sábado, 21 de janeiro de 2012

"Austrália descoberta por quem ? "


"Austrália descoberta por quem ? "

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A descoberta em Darwin de um canhão de bronze do séc. XVI, de indiscutível manufactura portuguesa, indica que chegámos à Austrália muito antes dos holandeses, os descobridores oficiais.
Um rapaz de onze anos passeava numa praia da região de Darwin, no Norte da Austrália, quando tropeçou num objecto metálico que despontava da lama, na maré baixa. Intrigado, chamou o pai - e ambos recolheram o estranho artefacto de forma tubular.

anos e muitas pesquisas científicas depois, sabe-se que o achado é um pequeno canhão pedreiro de bronze, com cerca de dois metros de comprimento, fabricado em Portugal no século XVI e usado nas naus lusitanas da época como arma anti-pessoal.
O achado põe em causa todas as teorias oficiais sobre a descoberta da Austrália, atribuída ao navegador holandês Willen Jansz, que ali chegou já no séc. XVII, em 1606, com o seu navio Duyfken.
1547 mapa original costa Leste e Norte da Austrália

Na verdade, os descobridores portugueses navegavam por aqueles mares desde o início do séc. XVI, tendo ocupado Timor logo em 1515.Mas não existia, até agora, evidência de que tivessem então alcançado a Austrália, 700 quilómetros mais a Sul.
Os especialistas estão agora a estudar em pormenor o achado de Dundee Beach, situada a cerca de duas horas de Darwin, mas dificilmente a Holanda admitirá sem luta que a glória da descoberta não lhe pertence.
1547 mapa original costa Sul da Austrália

Na Imprensa flamenga insinua-se já que o canhão de bronze poderia ter sido "arrastado pelas correntes" - uma tese difícil de aceitar no caso de um objecto tão pesado, embora de pequenas dimensões. Entre os académicos australianos, o indício de que naus portuguesas poderão ter chegado ao Norte da Austrália ainda no séc. XVI é aceite como plausível.
1547  mapa original costa Leste e Norte da Austrália posição invertida

1547 mapa original costa Leste e Norte da Austrália posição correcta

O facto de cartas de marear europeias do início desse séc. já mencionarem o território australiano tem sido admitido nos meios científicos como indício de que os portugueses tiveram um contacto pioneiro com o território, pois as fontes da cartografia do período eram geralmente navegadores lusitanos.
Contudo, faltava ainda uma primeira prova material, que parece ter finalmente vindo à superfície na praia de Dundee.

DESCOBERTA DA AUSTRÁLIA

Luís Arriaga   

Os Portugueses foram os primeiros ocidentais a chegar à Austrália!

A suspeita existia há muito e eu próprio já procurara nos Arquivos da Armada Portuguesa provas ou indícios de que os Portugueses haviam sido os primeiros ocidentais a chegar à Austrália.
De facto, há dias chegou-me por mail, uma notícia proveniente da credível Agência Reuters dando conta da comprovação feita nos Estados Unidos da América, pelo professor australiano Peter Trickett, ao investigar numa biblioteca americana de Los Angeles, dados sobre Camberra, e de ter encontrado, por mero acaso, as provas há muito procuradas.
Com efeito, os primeiros navegadores ocidentais a fazer o “achamento” (era essa a expressão que antigamente se usava) da imensa costa australiana – primeiro a Norte e depois a Leste, foram os marinheiros da frota de um tal Mendonça, ao serviço da coroa portuguesa, tendo cerca de 1520 a 1522 chegado ao Botany Bay (hoje a zona onde se situa o aeroporto de Sydney), isto é, cerca de 250 anos antes do inglês James Cook, o almirante da versão oficial.
Os factos baseiam-se em Portulanos (nome que era dado aos mapas e cartas de marear) desenhados por copistas franceses (normalmente nos séculos XV e XVI os copistas eram todos franceses, alemães ou italianos), e que continham desenhos perfeitíssimos da costa leste da Austrália.
Nesse tempo, o navegador português Cristóvão de Mendonça, sediado em Malaca ( a leste de Ceilão, hoje Sri Lanka), procurava em segredo, com a sua frota de quatro navios, encontrar a lendária Ilha do Ouro, descrita por Marco Polo como situando-se a Sul de Java.
Curiosamente, estas terras longínquas do Sul foram primeiro designadas como Terra Java.
Nos referidos Portulanos constam também elementos que fazem crer que, na ocasião, estes navegadores lusitanos tenham visitado a Kangaroo Island e no regresso  a Malaca, tenham decidido voltar pela ilha Norte da Nova Zelândia.
Estas ideias são ainda reforçadas pela descoberta de utensílios e artefactos portugueses de então, (século XVI), nas costas da Austrália e Nova Zelândia.
Para Além do Capricórnio” é o nome do livro de que se terá socorrido o Professor Peter Trickett para fundamentar as suas recentíssimas investigações, que só vêm afinal comprovar as suspeitas existentes sobre a autoria do achamento destas terras do Sul – significado etimológico da expressão Austrália.
Os portugueses não terão divulgado na ocasião tal descobrimento para não arranjarem conflitos com a coroa castelhana, devido aos acordos firmados no âmbito do Tratado de Tordesilhas.
Também a pujança colonizadora dos lusitanos era manifestamente parca, uma vez que as caravelas, depois de largarem gente e bagagens em Cabo-Verde, Guiné, Angola, Moçambique, Índia, Macau e Timor, já praticamente nada, nem ninguém sobrava para colonizar a Terra Java!
Terá sido um esforço notável, próprio de gente de uma dimensão extraordinária, aquele que ainda hoje, quinhentos anos depois, nos envaidece e justifica, que com orgulho pátrio divulguemos que os primeiros ocidentais a arribarem a estas terras foram os nossos ascendentes!
Luis Arriaga (em Sydney) 


" Austrália descoberta pelos Portugueses"
Por J. Chrys Chrystello

Desconhecida para a maioria das pessoas é a história deste país, que nas últimas décadas sofreu várias alterações conceptuais. É agora aceite, pela maioria dos historiadores, que os primeiros europeus a navegarem e a traçarem cartograficamente a costa australiana não foram, ao contrário do que tem sido ensinado ao longo dos 200 anos da nação, o capitão Cook e seus correligionários, mas marinheiros portugueses que o fizeram mais de 250 anos antes daqueles.
A teoria de os portugueses terem sido os primeiros, não é de agora nem sequer é nova. Com efeito, celebrou-se em 1984 o centésimo aniversário de tal teoria, defendida então pelo historiador George Collingridge, o qual, infelizmente, jamais a conseguiu provar.
Depois dele, vários outros tentaram sem sucesso demonstrar a viabilidade de tal interpretação, jamais se quedando para além da especulação.

Em 1977, um advogado, Kenneth Gordon McIntyre, publicou um livro intitulado "A Descoberta Secreta da Austrália" que veio alterar totalmente este estado de coisas, passando a partir daí, a ser o ónus dos cépticos de desmentirem as suas alegações.
Embora McIntyre (ver Anexo VIII) não seja um historiador na acepção académica do termo, certo é que os seus estudos passaram a ser aceites pela maioria dos académicos de todo o mundo. E, embora o autor confesse que tal publicação, umas décadas antes, era impensável, nem teria qualquer probabilidade de ser tomada em consideração, devido à questão de honra que constituía para qualquer historiador britânico assumir a descoberta da Austrália como inegavelmente devida a Cook, certo é que esse xenofobismo se esfumou desde os tempos de Collingridge.
Para um dedicado estudante de Cook, conselheiro da Real Sociedade Australiana de História, também o problema da religião influiu na refutação das teorias de Collingridge.
Como católico era visto como oponente das correntes maioritárias protestantes a que o próprio Cook pertencera.
Torre portuguesa de Eden - Nova Gales do Sul - Austrália 

A versão de McIntyre tem consideráveis implicações na história europeia da Austrália, colocando toda a temática da primeira colonização numa perspectiva e diferente escala temporal.
Significa que os portugueses atingiram Botany Bay e Sydney Heads (pontos costeiros da actual Sidney) cerca de 1524, ou seja, 40 anos antes do nascimento de Shakespeare e sete anos antes das teorias de Martinho Lutero terem atingido a luz do dia.!!!
Tal versão dá-nos também uma diferente leitura da viagem de Cook, mais próxima dos tempos actuais do que da inicial viagem dos marinheiros portugueses.
O interesse de McIntyre por Portugal deve-se a fortuito acontecimento associado à sua posição de Leitor de Literatura Inglesa na Universidade de Melbourne, quando tomando conhecimento da obra de Elizabeth Barrett Browning "Sonetos Portugueses", um imenso interesse o despertou para a língua e história portuguesas.
Assim, em 1966, realiza a sua primeira viagem a Timor Português, que então celebrava o seu 450º aniversário de colonização lusa.

Duas coisas o impressionaram sobremodo nessa visita: primeiro, a distância relativamente curta a que Timor se encontra da Austrália (416 km por mar ou ½ hora de viagem aérea), segundo, que uma potência marítima como Portugal tivesse uma colónia tão perto do continente australiano, 254 anos antes da chegada de Cook.
Poderia, então, ser possível que os experientes marinheiros portugueses, capazes de saberem lidar com todos os segredos das velas e dos barcos, que lhes permitira chegar a Timor em 1516, durante séculos nunca tivessem chegado à vasta massa continental da Austrália? (ver Anexo V)
Não havia dúvidas de que a história da exploração necessitava de ser reexaminada.
Assim, sem querer, estava a aproximar-se da tese de Collingridge datada de 1880. Tal como o seu antepassado, McIntyre descobriu que um antigo mapa (ver Anexo II) provava não apenas que os portugueses tinham atingido a Austrália, mas que haviam traçado 2/3 da sua costa.
A sua interpretação do referido mapa provaria ser, no entanto, irrefutável, ao contrário dos esforços do seu compatriota.
O mapa em questão, denominado o mapa Delfim (ver Anexo VII) por ter sido elaborado para o delfim do trono francês, data de 1536, e é o mais antigo de todos os mapas da antiga escola (e maior centro cartográfico da época) de Dieppe.
É um mapa do mundo, tal como era conhecido na época, que incluía já as ilhas do arquipélago indonésio e uma vasta massa continental, que se estendia a sul da Indonésia e a que se chamava, então, Java a Grande (Jave la Grande).
Este era aliás, o nome que lhe havia sido dado antes por Marco Pólo, designando uma vasta área de terra que se sabia existir na região.
Ruinas de Bittangabee Bay - Ben Boyd National Park -

