"Austrália descoberta por quem ? "
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A descoberta em Darwin de um canhão de bronze do séc. XVI, de indiscutível
manufactura portuguesa, indica que chegámos à Austrália muito antes dos
holandeses, os descobridores oficiais.
Um rapaz de onze anos passeava numa praia da região de Darwin, no Norte da
Austrália, quando tropeçou num objecto metálico que despontava da lama, na maré
baixa. Intrigado, chamou o pai - e ambos recolheram o estranho artefacto de
forma tubular.
anos e muitas pesquisas científicas depois, sabe-se que o achado é um
pequeno canhão pedreiro de bronze, com cerca de dois metros de comprimento,
fabricado em Portugal no século XVI e usado nas naus lusitanas da época como
arma anti-pessoal.
O achado põe em causa todas as teorias oficiais sobre a descoberta da
Austrália, atribuída ao navegador holandês Willen Jansz, que ali chegou já no
séc. XVII, em 1606, com o seu navio Duyfken.
1547 mapa original costa Leste e Norte da Austrália
Na verdade, os descobridores portugueses navegavam por aqueles mares desde
o início do séc. XVI, tendo ocupado Timor logo em 1515.Mas não existia, até
agora, evidência de que tivessem então alcançado a Austrália, 700 quilómetros
mais a Sul.
Os especialistas estão agora a estudar em pormenor o achado de Dundee
Beach, situada a cerca de duas horas de Darwin, mas dificilmente a Holanda
admitirá sem luta que a glória da descoberta não lhe pertence.
1547 mapa original costa Sul da Austrália
Na Imprensa flamenga insinua-se já que o canhão de
bronze poderia ter sido "arrastado pelas correntes" - uma tese
difícil de aceitar no caso de um objecto tão pesado, embora de pequenas
dimensões. Entre os académicos australianos, o indício de que naus portuguesas
poderão ter chegado ao Norte da Austrália ainda no séc. XVI é aceite como
plausível.
1547 mapa original costa Leste e Norte da Austrália posição invertida
1547 mapa original costa Leste e Norte da
Austrália posição correcta
O facto de cartas de marear europeias do início desse séc. já mencionarem o
território australiano tem sido admitido nos meios científicos como indício de
que os portugueses tiveram um contacto pioneiro com o território, pois as
fontes da cartografia do período eram geralmente navegadores lusitanos.
Contudo, faltava ainda uma primeira prova material, que parece ter
finalmente vindo à superfície na praia de Dundee.
DESCOBERTA DA AUSTRÁLIA
Luís Arriaga
Os Portugueses foram os primeiros ocidentais a chegar à Austrália!
A suspeita existia há muito e eu próprio já procurara nos Arquivos da
Armada Portuguesa provas ou indícios de que os Portugueses haviam sido os
primeiros ocidentais a chegar à Austrália.
De facto, há dias chegou-me por mail, uma notícia proveniente da credível
Agência Reuters dando conta da comprovação feita nos Estados Unidos da América,
pelo professor australiano Peter Trickett, ao investigar numa biblioteca
americana de Los Angeles, dados sobre Camberra, e de ter encontrado, por mero
acaso, as provas há muito procuradas.
Com efeito, os primeiros navegadores ocidentais a fazer o “achamento” (era
essa a expressão que antigamente se usava) da imensa costa australiana –
primeiro a Norte e depois a Leste, foram os marinheiros da frota de um tal
Mendonça, ao serviço da coroa portuguesa, tendo cerca de 1520 a 1522
chegado ao Botany Bay (hoje a zona onde se situa o aeroporto de Sydney),
isto é, cerca de 250 anos antes do inglês James Cook, o almirante da versão
oficial.
Os factos baseiam-se em Portulanos (nome que era dado aos mapas e cartas de
marear) desenhados por copistas franceses (normalmente nos séculos XV e XVI os
copistas eram todos franceses, alemães ou italianos), e que continham desenhos
perfeitíssimos da costa leste da Austrália.
Nesse tempo, o navegador português Cristóvão de Mendonça,
sediado em Malaca ( a leste de Ceilão, hoje Sri Lanka), procurava em segredo,
com a sua frota de quatro navios, encontrar a lendária Ilha do Ouro,
descrita por Marco Polo como situando-se a Sul de Java.
Curiosamente, estas terras longínquas do Sul foram primeiro designadas como Terra
Java.
Nos referidos Portulanos constam também elementos que fazem crer que, na
ocasião, estes navegadores lusitanos tenham visitado a Kangaroo Island e
no regresso a Malaca, tenham decidido voltar pela ilha Norte da Nova
Zelândia.
Estas ideias são ainda reforçadas pela descoberta de utensílios e
artefactos portugueses de então, (século XVI), nas costas da Austrália e Nova
Zelândia.
“Para Além do Capricórnio” é o nome do livro de que se terá
socorrido o Professor Peter Trickett para fundamentar as suas
recentíssimas investigações, que só vêm afinal comprovar as suspeitas
existentes sobre a autoria do achamento destas terras do Sul –
significado etimológico da expressão Austrália.
Os portugueses não terão divulgado na ocasião tal descobrimento para não
arranjarem conflitos com a coroa castelhana, devido aos acordos firmados no
âmbito do Tratado de Tordesilhas.
Também a pujança colonizadora dos lusitanos era manifestamente parca, uma
vez que as caravelas, depois de largarem gente e bagagens em Cabo-Verde, Guiné,
Angola, Moçambique, Índia, Macau e Timor, já praticamente nada, nem ninguém
sobrava para colonizar a Terra Java!
Terá sido um esforço notável, próprio de gente de uma dimensão
extraordinária, aquele que ainda hoje, quinhentos anos depois, nos envaidece e
justifica, que com orgulho pátrio divulguemos que os primeiros ocidentais a
arribarem a estas terras foram os nossos ascendentes!
Luis Arriaga (em Sydney)
" Austrália descoberta pelos Portugueses"
Por J. Chrys Chrystello
Desconhecida para a maioria das pessoas é a história deste país, que nas
últimas décadas sofreu várias alterações conceptuais. É agora aceite, pela
maioria dos historiadores, que os primeiros europeus a navegarem e a traçarem
cartograficamente a costa australiana não foram, ao contrário do que tem sido
ensinado ao longo dos 200 anos da nação, o capitão Cook e seus correligionários,
mas marinheiros portugueses que o fizeram mais de 250 anos antes daqueles.
A teoria de os portugueses terem sido os primeiros, não é de agora nem
sequer é nova. Com efeito, celebrou-se em 1984 o centésimo aniversário de tal
teoria, defendida então pelo historiador George Collingridge, o qual,
infelizmente, jamais a conseguiu provar.
Depois dele, vários outros tentaram sem sucesso demonstrar a viabilidade de
tal interpretação, jamais se quedando para além da especulação.
Em 1977, um advogado, Kenneth Gordon McIntyre, publicou um livro intitulado
"A Descoberta Secreta da Austrália" que veio alterar totalmente este
estado de coisas, passando a partir daí, a ser o ónus dos cépticos de
desmentirem as suas alegações.
Embora McIntyre (ver Anexo VIII) não seja um historiador na acepção
académica do termo, certo é que os seus estudos passaram a ser aceites pela
maioria dos académicos de todo o mundo. E, embora o autor confesse que tal
publicação, umas décadas antes, era impensável, nem teria qualquer
probabilidade de ser tomada em consideração, devido à questão de honra que
constituía para qualquer historiador britânico assumir a descoberta da
Austrália como inegavelmente devida a Cook, certo é que esse xenofobismo se
esfumou desde os tempos de Collingridge.
Para um dedicado estudante de Cook, conselheiro da Real Sociedade
Australiana de História, também o problema da religião influiu na refutação das
teorias de Collingridge.
Como católico era visto como oponente das correntes maioritárias
protestantes a que o próprio Cook pertencera.
Torre portuguesa de Eden - Nova Gales do Sul -
Austrália
A versão de McIntyre tem consideráveis implicações na história europeia da
Austrália, colocando toda a temática da primeira colonização numa perspectiva e
diferente escala temporal.
Significa que os portugueses atingiram Botany Bay e Sydney Heads (pontos
costeiros da actual Sidney) cerca de 1524, ou seja, 40 anos antes do nascimento
de Shakespeare e sete anos antes das teorias de Martinho Lutero terem atingido
a luz do dia.!!!
Tal versão dá-nos também uma diferente leitura da viagem de Cook, mais
próxima dos tempos actuais do que da inicial viagem dos marinheiros
portugueses.
O interesse de McIntyre por Portugal deve-se a fortuito acontecimento
associado à sua posição de Leitor de Literatura Inglesa na Universidade de
Melbourne, quando tomando conhecimento da obra de Elizabeth Barrett Browning
"Sonetos Portugueses", um imenso interesse o despertou para a língua
e história portuguesas.
Assim, em 1966, realiza a sua primeira viagem a Timor Português, que então
celebrava o seu 450º aniversário de colonização lusa.
Duas coisas o impressionaram sobremodo nessa visita: primeiro, a distância
relativamente curta a que Timor se encontra da Austrália (416 km por mar ou ½
hora de viagem aérea), segundo, que uma potência marítima como Portugal tivesse
uma colónia tão perto do continente australiano, 254 anos antes da chegada de
Cook.
Poderia, então, ser possível que os experientes marinheiros portugueses,
capazes de saberem lidar com todos os segredos das velas e dos barcos, que lhes
permitira chegar a Timor em 1516, durante séculos nunca tivessem chegado à
vasta massa continental da Austrália? (ver Anexo V)
Não havia dúvidas de que a história da exploração necessitava de ser
reexaminada.
Assim, sem querer, estava a aproximar-se da tese de Collingridge datada de
1880. Tal como o seu antepassado, McIntyre descobriu que um antigo mapa (ver
Anexo II) provava não apenas que os portugueses tinham atingido a Austrália,
mas que haviam traçado 2/3 da sua costa.
A sua interpretação do referido mapa provaria ser, no entanto, irrefutável,
ao contrário dos esforços do seu compatriota.
O mapa em questão, denominado o mapa Delfim (ver Anexo VII) por ter sido
elaborado para o delfim do trono francês, data de 1536, e é o mais antigo de
todos os mapas da antiga escola (e maior centro cartográfico da época) de
Dieppe.
É um mapa do mundo, tal como era conhecido na época, que incluía já as
ilhas do arquipélago indonésio e uma vasta massa continental, que se estendia a
sul da Indonésia e a que se chamava, então, Java a Grande (Jave la Grande).
Este era aliás, o nome que lhe havia sido dado antes por Marco Pólo,
designando uma vasta área de terra que se sabia existir na região.
Ruinas de Bittangabee Bay - Ben Boyd National Park -
Java, a Grande, tal como aparece no mapa em questão, tem uma vaga
semelhança com a forma da Austrália actual e encontra-se a cerca de 1 500 km a
oeste da real posição do continente.
O mapa mostra, assim, uma distorção da verdadeira imagem do continente,
devida ao facto de os portugueses da época não saberem calcular, com exactidão,
a curvatura do globo e os desvios provocados pelo campo magnético terrestre.
(ver Anexo I)
McIntyre não foi o primeiro a descobrir este facto, mas os outros haviam-no
feito sem qualquer credibilidade, enquanto ele resolveu dedicar-se a estudar
com precisão o método cartográfico português utilizado há mais de 450 anos,
servindo-se de um tratado da autoria do célebre matemático Pedro Nunes.
