Os portugueses que se destacaram na história marítima de Portugal
Pedro
Reinel nasceu cerca de 1462, e deu início à segunda de quatro
épocas ou escolas da cartografia portuguesa, definidas por Armando Cortesão.
Teve a sua oficina em Lisboa e trabalhou para os monarcas D. João II, D. Manuel
I e D. João III, como mestre de agulhas e de cartas de marear.
Pedro Reinel, que teria no seu filho Jorge um continuador da sua obra, marca a transição da cartografia portuguesa do século XV para o XVI.
A sua obra reproduziu os avanços das viagens de descobrimento dos navegadores portugueses e da evolução científica da navegação, abandonando as concepções ptolemaicas do desenho das cartas.
Pedro Reinel é o primeiro cartógrafo português de quem conhecemos a produção cartográfica porque foi o primeiro que assinou os seus trabalhos. A sua carta náutica de cerca de 1485 ainda é do tipo portulano; representando a costa ocidental do continente africano, apresenta já os resultados das viagens de exploração dos navegadores ao serviço de Fernão Gomes (1469 ‑1473) e da primeira viagem de Diogo Caão (1482‑ ‑1484), o que a torna uma referência histórica.
A obra
cartográfica atribuída a Pedro Reinel é constituída por oito cartas: a carta
náutica de c. 1504, assinada por Pedro Reinel, é a primeira carta náutica
onde existe uma escala de latitudes e também a primeira que apresentou uma rosa‑dos‑ventos
com a flor‑de‑lis indicando o Oriente.
Seguiram‑se a carta de c. 1517, duas cartas de c. 1522 e uma carta de c. 1535, todas consideradas anónimas por não estarem assinadas.
O período dos
descobrimentos tinha já acabado e [...] o que agora preocupava o monarca
português, D. João III, não era o envio de expedições em busca de novas terras,
mas encontrar um processo para garantir a posse das que já se conheciam.
Um documento,
datado de 10 de Fevereiro de 1528, refere uma carta de mercê, em que D. João
III concede a Pedro Reinel uma tença de 15 000 reais anuais. Faleceu em 1542,
mas a sua obra foi continuada por seu filho Jorge.
Jorge Reinel
nasceu em Lisboa cerca de 1502, filho do também cartógrafo Pedro Reinel, e foi
um dos mais importantes cartógrafos portugueses. Das suas obras mais conhecidas
destacamos: Oceano Índico (1510), carta actualmente na Biblioteca
Herzog August em Wolfenbüttel; Planisfério (1519), desaparecido
durante a Segunda Guerra Mundial do Arquivo de Munique; Oceano Atlântico (1540),
a única assinada, actualmente na Biblioteca Nacional de Florença. O seu traçado
mostra, com rigor, o conhecimento geográfico da época.
O período dos
descobrimentos tinha já acabado e o conhecimento do litoral dos chamados Novos
Mundos estava suficientemente estudado. O que agora preocupava o monarca
português, D. João III, não era o envio de expedições em busca de novas terras,
mas encontrar um processo para garantir a posse das que já se conheciam.
1485, carta de Pedro
Reinel para a Europa Ocidental e África
Estas
preocupações reflectiram‑se também na cartografia e a carta de 1540 tem
desenhadas pequenas bandeiras para afirmar a soberania de Portugal relativamente
a numerosas parcelas da costa africana e do litoral Nordeste do Brasil.
D. João III
concedeu‑lhe, por carta de mercê de 10 de Fevereiro de 1528, uma tença anual de
10 000 reais. Jorge Reinel aparece também como assistente de Pedro Nunes nos
exames para mestres de cartas de marear, a que se submeteram os cartógrafos
António Martins (1563), Bartolomeu Lasso e Luís Teixeira (1564). Também nos
Livros de Verea‑ ção da Câmara Municipal de Lisboa, existem dois autos de
ajuramentação, datados de 29 de Agosto de 1551 e 29 de Novembro de 1554, em que
surgem Jorge Reinel e Lopo Homem como exemjnadores darte de navegar.
Os Reinéis foram
considerados os melhores cartógrafos do seu tempo, ao ponto de o imperador
Carlos V os querer a trabalhar na sua corte. Em 1524 [...] ofereceram‑lhes,
para esse efeito, uma avultada quantia, [...] mas os dois cartógrafos
mantiveram‑se ao serviço de Portugal.
