quinta-feira, 12 de setembro de 2013

"Américo Vespúcio (Amerigo Vespucci, florentino)"


(em construção....

Foi um dos maiores mentirosos da história da navegação.

Na sua auto-biografia fabricada pelo próprio e os seus comparsas,  afirma que veio para Sevilha (Espanha), em 1492, na qualidade de agente de uma casa comercial de Florença.

A primeira referência documental data de 21 de Outubro de 1495, onde aparece ligado ao tráfico de escravos, uma actividade muito lucrativa na época. Estava então ao serviço de Juanoto Berardi, um intermediário em Sevilha de Marchioni, um florentino naturalizado português, residente em Lisboa.

A última referência sobre Vespúcio ligada a Berardi, data de 1 de Fevereiro de 1496, e diz respeito a uma expedição fracassada às Indias, comandada pelo português Pedro Souza (Sosa), ao serviço da Casa Berardi, entretanto extinta.

Alguns historiadores tem afirmado que Vespúcio, depois da morte de Berardi (Dezembro de 1495) passou a estar directamente ao serviço de Colon [Colombo]. Não há todavia nenhum documento fidedigno que o comprove.

Em 1497, segundo o próprio, terá realizado a sua primeira viagem às Indias espanholas. 

Voltou a fazer uma nova viagem em 1499 ao serviço de Fernando, o rei de Castela (sic). Estas viagens são desde o século XVI negadas por cronistas e historiadores espanhóis, como Gomara, Las Casas, Herrera, Frei Pedro Simón, Solorzano Pereira, Navarrette, entre outros. O seu objectivo teria sido o de apropriar-se dos louros das descobertas de Colon [Colombo], mas também de Pedro Alvares Cabral e outros portugueses.

Em 1501 encontrava-se em Lisboa. 

Quando Cabral regressou da Índia, em Julho de 1501, escreveu uma carta em florentino a Lorenzo de Pierfrancesco de Medici, dando conta das informações que obteve de Gaspar da Gama, que viajara na nau capitana. 

Nesta carta, afirma que a pedido de D.Manuel I, fez uma viagem de exploração das costas do Brasil até aos confins da América do Sul (1501-1502).

 O original da carta desapareceu. Uma suposta cópia da mesma foi publicada por Pietro Vaglienti. 

Alguns autores consideram-na todavia apócrifa. (8).

Afirma que D. Manuel I, o voltou a enviar para a América do Sul numa nova expedição ao serviço de Portugal (1503-1504), desta vez com intuitos comerciais e militares. O original da carta também desapareceu.

Depois que regressou a Espanha, em Janeiro de 1505, nunca mais navegou. 

Em Fevereiro deste ano, encontrou-se com a Corte Castelhana em Toro. 

A 13 de Março, foi encarregue de com Vicente Yanes Pizon de organizar a Malaca através do Ocidente. A 24 de Abril recebeu a naturalização castelhana. Em 1508 foi nomeado piloto-maior da Casa da Contratação de Sevilha, cidade onde morreu a 22/2/1512.

Falsário ?

Tudo o que sabemos das suas supostas viagens ao serviço de Espanha e de Portugal são narradas por ele próprio. 

Não existe nenhuma carta original.

Vespúcio nunca indica o nome de navios ou capitães com quem andou, os cargos que desempenhou, as terras que visitou, etc.. As datas são raras, as latitudes são erradas, os rumos ambíguos. Não fornece elementos que nos permitam identificar as respectivas expedições.

Nos arquivos de Portugal e de Espanha não existe qualquer documento que conste o seu nome, nem como simples marinheiro nas inúmeras expedições que foram organizadas.

Os cronistas espanhóis, como vimos, acusam-no de ser um falsário. O italiano Pedro Martir de Anghiera (Segunda Década), apenas refere muito vagamente que o mesmo participou em viagens ao serviço do rei de Portugal. Gomara se recusa a ideia que o mesmo tenha andado em navios espanhóis, afirma que navegou em portugueses. A verdade é que os cronistas portugueses do século XVI ignoram-no.

As descrições das suas alegadas viagens são vagas e contraditórias. As indicações de ventos, correntes e até de estrelas estão em geral erradas para as regiões do mundo que indica. Os seus propagandeados cálculos astronómicos são  próprios de um cosmógrafo ou piloto ignorante, como demonstrou Gago Coutinho (33).

Desde o século XVIII, uma legião de historiadores italianos tem-se esforçado por lhe darem alguma credibilidade como navegador, cosmógrafo e piloto, transformando-o no comandante das respectivas expedições ...

Vespúcio e Cristofõm Colon [Colombo]

Depois de 1500 Vespúcio apercebe-se da enorme fragilidade de Colon [Colombo] em Espanha. 

Aproveita o facto do mesmo estar a realizar a sua terceira e última viagem (1502-1504), para iniciar uma série de correspondência com Florença, rapidamente divulgada por toda a Europa, onde se afirma que foi ele e não Colon [Colombo] o primeiro descobridor do "Novo Mundo", uma infinitésima parte da Ásia. 

Ao contrário do que se afirma, nunca concebeu que o "Novo Mundo" (América do Sul), correspondesse a um novo continente. Estava convencido que se tratava de uma enorme terra ainda desconhecida da Ásia.