Assim, habilitado com os erros da técnica utilizada, à data, pelos
portugueses, foi capaz de estabelecer os desvios existentes e, eliminá-los.
Para isto, serviu-se de elaborados cálculos matemáticos capazes de desafiar
qualquer outra possível explicação. Os resultados eram, de facto,
surpreendentes.
Depois de corrigidos os desvios, provenientes dos cálculos dos cartógrafos
portugueses, o mapa Delfim (Ver Anexo XI) aparecia com uma imagem, deveras
detalhada, e perfeita da costa australiana, a norte, leste e oeste.
Até a larga península triangular na extremidade sudeste se encaixa
perfeitamente na versão reconstruída do mapa, devendo-se isto ao efeito de
preparar mapas bidimensionais, através de cortes ou segmentos do globo
terrestre, os quais eram posicionados ao lado uns dos outros para se obter o
efeito final, deste modo, exagerando o Cabo Howe e as suas dimensões (ver mapas
reproduzidos nos Anexo I).
O mapa português da Austrália, conhecido por "Terra de
Java"pertencente à Biblioteca de Huntington, San Marino, Califórnia, EUA.
Este mapa descreve com precisão e em português vários locais ao longo da costa
Este australiana. A exacta disposição deste mapa só recentemente foi realizada
por Peter Trickett.
A versão de McIntyre para os mapas de Dieppe, baseada nos originais ali
arquivados, pareceu-lhe prova suficiente de que os portugueses haviam, de
facto, traçado uma larga parte da costa australiana, antes de 1536, data do
mapa Delfim (ver Anexo VII).
A partir daqui, começou a tentar, porém, descobrir quem teria sido o
marinheiro português capaz de tal feito.
Neste campo hipotético, tudo parece apontar, como responsável único, para
Cristóvão de Mendonça, capitão da Marinha Portuguesa, que partiu de Malaca, em
1521, com três naus, em busca das ilhas do Ouro, então, supostamente
localizadas a sul das Índias Orientais.
O mapa Delfim comprova que Mendonça (ou outro) passou pelo Estreito de
Torres, virando a sul na zona do Cabo Iorque e percorreu parte da costa
oriental.
Dentre os locais possíveis de identificar naquele mapa aparecem o Cabo
Melville, a Grande Barreira de Corais, o porto de Cooktown, a ilha Fraser e a
baía de Botany.
Depois de dobrar o Cabo Howe, e dirigindo-se para ocidente, Mendonça terá
acompanhado o que é hoje a costa do estado de Vitória, até ao Cabo Ottway e à
Baía de Phillip, quedando-se em Warrnambool, a partir de onde terá decidido não
prosseguir mais além
1547 mapa original costa Leste e Norte da Austrália posição invertida
Existe aqui uma intrigante coincidência, pois é neste ponto onde Mendonça
decidiu regressar, que mais tarde haveria de aparecer o célebre e misterioso
"Mahogany Ship" (Nau de Mogno, ou madeira de caju ver Anexo IX)), do
qual existem cerca de 27 relatos diferentes, entre 1836 e 1880, e que depois
desta data, parece ter desaparecido, de vez, das dunas de Warrnambool.
De acordo com as descrições existentes tratava-se de um barco extremamente
antigo e com um estilo de construção semelhante ao das caravelas portuguesas da
época quinhentista.
A tratar-se de uma das naus de Mendonça, poderia estar assim explicada a
razão pela qual ele não prosseguiu na sua exploração da costa australiana em
1524.
A lista dos historiadores que, finalmente, se decidiram a aceitar a teoria
de que os portugueses descobriram a Austrália (antes de outros europeus) vem a
aumentar desde que, em 1977, McIntyre publicou o seu livro.
O Prof. Geoffrey Blainey (célebre historiador) admite-o no seu livro
"A Land Half Won" ("Uma Terra Meia Conquistada"). T. M.
Perry, leitor de geografia da Universidade de Melbourne, no seu livro "A
Descoberta da Austrália", e o Prof. Russel Ward, na sua obra "A
Austrália Desde a Chegada do Homem (Australia since the coming of man) "
admitem igualmente esta "descoberta" da Austrália, aceitando a tese
de que a descoberta da Austrália pelos portugueses, antes de 1536, foi,
"uma possibilidade, uma probabilidade, uma verdade conclusiva".
Na prática, porém, o Capitão James Cook continua ainda a ser tema da
descoberta da Austrália em muitos livros escolares.
Não há dúvida de que uma teoria tão radical como a de McIntyre vai demorar
mais de uma geração a impor-se à burocracia educacional.
Curiosamente porém, foi o estado de Vitória, de onde é natural e onde
trabalhou sempre McIntyre, o primeiro a incorporar tal teoria nos livros de
história oficialmente utilizados. (ver mapas 1-4 Anexo 1). Quando os
portugueses aqui estiveram (Austrália) na primeira metade do século XVI, os
aborígenes viviam contentes e nalgumas regiões do país haviam-se habituado a
mercadejar com estrangeiros.
Há provas evidentes disso com os pescadores e mercadores de Macassar, na
altura uma possessão dominada pelos Portugueses, na qual havia sido adoptado um
dialecto crioulo derivado do Português.
O próprio Capitão Cook regista na passagem por Savu com a data de 19 de
Setembro de 1770, ter-se servido de Manuel Pereira, o português embarcado na
"Endeavour" no Rio de Janeiro para se entender com os locais.
A presença de aborígenes brancos está assinalada, assim como a presença de
mestiços aborígenes com traços timorenses ou malaios, nas costas ocidental e
norte da Austrália.
Para a presença dos portugueses como a História pela mão de Kenneth
McIntyre parece provar, curioso será recordar uma "descoberta" em
1967: uma construção em Bittaganbee (ver Anexo III), perto de Eden, na costa
sul de Nova Gales do Sul.
ruínas de Bittangabee Bay - Ben Boyd National Park -
As ruínas ainda hoje existentes atestam a presença de uma casa de pedra,
com uma plataforma de 30 por 30 metros, rodeada por largos pedaços de rocha
irregularmente cortadas, que em tempos serviram de paredes a tal construção,
com existência de alicerces. A construção, sem tecto, é feita de pedra local, e
pedaços de conchas marinhas servindo de estuque. (McIntyre interroga-se "Seria
isto o quartel general de Inverno de Mendonça?"
Dentre as possibilidades de analisar essa construção, uma é a do enorme
esforço e trabalho que a mesma terá envolvido para transportar, trabalhar e
erigir a mesma, em especial dado o tamanho de algumas daquelas pedras.
Esse tipo de construção só pode ter sido efectuado por uma tripulação
completa de um navio da época, não podendo ser obra de um pequeno grupo de
degredados ingleses ou pessoas isoladas.
O primitivismo da construção, semelhante a uma fortificação, é único na
Austrália, e decerto antecede em séculos a formação da vila que só foi fundada
em 1842 com materiais e fundos londrinos.
Mas, curiosamente se aquela construção aqui está fora de lugar, esta
construção é semelhante a outra descoberta nas Novas Hébridas, também em 1967:
a célebre "Nova Jerusalém" criada em 1606 por Pedro Fernandes
Queirós, que juntamente com Luís Vaz de Torres eram portugueses, ao comando de
naus espanholas navegou por estas paragens austrais.
Um outro facto perturbador é o de existir uma data inscrita numa das pedras
que 15(?)4, embora o terceiro dígito não pareça um 2, o que a localizaria na
época de Mendonça. Cristóvão de Mendonça teve uma presença marcante nestas
costas australianas e neozelandesas que importa desvendar.
Uma das suas caravelas perdeu-se nas dunas de Warrnambool na Austrália do
Sul, a segunda, provavelmente na costa neozelandesa, mas decerto a terceira
conseguiu regressar a Malaca, Goa e Lisboa.
Faria e Sousa regista que Mendonça efectuou uns anos mais tarde nova viagem
a Goa, antes de ser nomeado Governador de Ormuz, quiçá por serviços prestados
na descoberta da Austrália.
Em 1817, quando o governo da coroa britânica se mostrou interessado na Nova
Zelândia, que em breve se tornaria sua colónia, o almirantado em Londres
estudou os mapas ingleses da época comparando-os com a versão de La Rochette
(1807).
Neles existe uma anotação dessa data (1817) afirmando que embora a
Nova Zelândia tenha sido descoberta por Abel Tasman em 1642, a sua costa era
conhecida dos portugueses desde 1550.
Este documento ainda hoje existe nos Reais arquivos públicos de Londres. No
Museu de Wellington (Nova Zelândia) existe um sino de bronze (ver Anexo IV),
descoberto pelo Bispo William Colenso em 1836 e o qual estava na posse dos
Maoris (aborígenes locais) que declararam tê-lo há muitas gerações.
No sino existe uma inscrição em Tamil (língua indiana, o idioma da Goa de
então, que era a capital oriental do Império Português.
Idênticos sinos foram descobertos em Java datados do início do século XVI e
todos os barcos portugueses da época transportavam consigo goeses e outros
indianos, os "Lascaria" como ajudantes da tripulação.
Relativamente a este assunto, outro semelhante tem surgido nalgumas páginas
da imprensa local (australiana), ou seja, o estudo da presumível descoberta da
Nova Zelândia pelos portugueses, face a recentes descobertas ali efectuadas de
restos de naus quinhentistas e utensílios tipicamente portugueses.
Na altura (1984), o Consulado Geral de Portugal em Sydney recebeu pedidos
de colaboração para o estudo em causa, por parte de historiadores
neozelandeses.
Será que algo foi feito? Mais de vinte anos mais tarde sabemos que nada se
concretizou.
Terão de ser sempre os estrangeiros a dizerem-nos o que descobrimos, como e
quando?
Haverá, em Portugal, alguém interessado em ajudar a desvendar este e outros
factos gloriosos da epopeia lusa?
ruínas de Bittangabee Bay - Ben Boyd National Park -
O interesse existe neste continente australiano para se estabelecer a
verdade histórica dos factos: será que os homens de hoje têm a vontade e
capacidade de reporem Portugal no lugar a que tem direito, como país pequeno
que deu novos mundos ao mundo, tal como aprendi nas cábulas de ensino oficial
anteriores ao 25 de Abril?
Ou será, que na pressa de escrevermos a história presente olvidaremos os
grandes homens do passado, a quem devemos hoje esta cultura miscigenada que nos
distingue?
A resposta, a quem competir responder. Chegamos aqui primeiro e aqui estou
eu a repetir um trajecto de antanho, projectando uma imagem do país que fomos e
que gostaríamos de voltar a ser.
Quando nos aproximamos dos 500 anos passados, quem chegou primeiro a estas
plagas?
Depois dos aborígenes, tudo parece confirmar que foram os portugueses os
primeiros europeus.
Quando, como, e em que condições? Para quando a verdadeira história dos
descobrimentos, agora que a celebração dos seus 500 anos já passou à
história?........
Recordemos que até 1832 a Inglaterra não reconheceu como suas as possessões
da Austrália Ocidental aguardando que Portugal as reclamasse.
Quem sabe se hoje não teríamos metade deste enorme continente a falar
Português? Decerto que muitos dos cerca de um milhão de aborígenes poderiam não
ter sido exterminados como foram e a Austrália poderia ser mais multirracial do
que é.
Este era o tema do tal documentário ficcionado que apresentei à televisão
SBS., e à ABC.
Ambas as teses aqui delineadas hoje deviam constar dos programas
curriculares portugueses como já constam de muitos dos programas australianos.
