Referente à 2ª expedição de exploração
marítima ao longo da costa ocidental africana a Sul do Equador, efectuada pela guarnição de Diogo Caão,
entre Setembro de 1485 e finais de 1486 ou princípios de 1487, o cartógrafo
Henricus Martelus Germanus, no seu globo terrestre de 1489, inseriu uma legenda
em latim, divulgando a morte do navegador, e não referindo em que
circunstâncias ocorreu, [por doença ou acidente!],
Navegando 1000 milhas para Sul além do
Cabo Negro, Angola latitude 15º 40' Sul, ao longo da costa marítima, a
guarnição atingiu o actual "Cape Cross", Namíbia, latitude 21º
46' Sul implantado o último padrão, chamado de Cabo da
Cruz/Serra, depois a praia das Sardinhas e por último a Serra
Parda.
No séc. XIX, a legenda foi muito
contestada por historiadores modernos, aludindo ao facto do termo “ hic moritur”,
“aqui morre” se refere implicitamente, ao “términos”,
fim da 2ª expedição marítima ao longo da costa ocidental africana a Sul
do Equador e não à morte do navegador.
Esta contestação dos
historiadores resulta, segundo parece, das afirmações contidas pelo
cronista João de Barros em “Décadas da Ásia”, séc. XVI.
Decorridos 30 anos após os
acontecimentos o cronista afirmou:
“O
navegador, Diogo Cam regressou ao reino e dele nunca mais houve notícia”.
A partir de 1891, criou-se o mito de
justificar um lugar adequado à sepultura do navegador!
Começou a circular boatos de que em
Vila Real de Trás-os-Montes, a existência do túmulo de Diogo Cão.
O Padre Ruela Pombo afirmou: «Na hoje cidade de Vila Real de Trás-os-Montes na igreja de São Domingos,
Sé Catedral, existe o túmulo que guarda os restos mortais do grande navegador
Diogo Cam».
Igreja São Domingos, Sé Catedral Vila
Real
Na revista "Diogo
Cam 1ª série (1931 – 1932)", pág. 196, o P. Ruela Pombo refere:
«Diogo Cam.....
Jaz em Vila Real, na igreja de São Domingos, onde o seu sarcófago simples está
exposto na arcadura da nave do lado do Evangelho».
Esta notícia, mais tarde
foi divulgada por Gastão de Sousa Dias.
Ainda hoje existe a
convicção de que o navegador não morreu no termo da segunda viagem de
exploração marítima, terá regressado ao reino com os sobreviventes da
expedição!
Na igreja de S. Domingos
da cidade de Vila Real de Trás-os-Montes, a meio da nave do Evangelho,
existe um túmulo embutido numa parede sob um ornamentado arco. Tem uma
inscrição de três linhas, duas na face do tampo e a terceira no rebordo,
achando-se esta última muito mal conservada.
O túmulo pertence à
família Taveira de Magalhães. A letra da inscrição – alemã minúscula –
corresponde ao tempo do navegador?!
túmulo Pêro Domingues
O sarcófago, é de
Pêro Domingues, do qual se transcreve a inscrição:
ESTA OBRA MÃDOU FAZER D Aº E SUA
MULHER BRÃCA DYZ E JAZ SEU FILHO PERO DIZ QUE D (e)US AJAO
Assim sendo, o túmulo em
questão não veio, nem vem resolver o debatido problema sobre a morte do
navegador.
Das afirmações contidas
pelo cronista, surgiu então a seguinte teoria:
"Pelo facto da
guarnição, não ter encontrado " o tão desejado cabo extremo Sul do
continente africano, o "Promontorium Prassum",
nesta 2ª expedição marítima, agora terminada, como teria sido anunciado
aquando da conclusão da 1ª expedição marítima, em Abril de 1484, o monarca português, D, João II, ostracizou o navegador pelo malogro das
expedições!
Se o navegador volveu ao reino como
refere o cronista, em que circunstâncias ocorreu a sua morte?! Quem sabe onde se
encontram os seus restos mortais?!
