sábado, 30 de julho de 2011

" América foi descoberta por quem? "


por Pedro Laranjeira

PÁGINA DE IMPRENSA DE PEDRO LARANJEIRA

26 de Janeiro 2008

Cinco séculos depois das viagens épicas começadas em 1492, estão descobertas evidências conclusivas sobre a nacionalidade de Salvador Fernandes Zarco, português de Cuba, no Alentejo, mais conhecido pelo seu pseudónimo de "Cristóvão Colombo".

A origem genovesa do navegador é, no entanto, apenas um pormenor, uma das muitas mentiras construídas nesse período. Trata-se de uma gigantesca trama histórica organizada com fins políticos bem definidos e com pleno êxito, como a extensa literatura sobre os factos demonstra quanto à redacção que a História acabou por ter.

O descobridor da América é considerado a segunda pessoa mais conhecida do mundo e também a segunda sobre quem mais se escreveu até hoje, logo a seguir a Cristo.
Envolto em mistérios, que incluíam a sua própria identidade e origem, o navegador foi polémico em vida, bateu o pé a monarcas e afrontou a própria Igreja, no debate do seu mais valioso tesouro: o conhecimento.

Nunca foi considerado espanhol - aliás, os textos espanhóis classificam-no sempre como "um estrangeiro em Espanha" - mas tem-se tentado fazer crer que seria italiano, nascido em Génova, teoria ora desacreditada, com base em factos históricos não muito difíceis de acertar.

O COLOMBO ITALIANO

A confusão, baseada numa querela sobre heranças que originou um testamento toscamente falsificado, assenta na existência, essa provada, de um tecelão genovês de nome Cristophoro Columbo, que imigrou para o nosso país em 1476.
É interessante cruzar esse facto com uma carta enviada por Toscanelli ao navegador, para Portugal… em 1474. Também, Bartolomé de la Casas conta que Cristóvão se queixou ao Rei Fernando de Aragão que tinha passado 14 anos a tentar obter o apoio da coroa portuguesa para o seu projecto - Colon abandonou Portugal em 1484, o que significa que em 1470 já cá estava e só seis anos depois o tecelão genovês deixou o seu país, isso são os próprios documentos notariais genoveses que o atestam.

Portanto, é simples perceber que o tecelão genovês e o navegador são duas pessoas diferentes.

UM PLEBEU E UM NOBRE, UM IGNORANTE E UM SÁBIO

Seria impensável considerar que um plebeu cardador de lãs de Génova pudesse ter a cultura fenomenal demonstrada por Cristóvão, saber latim, grego, espanhol, português, hebraico, ser versado em filosofia, cartografia, cosmografia e navegação… ou vir a casar com uma nobre, como ele fez em 1479 ao desposar D. Filipa Moniz Perestrelo, filha de Bartolomeu Perestrelo, capitão donatário de Porto Santo, descendente de Egas Moniz e familiar de D. Nuno Álvares Pereira.
Isso era impossível no século XV.

Impossível.

Os primeiros dois casos registados de casamentos entre classes aconteceram um século mais tarde, entre novos ricos e damas nobres.

Não existiu um único no século XV.

Dois factos contribuíram para que a confusão vingasse: razões de peso por parte do português para não tornar públicas as suas origens e o próprio nome, e as conspirações políticas de 1484 que fizeram a coroa não querer levantar ondas.

O NOME

Sabendo-se hoje que "Cristóvão Colombo" foi um pseudónimo, a verdade é que "Colombo" nunca ele se chamou, mas sim "Colon", como é referido em todos os documentos da época.

Uma das teorias mais populares é que terá ido para Castela como espião do Rei D. João II, mas então porque não se lhe conhece um nome "de facto" desde que nasceu?

Outro mistério: porque não se interessou Portugal pela proposta descobridora de Cristóvão, numa ocasião em que todas as suas prioridades estavam voltadas para os Descobrimentos e acabou o navegador por oferecer os seus serviços à coroa espanhola?

Outro ainda: porque se lhe sabem todos os passos desde que chegou a Espanha com o plano da viagem e até que a concretizou em 1492 - todos os documentos, todas as relações, até à sua morte em 20 de Maio de 1506… mas nada anterior a isso? Sabe-se que esteve em Portugal, mas não há registos... Porquê?

O MISTÉRIO

A resposta só pode ser uma, de extrema simplicidade: porque se está à procura do nome errado! Em determinada altura da sua vida, ele teve que mudar de nome e criar um pseudónimo - portanto, quaisquer referências anteriores a isso seriam com outro nome.

Por outro lado, não menos importante: um homem claramente de sangue nobre (ou não teria acesso aos mais altos círculos da nobreza de dois países, como teve), não desaparece de repente sem o conhecimento e cooperação de, pelo menos, dois tipos de pessoas: as que detêm o poder e as de sua família.

Isso terá decerto ajudado a que, tanto umas como outras, tenham contribuído para que quaisquer referências à identidade desaparecida, quer documentais quer orais, fossem escondidas, destruídas ou omitidas a partir daí.