"Dês que passar a via mais que meia
Que ao Antárctico Pólo vai da Linha,
Duma estatura quási giganteia
Homens verá, da terra ali vizinha;
E mais àvante o Estreito que se arreia
Co’o nome dêle agora, o qual caminha
Para outro mar e terra que fica onde,
Com suas frias asas, o Austro a esconde".
In Luís Vaz de Camões. Canto X, 141, Lusíadas 1572
Mapa Português que foi trocado.
Em 2007 Peter Trickett publica "Beyond Capricorn", onde revela
mais um dado sobre a descoberta da Austrália.
Ao estudar uma colecção mapas dos século XVI, o célebre Atlas de Vallard
feitos a partir de 15 mapas roubados em Portugal, descobriu que um deles representa
a costa Este da Austrália.
Os ladrões (franceses) desconhecendo a configuração precisa da Austrália
trocaram a ordem dos mapas lançando desta forma a confusão nos historiadores
O descobridor da Austrália foi Cristóvão de Mendonça que vindo de Malaca (actual Malásia) chegou à Baia da
Neve (actual Botany Bay) com uma frota de quatro navios em 1522, quase 250 anos
antes do capitão inglês James Cook (o achamento oficial deu-se entre 1768 e
1771).
Terão os portugueses informado os ingleses da existência da Austrália no
século XVIII ? Recorde-se que a Inglaterra era aliada de Portugal, tendo desde
o século XVII lhes sido dadas várias possessões ultramarinas portuguesas como a
cidade de Bombaim na India.
Portugueses e Aborígenes .
Os portugueses chegaram à Austrália na primeira metade do século XVI, tendo
estabelecido relações com os aborígenes. Estes terão igualmente
estabelecido relações com possessões portuguesas da região. Foi
talvez por esta razão que o Capitão Cook regista na passagem por Savu, a data
de 19 de Setembro de 1770, ter-se servido de Manuel Pereira, o português
embarcado na ‘Endeavour’ no Rio de Janeiro para se entender com os locais.
Achados arqueológicos.
Fortificação. Kenneth McIntyre, em 1967, descobriu uma primitiva
fortificação (? ), em Bittaganbee, perto de Eden, na costa sul de Nova Gales do
Sul que teria sido feita no século XVI, pelos portugueses.
Navio.
Em Abril de 2004 foi descoberto um navio português, afundado em 1816, ao
largo da da costa norte da Austrália Ocidental. Este navio assegurava a ligação
entre Lisboa e Macau, demonstrando aquilo que já se sabia: as costas da
austrália eram percorridas por navios portugueses.
Século XX.
No século XX Portugal e a Austrália cruzaram-se na cena política
internacional, em dois momentos decisivos:
Primeiro foi durante a IIª. Guerra Mundial (1939-1945) quando os japoneses
invadiram Timor. Esta território português desempenhou uma heróica acção contra
progressão das tropas japoneses na região.
Depois foi quando os australianos decidiram, em 1975, apoiar a invasão e
anexação de Timor pela Indonésia, recebendo em troca concessões na exploração
do petróleo nos mares desta antiga colónia portuguesa. A Austrália só reviu a
sua posição depois de 1999, quando a comunidade internacional e a própria
Indonésia aceitarem o princípio da auto- determinação do povo timorense.
Ambas as teses aqui delineadas hoje deviam constar dos programas
curriculares portugueses como já constam de muitos dos programas australianos.
Austrália o verdadeiro descobridor !
por: José
Manuel Azevedo e Silva da Universidade de Coimbra
fonte:http://marinhadeguerraportuguesa.blogspot.pt/2014/04/a-rota-da-india.html
Se direitos
de autor de terceiros forem violados, por favor comunique com o blog para que o
conteúdo possa ser retirado.
O verdadeiro
descobridor da Austrália Diogo Pacheco, capitão-mor da primeira Expedição Portuguesa à Austrália, em 1519
A questão da
descoberta da Austrália pelos europeus está envolta em poucas
certezas e em muitas dúvidas, conjecturas, enigmas e mistérios. Mas há uma
certeza de que ninguém hoje ousa duvidar (a não ser alguns espíritos
pirrónicos):
A Austrália
foi descoberta pelos portugueses.
Esta tese tem
vindo a ganhar corpo e a robustecer-se, desde a segunda metade do século XIX, a
partir dos estudos do Visconde de
Santarém e do historiador inglês Henry Major seguido de outros a que adiante
aludiremos, culminando agora com o interessante e importante livro do
jornalista australiano Peter
Trickett.
A conquista
de Malaca, em meados de Agosto de 1511, por Afonso de Albuquerque, e a imediata construção da sua
fortaleza, constituiu a implantação de uma importante base portuguesa de apoio
à penetração no Extremo Oriente e de descobrimento dos largos mares, com a sua
imensidão de ilhas, que se estendem para Leste.
Do mesmo modo
que do Tejo partia anualmente para o Oriente a chamada Armada
da Índia, do porto de Malaca passaram a sair, igualmente
em cada ano, expedições com o objectivo de desbravar os mares da China,
do Japão, das Molucas, e do duplo cordão de ilhas que,
como se viria depois a saber, ligavam naturalmente Malaca à Nova
Guiné, à Austrália e à Nova Zelândia.
O primeiro
cordão insular, mais a Norte, formado essencialmente pelas ilhas de Bornéu, Celebes, Molucas, Buru, Ceram até
à Nova Guiné; o segundo, sensivelmente paralelo ao anterior e mais
a Sul, constituído pelas alongadas ilhas de Samatra e de Java,
continuadas
por Bali, Lombok, Sumbava, Sumba, Flores, Timor,
apontando naturalmente para a Austrália e para a Nova
Zelândia.
Claro que
tais expedições não tinham apenas o descobrimento como objectivo, visavam
também o comércio e a recolha de informações.
Vejamos cada
uma dessas expedições, ou melhor, aquelas que deixaram algum rasto nos trilhos
da História.
Após a tomada
da cidade de Malaca e da construção da sólida fortaleza, Afonso de Albuquerque regressou a Goa, em
Dezembro de 1511.
Antes,
porém, Albuquerque nomeou como capitão-mor de uma expedição de três navios o fidalgo
madeirense (natural da Calheta) António de
Abreu: na nau capitânia de Abreu, a Santa
Catarina, seguia o piloto Luís Botim; Francisco Serrão capitaneava a nau Sabaia, com o piloto Gonçalo de Oliveira; o outro navio era uma caravela,
comandada por Simão Afonso Bisagudo, levando consigo o arguto piloto-cartógrafo Francisco Rodrigues que, ao que se julga, logo após o
seu regresso a Malaca, elaborou as suas preciosas cartas
geográficas, que viriam a tornar-se mundialmente famosas, onde regista os
espaços insulares descobertos, cartas essas inseridas no códice anexo à Suma
Oriental, de Tomé Pires, o qual será
publicado conjuntamente com esta obra, em 1978, sob o título de Livro de Francisco Rodrigues segundo o relato de João de Barros e de António Galvão, é possível captar o itinerário desta
frota.
Partindo
de Malaca, os mareantes bordejaram a costa Norte de Samatra e
de Java, colocaram um padrão em Agacim e, seguindo para Leste, descobriram, entre outras, as ilhas de
Madura, Bali, Anjano (Lombok), Simbaba (Sumbawa), Flores e
daqui desviaram-se para Nordeste até Buru, Amboino e Ceram.
Iniciaram o
regresso, rumando a Sudoeste, pelas ilhas de Gunuapé, Banda (onde
colocaram outro padrão e compraram cravo, maça e noz-moscada), Lucipara, Vitara (actual Wetar), Alor e Solor,
voltando a partir daqui a Malaca, sensivelmente pelo mesmo caminho
da viagem de ida.
Na nossa
opinião, não é concebível navegar nas águas destas últimas ilhas sem tocar ou,
pelo menos, avistar a ilha de Timor. Aliás, a ilha figura já,
embora sem o topónimo inscrito, nos mapas do piloto-cartógrafo Francisco Rodrigues, desenhados em 1512. E, em
1514,escrevendo de Malaca para o Reino, Rui de Brito informava que Timor tinha
muito sândalo, mel e cera.
Cremos que
ninguém porá em causa se poder afirmar que estar em Timor é
estar às portas da Austrália.
A expedição
de António de Abreu regressou a Malaca em fins de Dezembro de 1512.
Tinha
decorrido um ano que dali havia partido.
No dizer
de Armando Cortesão, «estava descoberta a Australásia». Repare-se que Cortesão
escreveu, em 1939, Australásia e não Austrália.
Henry Major, como vimos já, é que formulou a hipótese da descoberta da Austrália por António de Abreu, em 1512.
Contudo,
se Major errou
na Geografia, acertou no facto de pôr os portugueses na pista de descobridores
da Austrália.
Como atrás se
disse, o piloto-cartógrafo Francisco
Rodrigues recolheu durante esta viagem as
informações que lhe permitiram escrever o livro e debuxar os exemplares
cartográficos dos mares e dos espaços insulares por onde a expedição de António
de Abreu tinha passado.
Segundo Armando Cortesão, «são nove as cartas que Francisco Rodrigues desenhou,
representando o Extremo Oriente: quatro abrangem a Insulíndia,
de Malaca às Ilhas das Especiarias, e cinco as regiões para
Norte, de Malaca aos Léquios, com todas as
informações que o cartógrafo pôde colher sobre as ilhas e costas do mar da
China».
Na sequência
da viagem de António de Abreu, todos os anos partia de Malaca, como atrás se disse, uma
expedição (alguns anos até mais que uma) a descobrir e senhorear os mares do
Oriente.
Assim, em 14
de Março de 1513, saiu do porto daquela cidade uma armada constituída por três
navios e uma caravela, sob o comando de João Lopes
Alvim, com destino às Molucas,
levando como escrivão e contador, dessa feitoria a instalar nas ilhas do cravo,
o nosso conhecido Tomé Pires, autor da
Suma Oriental.
A frota
regressou a Malaca, a 22 de Junho desse mesmo ano de 1513,
carregada com cerca de 1.200 quintais de cravo.
É o
próprio Tomé Pires que na
sua obra informa que a frota de Alvim visitou a costa de Java, tendo colhido informações directas
das restantes ilhas até Timor e, para o Norte, até Banda, Amboino, Ceiram e Molucas.
Ainda no ano
de 1513, após o regresso de Alvim, outra armada de três navios,
comandada por António de Miranda de Azevedo, foi de Malaca às Ilhas das Especiarias.
No ano
seguinte (1514), foi o mesmo mandado com uma nau à ilha de Banda,
regressando com mais dois juncos carregados de especiarias.
Como vemos, a
actividade náutica e mercantil portuguesa naquelas longínquas paragens e o
esforço de domínio dos mares eram intensos e vão continuar.
Em 1515,
partiu Álvaro Cocho com dois juncos para Maluco, tendo carregado, em Ternate,
certamente cravo, regressando a salvo a Malaca.
Nesse mesmo
ano, outros dois juncos, capitaneados por Francisco
Pereira e Jorge de
Lençóis, foram à ilha de Banda, mas
perderam-se os juncos no regresso a Malaca. Como é natural, nem
tudo corre de feição.
Há
imprevistos, há riscos, há perdas.
Em 1516,
foi Manuel Falcão com uma caravela e um junco a Banda. No ano
seguinte, Simão Vaz foi num
junco igualmente a Banda. Em 1518,
partiu de Malaca D. Tristão de
Meneses com um navio e dois juncos com
destino às Molucas. Em 1519, foi Diogo Brandão enviado com vários juncos às Ilhas
das Especiarias.