Java, a Grande, tal como aparece no mapa em questão, tem uma vaga semelhança com a forma da Austrália actual e encontra-se a cerca de 1 500 km a oeste da real posição do continente.
O mapa mostra, assim, uma distorção da verdadeira imagem do continente, devida ao facto de os portugueses da época não saberem calcular, com exactidão, a curvatura do globo e os desvios provocados pelo campo magnético terrestre. (ver Anexo I)
McIntyre não foi o primeiro a descobrir este facto, mas os outros haviam-no feito sem qualquer credibilidade, enquanto ele resolveu dedicar-se a estudar com precisão o método cartográfico português utilizado há mais de 450 anos, servindo-se de um tratado da autoria do célebre matemático Pedro Nunes.
Assim, habilitado com os erros da técnica utilizada, à data, pelos portugueses, foi capaz de estabelecer os desvios existentes e, eliminá-los.
Para isto, serviu-se de elaborados cálculos matemáticos capazes de desafiar qualquer outra possível explicação. Os resultados eram, de facto, surpreendentes.
Depois de corrigidos os desvios, provenientes dos cálculos dos cartógrafos portugueses, o mapa Delfim (Ver Anexo XI) aparecia com uma imagem, deveras detalhada, e perfeita da costa australiana, a norte, leste e oeste.
Até a larga península triangular na extremidade sudeste se encaixa perfeitamente na versão reconstruída do mapa, devendo-se isto ao efeito de preparar mapas bidimensionais, através de cortes ou segmentos do globo terrestre, os quais eram posicionados ao lado uns dos outros para se obter o efeito final, deste modo, exagerando o Cabo Howe e as suas dimensões (ver mapas reproduzidos nos Anexo I).
O mapa português da Austrália, conhecido por "Terra de Java"pertencente à Biblioteca de Huntington, San Marino, Califórnia, EUA. Este mapa descreve com precisão e em português vários locais ao longo da costa Este australiana. A exacta disposição deste mapa só recentemente foi realizada por Peter Trickett.

A versão de McIntyre para os mapas de Dieppe, baseada nos originais ali arquivados, pareceu-lhe prova suficiente de que os portugueses haviam, de facto, traçado uma larga parte da costa australiana, antes de 1536, data do mapa Delfim (ver Anexo VII).
A partir daqui, começou a tentar, porém, descobrir quem teria sido o marinheiro português capaz de tal feito.
Neste campo hipotético, tudo parece apontar, como responsável único, para Cristóvão de Mendonça, capitão da Marinha Portuguesa, que partiu de Malaca, em 1521, com três naus, em busca das ilhas do Ouro, então, supostamente localizadas a sul das Índias Orientais.
O mapa Delfim comprova que Mendonça (ou outro) passou pelo Estreito de Torres, virando a sul na zona do Cabo Iorque e percorreu parte da costa oriental.
Dentre os locais possíveis de identificar naquele mapa aparecem o Cabo Melville, a Grande Barreira de Corais, o porto de Cooktown, a ilha Fraser e a baía de Botany.
Depois de dobrar o Cabo Howe, e dirigindo-se para ocidente, Mendonça terá acompanhado o que é hoje a costa do estado de Vitória, até ao Cabo Ottway e à Baía de Phillip, quedando-se em Warrnambool, a partir de onde terá decidido não prosseguir mais além
1547 mapa original costa Leste e Norte da Austrália posição invertida

Existe aqui uma intrigante coincidência, pois é neste ponto onde Mendonça decidiu regressar, que mais tarde haveria de aparecer o célebre e misterioso "Mahogany Ship" (Nau de Mogno, ou madeira de caju ver Anexo IX)), do qual existem cerca de 27 relatos diferentes, entre 1836 e 1880, e que depois desta data, parece ter desaparecido, de vez, das dunas de Warrnambool.
De acordo com as descrições existentes tratava-se de um barco extremamente antigo e com um estilo de construção semelhante ao das caravelas portuguesas da época quinhentista.
A tratar-se de uma das naus de Mendonça, poderia estar assim explicada a razão pela qual ele não prosseguiu na sua exploração da costa australiana em 1524.
A lista dos historiadores que, finalmente, se decidiram a aceitar a teoria de que os portugueses descobriram a Austrália (antes de outros europeus) vem a aumentar desde que, em 1977, McIntyre publicou o seu livro.
O Prof. Geoffrey Blainey (célebre historiador) admite-o no seu livro "A Land Half Won" ("Uma Terra Meia Conquistada"). T. M. Perry, leitor de geografia da Universidade de Melbourne, no seu livro "A Descoberta da Austrália", e o Prof. Russel Ward, na sua obra "A Austrália Desde a Chegada do Homem (Australia since the coming of man) " admitem igualmente esta "descoberta" da Austrália, aceitando a tese de que a descoberta da Austrália pelos portugueses, antes de 1536, foi, "uma possibilidade, uma probabilidade, uma verdade conclusiva".
Na prática, porém, o Capitão James Cook continua ainda a ser tema da descoberta da Austrália em muitos livros escolares.

Não há dúvida de que uma teoria tão radical como a de McIntyre vai demorar mais de uma geração a impor-se à burocracia educacional.
Curiosamente porém, foi o estado de Vitória, de onde é natural e onde trabalhou sempre McIntyre, o primeiro a incorporar tal teoria nos livros de história oficialmente utilizados. (ver mapas 1-4 Anexo 1). Quando os portugueses aqui estiveram (Austrália) na primeira metade do século XVI, os aborígenes viviam contentes e nalgumas regiões do país haviam-se habituado a mercadejar com estrangeiros.
Há provas evidentes disso com os pescadores e mercadores de Macassar, na altura uma possessão dominada pelos Portugueses, na qual havia sido adoptado um dialecto crioulo derivado do Português.
O próprio Capitão Cook regista na passagem por Savu com a data de 19 de Setembro de 1770, ter-se servido de Manuel Pereira, o português embarcado na "Endeavour" no Rio de Janeiro para se entender com os locais.
A presença de aborígenes brancos está assinalada, assim como a presença de mestiços aborígenes com traços timorenses ou malaios, nas costas ocidental e norte da Austrália.
Para a presença dos portugueses como a História pela mão de Kenneth McIntyre parece provar, curioso será recordar uma "descoberta" em 1967: uma construção em Bittaganbee (ver Anexo III), perto de Eden, na costa sul de Nova Gales do Sul.
ruínas de Bittangabee Bay - Ben Boyd National Park -

As ruínas ainda hoje existentes atestam a presença de uma casa de pedra, com uma plataforma de 30 por 30 metros, rodeada por largos pedaços de rocha irregularmente cortadas, que em tempos serviram de paredes a tal construção, com existência de alicerces. A construção, sem tecto, é feita de pedra local, e pedaços de conchas marinhas servindo de estuque. (McIntyre interroga-se "Seria isto o quartel general de Inverno de Mendonça?"
Dentre as possibilidades de analisar essa construção, uma é a do enorme esforço e trabalho que a mesma terá envolvido para transportar, trabalhar e erigir a mesma, em especial dado o tamanho de algumas daquelas pedras.
Esse tipo de construção só pode ter sido efectuado por uma tripulação completa de um navio da época, não podendo ser obra de um pequeno grupo de degredados ingleses ou pessoas isoladas.
O primitivismo da construção, semelhante a uma fortificação, é único na Austrália, e decerto antecede em séculos a formação da vila que só foi fundada em 1842 com materiais e fundos londrinos.
Mas, curiosamente se aquela construção aqui está fora de lugar, esta construção é semelhante a outra descoberta nas Novas Hébridas, também em 1967: a célebre "Nova Jerusalém" criada em 1606 por Pedro Fernandes Queirós, que juntamente com Luís Vaz de Torres eram portugueses, ao comando de naus espanholas navegou por estas paragens austrais.
Um outro facto perturbador é o de existir uma data inscrita numa das pedras que 15(?)4, embora o terceiro dígito não pareça um 2, o que a localizaria na época de Mendonça. Cristóvão de Mendonça teve uma presença marcante nestas costas australianas e neozelandesas que importa desvendar.
Uma das suas caravelas perdeu-se nas dunas de Warrnambool na Austrália do Sul, a segunda, provavelmente na costa neozelandesa, mas decerto a terceira conseguiu regressar a Malaca, Goa e Lisboa.
Faria e Sousa regista que Mendonça efectuou uns anos mais tarde nova viagem a Goa, antes de ser nomeado Governador de Ormuz, quiçá por serviços prestados na descoberta da Austrália.
Em 1817, quando o governo da coroa britânica se mostrou interessado na Nova Zelândia, que em breve se tornaria sua colónia, o almirantado em Londres estudou os mapas ingleses da época comparando-os com a versão de La Rochette (1807).
 Neles existe uma anotação dessa data (1817) afirmando que embora a Nova Zelândia tenha sido descoberta por Abel Tasman em 1642, a sua costa era conhecida dos portugueses desde 1550.
Este documento ainda hoje existe nos Reais arquivos públicos de Londres. No Museu de Wellington (Nova Zelândia) existe um sino de bronze (ver Anexo IV), descoberto pelo Bispo William Colenso em 1836 e o qual estava na posse dos Maoris (aborígenes locais) que declararam tê-lo há muitas gerações.
No sino existe uma inscrição em Tamil (língua indiana, o idioma da Goa de então, que era a capital oriental do Império Português.
Idênticos sinos foram descobertos em Java datados do início do século XVI e todos os barcos portugueses da época transportavam consigo goeses e outros indianos, os "Lascaria" como ajudantes da tripulação.