Mas porquê toda esta trama? Decerto a nobreza mais influente do mundo não ia envolver-se na fantasia de alguém que decide mudar de nome… a menos que fosse parte interessada.
A explicação está na história dos descobrimentos.

A ÍNDIA DESEJADA

Os interesses comerciais da Europa viravam-se todos então para as riquezas da Índia - mas o Império Otomano tinha imposto um bloqueio aos países cristãos e só Génova e Veneza podiam ir buscar as especiarias e outros bens ao Oriente através dos territórios muçulmanos.

Essa a razão porque Portugal queria descobrir o caminho marítimo para a Índia: para furar o bloqueio turco-egípcio.

No entanto, Cristóvão queria precisamente chegar à Índia, mas viajando para Ocidente… porque não se interessou D. João II por essa proposta?

Muito simples.

Porque já sabia que existiam terras a ocidente e que estas não eram a Índia das riquezas mas apenas um belo continente de povos seminus, muita vegetação e pouco ouro.
E como sabia?

Porque conhecia viagens anteriores às Américas, feitas em segredo.

Vigorava então uma política de sigilo, para não despertar as cobiças da concorrência espanhola. 68 anos antes da descoberta de Colon, a Carta Náutica de 1424, de Zuanne Pizzigano, mostrava as "Antilhas", com nomes portugueses: Antília, Satanazes, Soya e Ymana - Manuel Luciano da Silva veio a descobrir em 1986 que estas "Antilhas" são de facto a Nova Escócia, Terra Nova, Península de Avalon e Ilha Prince Edward.

Para sul, acredita-se que a "descoberta" do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500 tenha sido apenas a "descoberta oficial" de uma terra já antes visitada em segredo por portugueses.
Existem testemunhos da presença portuguesa na América do Sul em 1493 (Estêvão Fróis em carta dirigida a D. Manuel) e mesmo cerca de 1480 (testemunho de colonos pioneiros ao francês Jean de Léry).

A CONSPIRAÇÃO

Eram tempos conturbados, em 1483 houve uma conspiração para matar o Rei, organizada pelas Casas de Bragança e Viseu com o apoio dos reis católicos e fidalgos portugueses, entre os quais o próprio Colon. D. João II resolveu a coisa, mandou executar os conspiradores, o Duque de Bragança foi degolado em Évora e o rei apunhalou pessoalmente o irmão da rainha.
Quem conseguiu, fugiu para Espanha, incluindo o nosso Cristóvão, em 1484.
Mas D. João II teria, anda assim, um papel para ele.

"VOLTA QUE ESTÁS PERDOADO..."

Desiludido com as recusas dos reis espanhóis em aceitar o seu plano, o navegador escreveu ao monarca português a pedir perdão e este aproveitou de imediato e respondeu-lhe para Sevilha, perdoando-lhe, convidando-o a voltar e garantindo-lhe a segurança. Chamou-lhe "xpovam collon, nosso espicial amigo en sevilla" e esclareceu: "porque por ventura terees algum reçeo das nossas justiças por razam de algumas cousas a que sejaaes obligado, nós por esta nossa carta vos seguramos polla vinda, estada, e tornada, que não sejaaes preso, reteudo, acusado, citado, nem demandado por nenhuma cousa ora que seja civil ou crime, de qualquer qualidade".

Em 1488, Cristóvão vem a Lisboa e encontra-se com o Rei, mas descobre, com surpresa, que ele não o apoiará numa expedição para ocidente, embora não lhe explique porquê, mas… outra surpresa, promete-lhe todo o apoio, em segredo, para convencer os reis católicos a contratá-lo...

UM PLANO BEM URDIDO

Portugal era então o centro cultural do mundo. Esse homem extraordinário que foi o Infante D. Henrique, o verdadeiro "pai" da globalização que hoje está tão na moda e que a iniciou, tinha montado em Sagres a melhor academia que jamais existira, rodeando-se de sábios de renome, incluindo muçulmanos e judeus, que contratava e a quem pagava ordenados.

Os reis espanhóis eram consideravelmente ignorantes, comparados com a cultura portuguesa. D. João II achou que eram fáceis de enganar… e conseguiu-o, com Colon como peão.

Dizer que ele foi um espião ao serviço do rei não explica bem as coisas, ele foi um agente, sim, um instrumento usado pela coroa portuguesa, mas sem saber como nem porquê. Ele queria concretizar um plano, e o rei proporcionou-lho, intervindo com a influência e ajuda necessárias para que os espanhóis embarcassem na aventura. Portanto, agarrou a oportunidade, sem nunca ter percebido as razões.

Foi nessa ocasião que Bartolomeu Dias regressou a Lisboa com a notícia de ter dobrado o Cabo da Boa Esperança, o que confirmou o que o rei já sabia: que era por aí que chegaria à Índia. Mas sucedeu uma coisa estranha: isto foi em 1488 e Portugal só enviou Vasco da Gama dez anos depois... porquê?