Em 1520,
foram outros juncos enviados a Banda e às Molucas,
sob o comando de António de Pina e Gonçalo Correia.
Com o que
temos vindo a dizer, pretendeu-se vincar bem a ideia, já atrás enunciada, de
que, a partir da conquista portuguesa de Malaca, em 1511, todos os
anos saíram navios do porto daquela cidade-fortaleza a desbravar os amplos
mares, estendidos a Leste, enxameados de ilhas.
E a
cartografia portuguesa vai registando e representando esses novos espaços
descobertos.
Além de Francisco Rodrigues, Lopo Homem, no seu mapa-mundi, de 1519 (Atlas Miller), regista as principais ilhas
nos vastíssimos mares a Leste e Sueste de Malaca. E uma carta do
referido Atlas e da mesma data, atribuída a Lopo Homem – Reinéis,
mostra Malaca com a sua imponente fortaleza e, no imenso mar
aberto a Oriente, Sul e Sueste as ilhas de Taprobana (Samatra), Java
Maior, Java Menor, Sunda, Banda, Maluco,
além de uma imensidão de ilhas sem indicação de nome topográfico.
Disseminadas
porto do este vastíssimo espaço marítimo-insular estão hasteadas oito bandeiras
portuguesas, simbolizando o conhecimento e o senhorio lusitano daquelas partes
do Extremo Oriente.
De todos
estes espaços insulares, é notório que os portugueses concentraram, nessa
época, as suas atenções nas Molucas. Não admira, pois, que, em
1520, tenha sido expedida de Lisboa uma armada de nove navios, comandada
por Jorge de Brito, com a missão específica de construir uma fortaleza nas Molucas.
Jorge de
Brito foi morto em combate, em Achém,
pelo que será seu irmão, António de
Brito, a assumir o comando da armada.
Chegado
às Molucas, em 24 de Julho de 1522, deu início imediato à
construção da fortaleza de Ternate, a qual, um ano volvido, estava
quase concluída. Até este ponto, Armando
Cortesão refere-se ao descobrimento
da Australásia. A partir de então, passa a aludir ao descobrimento
da Austrália.
Como vemos,
uma vez mais, Cortesão distingue geograficamente muito bem o que designa por Australásia e
por Austrália ou «Ilha do Ouro». Talvez tenha sido a
ausência desta distinção geográfica que levara Henry Major a atribuíra descoberta da Austrália a António de Abreu, em 1512.
A primeira
tentativa portuguesa conhecida, dirigida expressamente para a descoberta da
mítica “Ilha do Ouro”, como, aliás, refere João de Barros, foi cometida a Diogo Pacheco, que fez duas expedições.
Na primeira,
partiu de Malaca, em 1518, com um navio e um bergantim.
Navegando
pelo Sul de Samatra, onde perdeu o bergantim, continuou com o seu
navio e foi ter ao porto de Baros , onde procurou recolher
informações preciosas sobre a “Ilha do Ouro” e donde regressou a Malaca.
A segunda
expedição de Diogo Pacheco, como nos diz o cronista João de
Barros, padeceu grandes trabalhos «em tornar
ao seu descobrimento do ouro o ano seguinte, por onde o armou Garcia de Sá em um navio da terra e um
bargantim, com que chegou ao porto de Baros, onde estivera, no qual
tornou achar quatro ou cinco velas de Cambaia e de outras partes, que lhe não
consentiram tomar pouso dentro no porto, tirando-lhe às bombardas» confrontado
com a hostilidade dos indígenas de Barus, Diogo Pacheco fez-se ao mar e, rumando a Sueste,
terá chegado à costa Noroeste da Austrália, na região da
actual Terra de Dampier.
Aí, esclarece
o cronista João de Barros, Diogo Pacheco, «porque o vento lhe era contrário, e viu que a gente da terra grã
pressa se metia em lancharas pera vir também contra êle, meteu-se no bargantim,
querendo tirar à toa o navio ao mar largo polo não tomarem; e foi o tempo
tanto, que o mar comeu o bargantim, e o navio veio à costa, do qual escaparam
alguns malaios, homens do mar, casados em Malaca, que se meteram
pelo sertão da ilha atravessando-a tôda, e vieram ter da outra banda do Norte,
onde acharam embarcação que os levou a Malaca, os quais contaram
esta perdição de Diogo Pacheco, que foi o primeiro dos nossos que perdeu a vida por descobrir esta Ilha
do Ouro»
Recorde-se
que João de Barros diz nas últimas palavras da citação atrás utilizada que Diogo Pacheco «foi o primeiro dos nossos que
perdeu a vida por descobrir esta Ilha do Ouro», o que sugere que
ele chegou mesmo à costa Noroeste da Austrália.
Assim
sendo, Diogo Pacheco foi o primeiro português a descobrir a Austrália, em
1519.
Aliás, o
próprio Peter Trickett escreve, na página 62 do seu livro, o seguinte: «Diogo Pacheco, a bordo da nau, continuava a viagem
para Sudeste ao longo da costa de Sumatra, um rumo que, caso
tivesse sido seguido tempo suficiente, o teria, certamente, levado até à costa
Noroeste da Austrália».
E quem pode
garantir que não continuou - objectamos nós? Passemos, concretamente, à
discussão crítica do livro do jornalista australiano Peter Trickett – "Para Além de
Capricórnio".
Como os
navegadores portugueses descobriram e cartografaram secretamente a costa
da Austrália e da Nova Zelândia 250 anos
antes da chegada do Capitão Cook.
Depois de, no
primeiro capítulo do livro, fazer uma síntese satisfatória, sem incorrecções
graves, da História dos Descobrimentos Portugueses, o autor passa a defender a
tese da precedência portuguesa na descoberta da Austrália.
Começa por
aludir ao insucesso das duas expedições de Diogo Pacheco, em 1518 e 1519, ambas saídas de Malaca com
o objectivo de atingir a “Ilha do Ouro”, identificável miticamente com o
que viria a ser a Austrália. Passa, nos capítulos seguintes, ao
tema central do livro:a demonstração probatória da descoberta da Austrália pelo
português Cristóvão de Mendonça.
A novidade e
a validade do livro não está, obviamente, na indicação do nome do descobridor,
nem na data da descoberta.
Além dos
cronistas João de Barros e António Galvão, já vários autores, entre os quais José
Maria Rodrigues Armando Cortesão, Duarte Leite e António Pereira Cardoso aludiram
a Cristóvão de Mendonça e à sua descoberta da Austrália, em 1522.
Mas o livro
de Trickett traz
importantes contributos que reforçam a referida precedência da descoberta
portuguesa da Austrália pela mão de Cristóvão de Mendonça.
Mas,
estranhamente, o mesmo autor deixa testemunhos e faz afirmações que propõem
mais para a nossa tese da descoberta da Austrália por Diogo Pacheco do que para a sua tese de Cristóvão de Mendonça.
Vamos abordar
os contributos que consideramos essenciais.
1. O Atlas de Vallard e outra cartografia.
O conjunto de
15 cartas geográficas da «Escola de Dieppe», também conhecido por «Atlas de Vallard», encontra-se actualmente na Huntington
Library, na Califórnia.
Foram
elaboradas a partir de originais portugueses desaparecidos, pelo que não é de
admirar que, como nos diz Trickett, estejam «bem delineadas e generosamente dotadas de topónimos de origem
portuguesa».
Acrescenta o
autor, concretizando, que «os dois principais mapas do Atlas de Vallard desta
terra austral contêm nada mais, nada menos do que 120 nomes portugueses para
características geográficas».
O autor
caracteriza espantosamente esta cartografia, com as seguintes palavras: «Cada
mapa de página dupla do atlas tem aproximadamente o tamanho de uma moderna
folha A3.
Para quem os
vê, a primeira impressão irresistível é o brilho das cores dos mapas, que
permanece nítida mesmo depois da passagem de quatro séculos e meio.
As costas e
as ilhas são exibidas em tons de verde, vermelho, azul e dourado, com os
topónimos meticulosamente inscritos nas cores alternadas de azul-escuro e
vermelho-escuro.
Os oceanos
são embelezados com desenhos de rosas-dos-ventos elegantes, monstros marinhos e
navios a todo o pano.
Ilustrações
sumptuosas e multicoloridas das cortes de potentados e outras cenas fabulosas
dão vida ao interior dos continentes».
Ao lermos
estas palavras, ficamos sem quaisquer dúvidas acerca da influência portuguesa
destes mapas e somos até levados a questionar se não terá mesmo havido mão de
cartógrafo português na sua feitura ou na sua coordenação.
Um contributo
que consideramos altamente meritório neste trabalho está no facto de o autor
ter elaborado esboços dos mapas de Vallard e estabelecer, ao lado, um paralelismo com mapas da cartografia moderna.
Muito útil é
também o esboço cartográfico por si elaborado, mostrando a «Rota provável
de Mendonça, de Malaca ao estreito de Torres e Princess
Charlotte Bay», na Austrália
2. Peças de artilharia.
Regista que
foram achados nas costas da Austrália peças de artilharia com
características portuguesas. Concretamente, em 1916,o comandante e o cirurgião
de um cruzador australiano foram atraídos por duas “balizas” que sobressaíam
nas areias de uma pequena ilha junto à costa noroeste da Austrália.
Ao aproximarem-se, verificaram tratar-se de dois canos compridos e estreitos de
canhões de bronze, do tipo das colubrinase dos falcões.
Uma das peças
estava decorada com uma divisa identificada com as armas da coroa portuguesa do
tempo de D. Manuel.
Já em 1884,um
pescador de pérolas australiano encontrara numa ilha, um pouco a Oeste da
anterior, um canhão de bronze de cerca de um metro de comprimento, com uma bala
no cano e a respectiva carga de pólvora, decorado «com um brasão descrito como
uma coroa».
Ao que
parece, era comum as peças de artilharia portuguesas em bronze serem marcadas
com o brasão real.
Esclarece o
próprio autor que Fernão Mendes Pinto, ao relatar como o seu navio capturara dois juncos de piratas chineses, escreveu
que «foram encontradas dezassete peças de artilharia em bronze, quase todas
elas portadoras do emblema real, que o cão (o pirata) roubara de três navios
(certamente portugueses)
3. Homens estranhos com pele de crocodilos.
Segundo o
cronista português Manuel de Faria e Sousa e o conteúdo de uma lenda local, os portugueses da segunda expedição
de Diogo Pacheco foram vistos pelos indígenas da «Ilha
do Ouro» como «estranhos com pele como a dos
crocodilos».
Esclarece Trickett que «Pacheco e os seus oficiais teriam envergado armaduras e os seus homens utilizariam
couraças peitorais e justilhos de couro, parecendo assim aos aborígenes que
teriam a pele como adas tartarugas ou dos crocodilos».
Estas
palavras do autor australiano reforçam a nossa tese, atrás exposta, de
que Diogo Pacheco, com os seus homens, foi o descobridor da Austrália, em 1519.
É o
próprio Peter Trickett a afirmar que «Diogo Pacheco tem o direito a ser distinguido como o primeiro português a pisar
solo australiano. Todavia, embora a sua expedição venha acrescentar um novo
capítulo intrigante à história australiana, foi de pouco valor na busca
portuguesa pela Ilha do Ouro, pela simples razão de nunca ter
regressado».
É verdade que
não há descobrimento se não houver notícia a descoberta.
Mas a notícia
chegou a Malaca pela voz dos companheiros de Pacheco, que se salvaram do naufrágio.