Relativamente a este assunto, outro semelhante tem surgido nalgumas páginas da imprensa local (australiana), ou seja, o estudo da presumível descoberta da Nova Zelândia pelos portugueses, face a recentes descobertas ali efectuadas de restos de naus quinhentistas e utensílios tipicamente portugueses.
Na altura (1984), o Consulado Geral de Portugal em Sydney recebeu pedidos de colaboração para o estudo em causa, por parte de historiadores neozelandeses.
Será que algo foi feito? Mais de vinte anos mais tarde sabemos que nada se concretizou.
Terão de ser sempre os estrangeiros a dizerem-nos o que descobrimos, como e quando?
Haverá, em Portugal, alguém interessado em ajudar a desvendar este e outros factos gloriosos da epopeia lusa?
ruínas de Bittangabee Bay - Ben Boyd National Park -

O interesse existe neste continente australiano para se estabelecer a verdade histórica dos factos: será que os homens de hoje têm a vontade e capacidade de reporem Portugal no lugar a que tem direito, como país pequeno que deu novos mundos ao mundo, tal como aprendi nas cábulas de ensino oficial anteriores ao 25 de Abril?
Ou será, que na pressa de escrevermos a história presente olvidaremos os grandes homens do passado, a quem devemos hoje esta cultura miscigenada que nos distingue?
A resposta, a quem competir responder. Chegamos aqui primeiro e aqui estou eu a repetir um trajecto de antanho, projectando uma imagem do país que fomos e que gostaríamos de voltar a ser.
Quando nos aproximamos dos 500 anos passados, quem chegou primeiro a estas plagas?
Depois dos aborígenes, tudo parece confirmar que foram os portugueses os primeiros europeus.
Quando, como, e em que condições? Para quando a verdadeira história dos descobrimentos, agora que a celebração dos seus 500 anos já passou à história?........
Recordemos que até 1832 a Inglaterra não reconheceu como suas as possessões da Austrália Ocidental aguardando que Portugal as reclamasse.
Quem sabe se hoje não teríamos metade deste enorme continente a falar Português? Decerto que muitos dos cerca de um milhão de aborígenes poderiam não ter sido exterminados como foram e a Austrália poderia ser mais multirracial do que é.
Este era o tema do tal documentário ficcionado que apresentei à televisão SBS., e à ABC.
Ambas as teses aqui delineadas hoje deviam constar dos programas curriculares portugueses como já constam de muitos dos programas australianos.

"Dês que passar a via mais que meia
Que ao Antárctico Pólo vai da Linha,
Duma estatura quási giganteia
Homens verá, da terra ali vizinha;
E mais àvante o Estreito que se arreia
Co’o nome dêle agora, o qual caminha
Para outro mar e terra que fica onde,
Com suas frias asas, o Austro a esconde".

In Luís Vaz de Camões. Canto X, 141, Lusíadas 1572

Mapa Português que foi trocado.
Em 2007 Peter Trickett publica "Beyond Capricorn", onde revela mais um dado sobre a descoberta da Austrália.
Ao estudar uma colecção mapas dos século XVI, o célebre Atlas de Vallard feitos a partir de 15 mapas roubados em Portugal, descobriu que um deles representa a costa Este da Austrália.
Os ladrões (franceses) desconhecendo a configuração precisa da Austrália trocaram a ordem dos mapas lançando desta forma a confusão nos historiadores
O descobridor da Austrália foi Cristóvão de Mendonça que vindo de Malaca (actual Malásia) chegou à Baia da Neve (actual Botany Bay) com uma frota de quatro navios em 1522, quase 250 anos antes do capitão inglês James Cook (o achamento oficial deu-se entre 1768 e 1771).
Terão os portugueses informado os ingleses da existência da Austrália no século XVIII ? Recorde-se que a Inglaterra era aliada de Portugal, tendo desde o século XVII lhes sido dadas várias possessões ultramarinas portuguesas como a cidade de Bombaim na India.

Portugueses e Aborígenes .
Os portugueses chegaram à Austrália na primeira metade do século XVI, tendo estabelecido relações com os aborígenes. Estes terão igualmente estabelecido  relações com possessões portuguesas da região. Foi talvez por esta razão que o Capitão Cook regista na passagem por Savu, a data de 19 de Setembro de 1770, ter-se servido de Manuel Pereira, o português embarcado na ‘Endeavour’ no Rio de Janeiro para se entender com os locais.

Achados arqueológicos.
Fortificação. Kenneth McIntyre, em 1967, descobriu uma primitiva fortificação (? ), em Bittaganbee, perto de Eden, na costa sul de Nova Gales do Sul que teria sido feita no século XVI, pelos portugueses.

Navio.
Em Abril de 2004 foi descoberto um navio português, afundado em 1816, ao largo da da costa norte da Austrália Ocidental. Este navio assegurava a ligação entre Lisboa e Macau, demonstrando aquilo que já se sabia: as costas da austrália eram percorridas por navios portugueses.

Século XX.
No século XX Portugal e a Austrália cruzaram-se na cena política internacional, em dois momentos decisivos:
Primeiro foi durante a IIª. Guerra Mundial (1939-1945) quando os japoneses invadiram Timor. Esta território português desempenhou uma heróica acção contra progressão das tropas japoneses na região.

Depois foi quando os australianos decidiram, em 1975, apoiar a invasão e anexação de Timor pela Indonésia, recebendo em troca concessões na exploração do petróleo nos mares desta antiga colónia portuguesa. A Austrália só reviu a sua posição depois de 1999, quando a comunidade internacional e a própria Indonésia aceitarem o princípio da auto- determinação do povo timorense.
Ambas as teses aqui delineadas hoje deviam constar dos programas curriculares portugueses como já constam de muitos dos programas australianos.

Austrália o verdadeiro descobridor !

 
por:  José Manuel Azevedo e Silva da Universidade de Coimbra
fonte:http://marinhadeguerraportuguesa.blogspot.pt/2014/04/a-rota-da-india.html
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O verdadeiro descobridor da Austrália Diogo Pacheco, capitão-mor da primeira Expedição Portuguesa à Austrália, em 1519
A questão da descoberta da Austrália pelos europeus está envolta em poucas certezas e em muitas dúvidas, conjecturas, enigmas e mistérios. Mas há uma certeza de que ninguém hoje ousa duvidar (a não ser alguns espíritos pirrónicos):
A Austrália foi descoberta pelos portugueses.