A resposta explica porque D. João II precisava de Colon.

TORDESILHAS

Uma vez conseguido o acesso às riquezas da Índia, Castela iria querer uma fatia e tentaria obtê-la a todo o custo, nem que fosse através da guerra.

O Tratado de Alcáçovas/Toledo definia a posse dos territórios, dava as Canárias a Castela e a Portugal a Madeira, os Açores e a costa africana "até aos índios", mas ficava-se por aí.

Era preciso que os espanhóis, que tinham conspirado contra a coroa portuguesa, não quisessem também deitar a mão à Índia - para isso era preciso que se convencessem que a tinham conquistado, mesmo que fosse mentira - era aí que entrava Colon. Mas era preciso que não restassem dúvidas legais quanto à posse das terras, portanto era preciso um novo Tratado.

Foi assim que nasceu o Tratado de Tordesilhas.

Mas para lá chegar, foi necessário primeiro que Castela fizesse a sua grande descoberta, que aconteceu em 1492, com a chegada de Colon à terra que Castela julgava ser a Índia mas Portugal sabia que não era.

ENGANÁMOS OS ESPANHÓIS

Foi fácil preparar o Tratado.

Foi uma enorme ingenuidade dos espanhóis não perceber porque a coroa portuguesa lhes estava a dar "a Índia" com tanta facilidade … como também não perceberam, quando os termos do tratado propunham que eram propriedade de Castela as terras além de um meridiano cem léguas a ocidente de Cabo Verde porque é que os portugueses mudaram essa latitude para 370 léguas... com isso, ao aceitá-lo, perderam o direito ao Brasil, que seria "descoberto" seis anos depois...

Não tinham maneira de saber… a ciência era nossa e os segredos bem mantidos.

Portanto, para voltar à aventura das Índias. Portugal esperou pacientemente que Colon chegasse à América em 1492 e o Tratado fosse assinado em 1494, dividindo o mundo em duas partes, uma para Castela, com o que eles pensavam ser a Índia e outra para Portugal, com a Índia verdadeira.

DONDE VEIO O DINHEIRO?...

Não foi fácil, no entanto, mas D. João II empenhou-se em que Colon desse o rebuçado a Castela.
Para começar, Isabel a Católica não tinha dinheiro que chegasse para a aventura, participou com um milhão de maravedis, mas não era suficiente.

Cristóvão contribuiu com os 250.000 que faltavam!

Bom, onde é que ele arranjou esse dinheiro?

Constou que banqueiros o financiaram, mas então porque é que nunca nenhum apareceu depois a reclamar os lucros?

Por outras palavras, só pode ter sido o rei português a fornecer os fundos em falta, para garantir o plano… mas não existem provas disso, é claro.

Existem, sim, provas do grande empenhamento do monarca na concretização da viagem, ao ponto de ter enviado a Cristóvão, no dia 1 de Agosto, dois dias antes da partida da expedição, um precioso instrumento científico de navegação em hebraico, o "Roteiro Calendário", ou "Tábuas de Declinação do Sol".

Parece generosidade a mais... a menos que houvesse um motivo forte...

Mas D. João II morreu em 1495 e já só foi D. Manuel que enviou Vasco da Gama para Oriente, em 8 de Julho de 1497. Finalmente, Portugal descobriu o caminho marítimo para a Índia, onde chegou a 17 de Abril de 1498.

Também, então o Brasil já podia ser "descoberto", o que Pedro Álvares Cabral fez em 22 de Abril de 1500, aproveitando a segunda viagem marítima para a Índia.

Mas então donde vem este misterioso personagem, sem uma identidade clara e origens assumidas, que no entanto tem acesso à corte, à nobreza e aos mais altos círculos da nação?...

CONFUSÃO DE IDENTIDADES

O "New York Times World Almanac and Book of Facts 2008" diz na página 695 que Cristoforo Colombo nasceu em 1451 perto de Génova, Itália. Não contesto isso, mas contesto o que diz a seguir: que fez quatro viagens à América… não consta que o tecelão genovês ignorante e plebeu tenha integrado as tripulações de Cristóvão Colon... se me faço entender.

No entanto, a primeira afirmação parece verdade, com base numa acta notarial genovesa de 1470 que refere um "Cristoforo Colombo, figlio di Domenico, maggiori di diciannove anni"... portanto, o rapaz existiu e nasceu, de facto, em 1451.

Mas não falemos desse imigrante que decerto terá tido acesso a qualquer tasca lisboeta (depois de 1476, que foi quando chegou cá), embora nunca aos paços reais, como é óbvio, muito menos à cama nobre onde fez um filho a D. Filipa Moniz Perestrelo.

DATA DE NASCIMENTO

Segundo o próprio Colon, ele terá nascido em 1447. No Diário de Bordo do Santa Maria escreveu: "yo he andado veinte y três años en la mar, sin salir della tiempo que se haya de contar".