Em Portugal não existem
provas contidas em gravações ou inscrições, referências acidentais, crónicas,
obras históricas de síntese, relações, alvarás, documentação e anotações, do
navegador estar sepultado em mosteiro, convento, igreja ou em outro local....ou D.
João II fez desaparecer todas as menções do navegador, por causa
dessa tal hipotética errada informação sobre a proximidade do extremo meridional, fim do continente africano?! Como já referido não existem provas que corroborem esse procedimento, por parte do monarca português.
acácias em flor, ex-libris da região
de Benguela e Moçâmedes em Angola
À descoberta do extremo
Sul do continente africano, o Cabo da Boa Esperança, “João
Santiago”, foi nomeado pelo navegador Bartolomeu Dias para pilotar
a naveta de mantimentos.
É de realçar que,
o nome "João
Santiago" está inscrito nas pedras de Yellala na
margem esquerda a 2000 metros da confluência do rio M’Pozo com o rio
Zaire, onde se pode ler o nome do piloto em letra “estilo
gótico”.
Deste modo, João
Santiago pilotou uma das caravelas da
guarnição de Diogo Caão, na 2ª expedição marítima iniciada em Setembro de 1485.
O piloto, após o
términos da 2ª expedição marítima da guarnição de Diogo Cam, fez-se novamente ao
mar na naveta de mantimentos da frota do navegador Bartolomeu Dias, zarpou do rio
Tejo no dia 5 de Agosto de 1487, com mais duas caravelas.
Assim a guarnição ou os sobreviventes da frota de Diogo Cam regressou ao reino de Portugal antes de Dias zarpar do rio Tejo, na demanda da descoberta
do Cabo mais meridional do continente africano!
Os sobreviventes da
guarnição de Diogo Cam chegaram a Portugal provavelmente a finais de 1486 ou
princípios de 1487.
Esta análise tem por
base o tempo planeado para as expedições marítimas do reinado de D. João II,
como limite máximo 20 meses no mar oceano.
Atingido em Janeiro de
1486, nesta 2ª expedição marítima o ponto antes reconhecido na 1ª expedição marítima, (Setembro de 1483) – o suposto "Promontórium
Prassum" – Ponta Redonda do Farol do Giraúl, latitude 15º 08' Sul, da Baía de Moçâmedes, Namibe,
Angola , denominado de “Cabo Zerto”,
“ cabo deserto?”, ver o mapa de Henricus Martelus Germanus, a guarnição de Diogo Cam, supôs achar-se ante um mar aberto, extremo meridional de África!
baía Moçâmedes, Namibe, Angola
A protuberância de
aspecto redondo, cabo deserto, "lembrando o dedo polegar de uma mão" dá acesso a uma grande baía a perder-se de
vista!
A partir do farol de sinalização marítima, a orla marítima com penhascos de 30 metros de altura até 1 Km para Leste, se
estende 2,5 Km para Nordeste, e no porto mineiro do Saco do Giraúl faz uma inflexão para Sudeste, Sul, Oeste e
Noroeste num prolongamento aproximado de 15 Km.
ponta redonda do farol do Giraúl da baía de Moçâmedes, Angola vista para Norte
Para Sul da Baía de Moçâmedes, a navegação foi
prosseguindo, ao longo duma costa marítima totalmente deserta, estendendo-se
para além de 435 milhas náuticas [805 km], até Cape Cross no Sudoeste Africano,
hoje Namíbia.
A legenda do globo de
Henricus Martelus, constitui o documento chave e preponderante.