Esta tese tem vindo a ganhar corpo e a robustecer-se, desde a segunda metade do século XIX, a partir dos estudos do Visconde de Santarém e do historiador inglês Henry Major  seguido de outros a que adiante aludiremos, culminando agora com o interessante e importante livro do jornalista australiano Peter Trickett.
A conquista de Malaca, em meados de Agosto de 1511, por Afonso de Albuquerque, e a imediata construção da sua fortaleza, constituiu a implantação de uma importante base portuguesa de apoio à penetração no Extremo Oriente e de descobrimento dos largos mares, com a sua imensidão de ilhas, que se estendem para Leste.
Do mesmo modo que do Tejo partia anualmente para o Oriente a chamada Armada da Índia, do porto de Malaca passaram a sair, igualmente em cada ano, expedições com o objectivo de desbravar os mares da China, do Japão, das Molucas, e do duplo cordão de ilhas que, como se viria depois a saber, ligavam naturalmente Malaca à Nova Guiné, à Austrália e à Nova Zelândia.
O primeiro cordão insular, mais a Norte, formado essencialmente pelas ilhas de BornéuCelebesMolucasBuruCeram até à Nova Guiné; o segundo, sensivelmente paralelo ao anterior e mais a Sul, constituído pelas alongadas ilhas de Samatra e de Java, continuadas por Bali, Lombok, Sumbava, Sumba, Flores, Timor, apontando naturalmente para a Austrália e para a Nova Zelândia.
Claro que tais expedições não tinham apenas o descobrimento como objectivo, visavam também o comércio e a recolha de informações.
Vejamos cada uma dessas expedições, ou melhor, aquelas que deixaram algum rasto nos trilhos da História.
Após a tomada da cidade de Malaca e da construção da sólida fortaleza, Afonso de Albuquerque regressou a Goa, em Dezembro de 1511.
Antes, porém, Albuquerque nomeou como capitão-mor de uma expedição de três navios o fidalgo madeirense (natural da Calheta) António de Abreu: na nau capitânia de Abreu, a Santa Catarina, seguia o piloto Luís BotimFrancisco Serrão capitaneava a nau Sabaia, com o piloto Gonçalo de Oliveira; o outro navio era uma caravela, comandada por Simão Afonso Bisagudo, levando consigo o arguto piloto-cartógrafo Francisco Rodrigues que, ao que se julga, logo após o seu regresso a Malaca, elaborou as suas preciosas cartas geográficas, que viriam a tornar-se mundialmente famosas, onde regista os espaços insulares descobertos, cartas essas inseridas no códice anexo à Suma  Oriental, de Tomé Pires, o qual será publicado conjuntamente com esta obra, em 1978, sob o título de Livro de Francisco Rodrigues segundo o relato de João de Barros e de António Galvão, é possível captar o itinerário desta frota.
Partindo de Malaca, os mareantes bordejaram a costa Norte de Samatra e de Java, colocaram um padrão em Agacim e, seguindo para Leste, descobriram, entre outras, as ilhas de MaduraBali, Anjano (Lombok), Simbaba (Sumbawa)Flores e daqui desviaram-se para Nordeste até BuruAmboino e Ceram.
Iniciaram o regresso, rumando a Sudoeste, pelas ilhas de GunuapéBanda (onde colocaram outro padrão e compraram cravo, maça e noz-moscada), LuciparaVitara (actual Wetar), Alor e Solor, voltando a partir daqui a Malaca, sensivelmente pelo mesmo caminho da viagem de ida.
Na nossa opinião, não é concebível navegar nas águas destas últimas ilhas sem tocar ou, pelo menos, avistar a ilha de Timor. Aliás, a ilha figura já, embora sem o topónimo inscrito, nos mapas do piloto-cartógrafo Francisco Rodrigues, desenhados em 1512. E, em 1514,escrevendo de Malaca para o Reino, Rui de Brito informava que Timor tinha muito sândalo, mel e cera.
Cremos que ninguém porá em causa se poder afirmar que estar em Timor é estar às portas da Austrália.
A expedição de António de Abreu regressou a Malaca em fins de Dezembro de 1512.
Tinha decorrido um ano que dali havia partido.
No dizer de Armando Cortesão, «estava descoberta a Australásia». Repare-se que Cortesão escreveu, em 1939, Australásia e não Austrália.
Henry Major, como vimos já, é que formulou a hipótese da descoberta da Austrália por António de Abreu, em 1512.
Contudo, se Major errou na Geografia, acertou no facto de pôr os portugueses na pista de descobridores da Austrália.
Como atrás se disse, o piloto-cartógrafo Francisco Rodrigues recolheu durante esta viagem as informações que lhe permitiram escrever o livro e debuxar os exemplares cartográficos dos mares e dos espaços insulares por onde a expedição de António de Abreu tinha passado.
Segundo Armando Cortesão, «são nove as cartas que Francisco Rodrigues desenhou, representando o Extremo Oriente: quatro abrangem a Insulíndia, de Malaca às Ilhas das Especiarias, e cinco as regiões para Norte, de Malaca aos Léquios, com todas as informações que o cartógrafo pôde colher sobre as ilhas e costas do mar da China».
Na sequência da viagem de António de Abreu, todos os anos partia de Malaca, como atrás se disse, uma expedição (alguns anos até mais que uma) a descobrir e senhorear os mares do Oriente.
Assim, em 14 de Março de 1513, saiu do porto daquela cidade uma armada constituída por três navios e uma caravela, sob o comando de João Lopes Alvim, com destino às Molucas, levando como escrivão e contador, dessa feitoria a instalar nas ilhas do cravo, o nosso conhecido Tomé Pires, autor da Suma Oriental.
A frota regressou a Malaca, a 22 de Junho desse mesmo ano de 1513, carregada com cerca de 1.200 quintais de cravo.
É o próprio Tomé Pires que na sua obra informa que a frota de Alvim visitou a costa de Java, tendo colhido informações directas das restantes ilhas até Timor e, para o Norte, até BandaAmboinoCeiram e Molucas.
Ainda no ano de 1513, após o regresso de Alvim, outra armada de três navios, comandada por António de Miranda de Azevedo, foi de Malaca às Ilhas das Especiarias.
No ano seguinte (1514), foi o mesmo mandado com uma nau à ilha de Banda, regressando com mais dois juncos carregados de especiarias.
Como vemos, a actividade náutica e mercantil portuguesa naquelas longínquas paragens e o esforço de domínio dos mares eram intensos e vão continuar.
Em 1515, partiu Álvaro Cocho com dois juncos para Maluco, tendo carregado, em Ternate, certamente cravo, regressando a salvo a Malaca.
Nesse mesmo ano, outros dois juncos, capitaneados por Francisco Pereira e Jorge de Lençóis, foram à ilha de Banda, mas perderam-se os juncos no regresso a Malaca. Como é natural, nem tudo corre de feição.
Há imprevistos, há riscos, há perdas.
Em 1516, foi Manuel Falcão com uma caravela e um junco a Banda. No ano seguinte, Simão Vaz foi num junco igualmente a Banda. Em 1518, partiu de Malaca D. Tristão de Meneses com um navio e dois juncos com destino às Molucas. Em 1519, foi Diogo Brandão enviado com vários juncos às Ilhas das Especiarias.
Em 1520, foram outros juncos enviados a Banda e às Molucas, sob o comando de António de Pina e Gonçalo Correia.
Com o que temos vindo a dizer, pretendeu-se vincar bem a ideia, já atrás enunciada, de que, a partir da conquista portuguesa de Malaca, em 1511, todos os anos saíram navios do porto daquela cidade-fortaleza a desbravar os amplos mares, estendidos a Leste, enxameados de ilhas.
E a cartografia portuguesa vai registando e representando esses novos espaços descobertos.
Além de Francisco RodriguesLopo Homem, no seu mapa-mundi, de 1519 (Atlas Miller), regista as principais ilhas nos vastíssimos mares a Leste e Sueste de Malaca. E uma carta do referido Atlas e da mesma data, atribuída a Lopo Homem – Reinéis, mostra Malaca com a sua imponente fortaleza e, no imenso mar aberto a Oriente, Sul e Sueste as ilhas de Taprobana (Samatra), Java MaiorJava MenorSundaBandaMaluco, além de uma imensidão de ilhas sem indicação de nome topográfico.
Disseminadas porto do este vastíssimo espaço marítimo-insular estão hasteadas oito bandeiras portuguesas, simbolizando o conhecimento e o senhorio lusitano daquelas partes do Extremo Oriente.
De todos estes espaços insulares, é notório que os portugueses concentraram, nessa época, as suas atenções nas Molucas. Não admira, pois, que, em 1520, tenha sido expedida de Lisboa uma armada de nove navios, comandada por Jorge de Brito, com a missão específica de  construir uma fortaleza nas Molucas.
Jorge de Brito foi morto em combate, em Achém, pelo que será seu irmão, António de Brito, a assumir o comando da armada.
Chegado às Molucas, em 24 de Julho de 1522, deu início imediato à construção da fortaleza de Ternate, a qual, um ano volvido, estava quase concluída. Até este ponto, Armando Cortesão refere-se ao descobrimento da Australásia. A partir de então, passa a aludir ao descobrimento da Austrália.
Como vemos, uma vez mais, Cortesão distingue geograficamente muito bem o que designa por Australásia e por Austrália ou «Ilha do Ouro». Talvez tenha sido a ausência desta distinção geográfica que levara Henry Major a atribuíra descoberta da Austrália a António de Abreu, em 1512.
A primeira tentativa portuguesa conhecida, dirigida expressamente para a descoberta da mítica “Ilha do Ouro”, como, aliás, refere João de Barros, foi cometida a Diogo Pacheco, que fez duas expedições.
Na primeira, partiu de Malaca, em 1518, com um navio e um bergantim.
Navegando pelo Sul de Samatra, onde perdeu o bergantim, continuou com o seu navio e foi ter ao porto de Baros , onde procurou recolher informações preciosas sobre a “Ilha do Ouro” e donde regressou a Malaca.
A segunda expedição de Diogo Pacheco, como nos diz o cronista João de Barros, padeceu grandes trabalhos «em tornar ao seu descobrimento do ouro o ano seguinte, por onde o armou Garcia de Sá em um navio da terra e um bargantim, com que chegou ao porto de Baros, onde estivera, no qual tornou achar quatro ou cinco velas de Cambaia e de outras partes, que lhe não consentiram tomar pouso dentro no porto, tirando-lhe às bombardas» confrontado com a hostilidade dos indígenas de BarusDiogo Pacheco fez-se ao mar e, rumando a Sueste, terá chegado à costa Noroeste da Austrália,  na região da actual Terra de Dampier.
Aí, esclarece o cronista João de BarrosDiogo Pacheco, «porque o vento lhe era contrário, e viu que a gente da terra  grã pressa se metia em lancharas pera vir também contra êle, meteu-se no bargantim, querendo tirar à toa o navio ao mar largo polo não tomarem; e foi o tempo tanto, que o mar comeu o bargantim, e o navio veio à costa, do qual escaparam alguns malaios, homens do mar, casados em Malaca, que se meteram pelo sertão da ilha atravessando-a tôda, e vieram ter da outra banda do Norte, onde acharam embarcação que os levou a Malaca, os quais contaram esta perdição de Diogo Pacheco, que foi o primeiro dos nossos que perdeu a vida por descobrir esta Ilha do Ouro»
Recorde-se que João de Barros diz nas últimas palavras da citação atrás utilizada que Diogo Pacheco «foi o primeiro dos nossos que perdeu a vida por descobrir esta Ilha do Ouro», o que sugere que ele chegou mesmo à costa Noroeste da Austrália.
Assim sendo, Diogo Pacheco foi o primeiro português a descobrir a Austrália, em 1519.
Aliás, o próprio Peter Trickett escreve, na página 62 do seu livro, o seguinte: «Diogo Pacheco, a bordo da nau, continuava a viagem para Sudeste ao longo da costa de Sumatra, um rumo que, caso tivesse sido seguido tempo suficiente, o teria, certamente, levado até à costa Noroeste da Austrália».
E quem pode garantir que não continuou - objectamos nós? Passemos, concretamente, à discussão crítica do livro do jornalista australiano Peter Trickett – "Para Além de Capricórnio".

Como os navegadores portugueses descobriram e cartografaram secretamente a costa da Austrália e da Nova Zelândia 250 anos antes da chegada do Capitão Cook.
Depois de, no primeiro capítulo do livro, fazer uma síntese satisfatória, sem incorrecções graves, da História dos Descobrimentos Portugueses, o autor passa a defender a tese da precedência portuguesa na descoberta da Austrália.
Começa por aludir ao insucesso das duas expedições de Diogo Pacheco, em 1518 e 1519, ambas saídas de Malaca com o objectivo de atingir a “Ilha do Ouro”, identificável miticamente com o que viria a ser a Austrália. Passa, nos capítulos seguintes, ao tema central do livro:a demonstração probatória da descoberta da Austrália pelo português Cristóvão de Mendonça.
A novidade e a validade do livro não está, obviamente, na indicação do nome do descobridor, nem na data da descoberta.
Além dos cronistas João de Barros e António Galvão, já vários autores, entre os quais José Maria  Rodrigues Armando CortesãoDuarte Leite e António Pereira Cardoso aludiram a Cristóvão de Mendonça e à sua descoberta da Austrália, em 1522.
Mas o livro de Trickett traz importantes contributos que reforçam a referida precedência da descoberta portuguesa da Austrália pela mão de Cristóvão de Mendonça.
Mas, estranhamente, o mesmo autor deixa testemunhos e faz afirmações que propõem mais para a nossa tese da descoberta da Austrália por Diogo Pacheco do que para a sua tese de Cristóvão de Mendonça.
Vamos abordar os contributos que consideramos essenciais.

1. O Atlas de Vallard e outra cartografia.

O conjunto de 15 cartas geográficas da «Escola de Dieppe», também conhecido por «Atlas de Vallard», encontra-se actualmente na Huntington Library, na Califórnia.
Foram elaboradas a partir de originais portugueses desaparecidos, pelo que não é de admirar que, como nos diz Trickett, estejam «bem delineadas e generosamente dotadas de topónimos de origem portuguesa».
Acrescenta o autor, concretizando, que «os dois principais mapas do Atlas de Vallard desta terra austral contêm nada mais, nada menos do que 120 nomes portugueses para características geográficas».
O autor caracteriza espantosamente esta cartografia, com as seguintes palavras: «Cada mapa de página dupla do atlas tem aproximadamente o tamanho de uma moderna folha A3.
Para quem os vê, a primeira impressão irresistível é o brilho das cores dos mapas, que permanece nítida mesmo depois da passagem de quatro séculos e meio.
As costas e as ilhas são exibidas em tons de verde, vermelho, azul e dourado, com os topónimos meticulosamente inscritos nas cores alternadas de azul-escuro e vermelho-escuro.
Os oceanos são embelezados com desenhos de rosas-dos-ventos elegantes, monstros marinhos e navios a todo o pano.
Ilustrações sumptuosas e multicoloridas das cortes de potentados e outras cenas fabulosas dão vida ao interior dos continentes».
Ao lermos estas palavras, ficamos sem quaisquer dúvidas acerca da influência portuguesa destes mapas e somos até levados a questionar se não terá mesmo havido mão de cartógrafo português na sua feitura ou na sua coordenação.
Um contributo que consideramos altamente meritório neste trabalho está no facto de o autor ter elaborado esboços dos mapas de Vallard e estabelecer, ao lado, um paralelismo com mapas da cartografia moderna.
Muito útil é também o esboço cartográfico por si elaborado, mostrando a «Rota provável de Mendonça, de Malaca ao estreito de Torres e Princess Charlotte Bay», na Austrália

2. Peças de artilharia. 

Regista que foram achados nas costas da Austrália peças de artilharia com características portuguesas. Concretamente, em 1916,o comandante e o cirurgião de um cruzador australiano foram atraídos por duas “balizas” que sobressaíam nas areias de uma pequena ilha junto à costa noroeste da Austrália. Ao aproximarem-se, verificaram tratar-se de dois canos compridos e estreitos de canhões de bronze, do tipo das colubrinase dos falcões.
Uma das peças estava decorada com uma divisa identificada com as armas da coroa portuguesa do tempo de D. Manuel.