Em 1519, na
sequência de uma contenda com o padre Pedro Enes, o cartógrafo refugiou‑se
em Espanha, tendo vivido em Sevilha, onde, segundo parece, terá continuado
a trabalhar na sua profissão. Seu pai deslocou‑se àquela cidade para o trazer
de volta a Portugal, mas antes teve de o auxiliar a terminar algumas cartas que
Jorge se tinha comprometido a executar para a expedição de Fernão de Magalhães.
Estes factos são confirmados pela carta, de 18 de Julho de 1519, enviada a D.
Manuel I pelo feitor português em Sevilha, Sebastião Álvares, onde se afirma
que «… a terra de Maluco eu vy asentada na poma e carta que ca fez o filho de
Reynell, a qual nõ era acabada quando caa seu pay veo por ele, e seu pay acabou
tudo e pos estas terras de Maluco e per este padram se fazem todalas cartas…».
Bartolomé
Leonardo de Argensola, citado por Armando Cortesão e Teixeira da Mota, também
se refere ao facto de Magalhães, a fim de obter o apoio de Carlos V
para a sua viagem, ter utilizado “vn Planisferio dibujado por Pedro Reynel“,
no qual as Molucas estariam representadas a leste da linha de demarcação
estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Portugal e Espanha,
portanto dentro do hemisfério espanhol.
Os
Reinéis foram considerados os melhores cartógrafos do seu tempo, ao ponto de o imperador Carlos V os querer a trabalhar na sua corte. Em
1524, durante as negociações da chamada Junta de Badajoz-Elvas, ofereceram‑lhes,
para esse efeito, uma avultada quantia, conforme Diogo Lopes de Sequeira e
António de Azevedo Coutinho informaram D. João III, em carta datada de 9 de
Junho de 1524. Mas os dois cartógrafos mantiveram‑se ao serviço de Portugal.
Jorge Reinel faleceu, com 70 anos de idade, em 1572. A chamada Escola
dos Reinéis, assegurou à família Reinel um lugar importante na cartografia
portuguesa pelo rigor, pela qualidade técnica e pelo valor artístico
das suas cartas.
1517-Terra
Brasilis", parte do Atlas Miller por Pedro e Jorge Reinel, Lopo Homem e
António de Holanda
Lopo Homem foi o cartógrafo a quem, em 1517, o monarca D. Manuel I atribui, por alvará, o privilégio de fazer e reparar todas as agulhas dos navios. Outra pessoa que executasse essa tarefa teria de pagar, a Lopo Homem, vinte cruzados.
Em 1524, D.
João III renovou o alvará de 1517 e nomeou‑o para participar na Junta
de Badajoz‑Elvas, comissão estabelecida pelos monarcas de Portugal e Espanha
para tentar demarcar os limites a oriente do Tratado de Tordesilhas, sobre
cuja posição exacta não havia acordo entre os dois Estados, dando origem à
chamada Questão das Molucas. Este diferendo seria resolvido pelo Tratado
de Saragoça, em 1529.
Em 1531, foi‑lhe
atribuída uma tença vitalícia de 20 000 reais, aumentada, no ano seguinte em
mais 5000. A obra mais antiga que se conhece deste cartógrafo é um planisfério
desenhado em 1519. O mapa encontra‑se rodeado pelos quatro ventos, nos cantos,
e tem uma nomenclatura, em latim, muito escassa; em África estão identificadas
apenas a Líbia, a Etiópia e a Guiné. A América é identificada como Mundus
novus Brazil, e apresenta‑se ligada à Ásia por um continente imaginário
identificado como Mundus Novus.
Diogo Homem
nasceu em 1520 ou 1521 e, ainda muito novo, cometeu um crime de homicídio
[...]. Fugiu para Inglaterra e parece que nunca mais regressou ao Reino.
Além desta,
destacam‑se ainda as seguintes obras de sua autoria:
Terras
Brasilis (1519), mapa integrado no chamado Atlas Miller e atribuído
a Lopo Homem e aos Reinéis. É uma carta manuscrita, sobre pergaminho,
apresentando uma nomenclatura em latim muito detalhada (mais de 146 nomes);
mostra‑nos toda a costa do Brasil, desde o Maranhão até ao Rio da Prata. Este
mapa destaca‑se pelos detalhes do território, menos de vinte anos depois da sua
descoberta.