Para dar credibilidade aos seus relatos, à semelhança de Colon [Colombo], afirma que também ele fez quatro viagens à Ásia, tendo vivido muitos episódios similares. 

Na sua mistificação, serve-se inclusive de dados do próprio Colon [Colombo], a que teve acesso quando este ao seu serviço:

Na carta a Lorenzo de Pier Francesco de Medici, supostamente datada de 18/7/1500, escreve que conseguiu medir longitude, com base no Almanaque de Regiomontano, comparando com as Tablas Alfonsies, tendo obtido o resultado de cinco horas e meia, isto é, 82 graus de Cádiz. Trata-se dos mesmos cálculos (errados) que Colon [Colombo] disse ter obtido por diversas vezes em 1494, 1497 e 1498 (14).

Apresenta como uma sua grande descoberta, o facto da Zona Tórrida (Equador) ser habitada, algo que os portugueses já tinham descoberto há dezenas de anos.

Em 1505 regressou a Espanha, tendo-se encontrado com Colon [Colombo]. Sabemos por este último, que combinaram enganar os espanhóis sobre a India (Ásia). 

Confissão do Logro

No final da vida Cristophõro Colon [Colombo] era um homem desacreditado, apenas podia confiar num circulo muito restrito de pessoas em Portugal e em Espanha. A sua sobrevivência e da sua família passava pela continuidade da mentira

Em 1505 regressou a Espanha vindo de Lisboa, um dos maiores aldrabões da História - Américo Vespucio. 

Estivera, segundo o próprio 5 anos em Portugal ao serviço dos reis de Portugal, era portanto alguém que Colon [Colombo] podia confiar

Não tardou em combinar com o mesmo uma nova mentira ou a continuidade da mesma. 

Ele devia convencer a Corte Espanhola que as Indias descobertas por Colon [Colombo] eram maiores e mais ricas do que as verdadeiras Indias a que Vasco da Gama havia chegado (1498).  

Numa carta escrita para o seu filho Diego Colon, datada de 5 de Fevereiro de 1505, a escreve:

"Querido filho (...) falei com Amerigo Vespucci, portador desta (carta), que vai aí (à Corte) chamado sobre assuntos de navegação. Ele sempre teve desejo de me agradar (...) vai com um dos meus e com grande desejo de fazer algo que me beneficie, se estiver ao seu alcance (...) vai determinado a fazer por mim tudo o que lhe for possível (...) tudo fará e falará e porá em prática e seja tudo feito secretamente, para que não suspeitem dele

Eu, tudo o que se podia dizer-lhe sobre isto, disse-lhe e informei-o do pagamento que me foi feito e que ainda se faz. Esta carta será também para o Senhor Tenente (Bartolomeu Colon), para que veja como ele (Amerigo Vespucci) pode ser benéfico e o avise disso. Sua Alteza deve acreditar que os seus navios foram para a melhor e mais rica das Indias. E se resta algo mais a saber sobre o dito, eu satisfazê-lo-ei lá verbalmente, porque é impossível dizê-lo por escrito" (1). 

Colon [Colombo] não podia ser mais claro ao confirmar que a história da Índia foi a forma de conduzir os reis de Espanha a um logro, no qual participava toda a sua família e amigos. 

Vespúcio só começa a participar neste logro após ter estado cerca de cinco anos em Lisboa.

As mentiras irão continuar ao longo de todo o século XVI, envolvendo os seus filho Diego Colon e Hernando Colon, mas também Las Casas.


 As Quatro Viagens à Asia

A divulgação destas viagens não foi feita na mesma altura.

-  A compilação intitulada - Mundus Novus -, inclui uma carta de Vespucio a Pier Francesco dei Medici, na qual "descreve" a suaterceira viagem, a primeira ao serviço de D. Manuel I.  A primeira edição efectivamente conhecida data de 1504, saindo no mesmo ano a segunda edição já com este título  (Veneza, J.B.Sessa) e está escrita em latim.

O texto não terá sido escrito por Vespúcio. Tem-se sustentado que Mundus Novus terá sido baseado numa sua carta endereçada de Lisboa, em 1502, a Lourenço de Médice, e que foi publicada apenas em 1789

Esta tese não é consensual, porque o confronto entre os dois textos (o manuscrito e o texto impresso), revela enormes disparidades. No manuscrito Vespúcio é comedido nas suas afirmações remetendo-se a um papel secundário, no Mundus Novus é apresentado como o principal protagonista, o herói. Não existem originais.

O texto de Mundus Novus teve um enorme impacto no tempo (9), transformando Vespúcio no descobridor do Novo Mundo. Foram publicadas 50 edições até 1550. 

- O folheto intitulado “Lettera di Amerigo Vespucci delle isole nuovamente trovate in quattro suoi viaggi”, em italiano, consta de uma carta, enviada também de Lisboa, a 4/9/1504, não tem destinatário, mas supõem-se que tenha sido endereçado a Piero Soderini. É vulgarmente conhecida por "Lettera", sendo considerada apócrifa (cfr. Alberto Magnaghi, etc). Foi editada em Florença  (1506 ?). Relata as suas quatro alegadas viagens maritimas que Vespúcio se vangloria de ter efectuado. Não existem originais.