Já em 1884,um pescador de pérolas australiano encontrara numa ilha, um pouco a Oeste da anterior, um canhão de bronze de cerca de um metro de comprimento, com uma bala no cano e a respectiva carga de pólvora, decorado «com um brasão descrito como uma coroa».
Ao que parece, era comum as peças de artilharia portuguesas em bronze serem marcadas com o brasão real.
Esclarece o próprio autor que Fernão Mendes Pinto, ao relatar como o seu navio capturara dois juncos de piratas chineses, escreveu que «foram encontradas dezassete peças de artilharia em bronze, quase todas elas portadoras do emblema real, que o cão (o pirata) roubara de três navios (certamente portugueses)

3. Homens estranhos com pele de crocodilos.
Segundo o cronista português Manuel de Faria e Sousa e o conteúdo de uma lenda local, os portugueses da segunda expedição de Diogo Pacheco foram vistos pelos indígenas da «Ilha do Ouro» como «estranhos com pele como a dos crocodilos».
Esclarece Trickett que «Pacheco e os seus oficiais teriam envergado armaduras e os seus homens utilizariam couraças peitorais e justilhos de couro, parecendo assim aos aborígenes que teriam a pele como adas tartarugas ou dos crocodilos».
Estas palavras do autor australiano reforçam a nossa tese, atrás exposta, de que Diogo Pacheco, com os seus homens, foi o descobridor da Austrália, em 1519.
É o próprio Peter Trickett a afirmar que «Diogo Pacheco tem o direito a ser distinguido como o primeiro português a pisar solo australiano. Todavia, embora a sua expedição venha acrescentar um novo capítulo intrigante à história australiana, foi de pouco valor na busca portuguesa pela Ilha do Ouro, pela simples razão de nunca ter regressado».
É verdade que não há descobrimento se não houver notícia a descoberta.
Mas a notícia chegou a Malaca pela voz dos companheiros de Pacheco, que se salvaram do naufrágio.
Deste modo, o descobridor da Austrália foi Diogo Pacheco e não Cristóvão de Mendonça.

A lenda do «navio de mogno».

 esqueleto da caravela de mogno na praia de Warrnambool, Vitória, Austrália

Depois de dissertar sobre esta lenda que se desenvolveu a partir da descoberta, em 1836, de um barco de madeira de mogno, conclui o autor que «se o enigmático Navio de Mogno era, de facto, de origem portuguesa, tratar-se-ia dos destroços do bergantim de Mendonça e não dos restos da sua caravela»
Consultar o vídeo:

 padrão descobrimentos  em Warnambool, Victória, Austrália, comemoração da chegada da guarnição de Cristóvão de Mendonça

5. Um pote de barro e a importância da arqueologia naval.
Em 1963, Olaf Mannes, um pescador comercial australiano de origem norueguesa, ao puxar uma rede de cerca de 100 metros de profundidade, “pescou”, na costado Mar da Tasmânia, um conjunto de pedaços de cerâmica, entre os quais uma peça quase intacta, «um pote de barro, com incrustações marinhas, com cerca de 31 cm de altura, em forma de cebola, com um gargalo estreito um pedestal circular na base». Sugeria tratar-se de um jarro de vinho antigo.
Analisado por três cientistas, acharam poder tratar-se de um jarro de vinho espanhol ou português do século XIII ou XIV, mas uma investigação mais aturada, efectuada pelo cientista David Price, datou o pote de 1500,com uma margem de erro de vinte anos».
Um outro pote de barro semelhante ao anterior, recentemente encontrado ao largo de Gabo Island, tem estado em processo de dessalinização para posterior análise científica.

A estatueta enigmática.

Em 1980, o historiador Mike Pearson, relatara ter ouvido falar de uma intrigante estatueta apanhada por uma rede de arrasto, na costa oriental da Austrália, provavelmente de carácter religioso. Porém, ao pretender analisar a estatueta, constatou que a mesma tinha desaparecido
Bittangabee Bay, provável local desembarque da guarnição de Cristóvão Mendonça

7. As antigas ruínas de pedra. 

Junto de um riacho que desagua na praia de Bittangabee Bay, existem umas ruínas de pedra, «escondidas por trás de uma cortina de vegetação nativa».
É lenda antiga de que estas «ruínas têm a ver com os portugueses» e que serão o que resta «de um forte e deu uma paliçada, construídos pela tripulação de uma embarcação enquanto passavam o Inverno».

8. O elmo de ferro. 

Nos finais do século XIX, o Colonial Museum deWellington recebeu um elmo de ferro de tipo medieval ou renascentista que fora encontrado no porto. Submetido a análise científica, concluiu-se que este elmo europeu foi fabricado entre 1450 e 1580, portanto, antes da chegada de holandeses e ingleses.
Nas imediações do referido porto, foi encontrada uma bala de canhão.
Conclui Trickett que a descoberta no porto de Wellington de um elmo militar do século XVI, provavelmente usado por um oficial de um barco português, e de uma bala de canhão ao largo da aldeia maori de Petone, sugere um confronto entre maoris e portugueses, mais parecido com o que sucedeu ao holandês Abel Tasman do que com as experiências do inglês Cook».
Em síntese, resumindo e concluindo. 
É evidente que estamos perante matérias susceptíveis de controvérsia. Louve-se, contudo, a coragem e a ousadia com que um jornalista australiano ousa defender a descoberta europeia do seu país por um português, Cristóvão de Mendonça, em 1522.
E é de enaltecer a convicção discursiva, os meios a que recorre e a robustez da argumentação que utiliza para defender a sua tese.
Como já atrás se disse, sem trazer novidade quanto ao nome do descobridor, nem à data da descoberta, aduz importantes contributos para um melhor esclarecimento de tão antigo assunto.
Pessoalmente, estamos convencidos de que a descoberta da Austrália pelos portugueses terá ocorrido muito antes 1522.
A sua chegada a Timor, em 1512/1514, como atrás ficou dito, deixou-os às portas da Austrália.
A conhecida irrequietude dos navios portugueses naquelas águas, para mais com o acicate da busca da mítica “Ilha do Ouro”, não se compagina como decorrer de mais de uma década sem alcançar aquela terra. Informação perdida? Política de sigilo por parte do rei de Portugal? Não pomos em causa a expedição de Cristóvão de Mendonça e a sua chegada à Austrália, em 1522.
Aliás, como atrás se viu, ela está referenciada por vários cronistas e foi estudada por diversos autores. O que pomos em causa é que tenha sido ele o primeiro português a navegar até lá. A nossa objecção é uma questão de precedência.
Com efeito, como atrás se viu foi Diogo Pacheco o português a chegar à Austrália, em 1519.
Uma questão assalta o espírito das pessoas menos familiarizadas com a temática da Expansão Portuguesa.
A questão é esta: se os portugueses descobriram a Austrália mais de um século antes do holandês Tasman, e cerca de dois séculos e meio antes do inglês Cook, por que razão não procederam à sua colonização? A explicação é simples. Portugal não tinha fundo demográfico suficiente para colonizar todas as terras que descobriu. 
Se tivesse gente, poderia ter colonizado vastos espaços, nomeadamente, os Estados Unidos, o Canadá e a África Austral, onde os portugueses foram realmente os primeiros a chegar.
Este último espaço é o mais significativo, visto que os navios lusos passavam por lá todos os anos, na ida e no regresso da Índia e de Moçambique, e, no entanto, nunca nos interessámos pela sua colonização.

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fonte: Grandes Exploradores Portugueses 
por SUSANA LIMA
https://books.google.pt/books?id=MK9nVsTPPVEC&q=Austr%C3%A1lia&dq=artefactos+encontrados+na+nova+zel%C3%A2ndia+portugueses&hl=pt-PT&source=gbs_word_cloud_r&cad=6#v=snippet&q=Austr%C3%A1lia&f=false