O navegador morreu no
termo dessa viagem! Como teria ocorrido, “por doença, ou por se embrenhar terra
a dentro, desaparecendo…”.!
ponta redonda do farol do Giraúl, baía de Moçâmedes, Angola vista para Leste
As ordens régias foram
determinantes: “sigilo absoluto de propagar notícias e informações detalhadas
àcerca desta 2ª expedição marítima agora terminada”. As afirmações da
"aproximação ao Promontorium Prassum" proferida pelo embaixador
Vasco Fernandes de Lucena, junto da Stª Sé ao papa Inocêncio XVII em Roma no
dia 11 de Dezembro de 1485 dos resultados da 1ª expedição marítima terminada em
Abril de 1484, não fora concretizado! As afirmações,
manter-se-iam, para não comprometer o bom nome do reino de Portugal.
ponta redonda do farol do Giraúl, baía de Moçâmedes, Angola, vista para Oeste
O anúncio de Lucena ao
Papa, teve como objectivo imediato, adquirir vantagens pecuniárias para o reino, como acontecera com outras descobertas marítimas!
ponta redonda do farol do Giraúl, baía de Moçâmedes, Angola
É impossível imaginar a
desilusão sofrida pela guarnição da frota ao chegar a Cape Cross, latitude 21º 47’
Sul, exausta e sem esperanças de prosseguir a sua rota.
ponto inflexão no porto mineiro do saco do farol do Giraúl
A costa marítima
se prolongava infinitamente para Sul, não havia sinais de se estender
para Oriente, Nordeste ou Norte !
Falta de
recursos, água e víveres já se fazia sentir, a bordo!
No séc. XIX, passados
400 anos, o mistério adensou-se.
Alguns homens da
história queriam saber o que teria acontecido ao navegador. Para o efeito,
arranjaram uma explicação para o sucedido! Teria sido ostracizado pelo monarca
pela falsa informação obtida!? O cabo extremo meridional de África, não
fora atingido como o anunciado no términos da 1ª expedição marítima!
Desconhecem-se
documentos coevos, registos epigráficos ou arqueológico, que desfaçam o
mistério!
O navegador teria dado muitas alegrias ao rei de Portugal D. João II!
O navegador teria dado muitas alegrias ao rei de Portugal D. João II!
Os seus actos heróicos
assim o demonstram: apresamento de 4 navios espanhóis no Golfo da Guiné, a
descoberta de mais de 5.000 km de costa, o contacto e a amizade com o imperador
das terras do Congo, a colocação de três padrões ao longo da actual costa de
Angola e um na Namíbia, assinalando as terras descobertas para a posse de Portugal.
A notícia divulgada pela
guarnição do regresso desta 2ª expedição marítima : “Diogo Cam embrenhou-se por terra adentro e nunca
mais apareceu”, reúne o melhor testemunho para uma explicação
deste insólito mistério!
O que terá levado o
navegador deixar a guarnição, decidindo embrenhar-se terra adentro pelo deserto do Calaári?!
Não encontrando o extremo
Sul de África, viu-se constrangido a confirmar o que anunciara ao
rei de Portugal em Abril de 1484, "a aproximação ao Promontorium Prassum da
geografia de Ptolomeu"!
O sentimento da procura
da consideração pública pelo cumprimento do dever, da prática de boas acções,
demonstrações de respeito e sobretudo de dignidade, por uma "Questão de Honra". A
"Honra", difundia respeito, seriedade, vassalagem e sobretudo
confiança.
Navegar ao longo duma
costa marítima traiçoeira, deserta, avassaladora e desconhecida, alguma vez
alcançada, a actual "Costa dos
Esqueletos", onde ao longo dos tempos vão deambulando carcaças de
barcos desfeitos pelo mar bravio nos areais sem fim, exigia grandes esforços
físicos por parte da tripulação.
A sagrada esperança do
continente africano inflectir para Oriente, Nordeste ou Norte, sentimento à
muito procurada, desde a baía de
Moçâmedes, não chegara ao seu termo.
A guarnição
encontrava-se diante duma grande colónia de focas e leões - marinhos, onde
abundam pela extensão do cabo da Cruz ocupando ordenadamente as
suas posições.
Deixando as caravelas
fundeadas longe da rebentação das ondas, alguns homens desembarcaram nos botes
num sítio onde o mar é mais sereno, na baía adjacente ao cabo, onde iria ficar
implantado o último padrão. Próximo das rochas e pedras escorregadias a uns 300
metros, onde habita uma colónia de focas aos milhares, ergueu o Padrão do
Cabo da Cruz ou da Serra.