O folheto só alcançou grande êxito quando voltou a ser reeditado, em latim, com o título de "Quattuor Americi Vesputti Navigationes", na obra Cosmographie Introductio (1507) de Waldseemuller, com as consequências que se conhecem. Existem inúmeras disparidades entre o dois textos.

Graças ao empenho dos divulgadores italianos, entre 1745 e 1827 foram descobertas e publicadas mais três cópias manuscritas de cartas de Vespucio: a carta de Sevilha (18/7/1500), Cabo Verde (4/6/1501) e de Lisboa (1).  Em 1937 foi descoberta e publicada uma nova carta, cuja autenticidade também é posta em causa.

Não existe qualquer consenso sobre a autenticidade sobre as viagens que realizou, nem sobre a autenticidade dos folhetos e das cartas manuscritas. Giovanni Battista Ramusio, por exemplo, em 1550, excluiu as duas primeiras viagens ao serviço de Espanha por as considerar falsas. Uns sustentam que primeira e a segunda correspondem apenas a uma única viagem. O mesmo se afirma sobre a terceira e a quarta. Em geral apenas a segunda e a terceira viagem são admitidas como credíveis (4).

a) Primeira viagem

Aparece descrita apenas numa carta de Lisboa - a "Lettera" de 4/9/1504.
A viagem teria partido de Cádiz, a 10 de Maio de 1497, ao serviço de "Fernando, rei de castela" (sic). Esta referência leva Navarrete, a afirmar que a carta é posterior a 1504, isto é, depois de ter falecido Isabel, rainha de Castela.

A expedição contava com quatro navios. O comandante que nunca é nomeado, embora os espanhóis que dão alguma credibilidade à expedição apontem Alonso de Hojeda...

De Cádiz seguiram para as Canárias, atravessaram os Atlântico dirigindo-se para uma região que tem sido identificada como as Honduras. Alguns historiadores tão imaginativos como Vespúcio, afirmam este esteve também no Golfo do México, Florida, Costa da Carolina, Virgínia, etc. 

Vespúcio afirma ter estado muito próximo do Cabo de Cattigaro" de Ptolomeu, um mítico centro comercial do extremo da Ásia. A fonte da sua localização não terá sido todavia Ptolomeu, mas o mapa  de Enrico Martello, onde o mesmo se supõe poder ser atingido por mar.
  
"Consumimos en la expedicion 18 meses, hallnado muchos continentes é innumerables islas, casi todas habitadas, de las cuales no hicieron mencion ninguma nuestros mayores, de manera que yo creo que los antiguos no tuvieron noticia ninguna de ellas".

A viagem teria terminado em Cádiz  a 15 de Outubro de 1498. O resultado concreto desta mesma terá sido a captura de 222 escravos, na Ilha de san Juan (Porto Rico) que foram depois vendidos em Cádiz.

Vespúcio, afirma-se deste modo como o primeiro descobridor da Terra Firme, situada algures na Ásia.

A descrição é feita de forma muito vaga. Apesar disso as contradições são enormes. O número de escravos, por exemplo, superava de longe a própria capacidade de transporte das caravelas. 

Nos arquivos históricos espanhóis não consta que a viagem alguma vez se tenha sido realizado, nem um tão grande número de escravos tenha desembarcado neste ano em Cádiz. 

É provável que o relato de Vespúcio tenha sido baseado numa expedição clandestina portuguesa à Honduras, em 1503, e que levou Juan de La Cosa a vir a Lisboa para recolher informações, acabando preso.

b ) Segunda viagem

Aparece descrita na carta de Sevilha, datada de 18/7/1500, e na carta de Lisboa -a "Lettera" de 4/9/1504. A descrição das duas cartas não é coincidente. Este facto leva-nos a concluir que quando obteve mais informações sobre a viagem de Pedro Alvares Cabral e outras expedições portuguesas ao Brasil, resolve fazer um novo relato da sua alegada viagem de 1499...
No final da carta de Sevilha (1500), refere a viagem de Vasco da Gama (1497-1499) e a de Pedro Alvares Cabral (1500-1501), composta por 12 navios (13, na realidade) e que partiu a 9 de Março de 1500 de Lisboa.

O objectivo desta viagem, como o próprio afirma, era a Trapobana na Ásia. Embora não nomeie o comandante da expedição, composta por três navios, tem sido identificado pelos espanhóis, como Alonso de Hojeda.

O início desta suposta segunda viagem foi a 16 de Maio de 1499, no original está 1489.  depois das Canárias foi Ilha do Fogo (Cabo Verde), tendo atingido o Brasil quatro meses antes de Pedro Alvares Cabral. Andou em seguida por um Rio de água doce, uma zona de papagaios, o "paraíso terreal" de Colombo, etc. 

A distância que calcula existir entre Cabo Verde e a Ásia, cerca de 700 léguas, era considerada já no tempo um completo disparate, mas Vespúcio continua a repeti-la.