O verdadeiro descobridor da Austrália não foram os holandeses, em 1606, nem os ingleses, em 1770, os primeiros a pisar o continente australiano.
 Os portugueses anteciparam-se-lhes em 1522.  Mapas e artefactos da época comprovam-no.
Dezanove navios zarparam do porto de Lisboa, rumo ao Oriente, em Abril de 1519.
Primeira paragem : Goa, em Junho de 1520. Pedro Eanes, o comandante da frota portuguesa, transportava uma importante missiva para o governador, Diogo Lopes de Sequeira: por ordem real, um dos seus capitães, Cristóvão de Mendonça, ia liderar uma viagem de descoberta às ilhas do Ouro, que ficavam além da ilha de Sumatra (assim acreditava D. Manuel I).
Para o rei, era uma missão da maior importância, daí ter atribuído ao jovem nobre quatro navios para a concretizar - o mesmo número com que Vasco da Gama havia partido para a Índia, em 1497.
Há muito que os exploradores europeus procuravam as famosas ilhas de Ouro descritas de forma sedutora por Marco Polo, em 1295.
E os portugueses não eram excepção. Já o cientista grego Ptolomeu tinha defendido, no século I, a existência de um grande continente austral nos antípodas da Europa, justificada pela necessidade de simetria e equilíbrio cósmico.
O seu conterrâneo Pomponius Mela- nascido em Algeciras, Sul de Espanha - chamar-lhe-ia "Terra Incógnita " .
No renascimento, o continente do Sul era um misto de lendas de habitantes, fauna e flora exóticos, e uma atracção para os exploradores pela sua fama de riqueza em ouro e especiarias.
Para os portugueses, África revela-se uma desilusão enquanto fonte daquele metal preciosos e todas as  esperanças foram então depositadas no Oriente.
Antes de Cristóvão de Mendonça, já Diogo Pacheco havia tentado chegar ao continente do Sul por duas vezes - em 1519 e 1520.
O navegador conseguiu chegar à costa australiana, mas a sua frota (constituída por uma embarcação local e um bergantim - pequeno barco comercial construído no Oriente, mas segundo especificações portuguesas) ficou encalhada nos baixios de uma praia à mercê dos nativos hostis.
Os confrontos custariam a vida da maioria da tripulação, incluindo a do capitão Diogo Pacheco.
A cena foi narrada por dois dos mais prestigiados cronistas portugueses, João de Barros e Manuel de Faria e Sousa.
De acordo com o primeiro, em décadas da Ásia, o bergantim terá terá conseguido escapar, com alguns malaios a bordo, e regressar a Malaca. Mas o mais curioso é a semelhança entre estes relatos da batalha e a sua narração nos cantos e danças dos aborígenes da baía de Napier Broome.
A localização do confronto naquela região explicará o facto de quatro canhões, presumivelmente portugueses, terem sido encontrados nas imediações da baía.
Da primazia portuguesa, não ficaram para a posteridade quaisquer relatos.
O secretismo da missão era imposto pela Coroa portuguesa, que punia com a morte quem violasse.
O perigo desse tipo de informações cair nas mãos da vizinha Espanha a isso obrigava.
Sobretudo neste caso: de acordo com o Tratado de Tordesilhas, a Austrália encontrava-se em território espanhol e, se a descoberta de Mendonça fosse revelada, os espanhóis poderiam reivindicar para si todas as riquezas encontradas.
Em 1529, com assinatura do tratado de Saragoça, o território passou para o lado português.
O rei D. João III pagou ao rei de Espanha, Carlos I, 350 000 ducados, cerca de 280 milhões de euros para acabar definitivamente com a contenda sobre as ilhas das Especiarias - as Molucas -, desviando 17 graus para Leste a linha que dividiu os dois impérios ibérios.
O que os espanhóis  não sabiam é que esta deslocação da fronteira também dava a Portugal o continente australiano, descoberto por Cristóvão de Mendonça em 1522.
A ausência de textos da época é colmatada pela descoberta de vários artefactos que atestam a presença dos portugueses em território australiano, muito antes dos ingleses e dos holandeses.
Ainda assim, prevalece, no meio académico, uma controvérsia em torno da descoberta europeia da Austrália, pois é certo que os asiáticos há muito que percorriam aquela zona.
Acredita-se que pescadores indonésios navegavam ao longo da costa Norte da Austrália para capturar pepinos do mar ou tripangos, encontrados nas profundezas daquelas águas.
Para muitos historiadores, o primeiro europeu a pisar a Austrália foi o holandês Willem Janszoon em 1606, a bordo do Duyfken.
A sua missão era investigar a existência de ouro, especiarias e outras matérias-primas com interesse comercial na Nova Guiné- ilha separada da Austrália pelo estreito de Torres.
O navegador passou o estreito, entrou no golfo da Carpentária e, a 26 de Fevereiro de 1606, pisou pela primeira vez terra australiana no cabo York, em Queensland. Chamou-lhe " Nieu Zeland", pois encontrou semelhanças com Zeeland - a província mais ocidental da Holand, constituída por um conjunto de ilhas, com grande parte do terreno inundado.
O nome não seria adoptado mais foi mais tarde pelo seu conterrâneo, Abel Tasman, para designar a actual Nova Zelândia.
Em Junho, iniciou a viagem de regresso, pois achou  o terreno pantanoso e a população pouco amigável - 10 dos seus homens foram mortos nas expedições a terra.
Para outros estudiosos, o tenente inglês  James CooK do Endeavour  foi o primeiro europeu a atracar na baía de Botany - ponto de referência por todos os exploradores, localizado na costa  Leste australiana -, tendo chamado ao vasto continente Nova Gales do Sul, a 21 de Agosto de 1770: o nome acabou por ficar limitado ao estado onde se encontra a famosa baía.
O Objectivo oficial da viagem de Cook  era observar o trânsito do planeta Vénus, que seria visível no Taiti em Junho de 1769. Assim que registasse o fenómeno deveria prosseguir  para a segunda parte da missão, confirmar a existência do misterioso continente austral.
A 6 de Outubro, Cook, avistou terra e pensou ter chegado ao destino.
Rapidamente  se apercebeu do erro, passando os quatro meses seguintes a cartografar as linhas costeiras das ilhas do Norte e do Sul da Nova Zelândia.
Quando a 31 de Março decidiu regressar ao Reino Unido, com a mensagem de que o continente austral era um mito, acabou por descobri-lo acidentalmente.
Desde 1881 que alguns historiadores atribuem a descoberta aos portugueses.
O primeiro foi George Collingridge, que, infelizmente não o conseguiu provar. É de lembrar, que no princípio do século XVI, já os portugueses estavam em Timor (cerca de 700 Km da costa australiana ) e tinham estabelecido na ilha um entreposto comercial e exploravam os seus recursos naturais.
Mas foi em 1977, com a publicação do livro " a descoberta secreta da Austrália) de Kenneth Mecintyre, que o nome de Cristóvão Mendonça, se tornou conhecido.
O advogado australiano, apaixonado pela língua e história lusa, estudou afincadamente o método cartográfico português da altura e, através de elaborados cálculos matemáticos, conseguiu corrigir os desvios provocados, pelo campo magnético terrestre - que nos mapas originais não estavam representados - , bem como introduzir a curvatura do globo com exactidão.
Resultado: uma imagem detalhada e perfeita da costa australiana.
Quando a responsáveis  pela descoberta, todas as provas apontavam para Cristóvão Mendonça.
O tema voltou a ser tratado por outro australiano, o jornalista de investigação Peter Krikett em  "Para Além do Capricórnio", apresenta uma série de provas de que foram os portugueses a  descobrir a Austrália,  e defende que isso só não se soube  antes, por culpa dos franceses.  A história começa com dois mapas incluídos no famoso Atlas de Vallard - uma colecção de 15 mapas feitas à mão, em França, até 1545, repletos de detalhes e cores sumptuosas e que receberam o nome do seu primeiro proprietário o abastado empresáro Nicolas Vallard.
Actualmente estão guardados num cofre da prestigiada Hungtinton Library, em Los Angeles, nos E.U.A. Também conhecidos como mapas de Dieppe, a localidade onde foram concebidos, mostram um território denominado "Jave La Grande", cujas costas apresentam claras semelhanças com a costa australiana.
O facto foi referido pela primeira vez em 1856 por Sir Thomas Phillips um antiquário inglês que comprara o Atlas de Villard uns anos antes.
Phillips achou as parecenças de tal modo óbvias, que publicou uma cópia do mapa da "Terra de Java" oriental, intitulado, o "Primeiro mapa da Austrália" .
Cinco anos mais tarde Richard Hanry Major administrador de mapas do museu Britânico, segui-lhe os passos com a publicação "The discovery of Australia by the Portugueses". "A descoberta da Austrália pelos Portugueses" em que salientava ser indiscutível que aquele território tinha siso descoberto antes de 1542.
Para Pitter Trikett, toda esta confusão se deve a um erro da junção de dois mapas. Originalmente desenhados em pergaminho ou em pele de cabra ou carneiro, pois apesar de se usar mapas impressos desde 1477, os portugueses continuavam a preferir a pele, por ela resistir melhor às intempéries do alto-mar, - para uma costa do tamanho da australiana, seriam precisos três ou quatro. E, sem quaisquer indicações de bússola  sobre como orientar os mapas, havia várias formas de o fazer.
 Ao que parece os franceses escolheram a errada.
Outra evidência presente nestes mapas são mais de cem nomes de Locais em Português : Rio Grande, Rio Seguro, Terra Alta, Bonno Porto, Ponto Stº António, e Ilhas Grandes são apenas alguns exemplos.
Os mapas incluem também rios, ilhas, baías e promontórios que correspondem  à actual linha costeira australiana em grande detalhe.
Cristóvão Mendonça terá sido o seu autor original retratando em pormenor as principais características topográficas da costa Leste e Sul da Austrália bem como parte substancial da Nova Zelândia.
 A baía de Botany, por exemplo - assim nomeada, cerca de 200 anos mais tarde, pelo capitão inglês James Cook - está cartografada com as suas dunas de areia branca (hoje praticamente tomadas pelo verde de um campo de golfe), que levaram Mendonça a chamar-lhe " Baía Neve" . Castelo de proa alto, tombadilho imponente, fileiras de canhões dos lados, três mastros e grandes velas com cruz vermelha da ordem de Cristo. É este o retrato da nau do explorador português numa pintura da armada de Pedro Eanes que integra o manuscrito O Livro de Lisuarte de Abreu, datado de 1565, uma relação ilustrada das armadas da Índia desde Vasco da Gama (1497) até Jorge de Sousa 1563.
A opção por este tipo de embarcação deveu-se de facto de ela permitir o transporte de uma quantidade de provisões - indispensáveis numa viagem tão longa - e de bens de troca, e de estar bem preparada para eventuais confrontos com outras potências estrangeiras ou mesmo com os habitantes locais.
Se, por um lado ,os portugueses sabiam que poderiam encontrar navios espanhóis sob o comando do português Fernão de Magalhães a navegar por aquelas paragens - com intuitos semelhantes aos seus - , por outro, é preciso lembrar que iam à descoberta de um continente desconhecido- Era um tipo de exploração em que por experiência própria, sabiam correr o risco de não receber a mais amigável das recepções. Ao lema de São Cristóvão, ia Cristóvão de Mendonça, seguido de perto pela caravela Rosário, pelo Bergantim Sant' António e por um parau (barco à vela malaio muito utilizado no Sudeste Asiático e, neste caso, propriedade de outro capitão português já no Oriente. Gonçalo Homem) que se juntaria mais tarde. Estas duas últimas embarcações possuíam particularidades interessantes para a missão que tinham em mãos . O Parau era veloz e manobrável, ideal para a exploração no interior da costa. Já o bergantim permitia a navegação sem vento, pois estava equipado com remos, e os de maior dimensão podiam transportar entre 12 e 20 canhões. Pelo menos uma delas não terá terminado a viagem. A Sant'António estará, ainda hoje soterrada nas dunas da baía Armstrong, na Austrália. Devido  à quilha pouco profunda  e ao fundo plano seria dos barcos portugueses, o mais facilmente arrastado para terra por uma tempestade do Sul. Esta é uma das teorias que rodeiam o célebre  " Navio de Mogno". Apesar das inúmeras buscas, esta embarcação nunca foi encontrada, o que não impediu a criação de uma atracção turística. Em 1992, o governo local ofereceu uma recompensa de cerca de 200 000 euros a quem encontrasse a quem encontrasse o navio de madeira escura, mas as buscas revelaram-se infrutíferas. Dada a importância da lenda para o turismo, foi construída uma réplica da embarcação -   a Notorious - , lançada em Port Fairy, em 2011. Aqueles que defendem a presença da Sant' António na Austrália, suportam a teoria com pinturas e relatos aborígenes, bem como com algumas palavras dos seus dialectos que parecem ter raízes na língua portuguesa.

