus mapas o que de melhor em cartografia, aí se produziu na segunda metade do século XVI. Porém, há notícias documentais sobre a actividade cartográfica portuguesa no Oriente desde a década de 30, com Heitor de Coimbra, a qual se prolonga com Luís do Rego (c.1545), Pedro de Ataíde (1596), Mateus do Rego, "mestiço de Goa" (1601) e, finalmente, com o luso-malaio Manuel Godinho de Erédia (c.1560-1623), natural de Malaca (como Pedro de Ataíde), um dos mais brilhantes artistas da "época áurea" da cartografia portuguesa.
Mas, os mapas de Vaz Dourado não devem ser apenas comparados com os dos seus contemporâneos que trabalhavam no Oriente e com as fontes cartográficas orientais, donde podem chegar materiais e cores, informações geográficas ou elementos iconográficos. Os protótipos das cartas portuguesas realizadas na metrópole, em originais, cópias ou variantes, chegavam também periodicamente a Goa, daí as semelhanças possíveis de encontrar, cotejando Dourado com os mapas da última fase de Lopo Homem, os atlas de Diogo Homem (1561 e 1568) ou de Sebastião Lopes (c. 1565). Mas será também de considerar a influência da cartografia italiana e da cartografia espanhola.
Só uma escola com experiência, oficinas e artistas em actividade, poderia responder a tais encomendas. Mas pouco se sabe sobre a existência dessa comunidade em Goa, assim como de todo o processo de construção dos mapas: desde a proveniência e fabrico do pergaminho e das tintas, aos tipos de fontes consultados e à sua origem (ocidentais e orientais, manuscritas e impressas), assim como dos métodos utilizados no desenho do fundo das cartas e no estabelecimento da sua coloração e ainda sobre a inclusão de elementos iconográficos.
Ao nome de Vaz Dourado têm sido associados os de Diogo Botelho Pereira, cuja obra se encontra perdida, e de Lázaro Luís, autor do famoso atlas de 1563, cujas cartas tantas semelhanças apresentam com as de Dourado, discutindo-se a mútua e estreita influência. Os três cartógrafos, provavelmente, nasceram e formaram-se na Índia portuguesa, representando os seus mapas o que de melhor em cartografia, aí se produziu na segunda metade do século XVI. Porém, há notícias documentais sobre a actividade cartográfica portuguesa no Oriente desde a década de 30, com Heitor de Coimbra, a qual se prolonga com Luís do Rego (c.1545), Pedro de Ataíde (1596), Mateus do Rego, "mestiço de Goa" (1601) e, finalmente, com o luso-malaio Manuel Godinho de Erédia (c.1560-1623), natural de Malaca (como Pedro de Ataíde), um dos mais brilhantes artistas da "época áurea" da cartografia portuguesa.
Mas, os mapas de Vaz Dourado não devem ser apenas comparados com os dos seus contemporâneos que trabalhavam no Oriente e com as fontes cartográficas orientais, donde podem chegar materiais e cores, informações geográficas ou elementos iconográficos. Os protótipos das cartas portuguesas realizadas na metrópole, em originais, cópias ou variantes, chegavam também periodicamente a Goa, daí as semelhanças possíveis de encontrar, cotejando Dourado com os mapas da última fase de Lopo Homem, os atlas de Diogo Homem (1561 e 1568) ou de Sebastião Lopes (c. 1565). Mas será também de considerar a influência da cartografia italiana e da cartografia espanhola.
A recepção e difusão das imagens de Vaz Dourado, em especial as do Oriente,
atendendo à sua originalidade e qualidade estética, onde ressaltam os elementos
decorativos renascentistas, fez-se sentir com alguma rapidez na cartografia
impressa do Norte da Europa, como é o caso da inserta na obra de Linschoten ou
a difundida nas edições da obra de Ortelius. A partir dessas imagens se
elaboraram novas versões, impressas ou manuscritas, por todo o Mundo.