Torturado pela desilusão
sofrida quanto ao caminho da Índia de supor ter alcançado o termo austral de
África na 1ª viagem de exploração marítima, a Ponta Redonda do Farol do Giraúl, o navegador deu por
finda a missão em Cape Cross,
Cabo da Cruz/
Serra, fazendo-a com
muita mágoa e não prosseguir a rota.
Da Ponta Redonda do Farol do Giraúl,
Angola até Cape Cross , Namíbia,
navegou 480 milhas náuticas, sem encontrar a tal passagem para o oceano
Índico.!
Razões ponderosas o
forçaram a desistir, como a longa duração da viagem, a escassez de alimentos, principalmente
falta de água para abastecimento. Dificuldades adversas à navegação ao longo da
costa contra a corrente fria de Benguela [sentido contrário aos ponteiros do
relógio] ventos alísios soprando de Sudoeste, e falta de enseadas e portos
seguros. Também o escorbuto, já teria feito algumas vítimas?!
A costa inóspita e
deserta onde a guarnição se encontrava, não oferecia aos visitantes quaisquer
meios de subsistência, a não ser pescado em abundância e em último recurso a
colónia de focas!
Na intuição de observar
lá do cimo, a orla marítima da costa mais a Sul, decidiu embrenhar-se por terra
adentro em direcção à Serra Parda!
Do alto, o campo de
visão tornar-se-ia mais amplo. Observação directa, onde podia resultar a
esperança de observar “in loco”
uma abrangência mais definida e ampla da costa a inflectir para Oriente ou
Norte!?!
Ninguém o seguiu, a
guarda pessoal do mestre não foi autorizada a segui-lo, ou não
estaria motivada para o fazer!
Enquanto se embrenhou,
deixou de ser visto pelas elevações do terreno, dum lado e do outro o
encobriram dos olhares atentos dos marinheiros!
Nas imediações da Serra
Parda ou de regresso teria sido atacado por um grupo de leões famintos...
ou sob um calor ardente se desvaneceram as suas forças na encarniçada
caminhada, ficando inanimado para sempre longe dos olhares da guarnição?!....
Das aturadas buscas para
o interior, os nautas observaram grandes dunas do deserto, orvalho matinal
aninhado na vegetação rasteira e falésias a indicarem leitos de rios que
outrora por ali passavam.
O navegador desapareceu
sem deixar rasto....
A guarnição seguiu
até à Ponta dos Farilhões 22º 26’ lat. Sul, última etapa conhecida.
As caravelas retrocederam.
A adversidade da costa
desértica e o mar bravio não permitia aos mareantes permanecer por ali muito
mais tempo.
Durante o dia
referenciavam cabos e enseadas. Ao escurecer ancoragem em mar alto de
velas desfraldadas, evitando o arrastamento das embarcações pelos ventos
fortes e correntes marítimas.
A aproximação à costa
fazia-se em extremo cuidado! Medição constante da fundura (braças) do
mar, a fim de evitar as embarcações de encalharem em baixios ou rochedo
em que a costa é muito fértil.....
Do deserto do Namibe
(Moçâmedes) ao deserto do Calaári, a vegetação é rasteira. Abunda
principalmente a Welwitchia Mirabilis, acácias espinhosas e outras
espécies, plantas xerófilas próprias do deserto adaptadas a grandes amplitudes
térmicas.
Welwitchia
Mirabilis, planta do deserto de Moçâmedes em Angola
O Mapa de Henricus Martellus,
foi (é) interpretado ao longo dos tempos como sendo uma alusão que a 2ª viagem
de exploração marítima teve o seu “términus” – fim – morte, por alturas da
Serra Parda – Namíbia.
Os apologistas desta
teoria, lendo e relendo as Décadas da Ásia de João de Barros, sempre
acreditaram ou acreditam que a guarnição de Diogo Cão ao atingir a latitude da
Serra Parda, o Cabo do Padrão da Serra, hoje Cape Cross, deu por finda a
expedição, voltou para trás, retomando a navegação para Norte.