Este assento data de 21 de Dezembro de 1492, durante a primeira viagem: 23 no mar mais 8 em Castela, mais 14 até à idade de poder navegar, tinha 45, portanto nasceu em 1447.

Nove anos depois (teria portanto 54) numa carta aos reis católicos escrita em 1501, comenta assim a sua condição de navegador: "ya pasan de quarenta años que yo voy en este uso" - com os 14 de infância, aí estão os 54, em 1501 - logo, nascido em 1447.

Duas referências pelo próprio.

Recuemos então meio século e olhemos para o Alentejo.

Era nesse tempo Duque de Beja o Infante D. Fernando, filho de D. Duarte, sobrinho do Infante D. Henrique, de quem foi nomeado herdeiro e de quem recebeu o título de Duque de Viseu. Dos nove filhos que sua prima Beatriz lhe deu, Leonor viria a ser Rainha, por casamento com D. João II e Manuel viria a ser Rei, o tal que enviou Vasco da Gama para a Índia. D. Fernando era, portanto, um nobre de cinco estrelas.

FEITO NO ALENTEJO

Como, porém, o Herman José ainda não tinha nascido para lhe chamar "teenager inconsciente", o rapaz prendeu-se de amores (ou de calores, não se sabe), para aí um ano antes da prima, com uma rapariguinha de boas famílias, filha de João Gonçalves Zarco, cavaleiro do reino e descobridor de Porto Santo e da Madeira… e zás, a moça engravida. Chamava-se Isabel Gonçalves Zarco.

O Dr. Manuel Luciano da Silva diz na página 61 do seu livro que o produto dessa relação "foi baptizado" com o nome de Salvador Fernandes Zarco - suponho que tenha simplesmente usado uma conjugação do verbo "baptizar" com o significado de "dar um nome", uma vez que nesses tempos era muito complicado fazer o correspondente acto religioso a um filho ilegítimo, tanto mais que o avô era sefardita, ou seja, tinha sangue judeu (sefardita significa judeu ibérico, derivado da palavra hebraica para Península Ibérica: : sefarad).

RAZÕES PARA O SEGREDO

Portanto, aqui estão duas razões para ser discreto em relação ao nome e às origens: era bastardo e judeu. Há quem pense que "Cristóvão" foi uma maneira de disfarçar essa ligação à família judaica, numa época em que a Inquisição ganhava força - acabou por chegar a Espanha em 1478 e mais tarde a Portugal. Ambos os países expulsaram os judeus: Portugal a 31 de Outubro de 1497, Espanha a 3 de Agosto de 1492.

Um parêntesis curioso: 3 de Agosto de 1492 foi o dia de partida de Colon para o Novo Mundo, do porto de Palos, no sul de Espanha. Na véspera, o navegador mandou toda a sua tripulação estar a bordo até às 23 horas, o que era inédito em termos de marinhagem. Dá para entender?...

Portanto, faz sentido que um sefardita tente disfarçar-se de cristão: Cristóvao é aquele que carrega Cristo (segundo a lenda, S. Cristóvão atravessou o rio com menino Jesus às costas).

CUBA DO ALENTEJO, PORTUGAL

Nestas circunstâncias, o Infante D. Fernando fez o que os nobres faziam: despachou a moça para "longe" de Beja para ter o rebento. Foi assim que ela foi parar 20 quilómetros mais a norte, a uma terra chamada Cuba, onde o rapaz nasceu...

Quando, em 27 de Outubro de 1492, Colon descobriu a ilha a que chamou Cuba, disse que era "o lugar mais bonito do mundo" - será que foi só pela sua beleza ou cedeu à tradição portuguesa de chamar ao sítio onde nascemos "o mais bonito do mundo"?...

Quanto à legitimidade de berço, muitos bastardos chegaram a altas posições na monarquia portuguesa, uma vez que o seu sangue nobre não podia ser ignorado e era comum "dar a facada no matrimónio" - o preservativo, embora usado desde tempos imemoriais pelos chineses, egípcios e gregos, era muito desconfortável e ninguém se dava ao trabalho de usar tripas de animais ou bexigas de peixe a estragar a escapadinha.

Nem mesmo se sabe se há verdade nas lendas do Dr. Condom, no século XVII, para evitar que Carlos II de Inglaterra fizesse tantos filhos ilegítimos e só a partir de 1939 a camisinha de Vénus passou a ser uma realidade.

Também não havia televisão, nem telemóveis para perguntar a toda a hora "estás a fazer o quê, aonde e com quem?"… portanto, eram fabricados bastardos com regularidade e tinham que ser assimilados, à altura da nobreza das suas origens.

IDENTIDADE DUPLA

Não se sabe bem quando Salvador Fernandes Zarco passou a ser Cristóvão Colon, mas sabe-se que depois sempre assumiu ambos os nomes - e portanto as origens, incluindo a judaica - quando começou a assinar documentos e inventou, para isso, uma inteligente e bem elaborada sigla, para além de outros indícios que chegaram até nós.