Deste modo, o
descobridor da Austrália foi Diogo Pacheco e não Cristóvão de Mendonça.
esqueleto
da caravela de mogno na praia de Warrnambool, Vitória, Austrália
Depois de
dissertar sobre esta lenda que se desenvolveu a partir da descoberta, em 1836,
de um barco de madeira de mogno, conclui o autor que «se o
enigmático Navio de Mogno era, de facto, de origem portuguesa,
tratar-se-ia dos destroços do bergantim de Mendonça e não dos restos da sua caravela»
Consultar o
vídeo:
padrão
descobrimentos em Warnambool, Victória, Austrália, comemoração da chegada
da guarnição de Cristóvão de Mendonça
5. Um pote de barro e a importância da arqueologia naval.
Em
1963, Olaf Mannes, um pescador comercial australiano de origem norueguesa, ao puxar uma rede
de cerca de 100 metros de profundidade, “pescou”, na costado Mar da
Tasmânia, um conjunto de pedaços de cerâmica, entre os quais uma peça quase
intacta, «um pote de barro, com incrustações marinhas, com cerca de 31 cm de
altura, em forma de cebola, com um gargalo estreito um pedestal circular na
base». Sugeria tratar-se de um jarro de vinho antigo.
Analisado por
três cientistas, acharam poder tratar-se de um jarro de vinho espanhol ou
português do século XIII ou XIV, mas uma investigação mais aturada, efectuada
pelo cientista David Price, datou o pote de 1500,com uma margem de erro de vinte anos».
Um outro pote
de barro semelhante ao anterior, recentemente encontrado ao largo de Gabo
Island, tem estado em processo de dessalinização para posterior análise
científica.
A estatueta
enigmática.
Em 1980, o
historiador Mike Pearson, relatara ter ouvido falar de uma intrigante estatueta apanhada por uma
rede de arrasto, na costa oriental da Austrália, provavelmente de carácter
religioso. Porém, ao pretender analisar a estatueta, constatou que a mesma
tinha desaparecido
Bittangabee
Bay, provável local desembarque da guarnição de Cristóvão Mendonça
7. As antigas
ruínas de pedra.
Junto de um
riacho que desagua na praia de Bittangabee Bay, existem umas ruínas de
pedra, «escondidas por trás de uma cortina de vegetação nativa».
É lenda
antiga de que estas «ruínas têm a ver com os portugueses» e que serão o que
resta «de um forte e deu uma paliçada, construídos pela tripulação de uma
embarcação enquanto passavam o Inverno».
8. O elmo de ferro.
Nos finais do
século XIX, o Colonial Museum deWellington recebeu um elmo de
ferro de tipo medieval ou renascentista que fora encontrado no porto. Submetido
a análise científica, concluiu-se que este elmo europeu foi fabricado entre
1450 e 1580, portanto, antes da chegada de holandeses e ingleses.
Nas
imediações do referido porto, foi encontrada uma bala de canhão.
Conclui Trickett que a descoberta no porto de Wellington de
um elmo militar do século XVI, provavelmente usado por um oficial de um barco
português, e de uma bala de canhão ao largo da aldeia maori de Petone,
sugere um confronto entre maoris e portugueses, mais parecido com o que sucedeu
ao holandês Abel Tasman do que com as experiências do inglês Cook».
Em síntese,
resumindo e concluindo.
É evidente
que estamos perante matérias susceptíveis de controvérsia. Louve-se, contudo, a
coragem e a ousadia com que um jornalista australiano ousa defender a
descoberta europeia do seu país por um português, Cristóvão de Mendonça, em 1522.
E é de
enaltecer a convicção discursiva, os meios a que recorre e a robustez da
argumentação que utiliza para defender a sua tese.
Como já atrás
se disse, sem trazer novidade quanto ao nome do descobridor, nem à data da
descoberta, aduz importantes contributos para um melhor esclarecimento de tão
antigo assunto.
Pessoalmente,
estamos convencidos de que a descoberta da Austrália pelos
portugueses terá ocorrido muito antes 1522.
A sua chegada
a Timor, em 1512/1514, como atrás ficou dito, deixou-os às portas
da Austrália.
A conhecida
irrequietude dos navios portugueses naquelas águas, para mais com o acicate da
busca da mítica “Ilha do Ouro”, não se compagina como decorrer de mais
de uma década sem alcançar aquela terra. Informação perdida? Política de sigilo
por parte do rei de Portugal? Não pomos em causa a expedição de Cristóvão de Mendonça e a sua
chegada à Austrália, em 1522.
Aliás, como
atrás se viu, ela está referenciada por vários cronistas e foi estudada por
diversos autores. O que pomos em causa é que tenha sido ele o primeiro
português a navegar até lá. A nossa objecção é uma questão de precedência.
Com efeito,
como atrás se viu foi Diogo Pacheco o português a chegar à Austrália, em 1519.
Uma questão
assalta o espírito das pessoas menos familiarizadas com a temática da Expansão
Portuguesa.
A questão é
esta: se os portugueses descobriram a Austrália mais de um
século antes do holandês Tasman, e cerca de dois séculos e meio
antes do inglês Cook, por que razão não procederam à sua colonização? A
explicação é simples. Portugal não tinha fundo demográfico suficiente para
colonizar todas as terras que descobriu.
Se tivesse
gente, poderia ter colonizado vastos espaços, nomeadamente, os Estados
Unidos, o Canadá e a África Austral, onde os
portugueses foram realmente os primeiros a chegar.
Este último
espaço é o mais significativo, visto que os navios lusos passavam por lá todos
os anos, na ida e no regresso da Índia e de Moçambique,
e, no entanto, nunca nos interessámos pela sua colonização.
...................................................................................................................................................................
fonte:
Grandes Exploradores Portugueses
por SUSANA
LIMA
https://books.google.pt/books?id=MK9nVsTPPVEC&q=Austr%C3%A1lia&dq=artefactos+encontrados+na+nova+zel%C3%A2ndia+portugueses&hl=pt-PT&source=gbs_word_cloud_r&cad=6#v=snippet&q=Austr%C3%A1lia&f=false
O verdadeiro
descobridor da Austrália não foram os holandeses, em 1606, nem os ingleses, em
1770, os primeiros a pisar o continente australiano.
Os
portugueses anteciparam-se-lhes em 1522. Mapas e artefactos da época
comprovam-no.
Dezanove
navios zarparam do porto de Lisboa, rumo ao Oriente, em Abril de 1519.
Primeira
paragem : Goa, em Junho de 1520. Pedro Eanes, o comandante da frota portuguesa,
transportava uma importante missiva para o governador, Diogo Lopes de Sequeira:
por ordem real, um dos seus capitães, Cristóvão de Mendonça, ia liderar uma
viagem de descoberta às ilhas do Ouro, que ficavam além da ilha de Sumatra
(assim acreditava D. Manuel I).
Para o rei,
era uma missão da maior importância, daí ter atribuído ao jovem nobre quatro
navios para a concretizar - o mesmo número com que Vasco da Gama havia partido
para a Índia, em 1497.
Há muito que
os exploradores europeus procuravam as famosas ilhas de Ouro descritas de forma
sedutora por Marco Polo, em 1295.
E os
portugueses não eram excepção. Já o cientista grego Ptolomeu tinha defendido,
no século I, a existência de um grande continente austral nos antípodas da
Europa, justificada pela necessidade de simetria e equilíbrio cósmico.
O seu
conterrâneo Pomponius Mela- nascido em Algeciras, Sul de Espanha -
chamar-lhe-ia "Terra Incógnita " .
No
renascimento, o continente do Sul era um misto de lendas de habitantes, fauna e
flora exóticos, e uma atracção para os exploradores pela sua fama de riqueza em
ouro e especiarias.
Para os
portugueses, África revela-se uma desilusão enquanto fonte daquele metal
preciosos e todas as esperanças foram então depositadas no Oriente.
Antes de
Cristóvão de Mendonça, já Diogo Pacheco havia tentado chegar ao continente do
Sul por duas vezes - em 1519 e 1520.
O navegador
conseguiu chegar à costa australiana, mas a sua frota (constituída por uma
embarcação local e um bergantim - pequeno barco comercial construído no
Oriente, mas segundo especificações portuguesas) ficou encalhada nos baixios de
uma praia à mercê dos nativos hostis.
Os confrontos
custariam a vida da maioria da tripulação, incluindo a do capitão Diogo
Pacheco.
A cena foi
narrada por dois dos mais prestigiados cronistas portugueses, João de Barros e
Manuel de Faria e Sousa.
De acordo com
o primeiro, em décadas da Ásia, o bergantim terá terá conseguido escapar, com
alguns malaios a bordo, e regressar a Malaca. Mas o mais curioso é a semelhança
entre estes relatos da batalha e a sua narração nos cantos e danças dos
aborígenes da baía de Napier Broome.
A localização
do confronto naquela região explicará o facto de quatro canhões,
presumivelmente portugueses, terem sido encontrados nas imediações da baía.
Da primazia
portuguesa, não ficaram para a posteridade quaisquer relatos.
O secretismo
da missão era imposto pela Coroa portuguesa, que punia com a morte quem
violasse.
O perigo
desse tipo de informações cair nas mãos da vizinha Espanha a isso obrigava.
Sobretudo
neste caso: de acordo com o Tratado de Tordesilhas, a Austrália encontrava-se
em território espanhol e, se a descoberta de Mendonça fosse revelada, os
espanhóis poderiam reivindicar para si todas as riquezas encontradas.
Em 1529, com
assinatura do tratado de Saragoça, o território passou para o lado português.
O rei D. João
III pagou ao rei de Espanha, Carlos I, 350 000 ducados, cerca de 280 milhões de
euros para acabar definitivamente com a contenda sobre as ilhas das Especiarias
- as Molucas -, desviando 17 graus para Leste a linha que dividiu os dois
impérios ibérios.
O que os
espanhóis não sabiam é que esta deslocação da fronteira também dava a
Portugal o continente australiano, descoberto por Cristóvão de Mendonça em
1522.
A ausência de
textos da época é colmatada pela descoberta de vários artefactos que atestam a
presença dos portugueses em território australiano, muito antes dos ingleses e
dos holandeses.
Ainda assim,
prevalece, no meio académico, uma controvérsia em torno da descoberta europeia
da Austrália, pois é certo que os asiáticos há muito que percorriam aquela
zona.
Acredita-se
que pescadores indonésios navegavam ao longo da costa Norte da Austrália para
capturar pepinos do mar ou tripangos, encontrados nas profundezas daquelas
águas.
Para muitos
historiadores, o primeiro europeu a pisar a Austrália foi o holandês Willem
Janszoon em 1606, a bordo do Duyfken.
A sua missão
era investigar a existência de ouro, especiarias e outras matérias-primas com
interesse comercial na Nova Guiné- ilha separada da Austrália pelo estreito de
Torres.
O navegador
passou o estreito, entrou no golfo da Carpentária e, a 26 de Fevereiro de 1606,
pisou pela primeira vez terra australiana no cabo York, em Queensland. Chamou-lhe
" Nieu Zeland", pois encontrou semelhanças com Zeeland - a província
mais ocidental da Holand, constituída por um conjunto de ilhas, com grande
parte do terreno inundado.
O nome não
seria adoptado mais foi mais tarde pelo seu conterrâneo, Abel Tasman, para
designar a actual Nova Zelândia.
Em Junho,
iniciou a viagem de regresso, pois achou o terreno pantanoso e a
população pouco amigável - 10 dos seus homens foram mortos nas expedições a
terra.