Fez escala novamente no
porto de M'Pinda subiu o rio Zaire à procura do rei do Congo - Manicongo
– à sua residência (M’ Banza). Seguidamente volveu ao reino e dele,
navegador, nunca mais houve notícia!
O navegador
comprometera-se demasiado, também por culpa dos melhores da frota, ao anunciar
a D. João II, em Abril de 1484, a aproximação ao promontório Prassum, onde
começa o Golfo arábico.
À luz dos documentos
desse tempo, considerando “O Mapa de Fra Mauro”, e a “Oração de Obediência ao
Papa”, os portugueses estavam a escassos dias de navegar pelo golfo arábico.
Esta notícia terá
provocado surpresa geral na corte do Papa! Nunca alguém teria ido tão
longe ao longo da costa ocidental africana como os portugueses, ultrapassando o
paralelo 15º Sul que se supunha ser o limite e extremo Sul do continente
africano!
baía de Moçâmedes vista da Ponta
Redonda do Farol do Giraúl, Angola
Na 2ª viagem de
exploração marítima, a guarnição ao atingir a Ponta Redonda do Farol do Giraúl,
a perplexidade e a desilusão foi total!
Uma larga baía a
perder-se de vista, a costa marítima afinal descreve um arco de 15
Km e segue novamente na direcção do Sul!
As terras costeiras
continuam sem quaisquer espécie de arvoredo, estendendo-se o areal
infinitamente!
Grande desilusão esta,
provocou a apreensão geral da guarnição!
Seguindo a direcção do
Sul, deu com um cabo, onde implantou o padrão do Cabo Negro, 15º 45’ lat. Sul.
cabo Negro, Angola
Entrou numa angra, onde
observou duas aldeias, actual Tombua – Porto Alexandre, a que chamou de "Angra das Aldeias"
perto da foz do rio Curoca.
cabo Negro, foz rio Curoca.
Porto Alexandre, Tombua, Angola
Os habitantes locais
viviam da pesca, moravam em sebes construídas à base de esqueletos dos
cetáceos, cobertas da própria areia da praia.
A guarnição não
sabia que a partir dali, a navegação, se iria tornar hora a hora cada vez mais
penosa. O esforço de continuar a exploração da costa, corresponderia a
perdas importantes da guarnição.
baía dos Tigres, Angola
De seguida, reconheceu:
A " Terra Alta" , região do Iona
A “Manga das Areias”, ilha da [baía dos Tigres] 16º
lat. Sul,
A Ponta Verde,
As “ Dunas” – 19º lat. Sul,
O "Golfo das Baleias” 20º lat. Sul,
A Angra de Rui Pires– 20º 46’ lat. Sul,
A Angra de Stº Amaro 20º 27’ lat. Sul
O Cabo do Padrão da Serra ou
Cruz [ Cape
Cross] 21º 46’ lat. Sul.
A Praia das Sardinhas, Serra Parda e Ponta
dos Farilhões latiude
22º 26’ Sul.
costa
marítima, foz Cunene a cape Cross, Namíbia
Cedendo às forças da natureza, porque não era de fácil contentamento, o
navegador decidiu explorar aquela zona interior da Serra Parda, com o intuito de avistar lá do cimo, uma amplitude
mais vasta do horizonte da costa para Sul?!
Envolto no mistério, seguiu em frente e desapareceu. Deixou de ser visto
pela bruma, névoa do deserto ou pelas grandes dunas do cardápio disponível.
cape Cross, Namíbia, Sudoeste Africano
A caminho da Índia a armada de Pedro Álvares Cabral zarpou da costa brasileira no dia 2 de Maio de
1500.
A 23 de Maio de 1500 pelas alturas do Cabo de Boa Esperança, foi atingida por um tufão. Quatro naus foram ao fundo com todos os marinheiros a bordo, entre elas a de Bartolomeu Dias que morreu. Dias naufragou antes de atingir pela 2ª vez o Cabo da Boa Esperança.