Um deles é o monograma que colocou à esquerda da sigla em muitos documentos, como o da imagem ao lado.

Sílvia Jorge da Silva descobriu, em 1989, que o monograma é feito a partir da junção das letras "S", "F" e "Z", como em Salvador Fernandes Zarco, assim:

Esta foi uma descoberta de grande importância, que lançou uma nova luz sobre a forma como Colon se identificava.

Quanto à sigla, ela é claramente cabalística e implica o conhecimento de três línguas: latim, grego e hebraico.

É a famosa assinatura de Colon:

Como era usual em nominativos, este começa por um louvor a Cristo, em latim: Santus. Sanctus, Altissimus, Sanctus - ainda hoje a Igreja usa esta repetição de "Sanctus". Na segunda linha, o "X" de cruzamento conduz às iniciais de "Maria" e José": X M Y: Filho de Maria e José.

Esta é uma interpretação possível, mas José Rodrigues dos Santos adianta outra, em "O Codex 632", que pode ser uma leitura derivada de estudos da Cabala pelos Templários, em que as duas linhas superiores representam a trindade, com o "Altissimus" a indicar que a leitura ascende da matéria para o espírito, da terceira linha para as superiores, correspondendo-se as letras.

Seria então Sanctus. Sanctus, Altissimus, Sanctus. Xristus Messias Yesus.

Esta é a leitura que um templário cristão faria.

Mas estamos perante o aparente disfarce de um judeu sefardita… imaginemos então, em hebraico: "S" seria o shin de Shaday, um nome de Deus, "A" o álefe de Adonai, outro nome de Deus, portanto, Shaday. Shaday Adonai Shaday (Senhor, Senhor Deus Senhor).

A última linha, lida da direita para a esquerda, como deve ser em hebraico, daria "YMX": "Y" de Yehovah, "m" de maleh e "x" de xessed: Yeovah maleh xessed, uma prece judaica: "Deus cheio de piedade".

Duas leituras sobrepostas.

Mas há mais.

Se lermos a terceira linha em hebraico mas da esquerda para a direita, obtemos "xmi" ou "shmi", que quer dizer "o meu nome" e se depois voltarmos à regra hebraica e lermos da direita para a esquerda, como uma palavra, ficamos com "Ymx" ou "Ymach" - finalmente, as duas leituras seguidas, da direita para a esquerda e da esquerda para a direita: "ymach shmi".

Isto, em hebraico, significa "que o meu nome seja apagado"!...

Mas vamos a ele, ao nome, ou melhor, os nomes.

UMA LINHA, DOIS NOMES

Comecemos por Cristóvão Colon:

Os sinais gregos ":" e "./" correspondem aos actuais "dois pontos" e "virgula, ou ponto e vírgula" - são separadores e chamam-se, em grego "Colon". O primeiro indica que a frase está contida entre "Colons", portanto que haverá um segundo, a fechá-la. "Xpo" significa Cristo, em grego. Ferens é uma forma do verbo latino "fero", que significa "transportar através de um vão, como um rio", portanto Xpoferens ou Cristovão, que em português quinhentista seria Cristoforo ou Cristofõm. Portanto aqui está o "nome de guerra": Colon Cristofõm Colon. "fõm" é um sufixo português que veio a derivar para o actual "vão". Quanto à inclusão de "Cristo" no nome, coisa que nenhum judeu toleraria, a menos que fosse para disfarçar a origem judaica, o navegador tivera o cuidado, em hebraico, de introduzir a indicação de que "o nome deveria ser apagado".

Agora, já que nesta sigla tudo se lê em duplicado, onde está Salvador Fernandes Zarco? Vejamos:

Voltamos ao grego "Xpo" - Cristo é sempre referido como o "Salvador", portanto, nada mais transparente. A seguir vem "ferens" - é uma forma frequentíssima, muito usada na idade média, de abreviar "Fernandes" ou "Fernandez".

Finalmente, repare-se no "S" final - tem uma forma estranha, mas que deixa de o ser se a invertermos: ficaremos perante a décima letra do alfabeto hebraico, "Lamed"... que significa "Membro, Falo, Zarco"… "Colon", em grego, significa também "Membro, Falo, Zarco"... e esta?

A propósito, como é sabido, "Fernandes" significa "filho de Fernando" e nas situações como a do filho de Fernando e Isabel, era usual o varão tomar o apelido da mãe.

Portanto, cá está o Salvador Fernandes Zarco.

Quanto a demonstrar a sua portugalidade, parece suficiente, mas muito mais poderia ser acrescentado: por exemplo, o Papa Alexandre VI, numa bula de 1493, toda em latim, escreve o nome dele em português:

E como se vê não lhe chama Colombo, mas Colon. Noutra bula, no ano seguinte, redige "Cristofõm".

Isto é português: "Cristo" sem "h" e "fõm" com til - não havia, nem há, nenhuma língua no mundo que acentue o "o" com um "til" - apenas o português.