Os historiadores espanhóis mais imaginativos afirmam que andou pelas Guianas, litoral da Venezuela, Honduras, Trinidad, Curaçao e depois a Hispaniola. Fez este percurso sem parar. Vespúcio refere as luta entre Hojeda e Francisco Roldán, mas as datas apontadas não coincidem com os factos históricos.

Sabemos que Hojeda, em 1499-1500, na expedição que realizou às Indias não foi ao Brasil, o que não impede que com base nesta historieta de Vespúcio se continue a afirmar o contrário. 

No regresso foi aos Açores, onde se reabasteceu, dirigiu-se depois para a Ilha da Madeira e daqui para Cádiz. A viagem terminou a 18 de Setembro de 1500. Trouxe escravos, pérolas, ouro e muitas pedras preciosas (esmeraldas, ametistas, etc). 

Nesta viagem, como dissemos, afirma-se como descobridor do Brasil, quatro meses antes de Pedro Alvares Cabral ter oficializado "achamento". Alonso de Hojeda, na lista que da tripulação que integrava a expedição, nunca mencionou o seu nome. 

Os termos Vespúcio utiliza para descrever o que viu, são demasiado vagos, não permitindo identificar as terras que supostamente avistou. A única indicação mais precisa é de um largo rio que tem sido identificado como um dos braços do Amazonas nas Guianas.
Estas duas viagens foram alegadamente realizadas entre 1497 e 1500, mas Vespúcio só as descreveu em Lisboa em 1504. A primeira publicação das mesmas só foi feita na Itália e na Alemanha, em 1507/1508, em italiano e latim. Nunca foram publicadas ou divulgadas em Portugal ou Espanha onde, no tempo, seria facilmente desmentido. 

c) Terceira viagem

Esta foi a sua mais importante das suas alegadas viagens, a primeira a ser divulgada e a que lhe granjeou fama internacional. Foi feita ao serviço de D.Manuel I.

É também a expedição mais "documentada" por Vespúcio, sendo referida nas seguintes cartas, cuja autenticidade é frequentemente posta em causa:

- Carta de Cabo Verde, de 4/6/1501, onde refere o que um português - Gaspar - muito bem informado lhe disse sobre o que viu nas duas viagens que já fizera ao Índico. 

- Carta, sem data, escrita em Lisboa sobre a terceira viagem.

- Fragmento de uma carta relativa à 3ª. Viagem, sem data, nem destinatário. Roberto Rodolfi que a descobriu, publicou-a em 1937.

- Carta escrita em Lisboa, dirigida a Lorenzo do Pier Francesco. Impressa no princípio de 1504. A tradução latina, como dissemos, tem o nome de "Mundus Novus"
.
- Carta de Lisboa, de 4/9/1504, a "Lettera".

Não restam dúvidas que, em 1501, D. Manuel I, enviou uma expedição para as costas do Brasil. Partiu de Lisboa no inicio em Maio de 1501, e era composta de 3 navios. Fez o seu reconhecimento ao longo de 760 léguas, e atingindo 53º. de latitude austral.

Um dos problemas mais debatidos pelos historiadores é a questão do seu comandante: Gonçalo Coelho ou André Afonso Gonçalves (35).
A história desta expedição, por Américo Vespúcio, embora baseada em factos reais é todavia um completo delírio, tantos são os disparates que nos conta.

Após a ter alegadamente efectuado as duas primeiras viagens ao serviço dos reis de Espanha, afirma que D.Manuel I, o mandou chamar de Sevilha, em 1501, para fazer parte de uma expedição portuguesa, destinada a explorar e cartografar as terras avistadas por Pedro Alvares Cabral. É dificil admitir que este rei não tenha conseguido arranjar em Portugal um piloto experiente, e tenha ido buscar um mercador a Sevilha para fazer esta viagem como piloto e cosmógrafo.O delírio é completo.

Vespucio, que nunca nomeia o comandante português, afirma que a expedição tocou no porto africano de Beseguiche (Dakar), cruzou o Atlântico na latitude de 5º Sul. Diz que a travessia demorou 67 dias, dos quais 44 foram debaixo de chuva, trovões e raios que não permitiam ver o Sol. Calcula a distância em 700 léguas, mas devido ás condições atmosféricas fizeram 1800..., percorreu toda a costa do Brasil e da Argentina até atingir 52º de latitude Sul, numa zona de  frio intenso. Terá chegado, segundo muitos, ao Cabo Horn, tendo revelado uma enorme extensão de terra, um verdadeiro continente.
Apesar deste facto, Vespúcio continua a afirmar que este novo mundo fazia parte da Ásia, algo que era negado em Portugal desde finais do século XV.

A sua descrição releva inúmeros erros. Uma das raras excepções é a referência ao Cabo de S. Agostinho, que terá sido dobrado na altura. Calcula a sua localização a 8º Sul. 
Duarte Pacheco Pereira situa-o a 8º. 15' Sul, em 1505, um valor muito próximo do real. Recorde-se que, em 1515, os espanhóis ainda não sabiam localizar este cabo. 

No regresso a expedição, segundo Vespúcio, tocou na Serra Leoa (10/3/1502) e depois nos Açores, chegando a Lisboa, a 8/9/1502.