A 23 de Maio de 1500 pelas alturas do Cabo de Boa Esperança, foi atingida por um tufão. Quatro naus foram ao fundo com todos os marinheiros a bordo, entre elas a de Bartolomeu Dias que morreu. Dias naufragou antes de atingir pela 2ª vez o Cabo da Boa Esperança.
Vasco da Gama, o primeiro europeu a atingir a Índia por mar, em 20 de Maio de 1498,
morreu em Cochim, Índia a 24 de Dezembro de 1524. Transladado em 1539
para a Vidigueira aí permaneceu até 1889. Hoje, os seus restos mortais repousam
no mosteiro dos
Jerónimos, Lisboa.
Pedro Álvares Cabral foi sepultado em Santarém, igreja de Nª Sr.ª da
Graça.
Diogo Cão desiludido e equivocado por não encontrar a passagem para o
Oceano Índico, como anunciara em Abril de 1484 a el-rei D. João II, seu senhor,
deixou a armada no Cabo do Padrão da Serra, Março de 1486.
Seguiu em direcção ao interior árido, em direcção à serra …, o percurso é
muito distante e penoso… na convicção de avistar lá do cimo uma amplitude mais
vasta do horizonte costeiro, quem sabe, uma vez que já não dispunha dos meios
para continuar a viagem para Sul?!
Como responsável máximo não se apresentaria ao rei, dando o dito por não
dito.
Com esta atitude salvaria a honra do convento!
A guarnição regressou ao reino, o responsável máximo desaparecera. Deste
modo não seria responsabilizada pelo (in) sucesso da expedição.
No regresso a guarnição comandada pelo imediato, Pero Anes,
entrou no rio Zaire e aportou a M’ Pinda, a 10 Km da foz, prometendo ao Manisoyo, irmão da mãe do rei do Congo voltar, mas não trouxe a embaixada
Congolesa.
O navegador desapareceu da história, como sempre acontece àqueles que nas grandes lutas são feridos pelo insucesso.
O navegador desapareceu da história, como sempre acontece àqueles que nas grandes lutas são feridos pelo insucesso.
A partir daqui, do seu nome fez-se um silêncio impressionante.
Todavia, deixou aos seus continuadores preciosos ensinamentos. Desde logo
foram aproveitados por Bartolomeu Dias e por Vasco da Gama: para vencer a costa árida era necessário
transportar os próprios mantimentos.
A caravela de dois mastros, foi o navio empregue nestas viagens até Bartolomeu Dias dobrar o Cabo da Boa Esperança.
É bem notório, o impedimento da continuação da última viagem de Diogo Cão
tenha sido precisamente a falta de autonomia da caravela, agora patente pelo
alongamento das explorações marítimas.
A guarnição, ver-se-á constrangida a voltar para trás, face a uma costa
desértica, onde não tem a certeza de poder reabastecer-se, sem provisões a
garantir o retorno com segurança, sobretudo água potável.
Em reforço desta explicação ocorre o facto da armada de Bartolomeu Dias incorporar uma naveta de abastecimentos. Foi
abatida uma vez cumprida a sua função, servindo de apoio às duas caravelas de
exploração.
Depois do regresso a Lisboa, a 16 de Dezembro de 1488, os navegadores deram conta ao rei da sua impossibilidade de prosseguir a viagem por não terem navios fortes para enfrentar os “mares grossos” que encontraram; por isso Vasco da Gama levará naus na primeira viagem a fazer a ligação marítima com o oriente, navios que, entre outras vantagens apresentam uma capacidade de carga muito superior, e portanto maior autonomia nas viagens de longo curso.
Depois do regresso a Lisboa, a 16 de Dezembro de 1488, os navegadores deram conta ao rei da sua impossibilidade de prosseguir a viagem por não terem navios fortes para enfrentar os “mares grossos” que encontraram; por isso Vasco da Gama levará naus na primeira viagem a fazer a ligação marítima com o oriente, navios que, entre outras vantagens apresentam uma capacidade de carga muito superior, e portanto maior autonomia nas viagens de longo curso.