O Atlas
Miller onde se integra este mapa, também conhecido por Atlas Lopo
Homem-Reinéis, é uma obra constituída por dez cartas ricamente ilustradas
desenhadas cerca de 1519. É um trabalho conjunto dos cartógrafos Lopo
Homem, Pedro Reinel e Jorge Reinel, ilustrado por António de Holanda. Estão
ali representados o oceano Atlântico Norte, a Europa do Norte, o arquipélago
dos Açores, Madagáscar, o oceano Índico, a Insulíndia, o mar da China, as
ilhas Molucas, o Brasil e o mar Mediterrâneo. Terá sido oferecido por D. Manuel
I ao monarca francês Francisco I.
Planisfério (1524).
Carta Marítima (sem
data). Pertenceu ao rei D. Carlos.
Foi pai do
cartógrafo Diogo Homem e faleceu em 1565.
Mapa do Mundo
por Lopo Homem (1554)
Diogo
Homem nasceu em 1520 ou 1521 e, ainda muito novo,
cometeu um crime de homicídio, pelo que foi condenado a uma pena de degredo
numa praça de Marrocos. Fugiu para Inglaterra e parece que
nunca mais regressou ao Reino, apesar dos esforços do seu pai para que lhe
fosse concedido um perdão.
Diogo Homem
foi um cartógrafo de grande qualidade técnica e artística e produtor de
numerosos atlas e cartas‑portulano. O seu portulano, desenhado c. 1566 é,
possivelmente, a sua obra de maior interesse. Existe também um portulano de 7
cartas datado de Veneza, 1572.
A carta de
Diogo Homem, de 1557, é a mais antiga carta portuguesa assinada e datada que se
conhece. Diogo Homem [...] foi, ao que se julga saber, o mais produtivo de
todos os cartógrafos portugueses.
A sua obra
cartográfica foi produzida, maioritariamente, entre 1556 e 1576 e dela se
destaca o chamado Atlas de Diogo Homem, com 29 cartas manuscritas em
pergaminho iluminado. Este magnífico exemplo da cartografia náutica do século
XVI, datado de 1556, é uma das mais brilhantes obras deste cartógrafo. Dele são
conhecidas ainda as seguintes cartas:
América
Meridional (1558), exibe a América do Sul e as Antilhas.
América do Sul
(1558), caracteriza‑se pela grande imprecisão do traçado da região Sul do
Brasil que está muito estendida para leste. Encontram‑se assinalados o mar das
Antilhas, o Peru, a Argentina, a Terra dos Incas e o estreito de Magalhães.
América do Sul
II (1568), é constituída por duas folhas. Tem uma inscrição Mvndnvs, que
significa Mundo Novo, e designa a América do Sul. As outras legendas referem‑se
a Brasilis e Terra Argentea, a primeira com as armas de Portugal e a segunda
com as armas de Castela.
América do Sul
III (1568), apresenta‑nos um escudo e duas bandeiras com as armas de Castela
indicando o domínio espanhol sobre a região ocidental daquele continente. Da
costa do oceano Pacífico apresenta já as posições espanholas situadas entre o
actual México e o Chile, bem como as posições da região dos Andes e da bacia do
Rio da Prata. Está ainda representada a cordilheira dos Andes e o sinuoso rio
Amazonas.
1563 - Carta do Mar Mediterrâneo por Diogo Homem
A carta de Diogo Homem, de 1557, é a mais antiga carta portuguesa assinada e datada que se conhece. Diogo Homem faleceu em 1576 e foi, ao que se julga saber, o mais produtivo de todos os cartógrafos portugueses ou, pelo menos, aquele de quem se conhecem maior número de trabalhos.
André
Homem foi outro cartógrafo português de cuja vida
pouco se sabe. Pensa‑se que poderá ser irmão (ou primo) de Diogo Homem. Sabe‑se
que esteve em Paris em 1565 e em Londres dois anos depois.
A “Universa ac
Navigabilis Terrarum Orbis Descriptio“, confeccionada sobre pergaminho, em
1559, para o soberano de França, é a sua obra mais conhecida. Uma carta deste
cartógrafo, datada de 28 de Fevereiro de 1565, e endereçada ao embaixador de
Portugal em Paris, continha um planisfério que foi muitas vezes citado nas
discussões sobre limites entre o Brasil e a Guiana Francesa para favorecer as
posições francesas.