Outros testemunhos:

Investigador espanhol Altolaguirre y Duval: "o dialectismo colombino é seguramente português"; Historiador Menéndez Pidal: "o seu vocalismo tende para o português";

Investigador judeu Simon Wiesenthal: "testemunhas dizem que falava castelhano com sotaque português". No "Pleyto de la Prioridad", duas testemunhas, Hernán Camacho e Alonso Belas chamam ao Almirante "o infante de Portugal";

O espanhol Ricardo Beltrán y Rózpide, presidente da Real Sociedad de Geografia, escreveu "el descobridor de América no nació en Génova", acrescentando que tinha nascido algures entre os cabos Ortegal (Galiza) e San Vicente (Algarve).

Do punho do próprio navegador, em carta a Diogo Colon:
"Muy caro filo" - com "f", como em português, não com "h", como seria em espanhol. Todos os testemunhos dizem que falava espanhol com pronúncia portuguesa e escrevia textos cheios de portuguesismos.

Um testamento feito em 1498 desapareceu, terá sido destruído por falsários que, oitenta anos depois, num processo jurídico para determinar os herdeiros, chegaram a tentar substituí-lo, através do advogado Verástegui, por um documento "autenticado" em 22 de Fevereiro de 1498 pelo Príncipe Juan, filho dos reis católicos… que tinha morrido em 4 de Outubro do ano anterior - tão descuidada foi a falsificação. O tribunal entregou a herança a D. Nuno de Portugal, neto do filho português de Colon.

Para quem escondia as suas origens sem as negar, ainda um outro monograma, que Colon colocou no início das últimas doze cartas ao filho Diogo (na imagem, por cima de "muy caro filo") - trata-se de um monograma judaico, formado pelas letras hei e beth. Lido da direita para a esquerda, "beth hei" corresponde à saudação judaica "Baruch haschem": "Louvado seja o Senhor" e pode também ser lido como uma bênção "Deus te abençoe".

CIÊNCIA: O ADN

Provada que está a nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colon, o Dr. Manuel Luciano da Silva, médico de profissão, propôs que se fizesse ainda uma espécie de "prova dos nove", de natureza científica: um teste de ADN.

O processo científico é relativamente simples.

A raça humana possui 46 cromossomas dispostos em 23 pares, contidos em cada célula.
O mais pequeno desses pares, o 23, determina o sexo da pessoa, na mulher é XX, no homem XY.

Os cromossomas são compostos por moléculas de ácido desoxirribonucleico, ou ADN, que a ciência é capaz de analisar.

O curioso é que o cromossoma Y do par 23 não se modifica JAMAIS, de geração em geração, ao longo de milhares de anos.

Portanto, através da análise do ADN de um parente masculino de Cristóvão Colon, pode fazer-se uma comparação com análise semelhante dos portugueses que se acredita serem seus familiares - se o cromossoma Y for igual, bingo!

COLÓN NÃO ERA ITALIANO,NEM FRANCÊS NEM ESPANHOL

Esse "Y" foi já extraído das ossadas do filho Fernando e do irmão Bartolomeu do navegador, sepultados na Catedral de Sevilha, pelo professor de medicina legal José Lorente, da Universidade de Granada, que anunciou o facto no canal Discovery, em Maio de 2005, confirmando que os "Y" de ambos são, de facto, iguais.

Começaram então a aparecer pessoas que se diziam descendestes de Colon, vindas da Catalunha, Valência, Baleares, sul de França, Lombardia, Ligúria e Piemonte - um total de 477 pessoas.
O professor Lorent fez colheitas e análises de TODOS os candidatos.

Conclusão: 477 resultados negativos. Nenhum era parente do navegador.

Está cientificamente provado que Cristóvão Colon não era italiano, nem francês, nem espanhol !
Será de perguntar... que seria então?

Mesmo para além de todas as provas documentais que existem, a resposta salta aos olhos, não é verdade?

Formou-se uma equipa em Portugal, dirigida pela professora Eugénia Guedes da Cunha, antropologista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e pelo professor Francisco Corte Real, do Instituto de Medicina Legal. Essa equipa integra técnicos nacionais e antropologistas da Universidade de Granada, que pretendem analisar restos mortais de nobres portugueses.

Com a aprovação do Arcebispo de Coimbra, a Delegação do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) autorizou o projecto, mas um grupo de cientistas que integrava o antropólogo forense Miguel Botella, de Granada, foi impedida de o concretizar.

A Universidade de Coimbra apresentou ao governo um novo pedido, mas foi bloqueado pela direcção nacional do IPPAR e pela Ministra da Cultura, sem resultados até ao momento, segundo declarações do Dr. Manuel Luciano da Silva, há poucos dias, por telefone, que desabafou: "Nenhum governo pode bloquear o avanço da ciência e a pesquisa da História!"

FÉRIAS EM PORTUGAL

Uma última curiosidade, já agora.

Aqui fica um relato interessantíssimo e muito pouco conhecido.