Bartolomeu Dias, por sua vez, tira uma nova lição: a navegação deve ser realizada pelo mar
largo – o grande golfão de Camões – “ por onde se encurta a viagem e nos fica
mor proveito “.
De Cabo Verde navegar-se-á durante seiscentas léguas na direcção do Sul,
até ao 19º e daí, cortando o ângulo para ESSE, durante oitocentas e cinquenta
léguas, atingir-se-á o paralelo 37º S, a quarenta léguas do Cabo, que assim
será facilmente dobrado.
Desta forma se aproveitam a favor da navegação os ventos dominantes do
Atlântico Sul.
Mais tarde os navios à vela navegam como quem demanda os portos do Brasil, remetendo para a costa africana os 24º de lat. S. logo que topam ventos de feição.
Mais tarde os navios à vela navegam como quem demanda os portos do Brasil, remetendo para a costa africana os 24º de lat. S. logo que topam ventos de feição.
Como consequência imediata das viagens de Diogo Cam, deve ser considerada a expedição ao Congo em
Dezembro de 1490, sob o comando de Gonçalo de Sousa, o qual regressam à sua pátria os africanos levados a Portugal pela frota
de Bartolomeu Dias. Foram educados em letras e religião no Convento de Santo
Elói, indo também, em satisfação os desejos do rei do Congo, muitos padres
franciscanos, com materiais para templos e alfaias para o culto.
Nesta fase decisiva das descobertas, quando o Cabo das Tormentas já está
descoberto, grande importância se deve atribuir à evangelização do Congo, onde
se distraem navios, gente e cabedais.
Esse interesse acentua-se no reinado de D. Manuel I, chega a encarar a
possibilidade de realizar pelo Zaire a ligação com a Abissínia, aproveitando o
Lago Central africano, com tanta insistência dão notícias os exploradores
portugueses do século XVI.
Do Congo se estendeu também para Sul a acção dos portugueses, de tal forma
que, antes de 1526, estes atingiram o coração do reino de Angola e, 60 anos depois, penetraram no reino de Benguela.
As viagens de Diogo Cam costumam ser consideradas como marcando o início da
história da grande colónia de Angola, a história do Congo com ela pouco a pouco
é fundida, como se fundem na verdade os outros dois antigos reinos indígenas da
“Matamba e Benguela”.
Não coube a Diogo Cam a glória de dobrar o Cabo da Boa Esperança, como
Luciano Cordeiro por momentos suspeitou.
A sua figura avulta com notável destaque, entre todos os precursores de
Vasco da Gama: por sua acção as navegações ao longo da costa africana atingem
um momento de patético interesse.
Saindo da fase da nebulosa esperança, para alcançarem uma definida certeza;
por sua acção se desvenda a existência de um grande império abaixo do Equador,
descoberta que, atraindo gente de armas, exploradores, colonos e missionários,
tem como consequência imediata a organização da Capitania de Angola, base da
colónia da África Ocidental.
Os navegadores portugueses, lançando-se à exploração da costa africana e
navegação através do Atlântico, dão início a uma das empresas mais empolgantes
da História.
Não pode deixar de causar admiração o facto de ser um pequeno e pobre País
a realizar uma das mais difíceis, morosas e dispendiosas iniciativas que um
povo jamais realizou.
Se houve empresas humanas que têm repercussão na evolução histórica, os
Descobrimentos marítimos portugueses não podem deixar de ser colocados num
lugar destacado!
A gesta assombrosa das navegações através dos mares desconhecidos, importa
dizê-lo, assenta um dos seus pilares básicos nas vantagens materiais que dela
podem advir, mas baseia-se também no misticismo alimentado pelo ideal, na
curiosidade científica e na atracção de enfrentar corajosamente o desconhecido,
desvendando segredos e desfazendo a bruma do mistério.
Os portugueses da época souberam integrar-se no espírito prático e
sonhador, realista e quimérico, preso às realidades terrenas mas pairando alto
nos domínios da imaginação, de que o Infante de Sagres é o protótipo mais
perfeito.