Esta família
de cartógrafos portugueses iniciou‑se com Pero Fernandes e continuou
com Luís Teixeira, a que se seguiram os seus filhos, João Teixeira
Albernaz (I) e Pedro Teixeira Albernaz. Além de Estêvão Teixeira, integra
também esta família João Teixeira Albernaz (II), neto do seu homónimo. A
actividade desta família exerceu‑se de meados do século XVI até ao final
do século XVII.
Pero Fernandes
terá nascido na primeira metade do século XVI e foi nomeado mestre de fazer
cartas de marear, em 23 de Maio de 1558. Apenas se conhecem duas obras suas:
Pertenceram ao
espólio da Sächsische Landesbibliothek de Dresden e foram destruídas durante os
bombardeamentos dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.
Pero
Fernandes teve três filhos: Domingos Teixeira, Luís Teixeira e Marcos
Fernandes, todos cartógrafos. Domingos
Teixeira exerceu a sua actividade na segunda metade do século XVI. Teve um
filho, Pero Lemos, também cartógrafo.
[Luís
Teixeira] fundou, na segunda metade do século XVI, uma nova escola de
cartografia. [...] As suas qualidades proporcionaram‑lhe grande fama no Norte
da Europa, onde foram publicadas e vendidas muitas cartas de sua autoria.
Pouco sabemos
da sua actividade, mas o Livro de Lançamentos da Câmara de Lisboa refere‑se a
um Domingos Teixeira que, em 1565, fazia cartas de marear. A relação da
viagem da nau São Pantaleão, em 1595, refere que as cartas que existiam a bordo
tinham sido desenhadas pelos irmãos Luís e Domingos Teixeira, o que nos leva a
concluir que os dois irmãos trabalhariam juntos.
São
conhecidas, apenas, duas cartas da sua autoria: A Carta Atlântica, sem
data, da Biblioteca de Bodlein, em Oxford; O Planisfério de 1573, da
Biblioteca Nacional de França, em Paris.
Luís
Teixeira é o mais ilustre representante desta família, pois os seus trabalhos apresentam, além de uma qualidade superior e
pormenores excepcionais, um estilo muito próprio. Ao nível internacional,
colaborou com Abraham Ortelius no Theatrum Orbis Terrarum. Considera‑se
que este cartógrafo fundou, na segunda metade do século XVI, uma nova
escola de cartografia. Foi pai de João Teixeira Albernaz e Pedro
Teixeira Albernaz, também cartógrafos.
A sua carta de
ofício foi passada a 18 de Outubro de 1564, permitindo‑lhe desenhar cartas de
marear, construir instrumentos náuticos e fazer regimentos de altura e
declinação do Sol.
As suas qualidades proporcionaram‑lhe grande fama no Norte da Europa, onde foram publicadas e vendidas muitas cartas de sua autoria. Em 1569, foi nomeado para fornecer, aos navios da Coroa, todas as cartas e instrumentos náuticos que fossem necessários.
São conhecidos
15 mapas de sua autoria, que não correspondem, de modo nenhum, à totalidade dos
seus trabalhos; foi pioneiro na cartografia das ilhas dos Açores.
Enumeram‑se alguns
dos seus mais importantes trabalhos: Roteiro de todos os sinais,
conhecimentos, fundos, baixos, alturas, e derrotas que há na costa do Brasil
desde o cabo de Santo Agostinho até ao estreito de Fernão de Magalhães,
elaborado entre 1573 e 1578, e actualmente na Biblioteca do Palácio da Ajuda,
em Lisboa; Fragmento de Planisfério, c. 1586, que se encontra no Museu de
Marinha de Lisboa; Carta do Japão, publicada em 1595.
Domingos
Teixeira manteve intensos contactos com cartógrafos holandeses,
como Jodocus Hondius e Abraham Ortelius, com quem contactou desde 1582.
Numa carta
datada de 2 de Fevereiro de 1592, Teixeira enviou a Ortelius duas peças com as
descrições da China e Japão, cujas fontes foram possivelmente os trabalhos dos
jesuítas. Apareceram na Holanda várias gravuras com cartas de sua autoria. Uma
delas foi a carta da Guiné, de 1602, que apresenta, como originalidade, a
representação do interior da Senegâmbia e da Costa do Ouro.
Marcos
Fernandes, filho de Pero Fernandes, teve carta de ofício datada de 1592.
João Teixeira
Albernaz conhecido também como João Teixeira Albernaz I ou João
Teixeira Albernaz, o Velho, para o distinguir do seu neto e homónimo, é um dos
cartógrafos de quem se conhecem mais obras publicadas.