Sugere que a dado momento passou a dirigir a expedição como capitão de um navio. No entanto, acaba por dizer que durante 27 dias abandonou o navio para ir viver com os indios... (34).Um facto incongruente com o estatuto de capitão.
A descrição dos supostos indios do Brasil é deveras pitoresca: A vida comunitária dos indios, a sua longevidade (viviam até aos 150 anos), canibalismo, o carácter libidinoso das mulheres e os grandes pénis dos homens, observou a "produção" de mulatos (pardos), fruto do cruzamento entre brancos e indios, as redes onde dormiam, as grandes cabanas familiares, etc.

Para dar credibilidade à sua participação na expedição, afirma que se cruzou com uma armada portuguesa que vinha da India, em Junho de 1501, no arquipélago de Cabo Verde, mas não nomeia o comandante (Pedro Alvares Cabral).  O encontro das expedições terá existido (35), mas não há mínima referência a Vespúcio no mesmo.

O relato desta alegada participação numa expedição portuguesa, foi provavelmente baseado em informações obtidas em Lisboa, onde certamente terá vivido, mas também na leitura de mapas portugueses. A favor da sua efectiva participação como "comerciante", aponta-se a carta de Pier Rondinelli, datada de 3/10/1502, onde este afirma que Vespucio havia colhido pouco proveito dos seus trabalhos além-mar.

e) Quarta viagem

Como a primeira viagem (1497), aparece descrita apenas numa carta de Lisboa - a "Lettera" de 4/9/1504.

A expedição também se efectuou (35), mas sob o comando de Gonçalo Coelho. A identidade deste capitão da armada está confirmada no mapa de Maggiolo (datado de Fano, 8 de Junho de 1504), onde surge na representação do território do Brasil a legenda Terra de Gonsalvo Coigo vocatur Santa Croxe.

A crónica de D. Manuel I de Damião de Góis, também nos dá a notícia de uma segunda armada que foi enviada para fazer o reconhecimento do Brasil e que foi capitaneada por Gonçalo Coelho. Partiu a 10 de Junho de 1503 e regressou em 1504, era composta por seis navios, quatro dos quais não regressariam.

Vespúcio afirma que a expedição saiu de Lisboa a 10 de Maio de 1503, e tinha como objectivo, chegar a Melaccha (Malaca), uma rota aparentemente disparatada, tendo em conta as viagens até à India já realizadas pelos portugueses.

A expedição foi á Serra Leoa, cruzou o Atlântico, tendo chegado a uma ilha que tem sido identificada com a S. Lourenço (São João e depois Fernão de Noronha). Outros afirmam que se trata de mítica ilha de S. Mateus, que era representada junto ao Brasil. Sobre a Abadia (no texto) de Todos os Santos não dá qualquer referência que nos possibilite localizá-la. Terá percorrido as costas do Brasil até ao rio das caravelas e baixos dos Abrolhos.

As populações que encontrou, eram de uma enorme ferocidade. Mataram e comeram vários portugueses, perante a passividade do comandante da expedição.

Vespúcio assume-se, neste relato, como um verdadeiro herói, substituindo Gonçalo Coelho, quando este claudicou na sequência do naufrágio da capitânia da frota em Fernando de Noronha ! Afirma-se que esta expedição descobriu muitas terras, entre elas a ilha de Ascensão, depois rebaptizada de Trindade.

No cabo do Frio, refere a construção de uma fortaleza portuguesa, onde ficaram 24 homens. A notícia desta fortaleza no Brasil irá inspirar Thomas Moro (Utopia, 1516). Afirma que a expedição regressou a Lisboa onde chegou a 18/7/1504.

Espionagem, Colon e regresso a Espanha

Percorrendo toda a documentação sobre as inúmeras expedições náuticas dos portugueses, não se encontra a mínima referência a Vespúcio nesta ou outra expedição ao serviço dos reis de Portugal. 

Uma constatação que já havia feito no século XIX os Visconde de Santarém

Apesar disto não deixa de ser significativo que as suas fantasias continuem ainda hoje a ser repetidas de forma acrítica por muitos historiadores portugueses.

As suas alegadas descrições de terras e lugares que visitou, escritas em Lisboa (1503/1504), podiam facilmente ser construídas com base em mapas e relatos de cartógrafos e navegadores portugueses da época.

O certo é que a divulgação internacional destas duas alegadas viagens ao serviço de Portugal, causou um enorme impacto na Europa Central.
Vespúcio aproveita e designa a região do Brasil como um "Novo Mundo".
Não é improvável que Américo Vespúcio não tenha participado nas viagens ao serviço de D. Manuel I, mas como um simples comerciante.

O que fazia em Portugal? À semelhança de muitos outros estrangeiros dedicava-se a recolher informações (espionagem) sobre as expedições portuguesas ao serviço dos seus protectores em Itália ou Espanha. Tudo leva a crer que tenha vindo para Portugal com essa missão.

De acordo com as suas próprias palavras, na última viagem, chegou a Lisboa a 18/6/1504. Três meses depois enviou para Florença a sua última carta, a 4/9/1504, com novas informações sobre a expedição portuguesa.

Vespúcio, como dissemos, regressou a Espanha em Janeiro de 1505.