Sem o achamento da embarcação, não é possível incluir os destroços do bergantim na lista de descobertas arqueológicas que atestam a presença dos portugueses na Austrália, muito antes dos holandeses e dos ingleses. A ela pertencerão cinco canhões, alguns artefactos de cerâmica descobertos por pescadores (dois potes de barro amarelo acastanhado que se assemelham a jarros de vinho da época e alguns cacos recuperados ao largo de Gabo Island, que não foi possível reconstruir mas que pertencem a objectos de cerâmica do século XVI), um peso de pesca com 500 anos, um elmo militar de ferro (provavelmente usado por um oficial do século XVI) e uma bala de canhão. Estes dois últimos objectos foram encontrados ao largo da aldeia maori de Petone, o que poderá sugerir um confronto entre maoris e portugueses. Os canhões são, sem dúvida, as provas físicas com maior peso. Os dois primeiros encontrados em 1916 - plena Primeira Guerra Mundial - em Carronade Island, quando o cruzador australiano Encounter patrulhava a costa noroeste do país, em busca de navios de guerra alemães. Ao avistarem em terra o que  parecia ser duas balizas, os australianos decidiram desembarcar para satisfazer a curiosidade. Acabariam por comprovar tratar-se de dois canos de canhões antigos de bronze que se erguiam da areia - uma espécie de manifestação de poder por parte dos aborígenes, que os exibiam como um troféu de guerra. O terceiro canhão foi descoberto dois anos depois, por três pescadores de pérolas, submerso a cerca de meio metro, num recife da mesma baía.

E, na mesma altura, encontrou-se um quarto canhão (carregado) num acampamento aborígene deserto, na mesma região. Quanto ao último, foi encontrado por um jovem de 11 anos, Chistopher Doukas, na praia australiana de Dundee em Janeiro de 2010, mas só viria a ser estudado dois anos mais tarde, no Museu de Darwin, cidade natal de Doukas. Tudo indica que estes cinco canhões pertenciam a embarcações portuguesas dos séculos XV e XVI.
 
Port Fairy

A ciência náutica portuguesa suplantava, na altura, a dos seus principais rivais. A concepção das embarcações bem como os instrumentos de navegação utilizados eram bastante evoluídos para a época, ainda assim, os.marinheiros enfrentavam enormes dificuldades. A própria bússola - o mais famoso e o mais utilizado - nem sempre era fiável.
No início do século XVI, ainda não se conhecia na totalidade o problema da diferença entre o Norte magnético e o Norte real. Em mar aberto, a única forma de calcular a longitude era por estima, o que comprometia a fiabilidade do resultado. Ainda não era possível medir, com precisão, a velocidade do navio, tendo em conta os efeitos da deriva e das correntes oceânicas. A tarefa tornava-se ainda mais difícil - se não mesmo impossível - se a embarcação navegasse em ziguezague. Mas, apesar de todos os obstáculos, Peter Trickett salienta que " o Capricórnio do mapa de Vallard demonstra que, pelo menos ao nível da latitude, Mendonça e os seus oficiais conseguiram determinar a sua posição na costa Leste da Austrália com uma precisão incrível ". Os portugueses conseguiram definir esse trópico apenas com um erro mínimo de alguns quilómetros. Ainda assim, não estavam preparados para navegar com ventos contrários, sendo obrigados a sujeitar as datas de viagem às condições meteorológicas - dando especial atenção, naquela zona, aos ventos de monção (favoráveis entre Abril e Setembro, soprando dos lados de Madagáscar para a Índia). Dada a grande dimensão das suas velas, a nau de Cristóvão de Mendonça, com vento de feição, poderia atingir os oito nós (cerca de 15 quilómetros por hora).
O capitão português acabaria por aguardar por condições favoráveis em Cochim, um porto amigável a Sul de Goa, até meados de 1521. De lá seguiu para Malaca, um ponto estratégico na península malaia tomado pelos portugueses em 1511. Foi aí que se apercebeu do perigo que os governantes asiáticos hostis representavam especialmente o sultão de Achém, no Norte de Sumatra, com quem os portugueses estavam em guerra.
Segundo João de Barros, o cronista oficial do reino, solicitou-se então a Cristóvão de Mendonça e à sua frota que fossem até Pedir, um porto aliado que fazia fronteira com Achém, para ajudar a construir um forte. O trabalho foi demorado, que o capitão voltou a perder os ventos de monção favoráveis e teve de regressar a Malaca, a 10 de Janeiro de 1522.
É a partir daqui que se instala o mistério. Durante cerca de seis anos, Mendonça desaparece das crónicas portuguesas. Só reaparece em 1528, aquando da sua chegada a Goa para uma nova missão: assumir o comando da fortaleza de Ormuz. Esta terá sido a recompensa de D. João III (sucessor de D. Manuel I, falecido a 13 de Dezembro de 1521). pela descoberta do continente austral.
Ao percorrer a costa, os navios de Cristóvão devem ter voltado para trás no início da Grande Baía Australiana, pois não há qualquer mapa da altura que a retrate - o que aconteceria se por lá tivessem passado.
A circum-navegação da Austrália terá sido então interrompida devido às condições de navegação. Se continuassem a navegar para ocidente, os portugueses teriam de velejar contra ventos dominantes com embarcações que não estavam minimamente preparadas para o efeito, numa costa sem qualquer abrigo ou refúgio.
Assim, no Outono de 1523, Cristóvão de Mendonça terá iniciado a sua viagem de regresso ao reino. Depois de algumas paragens nas ilhas das Especiarias ou em Java, e em Malaca, rumou à Índia. Terá atracado na maior base naval portuguesa do Oriente - Cochim - até Setembro do mesmo ano, de modo a evitar os ventos contrários da monção de Inverno.
Depois de quase dois anos no mar, a sua nau São Cristóvão, estaria a precisar de reparações. Assim, para conseguir chegar a Portugal e relatar todas as suas descobertas ao rei, Mendonça teria de se juntar a uma frota que fosse naquela direcção. Ao que parece, na mesma altura chegou a GoaDiogo de Melo, transportando uma carga de especiarias com destino a Lisboa.
Segundo os registos oficiais, Cristóvão de Mendonça assumiu o seu lugar ao lema da Victória. A largada de Goa terá tido lugar entre os últimos dias de 1523 e os primeiros do ano seguinte.
Uma tabuleta deixada na Cidade do Cabo - onde terá parado para reabastecimento de água e para descansar - comprova a sua chegada ao local a 25 de Março ou Maio de 1524 (os dizeres estão um pouco apagados, mas tudo indica que terá sido no mês das flores).
Chegado a Portugal em 1524, Cristóvão de Mendonça é prontamente recompensado pelo rei vigente, D. João III, com a capitania de um lucrativo entreposto comercial: Ormuz.
A 26 de Março de 1527, ao comando da  nau Santiago, Cristóvão de Mendonça parte de novo para  a Índia. Sabe-se que o seu navio integrou uma frota de cinco, dois dos quais naufragaram ao largo da costa de Madagáscar.
Situada numa ilha de cerca de 20 quilómetros de extensão, ao largo da costa Sul do continente Persa e no actual IrãoOrmuz dominava a entrada do golfo Pérsico - mesmo no centro das grandes rotas marítimas da Índia e da China.
Se fosse perspicaz, o capitão português poderia lucrar com a posição, reunindo avultada fortuna pessoal. Mas, se por um lado, a localização geográfica de Ormuz lhe trazia claros benefícios comerciais e segurança relativamente a uma invasão terrestre, por outro, tornava-a mais vulnerável a ataques por mar.
Basta consultar os anais da história para ver a facilidade com que a armada do português Afonso de Albuquerque capturou a cidade, em 1515.
A ausência de água doce na ilha era, sem dúvida, o seu principal ponto fraco.
Sem água, a sobrevivência dos animais estava comprometida e era praticamente impossível semear qualquer tipo de vegetal para alimentação. Ormuz estava assim dependente do continente e das ilhas vizinhas para satisfação das suas necessidades do dia a dia, alimentos frescos e água. Esta característica era  agravada, nos meses de verão, pelas temperaturas abrasadoras que se fazem sentir naquela região.
Ainda assim, apesar do calor insuportável e da falta de água potável, Ormuz era a fonte mais rica de rendimentos alfandegários de todo o Oriente português, como relatou o historiador escocês William Robertson em 1791, An historical disquisition concertning the bknonledje whish the ancients had of Índia:
O grande centro de comércio, a partir do qual o império Persa e todas as províncias da Ásia a ocidente eram fornecidos com as promoções da Índia; e a cidade que construíram naquela ilha estéril, destituída de água, foi considerada como um dos principais locais de opulência, esplendor e luxo do mundo ocidental.
Cristóvão de Mendonça assumiu o comando de Ormuz em 1528.
Sendo filho de Diogo de Mendonça, o primeiro alcaide-mor de Mourão- um conjunto de vilas fortificadas que guardavam, em pleno Alentejo, a fronteira com a Espanha- , sabia bem a responsabilidade que acabara de assumir. Bem como os proveitos que dela poderia tirar.
De início, tudo correu bem. Veja-se que Mendonça conseguiu voltar a ser pioneiro, desta feita através do estabelecimento de um novo caminho terrestre entre Bassorá (um porto a Sul do actual Iraque, nas margens do rio Eufrates) e Portugal. O percurso foi feito por um mensageiro que levava cartas urgentes para o rei D. João III. Atravessando território muçulmano hostil, o homem foi obrigado a viajar incógnito numa caravana de camelos. Se fosse descoberto, seria certamente torturado e executado. O mensageiro acabou por chegar à presença do rei apenas três meses depois da sua partida do Oriente - menos de metade do tempo que teria demorado se tivesse feito a viagem por mar, como era habitual. Foram estes os feitos que ficaram para a História. Do próprio Cristóvão de Mendonça, pouco se sabe. O australiano Peter Trickett encontrou apenas sete entradas sobre o navegador na biblioteca nacional australiana, em Camberra, depararam-se-lhe 77 referências ao navegador português. Retratos, não há. Calcula-se que nasceu em 1475, em Mourão. Um estudo genealógico recente aponta-o como o quinto filho de Diogo de Mendonça, havendo dúvida se seria o benjamim da família ou se ainda existiam mais irmãos. Ele próprio não deixou..