Para outros
estudiosos, o tenente inglês James CooK do Endeavour foi o primeiro
europeu a atracar na baía de Botany - ponto de referência por todos os
exploradores, localizado na costa Leste australiana -, tendo chamado ao
vasto continente Nova Gales do Sul, a 21 de Agosto de 1770: o nome acabou por ficar
limitado ao estado onde se encontra a famosa baía.
O Objectivo
oficial da viagem de Cook era observar o trânsito do planeta Vénus, que
seria visível no Taiti em Junho de 1769. Assim que registasse o fenómeno
deveria prosseguir para a segunda parte da missão, confirmar a existência
do misterioso continente austral.
A 6 de
Outubro, Cook, avistou terra e pensou ter chegado ao destino.
Rapidamente
se apercebeu do erro, passando os quatro meses seguintes a cartografar as
linhas costeiras das ilhas do Norte e do Sul da Nova Zelândia.
Quando a 31
de Março decidiu regressar ao Reino Unido, com a mensagem de que o continente
austral era um mito, acabou por descobri-lo acidentalmente.
Desde 1881
que alguns historiadores atribuem a descoberta aos portugueses.
O primeiro foi
George Collingridge, que, infelizmente não o conseguiu provar. É de lembrar,
que no princípio do século XVI, já os portugueses estavam em Timor (cerca de
700 Km da costa australiana ) e tinham estabelecido na ilha um entreposto
comercial e exploravam os seus recursos naturais.
Mas foi em
1977, com a publicação do livro " a descoberta secreta da Austrália) de
Kenneth Mecintyre, que o nome de Cristóvão Mendonça, se tornou conhecido.
O advogado
australiano, apaixonado pela língua e história lusa, estudou afincadamente o
método cartográfico português da altura e, através de elaborados cálculos
matemáticos, conseguiu corrigir os desvios provocados, pelo campo magnético
terrestre - que nos mapas originais não estavam representados - , bem como
introduzir a curvatura do globo com exactidão.
Resultado:
uma imagem detalhada e perfeita da costa australiana.
Quando a
responsáveis pela descoberta, todas as provas apontavam para Cristóvão
Mendonça.
O tema voltou
a ser tratado por outro australiano, o jornalista de investigação Peter Krikett
em "Para Além do Capricórnio", apresenta uma série de provas de
que foram os portugueses a descobrir a Austrália, e defende que
isso só não se soube antes, por culpa dos franceses. A história
começa com dois mapas incluídos no famoso Atlas de Vallard - uma colecção de 15
mapas feitas à mão, em França, até 1545, repletos de detalhes e cores
sumptuosas e que receberam o nome do seu primeiro proprietário o abastado
empresáro Nicolas Vallard.
Actualmente
estão guardados num cofre da prestigiada Hungtinton Library, em Los Angeles,
nos E.U.A. Também conhecidos como mapas de Dieppe, a localidade onde foram
concebidos, mostram um território denominado "Jave La Grande", cujas
costas apresentam claras semelhanças com a costa australiana.
O facto foi
referido pela primeira vez em 1856 por Sir Thomas Phillips um antiquário inglês
que comprara o Atlas de Villard uns anos antes.
Phillips
achou as parecenças de tal modo óbvias, que publicou uma cópia do mapa da
"Terra de Java" oriental, intitulado, o "Primeiro mapa da
Austrália" .
Cinco anos
mais tarde Richard Hanry Major administrador de mapas do museu Britânico,
segui-lhe os passos com a publicação "The discovery of Australia by the
Portugueses". "A descoberta da Austrália pelos Portugueses" em
que salientava ser indiscutível que aquele território tinha siso descoberto
antes de 1542.
Para Pitter
Trikett, toda esta confusão se deve a um erro da junção de dois mapas.
Originalmente desenhados em pergaminho ou em pele de cabra ou carneiro, pois
apesar de se usar mapas impressos desde 1477, os portugueses continuavam a
preferir a pele, por ela resistir melhor às intempéries do alto-mar, - para uma
costa do tamanho da australiana, seriam precisos três ou quatro. E, sem
quaisquer indicações de bússola sobre como orientar os mapas, havia
várias formas de o fazer.
Ao que
parece os franceses escolheram a errada.
Outra
evidência presente nestes mapas são mais de cem nomes de Locais em Português :
Rio Grande, Rio Seguro, Terra Alta, Bonno Porto, Ponto Stº António, e Ilhas
Grandes são apenas alguns exemplos.
Os mapas
incluem também rios, ilhas, baías e promontórios que correspondem à
actual linha costeira australiana em grande detalhe.
Cristóvão
Mendonça terá sido o seu autor original retratando em pormenor as principais
características topográficas da costa Leste e Sul da Austrália bem como parte
substancial da Nova Zelândia.
A baía
de Botany, por exemplo - assim nomeada, cerca de 200 anos mais tarde, pelo
capitão inglês James Cook - está cartografada com as suas dunas de areia branca
(hoje praticamente tomadas pelo verde de um campo de golfe), que levaram
Mendonça a chamar-lhe " Baía Neve" . Castelo de proa alto, tombadilho
imponente, fileiras de canhões dos lados, três mastros e grandes velas com cruz
vermelha da ordem de Cristo. É este o retrato da nau do explorador português
numa pintura da armada de Pedro Eanes que integra o manuscrito O Livro de
Lisuarte de Abreu, datado de 1565, uma relação ilustrada das armadas da Índia
desde Vasco da Gama (1497) até Jorge de Sousa 1563.
A opção por
este tipo de embarcação deveu-se de facto de ela permitir o transporte de uma
quantidade de provisões - indispensáveis numa viagem tão longa - e de bens de
troca, e de estar bem preparada para eventuais confrontos com outras potências
estrangeiras ou mesmo com os habitantes locais.
Se, por um
lado ,os portugueses sabiam que poderiam encontrar navios espanhóis sob o
comando do português Fernão de Magalhães a navegar por aquelas paragens - com
intuitos semelhantes aos seus - , por outro, é preciso lembrar que iam à
descoberta de um continente desconhecido- Era um tipo de exploração em que por
experiência própria, sabiam correr o risco de não receber a mais amigável das
recepções. Ao lema de São Cristóvão, ia Cristóvão de Mendonça, seguido de perto
pela caravela Rosário, pelo Bergantim Sant' António e por um parau (barco à
vela malaio muito utilizado no Sudeste Asiático e, neste caso, propriedade de
outro capitão português já no Oriente. Gonçalo Homem) que se juntaria mais tarde.
Estas duas últimas embarcações possuíam particularidades interessantes para a
missão que tinham em mãos . O Parau era veloz e manobrável, ideal para a
exploração no interior da costa. Já o bergantim permitia a navegação sem vento,
pois estava equipado com remos, e os de maior dimensão podiam transportar entre
12 e 20 canhões. Pelo menos uma delas não terá terminado a viagem. A
Sant'António estará, ainda hoje soterrada nas dunas da baía Armstrong, na
Austrália. Devido à quilha pouco profunda e ao fundo plano seria
dos barcos portugueses, o mais facilmente arrastado para terra por uma
tempestade do Sul. Esta é uma das teorias que rodeiam o célebre "
Navio de Mogno". Apesar das inúmeras buscas, esta embarcação nunca foi
encontrada, o que não impediu a criação de uma atracção turística. Em 1992, o
governo local ofereceu uma recompensa de cerca de 200 000 euros a quem
encontrasse a quem encontrasse o navio de madeira escura, mas as buscas
revelaram-se infrutíferas. Dada a importância da lenda para o turismo, foi
construída uma réplica da embarcação - a Notorious - , lançada em
Port Fairy, em 2011. Aqueles que defendem a presença da Sant' António na
Austrália, suportam a teoria com pinturas e relatos aborígenes, bem como com
algumas palavras dos seus dialectos que parecem ter raízes na língua
portuguesa.
Sem o
achamento da embarcação, não é possível incluir os destroços do bergantim na
lista de descobertas arqueológicas que atestam a presença dos portugueses na
Austrália, muito antes dos holandeses e dos ingleses. A ela pertencerão cinco
canhões, alguns artefactos de cerâmica descobertos por pescadores (dois potes
de barro amarelo acastanhado que se assemelham a jarros de vinho da época e
alguns cacos recuperados ao largo de Gabo Island, que não foi possível reconstruir
mas que pertencem a objectos de cerâmica do século XVI), um peso de pesca com
500 anos, um elmo militar de ferro (provavelmente usado por um oficial do
século XVI) e uma bala de canhão. Estes dois últimos objectos foram encontrados
ao largo da aldeia maori de Petone, o que poderá sugerir um confronto entre
maoris e portugueses. Os canhões são, sem dúvida, as provas físicas com maior
peso. Os dois primeiros encontrados em 1916 - plena Primeira Guerra Mundial -
em Carronade Island, quando o cruzador australiano Encounter patrulhava a costa
noroeste do país, em busca de navios de guerra alemães. Ao avistarem em terra o
que parecia ser duas balizas, os australianos decidiram desembarcar para
satisfazer a curiosidade. Acabariam por comprovar tratar-se de dois canos de
canhões antigos de bronze que se erguiam da areia - uma espécie de manifestação
de poder por parte dos aborígenes, que os exibiam como um troféu de guerra. O
terceiro canhão foi descoberto dois anos depois, por três pescadores de pérolas,
submerso a cerca de meio metro, num recife da mesma baía.
E, na mesma
altura, encontrou-se um quarto canhão (carregado) num acampamento aborígene
deserto, na mesma região. Quanto ao último, foi encontrado por um jovem de 11
anos, Chistopher Doukas, na praia australiana de Dundee em Janeiro de 2010, mas
só viria a ser estudado dois anos mais tarde, no Museu de Darwin, cidade natal
de Doukas. Tudo indica que estes cinco canhões pertenciam a embarcações
portuguesas dos séculos XV e XVI.
Port
Fairy
A ciência
náutica portuguesa suplantava, na altura, a dos seus principais rivais. A
concepção das embarcações bem como os instrumentos de navegação utilizados eram
bastante evoluídos para a época, ainda assim, os.marinheiros enfrentavam
enormes dificuldades. A própria bússola - o mais famoso e o mais utilizado -
nem sempre era fiável.
No início do
século XVI, ainda não se conhecia na totalidade o problema da diferença entre o
Norte magnético e o Norte real. Em mar aberto, a única forma de calcular a
longitude era por estima, o que comprometia a fiabilidade do resultado. Ainda
não era possível medir, com precisão, a velocidade do navio, tendo em conta os
efeitos da deriva e das correntes oceânicas. A tarefa tornava-se ainda mais
difícil - se não mesmo impossível - se a embarcação navegasse em ziguezague.
Mas, apesar de todos os obstáculos, Peter Trickett salienta que " o
Capricórnio do mapa de Vallard demonstra que, pelo menos ao nível da latitude,
Mendonça e os seus oficiais conseguiram determinar a sua posição na costa Leste
da Austrália com uma precisão incrível ". Os portugueses conseguiram
definir esse trópico apenas com um erro mínimo de alguns quilómetros. Ainda
assim, não estavam preparados para navegar com ventos contrários, sendo
obrigados a sujeitar as datas de viagem às condições meteorológicas - dando
especial atenção, naquela zona, aos ventos de monção (favoráveis entre Abril e
Setembro, soprando dos lados de Madagáscar para a Índia). Dada a grande
dimensão das suas velas, a nau de Cristóvão de Mendonça, com vento de feição,
poderia atingir os oito nós (cerca de 15 quilómetros por hora).