Em Fevereiro de 1505 encontrou-se com Colon ( Colombo), que havia chegado à Península Ibérica, a 7/11/1504, vindo da sua última viagem às Índias (Caraíbas). 

Colon [Colombo] escreve, ainda em Fevereiro,  uma carta ao seu filho Diego Colon, afirmando que se havia encontrado com Vespúcio, tendo ambos acordado na forma de enganar os reis espanhóis, pelo que podia confiar nele. 

Vespúcio foi para Toro ao encontro de Fernando de Aragão. Na sequência deste encontro, a 13/3/1505, é mandatado organizar uma expedição com Vicente Yanes Pinzon, para descobrir Malaca através do Ocidente !

Pouco depois, a  9/4/1505, recebe 12.000 maravedís de ajuda de custo (Archivo de Simancas. Libros generales de Cédulas. nº.10, fl.69). No mês seguinte, a 24/5/1505, é-lhe dada a carta de naturalização castelhana e leonesa (Archivo de Simancas).

A viagem a Malaca acabou por não se realizar, mas Vespúcio acabou por ser nomeado em 1508 piloto-maior da Casa da Contratação de Sevilha.

É hoje evidente que a informação que Vespúcio obteve nas viagens em navios portugueses, entre 1501 e 1505, ter-lhe-ão garantido em Espanha uma ascensão rápida ao topo da hierarquia dos pilotos espanhóis.

Lisboa, Marchione, Berardi e Simão Verde

Vespúcio quando foi para Sevilha, em 1492, entrou ao serviço de um florentino - Juanoto Berardi. Um mercador que, em 1486, se mudou de Lisboa para Sevilha. Nesta cidade era agente de outro florentino naturalizado português - Marchioni.
Nas suas cartas faz referência ainda a outro florentino que se mudou também de Lisboa para Sevilha, embora se mantivesse sempre ligado a Portugal - Simão Verde.

Não é difícil de aceitar que estes florentinos, sobretudo Marchioni, lhe tenham facilitado a sua participação, como agente comercial, nas expedições de D. Manuel I.

Marchioni estava envolvido nos negócios das explorações marítimas portuguesas, mas mantinha relações comerciais regulares com Itália. Importava para Portugal, por exemplo, armas de Florença.

Informava também D. Manuel I das movimentações dos espiões italianos em Portugal, em especial dos venezianos. 

Foi graças à sua acção que foi descoberto o espião veneziano Leonardo da Chá Masser, em Lisboa, no começo do século XVI. O rei foi também por ele informado do apoio que Veneza estava a dar aos muçulmanos para combaterem os portugueses no Indico. 

A informação que Vespúcio obteve em Portugal, como vimos, revelou-se desde logo muito valiosa em Espanha, mas não só.

Divulgação

Os relatos fantasiosos de Vespúcio foram enviados também para o cartógrafo alemão Martin Waldseemuller, que ingenuamente as divulgou na sua célebre obra Cosmographie Introductio (1507). 

1507 Martin Waldseemuller
Continente nesta obra deu o nome "América" ao novo continente, em homenagem a Vespúcio, que é apresentado como o primeiro descobridor de um novo continente., como pode  ser comprovado pelo mapa de 1507, muito bem elaborado. Um erro que mais tarde procurou emendar. 

Um dos dados mais interessantes deste mapa mundo é o facto dos únicos elementos novos em termos geográficos serem todos referentes às explorações portuguesas da América do Sul. 

O mapa atribui a Portugal praticamente o domínio de toda a costa, o que é assinalado com a bandeiras das quinas. 

Não é pois de descurar a hipótese que esta informação lhe tenha sido facultada, tendo em vista divulgar esta posse. 

Recorde-se que de acordo com as clausulas do Tratado de Tordesilhas, a exploração desta linha definida por este tratado deveria ser feita conjuntamente com a Espanha, o que Portugal sempre se recusou a fazer.

Para emendar os erros que havia feito, Martin Waldseemuller, em 1516, produz um novo mapa - Carta Marina Navigatoria Portugallen Navigationes Atque Tocius Cogniti Orsis Terre Marisque. [Strasbourg?]. ( Facsimile. Jay I. Kislak Collection, Rare Book and Special Collections Division, Library of Congress ). (11)
Carta Marina de 1516 Navigatoria Portugallen Navigationes Atque Tocius Cogniti Orsis Terre Marisque. [

Waldseemüller em 1516 emitiu um novo cartão da Carta "Marina Navigatoria Portugallen" .

O título continua com a explicação: "Um mapa de navegação Português do mundo conhecido e os oceanos. "Esta foi a primeira versão impressa das tão ciumentos mapas do mundo guardados, até então conhecida apenas para a torre de exploração Português. Novamente, isto não era um pedaço modesto de trabalho: 12 folhas de 0,42 x 0,59 m foram coladas para formar um mapa de parede de 1,29 x 2,32 m (cerca de 3 metros quadrados).

A Carta Marina é considerado Waldseemüllers contrapartida do seu mapa do mundo de 1507.

Contém novas informações:. Deles é mais preciso em relação às costas da Venezuela e do Brasil. A parte inferior do Mar do Caribe, não é mostrado. Ao trazer a lista deixada estrategicamente para que o cartógrafo no meio se existe ou não é um estreito que dá acesso ao Oceano Pacífico. No entanto Balbao teve em 1513 descobriu que havia um oceano a oeste da América Central.