Nasceu em
Lisboa no último quartel do século XVI, filho do cartógrafo Luís Teixeira, e
faleceu cerca de 1662. São conhecidos 19 atlas da sua autoria, totalizando 215
cartas. Apresenta nos seus trabalhos uma variedade enorme de temas, de que se
destacam as explorações marítimas, terrestres e fluviais do Brasil.
Terá aprendido
a arte da cartografia com seu pai Luís Teixeira e iniciado os seus trabalhos já
no século XVII. Recebeu Carta de Ofício de mestre em fazer cartas de
marear, astrolábios, agulhas e balestilhas, a 29 de Outubro de 1602, sendo seu
examinador o cosmógrafo‑mor do Reino João Baptista Lavanha. Em 1605, foi
nomeado cartógrafo do Armazém da Guiné e Índia (também chamada Casa
da Mina e Índia), onde trabalharia até ao final da sua vida.
No Arquivo das
Índias, em Sevilha, existem documentos que comprovam a sua presença em Madrid,
juntamente com o seu irmão Pedro, e a execução de cartas náuticas representando
o estreito de São Vicente e o estreito de Magalhães. Numa relação da viagem dos
irmãos Bartolomeu e Gonçalo Nodal à América austral, consta uma carta de Pedro
desenhada com a colaboração de João.
Em 1622, o
cartógrafo apresentou uma petição para ser provido no lugar de cosmógrafo‑mor,
mas foi preterido a favor de Valentim de Sá, com quem, no ano seguinte, viria a
colaborar como membro do júri que passou a Carta de Ofício a João Baptista de
Serga.
A obra
de João Teixeira Albernaz é de grande interesse pela sua amplitude, variedade e
pelo assentamento das explorações portuguesas nomeadamente no Brasil. A obra está reunida em 19 atlas, um conjunto de quatro cartas, duas
cartas isoladas e uma outra incluída num atlas de origem diferente. Existem
ainda oito cópias de dois dos seus 19 atlas, num total de 215 cartas, e mais
duas cartas gravadas.
Pedro Teixeira
Albernaz (c. 1595‑1662) nasceu em Lisboa, tendo desenvolvido a sua
actividade maioritariamente em Espanha, para onde partiu em 1619, com seu irmão
João, a fim de cartografarem os locais que constavam da relação de viagem dos
irmãos Nodal.
João Teixeira
Albernaz II é neto de Albernaz I. [...]. Uma das suas cartas foi usada na
Conferência de Badajoz [...] afirmando os seus membros que João Teixeira
Albernaz II era conhecido em toda a Europa.
João Teixeira
Albernaz regressou a Portugal, como já vimos, e Pedro permaneceu em Madrid,
onde viria a falecer em 16629. A sua produção cartográfica que chegou até à
actualidade é muito escassa, mas sabe‑se que terão desaparecido numerosas
cartas deste cartógrafo.
Dedicou‑se
especialmente a executar levantamentos topográficos, julga‑se que por influência
de João Baptista Lavanha (1555‑1624), cosmógrafo‑mor e professor de Matemática
de D. Sebastião e do príncipe e futuro rei de Espanha D. Filipe IV.
Das cartas
desaparecidas, referiremos uma que continha a representação do delta do rio
Amazonas e outra, em várias folhas, com a descrição das costas de Espanha;
desta existem várias cópias da sua descrição, mas sem as cartas. Em 1623 fez
parte, como seu irmão João, do júri de exame a João Baptista de Serga.
João Teixeira Albernaz II foi um cartógrafo português do século XVII, neto e sucessor do outro cartógrafo com o mesmo nome. Pouco ou nada se sabe da vida deste cartógrafo e, por vezes, os seus dados são confundidos com os do seu avô.
É bastante
vasta a sua produção cartográfica, sendo o cartógrafo de que chegaram
maior número de cartas até à actualidade. Para além das cartas isoladas,
vários Atlas são da sua autoria. Os três Atlas do Brasil que lhe são atribuídos
são muito semelhantes, abrindo com uma carta geral, a que se seguem depois as
particulares, e utilizam, genericamente, o padrão desenhado por seu avô,
João Teixeira Albernaz I.
Pedro e Jorge Reinel (at.1504-60) Dois cartógrafos negros na corte de D. Manuel de Portugal (1495-1521)
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