Depois da tão almejada descoberta do Mundo Novo, na viagem de regresso, seria natural supor que o almirante estivesse ansioso por dar as boas novas aos reis espanhóis.

No entanto, ao invés de rumar directo a Castela, apanha uma tempestade que o leva para os Açores.

Logo a seguir, nova tempestade e… quem diria, vai parar a Lisboa!

Chega ao Restelo a 4 de Março de 1493 e pede para falar com o Rei, que só o recebeu cinco dias depois, porque estava na Azambuja, fugido da peste.

Passou três dias com D. João II.

Quando partiu, a 11 de Março, não regressou à nau, foi até Vila Franca de Xira visitar a Rainha, com quem esteve até à noite.

Depois disso, foi dormir a Alhandra.

Voltou a embarcar no dia 13.

Nova etapa… desta vez até Faro, onde esteve até à noite do dia 14, isto com uma tripulação espanhola ansiosa por regressar a casa e desconfiada destas andanças, os reis católicos à espera de saber que o Novo Mundo tinha sido descoberto e lhes pertencia… e ele a passear-se por Portugal!

Estranho, não é verdade?...

CONCLUSÃO

E pronto!

Está contada a história - não a História, que essa continua coxa.

Não foi fácil resumir em sete páginas o que ocupou já milhões delas, das quais uns milhares serviram para enriquecer o meu conhecimento e para me trazer a consciência de que estou a ser enganado pelos doutos defensores de causas próprias que fazem sobre o passado as páginas com que mentem ao futuro, mas também pelos preguiçosos que soçobram ao pânico do trabalho que daria emendá-las.

Não será enredo de novela nem tem o sexo e a violência que deliciam plateias, mas é a História que fica do que aconteceu até sermos o que somos hoje e de como cá chegámos...
... mas continuo a pensar que a verdade é sempre mais bonita que a mentira!

Portanto, acabo com as palavras com que iniciei a abordagem a este assunto: MUTATIS MUTANDIS, que é uma expressão em latim que significa "MUDE-SE O QUE TEM QUE SER MUDADO"!

Nota: Todos os factos mencionados neste artigo (exceptuando a eventual participação de D. João II no financiamento da viagem de 1492, que é a mera citação de uma conjectura) são baseados em sólida evidência, suportada por documentos que existem.


Bibliografia, fontes e imagens: "Cristóvão Colon era Português" de Manuel Luciano da Silva e Sílvia Jorge da Silva,"O Mistério Colombo Revelado" de Manuel da Silva Rosa e Eric J. Steele, "O Codex 632" de José Rodrigues dos Santos,Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
pt.wikipedia.org,http://www.dightonrock.com/,http://www.cm-cuba.pt/, p://www.amigosdacuba.no.sapo.pt/ e Biblioteca-Museu da Associação Dr. Manuel Luciano da Silva em Cavião, Vale de Cambra.

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MANUEL LUCIANO DA SILVA, "Cristóvão Colombo era Português"
FRANCISCO ORELHA, Câmara Municipal de Cuba
CARLOS CALADO, Núcleo de Amigos da Cuba
MANOEL DE OLIVEIRA, o filme "Cristóvão Colombo, o Enigma"
ALENTEJO, O CENTRO DO MUNDO, por Manuel Luciano da Silva
A PERSPECTIVA E A DESCOBERTA DA AMÉRICA"
PEDRO LARANJEIRA, MUTATIS MUTANDIS
OBRAS PUBLICADAS S0BRE O TEMA
CONFERÊNCIA EM CUBA, Alentejo, a 24 de Maio de 2008
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL EM CUBA
OUTRA IMPRENSA
GLOBAL, 7 de Janeiro de 2008
RTP e RTPN, 6 de Janeiro de 2008
RTP 2 - Sociedade Civil, debate em 22 de Janeiro de 2008
OUTROS LINKS
Núcleo de Amigos da Cuba
Câmara Municipal de Cuba
Associação Dr. Manuel Luciano da Silva
Colombo revelado, Manuel da Silva Rosa
Notícia de televisão da RTP em 6.1.2008, no Youtube

sexta-feira, 29 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

" história de São Salvador do Congo, M' Banza Congo"


Maio 28, 2011

Início do Baptismo
Portugal enviou missionários para a cidade de Mbanza Congo e começaram os baptismos. “No dia três de Maio de 1492, dia de Santa Vera, frei João, vigário geral dos missionários, baptizou o rei do Congo com o nome de D. Afonso I, tendo abdicado do nome de Ne Nvemba Nzinga e assim foi acontecendo com os outros reis que o sucederam.
O ntótela Nenyanga foi baptizado com o nome de D.Pedro II e o penúltimo rei, John Lengu por D. Pedro VII”, disse Nicolau Cabeia.

O rei Dom Afonso I ordenou que fossem queimados todos os locais onde decorriam os cultos tradicionais. Quem não cumpria, sofria a pena de morte ou outras punições.