O quadro decorativo é organizado de modo que parece que as áreas recém-descobertas no oeste também estão na costa leste da Ásia (como Colombo acreditava), e não um novo continente. O nome AMÉRICA não ocorre. Na parte sul é agora TERRA NOVA, no norte, em Cuba ", parte da Ásia."

Este cartão, inspirado pelas idéias de Columbus e não de Amerigo Vespucci, marca um retrocesso na concepção geográfica do mundo. No entanto, três navegadores citados: Columbus, Alvarez Cabral e Vespucci (texto, canto inferior esquerdo).

Quando esta carta não ouviu um folheto com explicações. Ela foi dedicado ao Bispo de Toul, Hugues des perigos. Um indicador no canto inferior direito indica que ela foi executado em Saint-Die por Martin Waldseemüller.

O original só preservou foi baseado, junto com o mapa do mundo de 1507, Atlas de Johan Schöner, o castelo de Wolfegg (Württemberg, Alemanha) (Baptême 1982: 18-19).

Depois de muita pesquisa, eu finalmente encontrei uma reprodução satisfatória do livro recém-publicado por Nathaniel Harris, O mundo mapeado (2003). Fiquei espantado: parecia que o mapa do mundo Mercator de 1569, embora! Uma grande parte do mapa é desenhado em uma ripa de pequenos quadrados, como Mercator iria aperfeiçoar sua projeção Mercator famoso ... mais tarde ou como o coördinatennet 100 peças em mapas chineses séculos antes dele! Para o viés do norte, tais como Mercator, ele não precisa se ​​preocupar: toda a parte superior do mapa é essencialmente "terra incógnita".América do Norte, mais à esquerda, é cortado como o pequeno planisfério no grande mapa do mundo de 1507 (veja abaixo); Norte da Europa, Escandinávia cortar a moldagem da placa. Para o resto do cartão é coberto com um labirinto de rosas de compasso, alguma inspiração trai a portulanen (ver sobre isso abaixo).

Outro ponto de acordo com o mapa de Mercator do mundo de 1569, o número de caixas de texto com explicações, encontrar espaço suficiente no interior inexplorado.

Dois anos após a publicação da Carta Marina morreu Waldseemüller.

No entanto, esta não era a sua última cartada.

Em 1513 foi finalmente o trabalho de sua vida, a Geographia de Ptolomeu publicado. O Supplementum modernior contido, de acordo com especialistas, a colecção mais recente e mais precisa de cartões de Ortelius " Theatrum Orbis Terrarum , quase 60 anos mais tarde! Assim, não admira o Geographia foi tão bem sucedido que era necessária uma reedição póstuma, em 1520, com uma página de título novo, bonito colorido à mão.

Qual é a relação entre Amerigo Vespucci e Martin Waldseemüller? Aqui não sabemos nada com certeza. O site do Sino Coleção James Ford diz sobre o seguinte:

"Vespucci (1512 +) e Waldseemüller (1518 +) Pode ter correspondido. Se Amerigo Vespucci pode ter sido a fonte para os mapas. Desde que ele tinha a esperança de encontrar" algum erudito "para ajudar a preparar um relato de suas viagens, talvez este não ser Waldseemüller, All cuja edição das viagens Vespucci é o mais completo? E, desde que Vespucci indicou que tinha a intenção de preparar tanto um globo e um mapa plano para acompanhar as suas contas, não é estranho que Waldseemüller, por sua própria iniciativa, Caso fazer exatamente isso?

São especulações, mas não sem algumas provas documentais.
Waldseemüller foi reconhecido como um cosmógrafo e teria sido uma escolha lógica para a impressão das contas Vespucci.

As impressoras alemãs da região de Strassburg eram líderes na impressão de mapas de xilogravura e ilustrações. Em 1505, uma edição em latim da conta de terceira viagem de Vespucci foi impresso em Strassburg, com uma ilustração xilogravura ... "

Se é verdade que o próprio Vespucci enviou o texto da nova edição de seus quatro acompanhantes Viajar com mapas e esboços para Saint-Die, por que é que não mencionados no introductio cosmographiae ? Esta é uma explicação plausível disponível. Em 1505 Vespucci retornado ao serviço espanhol e se tornou um cidadão espanhol. Três anos mais tarde, ele foi mais tarde Piloto prefeito , cuja principal tarefa é a de garantir o sigilo dos mapas espanhola da América (veja

Numa legenda em latim, afirma claramente que Cristoforus Columbus e Americus Vespúcios eram afinal dois capitães portugueses. Continua a colocar bandeiras portuguesas por todo o mundo, nomeadamente na Gronelândia.

 Vespúcio na Casa da Contratação de Sevilha

Os elogios que lhe fez Martin Waldseemuller terão impressionado o rei de Espanha. 

Em 1507 concede-lhe uma carta de naturalização, e no ano seguinte nomeia-o Primeiro Piloto Maior da Casa da Contratação de Sevilha. 