O capitão
português acabaria por aguardar por condições favoráveis em Cochim,
um porto amigável a Sul de Goa, até meados de 1521. De lá seguiu
para Malaca, um ponto estratégico na península malaia tomado pelos
portugueses em 1511. Foi aí que se apercebeu do perigo que os governantes
asiáticos hostis representavam especialmente o sultão de Achém, no
Norte de Sumatra, com quem os portugueses estavam em guerra.
Segundo João de Barros, o cronista oficial do reino,
solicitou-se então a Cristóvão de
Mendonça e à sua frota que fossem até Pedir,
um porto aliado que fazia fronteira com Achém, para ajudar a
construir um forte. O trabalho foi demorado, que o capitão voltou a perder os ventos
de monção favoráveis e teve de regressar a Malaca, a 10 de Janeiro
de 1522.
É a partir
daqui que se instala o mistério. Durante cerca de seis anos, Mendonça desaparece das crónicas
portuguesas. Só reaparece em 1528, aquando da sua chegada a Goa para
uma nova missão: assumir o comando da fortaleza de Ormuz. Esta terá
sido a recompensa de D. João III (sucessor de D. Manuel I, falecido a 13 de Dezembro de 1521). pela descoberta do continente
austral.
Ao percorrer
a costa, os navios de Cristóvão devem ter voltado para trás no início
da Grande Baía Australiana, pois não há qualquer mapa da altura que
a retrate - o que aconteceria se por lá tivessem passado.
A
circum-navegação da Austrália terá sido então interrompida
devido às condições de navegação. Se continuassem a navegar para ocidente, os
portugueses teriam de velejar contra ventos dominantes com embarcações que não
estavam minimamente preparadas para o efeito, numa costa sem qualquer abrigo ou
refúgio.
Assim, no
Outono de 1523, Cristóvão de Mendonça terá iniciado a sua viagem de regresso ao reino. Depois de algumas
paragens nas ilhas das Especiarias ou em Java, e em Malaca,
rumou à Índia. Terá atracado na maior base naval portuguesa do
Oriente - Cochim - até Setembro do mesmo ano, de modo a evitar
os ventos contrários da monção de Inverno.
Depois de
quase dois anos no mar, a sua nau São Cristóvão, estaria a precisar de
reparações. Assim, para conseguir chegar a Portugal e relatar
todas as suas descobertas ao rei, Mendonça teria de se juntar a uma frota que fosse naquela direcção. Ao que
parece, na mesma altura chegou a Goa, Diogo de Melo, transportando uma carga de especiarias
com destino a Lisboa.
Segundo os
registos oficiais, Cristóvão de
Mendonça assumiu o seu lugar ao lema da
Victória. A largada de Goa terá tido lugar entre os últimos
dias de 1523 e os primeiros do ano seguinte.
Uma tabuleta
deixada na Cidade do Cabo - onde terá parado para
reabastecimento de água e para descansar - comprova a sua chegada ao local a 25
de Março ou Maio de 1524 (os dizeres estão um pouco apagados, mas tudo indica
que terá sido no mês das flores).
Chegado
a Portugal em 1524, Cristóvão de
Mendonça é prontamente recompensado pelo
rei vigente, D. João III, com a capitania de um lucrativo
entreposto comercial: Ormuz.
A 26 de Março
de 1527, ao comando da nau Santiago, Cristóvão de Mendonça parte
de novo para a Índia. Sabe-se que o seu navio integrou uma
frota de cinco, dois dos quais naufragaram ao largo da costa de Madagáscar.
Situada numa
ilha de cerca de 20 quilómetros de extensão, ao largo da costa Sul do
continente Persa e no actual Irão, Ormuz dominava
a entrada do golfo Pérsico - mesmo no centro das grandes rotas
marítimas da Índia e da China.
Se fosse
perspicaz, o capitão português poderia lucrar com a posição, reunindo avultada
fortuna pessoal. Mas, se por um lado, a localização geográfica de Ormuz lhe
trazia claros benefícios comerciais e segurança relativamente a uma invasão
terrestre, por outro, tornava-a mais vulnerável a ataques por mar.
Basta
consultar os anais da história para ver a facilidade com que a armada do
português Afonso de Albuquerque capturou a cidade, em 1515.
A ausência de
água doce na ilha era, sem dúvida, o seu principal ponto fraco.
Sem água, a
sobrevivência dos animais estava comprometida e era praticamente impossível
semear qualquer tipo de vegetal para alimentação. Ormuz estava
assim dependente do continente e das ilhas vizinhas para satisfação das suas
necessidades do dia a dia, alimentos frescos e água. Esta característica
era agravada, nos meses de verão, pelas temperaturas abrasadoras que se
fazem sentir naquela região.
Ainda assim,
apesar do calor insuportável e da falta de água potável, Ormuz era
a fonte mais rica de rendimentos alfandegários de todo o Oriente português,
como relatou o historiador escocês William Robertson em 1791, An historical
disquisition concertning the bknonledje whish the ancients had of Índia:
O grande
centro de comércio, a partir do qual o império Persa e todas as províncias da
Ásia a ocidente eram fornecidos com as promoções da Índia; e a cidade que
construíram naquela ilha estéril, destituída de água, foi considerada como um
dos principais locais de opulência, esplendor e luxo do mundo ocidental.
Cristóvão de
Mendonça assumiu o comando de Ormuz em 1528.
Sendo filho
de Diogo de Mendonça, o primeiro alcaide-mor de Mourão- um conjunto de vilas
fortificadas que guardavam, em pleno Alentejo, a fronteira com a Espanha- ,
sabia bem a responsabilidade que acabara de assumir. Bem como os proveitos que
dela poderia tirar.
De início,
tudo correu bem. Veja-se que Mendonça conseguiu voltar a ser pioneiro, desta
feita através do estabelecimento de um novo caminho terrestre entre Bassorá (um
porto a Sul do actual Iraque, nas margens do rio Eufrates) e Portugal. O
percurso foi feito por um mensageiro que levava cartas urgentes para o rei D.
João III. Atravessando território muçulmano hostil, o homem foi obrigado a
viajar incógnito numa caravana de camelos. Se fosse descoberto, seria
certamente torturado e executado. O mensageiro acabou por chegar à presença do
rei apenas três meses depois da sua partida do Oriente - menos de metade do
tempo que teria demorado se tivesse feito a viagem por mar, como era habitual.
Foram estes os feitos que ficaram para a História. Do próprio Cristóvão de
Mendonça, pouco se sabe. O australiano Peter Trickett encontrou apenas sete
entradas sobre o navegador na biblioteca nacional australiana, em Camberra,
depararam-se-lhe 77 referências ao navegador português. Retratos, não há.
Calcula-se que nasceu em 1475, em Mourão. Um estudo genealógico recente
aponta-o como o quinto filho de Diogo de Mendonça, havendo dúvida se seria o
benjamim da família ou se ainda existiam mais irmãos. Ele próprio não deixou..
E isso está mais que provado, com mapas, nomes de
locais com cheirinho português, canhões e artefactos de pesca encontrados, etc.
etc. e, se recuarmos um pouco no tempo, verificamos que uns anos antes o
navegador António Abreu (a sua efígie está no Padrão dos
Descobrimentos, portanto não era
nenhum patrão de costa...) teria "supostamente" aportado à Austrália.
Vamos saber o que nos dizem um historiador Australiano (ver o video no final) e um historiador/filólogo Holandês:
«O primeiro contacto europeu com o continente do Sul teria sido efectuado por navegadores portugueses, embora não haja referências a esta viagem ou viagens nos arquivos históricos de Portugal. (*) A principal evidência para estas visitas não declaradas foi a descoberta de dois canhões portugueses afundados ao largo da baía de Broome na costa noroeste da Austrália. A tipologia dessas peças de artilharia indica serem de fabricação portuguesa, podendo ser datadas entre os anos de 1475 e 1525.
No livro, "Para além do Capricórnio", o historiador australiano Peter Trickett afirma que duas expedições portuguesas realizadas nos mares da Indonésia no primeiro quartel do século XVI teriam atingido o território australiano: a expedição de Cristóvão de Mendonça a partir de Malaca para o sul em busca das "ilhas de ouro"(1522), mas sobretudo a de Gomes de Sequeira (1525) que supostamente teria atingido a Península de York. Para reforçar esta tese evoca-se o estabelecimento pelos portugueses em 1516 (**) de um entreposto comercial em Timor, que fica a cerca de 500 quilómetros da Austrália.
Segundo o historiador e filólogo Carl von Brandenstein, os portugueses teriam naufragado no noroeste da Austrália Ocidental, perto da ilha de Depuch, entre 1511 e 1520, tendo sido os primeiros europeus a tocar a Austrália, de onde não puderam sair. Estes portugueses acabariam por se integrar com a população local, deixando marcas culturais assimiladas pelos aborígenes. A fundamentação das suas teorias encontra-se na análise das línguas das etnias Ngarluma e Karriera (tribos da Austrália Ocidental), que apresentam particularidades que não se detectam nas outras línguas aborígenes, como o uso da voz passiva. Brandenstein apresenta também uma lista de palavras destas línguas que alega terem uma origem portuguesa (exemplos: thartaruga de tartaruga, monta/manta de monte, thatta de tecto)»
(*) - Perdeu-se muita documentação e mapas, aquando do terramoto de 1755. A digitalização ainda vinha longe...não fora esse desastre, a nossa História seria muito mais Gloriosa!
(**) - Há várias datas sobre a nossa chegada a Timor. Sempre pensei que foi em 1511, mas já li que mercadores Portugueses chegaram em 1512 à ilha da parte Leste, habitada pelo Povo Maubere e que a primeira fonte documental europeia conhecida, é uma carta de Rui de Brito Patalim a El-Rei D. Manuel, datada de 6 de Janeiro de 1514, na qual são mencionados navios que tinham partido para Timor.
Há muito que a descoberta da Austrália por James Cook, levantava dúvidas aos historiadores. O historiador australiano, Peter Trickett, vem agora contrariar o que se ensinou nos últimos 237 anos: Afinal a Austrália foi descoberta pelos portugueses.
vídeo
Sobre este apaixonante tema, aconselha-se uma visita ao facebook de Deana Barroqueiro, onde vão encontrar excelente material, muitos mapas etc. (Hermínius Lusitano)
O mapa assinala com detalhe e acuidade, várias referências da costa Este Australiana, tudo relatado em português, provando que foi a frota de quatro barcos liderada pelo explorador «Cristóvão de Mendonça» quem efectivamente descobriu a Austrália no longínquo ano de 1522.
Desta forma, os factos são agora invertidos, pois foi o navegador português a fazer tão importante descoberta, cerca de 250 anos antes do Capitão James Cook a ter reclamado junto da coroa inglesa, em 1770.
Na altura a descoberta de Cristóvão de Mendonça, agora suportada por um rol de historiadores, graças aos vários descobrimentos lusos que ocorreram ao longo das costas Neozelandesa e Australiana durante o século XVI, foi mantida em segredo como forma de prevenir e impedir que outras potências europeias alcançassem e se apoderassem deste novo e fantástico pedaço de terra.
Mapa desenhado por Cristóvão de Mendonça
O livro com o titulo 'Para além do Capricórnio' da autoria de Peter Trickett, jornalista australiano e repórter de investigação especializado em temas de ciência e história, que li em dois dias tão grande foi o interesse que me despertou (recomendo a leitura do mesmo), o autor explica de uma maneira muito simples, vários achados e danças cerimoniais que estão enraizadas nos aborígenes, que provam a passagem do Capitão Cristóvão de Mendonça que cartografou a costa da Austrália.