João Carlos Garcia - Professor do Departamento de
Geografia da Faculdade de Letras da UP
1578 Juan Martines
1580 Bartolomeo Olives
1580 a 1600 Santa Cruz Alonso
1583 Sebastião Lopes
1587 Juan Martines
1589 Baptista Boazzio
1590 Pedro Lemos e Sebastião Lopes
1592 Sgrooten Crhistian
1596 Jan Huygen e Van Linschoten
1592 pigaffeta, Fillipo
1592 pigaffeta, Fillipo
1597- 1612 João Baptista Lavanha
1598 Abraham Ortellius
1599 Century Ottoman Atlas
1600 Luís Teixeira
1600 Thomae
1601 Guillaume Levasseur Dieppe
1606 Jodocus Hondius
1607 Kaerius Petrus
1612 Barent Langenes
1613 Pierre Vauls
1623 António Sanches
1630 João Teixeira Albernaz
1630 anónimo Macau
1635 Wilem Blaeu
1638 Wilem Blaeu
1640 João Teixeira Albernaz
1640 João Teixeira Albernaz
1650 Jean Blaeu
1675 Frederick De Wit
1679 Du Val
1680 Johannes Van Keulen
1640 João Teixeira Albernaz
1650 mapa J. Janssonius
1675 Frederich De Wit
1680 Johannes Van Keulen
1630, João Teixeira Albernaz
1686 mapa de Allain Manesson Mallet
(1630-1706), impresso em Frankfurt
1675 Frederick De Wit
1680 Joannes Van Keulen
1710 Afrique FER, Nicolas de, 1646-1720
1717 Mapa de
1727 Mapa de
1749 mapa
1754 mapa Jacques Beline
1757 mapa Nicholas Bellin
1784 mapa costa marítima Angola
1784 Carta da costa da Guiné PAGANINO, Jacinto José, 1782-1784
1790 mapa de Pinheiro Furtado –Tenente Coronel
1771 mapa R. Reynolds
1748 mapa
1804 Johann Cristoph Matthias
1860 Kiepert Heinrich
mapa Angola de 1885
1877 mapa África Austral
1860 Kiepert Heinrich
1860 mapa de Angola
1877 a 1880 Entre Luanda e Ambaca
1887 expedições terrestres em Angola
1887 embocadura rio Zaire
1860 Mappa dos reinos de Angola e Benguella
1860 Kiepert Heinrich
1885 KIEPERT, Richard, 1846-1915
1887 a 1880 mapa Angola entra Luanda e Ambaca
1877 expedições em Angola
1887 embocadura rio Zaire
1890, de 11 de Março mapa esboço
O “ Mapa Cor-de-Rosa” e o Ultimato inglês
Na década de 1880, sobretudo após a
conferência de Berlim, Portugal jogava os seus principais trunfos no projecto africano. As viagens de
exploração davam bons resultados, permitindo um conhecimento do terreno e a
delimitação dos territórios que os governantes portugueses julgavam poder
subtrair à rapina da competição europeia. Pouco a pouco, com habilidade diplomática, jogando com as diversas rivalidades entre as várias potências e,
sobretudo com rapidez de acção no terreno, o projecto português ganhava contornos
mais nítidos. E que projecto era este? Nada menos que reclamar a posse de uma
vasta região que se estendia desde Angola a Moçambique, abarcando os
territórios intermédios e desenhando uma larga faixa na África Austral, a que
se chamou “Mapa Cor-de-Rosa”. Apesar de alguns reveses diplomáticos, o projecto
continuava a ser viável. Em 1886, Portugal conseguiu que a França e a Alemanha
reconhecessem as fronteiras Norte e Sul de Angola e Moçambique, vizinhas das
suas próprias colónias. Os portugueses podiam então avançar para o interior ; o
que foi preparado em 1888 e 1889. Subitamente, porém, surgiram obstáculos
inesperados. Várias populações do interior não aceitaram a presença portuguesa,
alegando obediência à rainha de Inglaterra. Aqui , a imprensa acusava os
portugueses de atacarem tribos aliadas de Sua Majestade. O governo inglês, que
sempre se opusera às pretensões portuguesas, tanto mais que ambicionava ligar o Cairo à cidade do Cabo
por caminho de ferro (o que o “Mapa Cor-de-Rosa” impedia), viu aqui um bom
pretexto para agir
No dia 11 de Janeiro de 1890, a
Inglaterra entregava a Portugal um ultimato: ou os portugueses se retiravam da
região entre Angola e Moçambique, ou corriam o risco de entrar em guerra com os
ingleses. O governo português, encurralado, cedeu, o que levou a grandes
manifestações de indignação por todo o país, contra a perfídia da Inglaterra e a
fraqueza ministerial. Chegou mesmo a ser
feita uma subscrição pública para adquirir um vaso de guerra, o Adamastor, que
iria defender os brios nacionais da ofensa cometida. A realidade, porém, era
outra: Portugal como uma pequena potência, tinha ido longe demais nas suas pretensões e ambições, que não foram contrariadas até ao momento em que
colidiram com os interesses da maior potência mundial- a Inglaterra.
1891 BARTHOLOMEW, John George, 1860-1920