Cedo os espanhóis perceberam que Vespúcio não percebia nada de cosmografia, cartografia ou pilotagem, enquanto isto não acontece promovem-no a examinador de pilotos.
   
Uma das suas actividades na Casa da Contratação foi dedicar-se a vender clandestinamente os mapas oficiais. 

Quando foi descoberto, em 1510, o rei Fernando, proibiu o "acto de tanta irresponsabilidade" (5). Vespucio morreu poucos meses depois.

As suas alegadas descobertas divulgadas em toda a Europa por propagandistas italianos, trouxeram-lhe uma enorme fama, ocultando desta forma os verdadeiros descobridores.

O facto mais irónico é que Vespúcio sempre afirmou que as terras que haviam sido descobertas, como o "Novo Mundo", faziam parte da Ásia.


Outra explicação de Américo Vespúcio


Navegador florentino, nascido a 9 de Março de 1454* e falecido em 1512, efectuou várias viagens, cuja extensão e destino são, contudo, altamente controversos, pois os documentos que nos chegaram são pouco fidedignos.
Américo Vespúcio era de uma família tradicional e aristocrática de Florença.
Desde os 17 anos trabalhou para os poderosos Médicis, como contador na casa bancária da referida família. Enviado em 1489 a Sevilha, Vespúcio conheceu Giannoto Berardi, sócio dos Médicis e um conhecido financiador e armador de navios.
Através dele, Vespúcio conheceu Colon, logo após o retorno do navegador da sua primeira viagem (1492-93).
A 18 de Maio de 1499, partiu com a expedição de
Alonso de Hojeda (que provavelmente ajudou a financiar).
Saindo de Cádis as caravelas alcançaram a costa Norte da América do Sul (Suriname, Trindade Haiti, etc.) e retornaram a Espanha a 8 de Junho de 1500.

No mês seguinte Vespúcio escreveu ao seu antigo patrão, Lourenço de Médicis, não só omitindo o nome de Hojeda, mas colocando-se na posição de comando.
D. Manuel I, entusiasmado com as notícias de Vespúcio e com as informações sobre a Terra de Santa Cruz, trazidas por integrantes da esquadra de Cabral, organizou outra expedição ao Brasil, confiando-a ao florentino.
A princípio Vespúcio hesitou, ainda cansado, e em conflito se deveria navegar sob a bandeira portuguesa.

Mesmo assim, partiu de Lisboa a 13 de Maio de 1501 sob o comando de  Gonçalo Coelho.
A frota navegou rumo às ilhas Canárias. Parando em Bezeguiche (actual Dacar, Senegal), próximo a Cabo Verde, encontrou-se com o navio de Diogo Dias e com a caravela Nossa Senhora Anunciada, que aguardava o resto da esquadra de Cabral.
Nesse encontro, Vespúcio pode colher preciosas informações com Gaspar da Gama e teve a certeza de que estavam a falar sobre um novo continente.
Em Agosto de 1501, as três caravelas da esquadra de Gonçalo Coelho ancoram na Praia de Marcos, litoral do actual Rio Grande do Norte.
O contacto com os nativos não foi amistoso e os viajantes puderam ver um dos marinheiros ser devorado pelos índios.
Gonçalo Coelho achou melhor zarpar do local, contornando o litoral do Brasil rumo ao Sul.
Munidos de um calendário Litúrgico, começaram a baptizar os lugares onde atracavam, com nome de santos do respectivo dia.
Como exemplo, em 1 de Novembro de 1501 à baía, denominada Baía de Todos os Santos.
Em 1 de Janeiro de 1502 os tripulantes deparam-se com o que pensavam ser a foz de um rio, baptizando o local com o nome de Rio de Janeiro.
De regresso a Lisboa em 1502, Vespúcio escreveu a Lourenço de Médicis e falou das árvores (inclusive do pau-brasil), dos frutos saborosos, dos animais e dos habitantes de "corpo bem feito" do novo mundo.

No ano seguinte uma nova expedição foi formada, com Gonçalo Coelho novamente no comando.
A 10 de Agosto a frota avistou um arquipélago (Fernando de Noronha) e Gonçalo Coelho, atingindo alguns recifes, naufragou.
Pediu então a Vespúcio que procurasse um porto e o aguardasse.
Após oito dias, Vespúcio descobriu que os outros navios o tinham abandonado.
Com os seus companheiros, prosseguiu a viagem e construiu uma feitoria (provavelmente em Cabo Frio), recolhendo pau-brasil para levar para Portugal.
Quando retornou à Europa, já havia sido publicado na Alemanha um panfleto em latim, com quinze páginas, narrando uma viagem de Vespúcio ao "Novo Mundo".

A popularidade trazida pelas narrativas converteu-o num dos textos mais vendidos à época.

Foi o cartógrafo Martin Waldseemüller quem primeiro nomeou o novo continente de América, em sua homenagem. Vespúcio permaneceu alguns meses em Lisboa após a sua terceira viagem, mas no ano seguinte, de volta à Espanha, recebeu em 24 de Abril de 1505, a naturalização por parte da Corte espanhola.
Também após o seu regresso a Sevilha, Vespúcio casou-se com Maria Cerezo. *Não existe certeza quanto à data de nascimento

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