Nesses achados consta um canhão encontrado em local sagrado aborígene em Carronade Island, na costa de Kimberley, que é comparado a uma réplica de um canhão Português do Século XVI (o livro mostra as fotos e são mesmo idênticos). Foi encontrado também um pote de cerâmica de estilo Português (também há foto do pote) pescado do leito do oceano ao largo de Gabo Island, e datado cientificamente como sendo do ano 1500 que provavelmente conteria vinho ou azeitonas.
Caravelas,
Naus e Galeões Portugueses, choque tecnológico séc XVI
Um
documentário que desvenda um mistério com 500 anos, dando a conhecer a razão
pela qual as caravelas criadas pelos Portugueses são hoje comparadas a modernos
'space shuttle'.
O impacto
desta inovação transformou Portugal na principal potência marítima e económica
do século XVI.
Mas quando se lê um livro de História espanhol, inglês, francês ou holandês, as referências ao papel desempenhado pelos portugueses na época dos descobrimentos são insignificantes. Por essa razão quisemos saber a opinião dos melhores historiadores mundiais e os resultados foram surpreendentes. "Caravelas e Naus – Um Choque Tecnológico nos séculos XV e XVI" ficou em 1º lugar entre 62 documentários num concurso do Discovery Channel, tendo sido emitido em vários continentes.
Mas quando se lê um livro de História espanhol, inglês, francês ou holandês, as referências ao papel desempenhado pelos portugueses na época dos descobrimentos são insignificantes. Por essa razão quisemos saber a opinião dos melhores historiadores mundiais e os resultados foram surpreendentes. "Caravelas e Naus – Um Choque Tecnológico nos séculos XV e XVI" ficou em 1º lugar entre 62 documentários num concurso do Discovery Channel, tendo sido emitido em vários continentes.
Portugal, nos
séculos XIV, XV e XVI, foi o primeiro a iniciar a idade da descoberta, um
século antes de Espanha e dois séculos antes de Inglaterra e Holanda.
21 de Agosto
de 1770, a Austrália o quê?
Para os europeus do norte, o responsável oficial pela descoberta da
Austrália foi o Capitão James Cook, que reclamou o vasto continente para a
coroa do Reino Unido no dia 21 de Agosto 1770 e lhe chamou Nova Gales
do Sul. Porém, a viagem do Capitão Cook foi apenas o corolário de várias
expedições exploratórias aos mares do Sul em busca do mítico continente do Sul.
Nestas viagens, a Austrália teria sido visitada, segundo alguns investigadores,
por portugueses (em 1522, por Cristóvão de Mendonça e em 1525 por Gomes
de Sequeira), sendo certas as visitas dos neerlandeses a vários pontos da costa
australiana a partir do século XVII. (Wikipédia). Sempre fez confusão esta chico-espertice dos
ingleses em insistirem no erro, ano após ano, com a complacência dos nossos
governantes/instituições responsáveis. Parecem cucos que fazem seus, os ninhos
dos outros.
A verdade é só uma.
Foram os portugueses os primeiros Europeus a chegar à Austrália, cerca de
250 anos antes do Capitão Cook a ter reclamado.
Nem fazia sentido que
uma vez chegados a Timor, só se de repente fôssemos desprovidos de neurónios
dar-nos uma branca ou cegueira colectiva, é que não dávamos com aquele
continente que dista de Timor apenas 500 km. Logo nós que navegámos pelas
Gronelândias, Terra Nova/Canadá (João Vaz Corte-Real pode ser considerado o
primeiro europeu a chegar à Costa Americana, 20 anos antes de Colombo), toda a
costa de África, Brasil, que para chegarmos às Índias das especiarias e ultrapassarmos o Cabo das
Tormentas, tivemos trabalhos
esforçados muito mais do que permitia a força humana, segundo o nosso poeta.
Navegámos por "seca e meca", fomos donos de meio mundo desde 1354
(quando arribámos às Canárias) e, depois de todas estas valências, querem-nos
fazer acreditar que não vimos a Austrália mesmo à frente dos nossos narizes? Francamente!
Vamos saber o que nos dizem um historiador Australiano (ver o video no final) e um historiador/filólogo Holandês:
«O primeiro contacto europeu com o continente do Sul teria sido efectuado por navegadores portugueses, embora não haja referências a esta viagem ou viagens nos arquivos históricos de Portugal. (*) A principal evidência para estas visitas não declaradas foi a descoberta de dois canhões portugueses afundados ao largo da baía de Broome na costa noroeste da Austrália. A tipologia dessas peças de artilharia indica serem de fabricação portuguesa, podendo ser datadas entre os anos de 1475 e 1525.
No livro, "Para além do Capricórnio", o historiador australiano Peter Trickett afirma que duas expedições portuguesas realizadas nos mares da Indonésia no primeiro quartel do século XVI teriam atingido o território australiano: a expedição de Cristóvão de Mendonça a partir de Malaca para o sul em busca das "ilhas de ouro"(1522), mas sobretudo a de Gomes de Sequeira (1525) que supostamente teria atingido a Península de York. Para reforçar esta tese evoca-se o estabelecimento pelos portugueses em 1516 (**) de um entreposto comercial em Timor, que fica a cerca de 500 quilómetros da Austrália.
Segundo o historiador e filólogo Carl von Brandenstein, os portugueses teriam naufragado no noroeste da Austrália Ocidental, perto da ilha de Depuch, entre 1511 e 1520, tendo sido os primeiros europeus a tocar a Austrália, de onde não puderam sair. Estes portugueses acabariam por se integrar com a população local, deixando marcas culturais assimiladas pelos aborígenes. A fundamentação das suas teorias encontra-se na análise das línguas das etnias Ngarluma e Karriera (tribos da Austrália Ocidental), que apresentam particularidades que não se detectam nas outras línguas aborígenes, como o uso da voz passiva. Brandenstein apresenta também uma lista de palavras destas línguas que alega terem uma origem portuguesa (exemplos: thartaruga de tartaruga, monta/manta de monte, thatta de tecto)»
(*) - Perdeu-se muita documentação e mapas, aquando do terramoto de 1755. A digitalização ainda vinha longe...não fora esse desastre, a nossa História seria muito mais Gloriosa!
(**) - Há várias datas sobre a nossa chegada a Timor. Sempre pensei que foi em 1511, mas já li que mercadores Portugueses chegaram em 1512 à ilha da parte Leste, habitada pelo Povo Maubere e que a primeira fonte documental europeia conhecida, é uma carta de Rui de Brito Patalim a El-Rei D. Manuel, datada de 6 de Janeiro de 1514, na qual são mencionados navios que tinham partido para Timor.
Há muito que a descoberta da Austrália por James Cook, levantava dúvidas aos historiadores. O historiador australiano, Peter Trickett, vem agora contrariar o que se ensinou nos últimos 237 anos: Afinal a Austrália foi descoberta pelos portugueses.
vídeo
Sobre este apaixonante tema, aconselha-se uma visita ao facebook de Deana Barroqueiro, onde vão encontrar excelente material, muitos mapas etc. (Hermínius Lusitano)
Austrália
descoberta por portugueses em 1522
FORAM
PORTUGUESES OS PRIMEIROS EUROPEUS A CHEGAR À AUSTRÁLIA
Segundo a agência de notícias Reuters, foi encontrado um novo mapa que prova que não foram
os ingleses nem os holandeses que descobriram a Austrália, mas antes os
navegadores portugueses.
Este mapa do século XVI, com referências e
informação pertinentes escrito em português, foi encontrado numa biblioteca de
Los Angeles e prova que foram navegadores portugueses os primeiros europeus a
descobrir a Austrália.
SYDNEY
(Reuters) - Um mapa marítimo do século 16 numa biblioteca de Los Angeles prova
que foram os navegadores portugueses, não os ingleses ou holandeses, os
primeiros europeus a descobrir a Austrália, diz um novo livro que detalha a
descoberta secreta da Austrália.
O mapa assinala com detalhe e acuidade, várias referências da costa Este Australiana, tudo relatado em português, provando que foi a frota de quatro barcos liderada pelo explorador «Cristóvão de Mendonça» quem efectivamente descobriu a Austrália no longínquo ano de 1522.
Desta forma, os factos são agora invertidos, pois foi o navegador português a fazer tão importante descoberta, cerca de 250 anos antes do Capitão James Cook a ter reclamado junto da coroa inglesa, em 1770.
Na altura a descoberta de Cristóvão de Mendonça, agora suportada por um rol de historiadores, graças aos vários descobrimentos lusos que ocorreram ao longo das costas Neozelandesa e Australiana durante o século XVI, foi mantida em segredo como forma de prevenir e impedir que outras potências europeias alcançassem e se apoderassem deste novo e fantástico pedaço de terra.
ADENDA:
POR HERMINIUS LUSITANO
O que pode significar esta nova descoberta? Muita
coisa... Mas acima de tudo prova que os aborígenes australianos e os
portugueses têm muito em comum - uma paixão feroz pelo Oceano. Recordemos que
os aborígenes da Austrália descendem de emigrantes africanos que povoaram a
Ásia há 60 mil anos, cruzando o mar utilizando canoas e toscas embarcações.
Gente que demonstrou muita coragem ao enfrentar o imenso desconhecido, uma
similitude com os navegadores portugueses.
Austrália no Atlas de Vallard
"Terra Java" (Costa Oriental da Austrália?)
Há muito que a descoberta da Austrália por James Cook,
levantava dúvidas aos historiadores. O
historiador australiano, Peter Trickett, vem agora contrariar o que se ensinou
nos últimos 237 anos: Afinal, a Austrália foi descoberta pelos
portugueses.(video no link)
O livro com o titulo 'Para além do Capricórnio' da autoria de Peter Trickett, jornalista australiano e repórter de investigação especializado em temas de ciência e história, que li em dois dias tão grande foi o interesse que me despertou (recomendo a leitura do mesmo), o autor explica de uma maneira muito simples, vários achados e danças cerimoniais que estão enraizadas nos aborígenes, que provam a passagem do Capitão Cristóvão de Mendonça que cartografou a costa da Austrália.
Nesses achados consta um canhão encontrado em local sagrado aborígene em Carronade Island, na costa de Kimberley, que é comparado a uma réplica de um canhão Português do Século XVI (o livro mostra as fotos e são mesmo idênticos). Foi encontrado também um pote de cerâmica de estilo Português (também há foto do pote) pescado do leito do oceano ao largo de Gabo Island, e datado cientificamente como sendo do ano 1500 que provavelmente conteria vinho ou azeitonas.
Encontrados também artefactos de pesca numa praia de
Fraser Island, Queensland, contendo um peso de chumbo que foi datado
cientificamente como sendo de cerca de 1500 e o chumbo identificado como sendo
originário de uma mina de Portugal ou no sul de França. Os nomes
"aportuguesados" que Cristóvão Mendonça deu a vários pontos da costa,
explicados e traduzidos pelo autor do livro é fascinante. Até a fisionomia de
alguns aborígenes com alguns traços europeus, são por ele explicadas.
Gostaria de saber qual a posição dos nossos historiadores acerca desta importante descoberta.!E os políticos,o que têm a dizer?Têm de ser os historiadores de outros países tal como os ingleses e australianos a dar a conhecer a nossa história ao mundo?Tirando honrosas excepções,como no caso deste blog,mais ninguém quer saber?
ResponderEliminarJorge Lima