Em função dos mandamentos, ele próprio, o rei do Congo, a título de exemplo, decidiu deixar as muitas mulheres que tinha, tendo ficado apenas com uma, conforme ditava a regra dos missionários, quando instalaram a religião católica em Mbanza Congo.
ruínas 1º igreja católica em Banza Congo, Angola
Kulumbimbi é a primeira igreja construída na África subsaariana, por missionários católicos que faziam parte da primeira expedição portuguesa liderada por Diogo Cão, e que chegou a Angola em 1482.

O local do desembarque, na foz do rio Zaire, tem um padrão (Ponta do Padrão), no Soyo, província do Zaire.

A lenda diz que o templo foi construído de pedra e cal, durante uma noite. Hoje está em ruínas. A igreja está localizada no centro da cidade de Mbanza Congo, ao lado do cemitério dos reis do Congo.

Documentos da época desmentem a lenda. Os trabalhos de construção da igreja de Kulumbimbi foram executados entre seis de Maio e seis de Julho de 1491. As ruínas têm despertado o interesse de especialistas nacionais e estrangeiros, pela raridade do seu aspecto arquitectónico.Nicolau Cabeia conhece a história do templo.

Diz que o “ntotela” Ne Nvemba Nzinga autorizou os emissários de Diogo Cão a construir a igreja no centro de Mbanza Congo, que mais tarde foi baptizada de S. Salvador do Congo: “a obra contribuiu para a pacificação dos espíritos e a elevação cultural dos povos naquela altura”.
Cidade de M' Banza Congo, Angola

Enquanto decorriam as obras, o espaço foi vedado aos olhos dos mortais. E quando o rei disse ao povo que já podia ir ao centro da mbanza real, toda a gente ficou admirada por ver uma bela igreja que no dia anterior ninguém tinha visto.

Por isso é que correu a lenda que Kulumbimbi tinha sido construída da noite para o dia. A igreja foi arrasada pelo tempo e desapareceram os seus apetrechos. Hoje resta apenas o altar.

Rei mata mãe
Nicolau Cabeia diz que o rei, era intolerante: “mandou enterrar viva a sua própria mãe, Mamã Mpolo, Dona Apolónia, depois de baptizada. Foi sentenciada por recorrer aos curandeiros tradicionais.

“O rei simulou uma cerimónia, convidando toda população. No local onde mandou sua mãe sentar, havia um buraco de tamanha profundidade, com paus ligeiros atravessados e cobertos com um Luando (esteira) e uma cadeira executiva por cima para a mãe do rei” afiançou.

A morte de Dona Apolónia provocou momentos de muita consternação ao povo Congo. O rei D. Afonso I (Ne Nvemba Nzinga) veio a falecer de forma trágica numa missa dominical realizada em Mbanza Congo.
Avenida em M' Banza Gongo
Reis embalsamados
Os cadáveres dos reis eram transportados para o sunguilu, local onde eram lavados para depois serem levados para Mpinda E’tadi (casa mortuária), onde eram recebidos por mamãs especializadas na arte de embalsamar.
O historiador explicou que na casa mortuária o cadáver era estendido numa maca com fogo por baixo para garantir o escorrimento de toda a água contida no corpo, processo que permitia a conservação natural do defunto, de seis meses a um ano, enquanto os seus colaboradores preparavam a eleição do novo sucessor, por sufrágio universal.

O séquito do rei, incluindo a equipa das mamãs que embalsamavam os corpos dos reis, tinha a obrigação de manter sigilo sobre a morte do rei até à eleição do sucessor para, conforme aludiu Nicolau Cabeia, prevenir desordens e invasões.

Revolta popular
Antes da chegada dos portugueses, Mbanza Congo chamava-se Mpemba na época de Nimi a Lukeni, o fundador da cidade.
Nicola Cabeia, elucidou que por altura da prestação de contas, Mbanza Congo, como capital do reino, acolhia as grandes reuniões que juntavam todos os manis (governadores provinciais).
Moradias reis do Congo
A capital do reino do Congo foi descoberta por Nimi a Lukeni, que era um exímio caçador proveniente da Lunda, das margens do rio Cuango.Nimi a Lukeni mereceu a confiança do povo à sua chegada a Mbanza Congo, por apresentar propostas que melhoravam a vida das pessoas. Foi aclamado rei.

Árvore secular
Yala Nkwo é conhecida como a árvore secular de Mbanza Congo. Segundo reza a tradição, a sua existência é anterior à chegada dos portugueses. A coloração da sua seiva é avermelhada. A população confundia a seiva com sangue.

Aproveitando a brisa da sua sombra, o rei do Congo escolheu o local para recepção de visitantes ilustres e descanso nas horas de lazer, disse Nicolau Cabeia.Nicolau Cabeia disse a terminar que até hoje paira ainda o mito de que ninguém pode tocar na Yala Nkwo com objectos cortantes, porque senão, quem golpear a árvore pode morrer ou ter problemas de saúde.

João Mavinga/Jornal de Angola