Desde muito cedo Portugal toma consciência de, a pouco e pouco, ir
alargando os domínios temporais, dilatando o Império, e também os valores
espirituais, difundindo a Fé.
Luís de Camões, viveu e escreveu a sua obra principal em pleno século
XVI, começa o seu poema admirável salientando estes dois pontos.
Não deixou de dar apenas a imagem do pensamento colectivo, fixando-a em
síntese lapidar, não pode sustentar-se que tenha sido ele a criar o conceito,
que depois se expandiu e generalizou!
Para terminar cita-se, Ralph Delgado autor da Historia de Angola 1º Volume,
edição Banco de Angola refere explicitamente ” se desconhece a razão por que o olvido sepultou
esse homem (Diogo Cam) de incontestável valor, que descobriu e legou à
nacionalidade os reinos do Congo, de Angola e de Benguela. Pode ter perecido em
viagem ou pouco depois do regresso; pode ter desagradado ao rei, por se enganar
nas suposições tecidas à volta do caminho marítimo para a Índia e ter sido
desconsiderado; pode ter sido vítima das circunstâncias, para o soberano não
dever demasiado a um homem só, disposto a fugir a situações equivalentes às do
governo espanhol perante a glória de Cristóvão Cólon; e pode, finalmente, tê-lo
humedecido a política de sigilo adoptada pelo monarca português, pois parece, de
facto, ter D. João II ampliado a rigorosa arte de silêncio deixada por D.
Henrique, acerca dos descobrimentos, para evitar os perigos de uma concorrência
castelhana mais intensa. Ignorando as razões que provocaram o afastamento e o
esquecimento de tão nobre e esforçada figura da epopeia marítima portuguesa,
cumpre-nos registar factos no seu significado e impenetrável mistério. Não se
sabe onde faleceu Diogo Caão”.
Um dia saber-se-á a verdade? A chave do Enigma reside na escritora Therese Schedel – autora do livro “O Mosteiro e a Coroa “, sobre o mistério que rodeia o roteiro de Diogo Caão?!
Um dia saber-se-á a verdade? A chave do Enigma reside na escritora Therese Schedel – autora do livro “O Mosteiro e a Coroa “, sobre o mistério que rodeia o roteiro de Diogo Caão?!
Descreve uma luta sem tréguas que El-Rei D. João III tem de travar com as
"senhoras donas" monjas do Mosteiro do Lorvão, para chegar a um
importante mapa - que acredita, estar na biblioteca do mosteiro - escrito pelo
navegador Diogo Cão, permite chegar às jazidas de ouro e às pedras preciosas na
África Ocidental.
A informação de Therese Schedel – do mistério que rodeia o roteiro de Diogo Cam, insere:
A informação de Therese Schedel – do mistério que rodeia o roteiro de Diogo Cam, insere:
«…a não existência dum roteiro de Diogo Cam tem sido um mistério
apaixonante».
«...O navegador desapareceu durante a sua segunda viagem»
«...O navegador desapareceu durante a sua segunda viagem»
«...Os tripulantes que regressaram a Portugal contaram que Diogo Cam se
tinha embrenhado terra adentro e nunca mais aparecera».
“Muito possivelmente, talvez tivesse sido devorado por um tigre, quem
sabe “.
“Ora o que decerto não aconteceu foi o capitão levar nesse passeio fatal
o roteiro debaixo do braço”.
“…O
roteiro era um caderno no qual os capitães e pilotos anotavam dados referentes
à navegação, era um diário de bordo. E regressado a Portugal. O que,
aparentemente, não sucedeu. Ou regressou e desapareceu depois de ter
regressado? Eis o mistério”
As viúvas dos homens desaparecidos no mar oceano, recolhiam com frequência aos
mosteiros e conventos existentes em Portugal?! Anotavam os motivos pela opção
da clausura?! Therese, recolheu tais informações em alguma biblioteca de
mosteiro ou convento? Permanece a dúvida.
Falta apenas o que mostra ou confirma a verdade de um facto…
“Diogo Caão jamais regressou a terras de Portugal”. “Ficou por terras da
Namíbia”.
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