Caravelas, Naus e Galeões Portugueses, choque tecnológico séc XVI


Um documentário que desvenda um mistério com 500 anos, dando a conhecer a razão pela qual as caravelas criadas pelos Portugueses são hoje comparadas a modernos 'space shuttle'.
O impacto desta inovação transformou Portugal na principal potência marítima e económica do século XVI.
Mas quando se lê um livro de História espanhol, inglês, francês ou holandês, as referências ao papel desempenhado pelos portugueses na época dos descobrimentos são insignificantes. Por essa razão quisemos saber a opinião dos melhores historiadores mundiais e os resultados foram surpreendentes. "Caravelas e Naus – Um Choque Tecnológico nos séculos XV e XVI" ficou em 1º lugar entre 62 documentários num concurso do Discovery Channel, tendo sido emitido em vários continentes.
Portugal, nos séculos XIV, XV e XVI, foi o primeiro a iniciar a idade da descoberta, um século antes de Espanha e dois séculos antes de Inglaterra e Holanda.

21 de Agosto de 1770, a Austrália o quê?


Para os europeus do norte, o responsável oficial pela descoberta da Austrália foi o Capitão James Cook, que reclamou o vasto continente para a coroa do Reino Unido no dia 21 de Agosto 1770 e lhe chamou Nova Gales do Sul. Porém, a viagem do Capitão Cook foi apenas o corolário de várias expedições exploratórias aos mares do Sul em busca do mítico continente do Sul. Nestas viagens, a Austrália teria sido visitada, segundo alguns investigadores, por portugueses (em 1522, por Cristóvão de Mendonça e em 1525 por Gomes de Sequeira), sendo certas as visitas dos neerlandeses a vários pontos da costa australiana a partir do século XVII. (Wikipédia). Sempre fez confusão esta chico-espertice dos ingleses em insistirem no erro, ano após ano, com a complacência dos nossos governantes/instituições responsáveis. Parecem cucos que fazem seus, os ninhos dos outros.
A verdade é só uma.
Foram os portugueses os primeiros Europeus a chegar à Austrália, cerca de 250 anos antes do Capitão Cook a ter reclamado.

E isso está mais que provado, com mapas, nomes de locais com cheirinho português, canhões e artefactos de pesca encontrados, etc. etc. e, se recuarmos um pouco no tempo, verificamos que uns anos antes o navegador António Abreu (a sua efígie está no Padrão dos Descobrimentos, portanto não era nenhum patrão de costa...) teria "supostamente" aportado à Austrália. 

Nem fazia sentido que uma vez chegados a Timor, só se de repente fôssemos desprovidos de neurónios dar-nos uma branca ou cegueira colectiva, é que não dávamos com aquele continente que dista de Timor apenas 500 km. Logo nós que navegámos pelas Gronelândias, Terra Nova/Canadá (João Vaz Corte-Real pode ser considerado o primeiro europeu a chegar à Costa Americana, 20 anos antes de Colombo), toda a costa de África, Brasil, que para chegarmos às Índias das especiarias e ultrapassarmos o Cabo das Tormentas, tivemos trabalhos esforçados muito mais do que permitia a força humana, segundo o nosso poeta. Navegámos por "seca e meca", fomos donos de meio mundo desde 1354 (quando arribámos às Canárias) e, depois de todas estas valências, querem-nos fazer acreditar que não vimos a Austrália mesmo à frente dos nossos narizes? Francamente!

Vamos saber o que nos dizem um historiador Australiano (ver o video no final) e um historiador/filólogo Holandês:

«O primeiro contacto europeu com o continente do Sul teria sido efectuado por navegadores portugueses, embora não haja referências a esta viagem ou viagens nos arquivos históricos de Portugal. (*) A principal evidência para estas visitas não declaradas foi a descoberta de dois canhões portugueses afundados ao largo da baía de Broome na costa noroeste da Austrália. A tipologia dessas peças de artilharia indica serem de fabricação portuguesa, podendo ser datadas entre os anos de 1475 e 1525.

No livro, "Para além do Capricórnio", o historiador australiano Peter Trickett afirma que duas expedições portuguesas realizadas nos mares da Indonésia no primeiro quartel do século XVI teriam atingido o território australiano: a expedição de Cristóvão de Mendonça a partir de Malaca para o sul em busca das "ilhas de ouro"(1522), mas sobretudo a de Gomes de Sequeira (1525) que supostamente teria atingido a Península de York. Para reforçar esta tese evoca-se o estabelecimento pelos portugueses em 1516 (**) de um entreposto comercial em Timor, que fica a cerca de 500 quilómetros da Austrália.

Segundo o historiador e filólogo Carl von Brandenstein, os portugueses teriam naufragado no noroeste da Austrália Ocidental, perto da ilha de Depuch, entre 1511 e 1520, tendo sido os primeiros europeus a tocar a Austrália, de onde não puderam sair. Estes portugueses acabariam por se integrar com a população local, deixando marcas culturais assimiladas pelos aborígenes. A fundamentação das suas teorias encontra-se na análise das línguas das etnias Ngarluma e Karriera (tribos da Austrália Ocidental), que apresentam particularidades que não se detectam nas outras línguas aborígenes, como o uso da voz passiva. Brandenstein apresenta também uma lista de palavras destas línguas que alega terem uma origem portuguesa (exemplos: thartaruga de tartaruga, monta/manta de monte, thatta de tecto)»

(*) - Perdeu-se muita documentação e mapas, aquando do terramoto de 1755. A digitalização ainda vinha longe...não fora esse desastre, a nossa História seria muito mais Gloriosa!

(**) - Há várias datas sobre a nossa chegada a Timor. Sempre pensei que foi em 1511, mas já li que mercadores Portugueses chegaram em 1512 à ilha da parte Leste, habitada pelo Povo Maubere e que a primeira fonte documental europeia conhecida, é uma carta de Rui de Brito Patalim a El-Rei D. Manuel,  datada de 6 de Janeiro de 1514, na qual são mencionados navios que tinham partido para Timor.

Há muito que a descoberta da Austrália por James Cook, levantava dúvidas aos historiadores. O historiador australiano, Peter Trickett, vem agora contrariar o que se ensinou nos últimos 237 anos: Afinal a Austrália foi descoberta pelos portugueses.

vídeo

Sobre este apaixonante tema, aconselha-se uma visita ao facebook de Deana Barroqueiro, onde vão encontrar excelente material, muitos mapas etc. (Hermínius Lusitano)

Austrália descoberta por portugueses em 1522


FORAM PORTUGUESES OS PRIMEIROS EUROPEUS A CHEGAR À AUSTRÁLIA

Segundo a agência de notícias Reuters, foi encontrado um novo mapa que prova que não foram os ingleses nem os holandeses que descobriram a Austrália, mas antes os navegadores portugueses.

Este mapa do século XVI, com referências e informação pertinentes escrito em português, foi encontrado numa biblioteca de Los Angeles e prova que foram navegadores portugueses os primeiros europeus a descobrir a Austrália.

SYDNEY (Reuters) - Um mapa marítimo do século 16 numa biblioteca de Los Angeles prova que foram os navegadores portugueses, não os ingleses ou holandeses, os primeiros europeus a descobrir a Austrália, diz um novo livro que detalha a descoberta secreta da Austrália.

O mapa assinala com detalhe e acuidade, várias referências da costa Este Australiana, tudo relatado em português, provando que foi a frota de quatro barcos liderada pelo explorador «Cristóvão de Mendonça» quem efectivamente descobriu a Austrália no longínquo ano de 1522.

Desta forma, os factos são agora invertidos, pois foi o navegador português a fazer tão importante descoberta, cerca de 250 anos antes do Capitão James Cook a ter reclamado junto da coroa inglesa, em 1770.

Na altura a descoberta de Cristóvão de Mendonça, agora suportada por um rol de historiadores, graças aos vários descobrimentos lusos que ocorreram ao longo das costas Neozelandesa e Australiana durante o século XVI, foi mantida em segredo como forma de prevenir e impedir que outras potências europeias alcançassem e se apoderassem deste novo e fantástico pedaço de terra.

ADENDA: POR HERMINIUS LUSITANO

O que pode significar esta nova descoberta? Muita coisa... Mas acima de tudo prova que os aborígenes australianos e os portugueses têm muito em comum - uma paixão feroz pelo Oceano. Recordemos que os aborígenes da Austrália descendem de emigrantes africanos que povoaram a Ásia há 60 mil anos, cruzando o mar utilizando canoas e toscas embarcações. Gente que demonstrou muita coragem ao enfrentar o imenso desconhecido, uma similitude com os navegadores portugueses.

Austrália no Atlas de Vallard

Mapa desenhado por Cristóvão de Mendonça
"Terra Java" (Costa Oriental da Austrália?)

Há muito que a descoberta da Austrália por James Cook, levantava dúvidas aos historiadores. O historiador australiano, Peter Trickett, vem agora contrariar o que se ensinou nos últimos 237 anos: Afinal, a Austrália foi descoberta pelos portugueses.(video no link)

O livro com o titulo 'Para além do Capricórnio' da autoria de Peter Trickett, jornalista australiano e repórter de investigação especializado em temas de ciência e história, que li em dois dias tão grande foi o interesse que me despertou (recomendo a leitura do mesmo), o autor explica de uma maneira muito simples, vários achados e danças cerimoniais que estão enraizadas nos aborígenes, que provam a passagem do Capitão Cristóvão de Mendonça que cartografou a costa da Austrália.

Nesses achados consta um canhão encontrado em local sagrado aborígene em Carronade Island, na costa de Kimberley, que é comparado a uma réplica de um canhão Português do Século XVI (o livro mostra as fotos e são mesmo idênticos). Foi encontrado também um pote de cerâmica de estilo Português (também há foto do pote)  pescado do leito do oceano ao largo de Gabo Island,  e  datado cientificamente como sendo do ano 1500 que provavelmente conteria vinho ou azeitonas.

Encontrados também artefactos de pesca numa praia de Fraser Island, Queensland, contendo um peso de chumbo que foi datado cientificamente como sendo de cerca de 1500 e o chumbo identificado como sendo originário de uma mina de Portugal ou no sul de França. Os nomes "aportuguesados" que Cristóvão Mendonça deu a vários pontos da costa, explicados e traduzidos pelo autor do livro é fascinante. Até a fisionomia de alguns aborígenes com alguns traços europeus, são por ele explicadas.

1 comentário:

  1. Gostaria de saber qual a posição dos nossos historiadores acerca desta importante descoberta.!E os políticos,o que têm a dizer?Têm de ser os historiadores de outros países tal como os ingleses e australianos a dar a conhecer a nossa história ao mundo?Tirando honrosas excepções,como no caso deste blog,mais ninguém quer saber?

    Jorge Lima

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