segunda-feira, 12 de março de 2012

"baía e cidade do enclave de Cabinda"


 mapa enclave  de Cabinda

floresta do Maiombe do Enclave de Cabinda é a segunda maior floresta do Mundo. 
Está situada na região a Norte da foz do rio Zaire, fazendo fronteira a Norte com o Congo Brazzaville e a Leste e Sul com a República Democrática do Congo, ocupando uma vasta extensão territorial de 290 mil hectares, distribuídos entre os municípios de Buco Zau (comunas de Inhuca e Necuto) e Belize (comunas de Miconge e Luali). 

Apresenta uma densa vegetação com árvores frondosas com 50 metros de altura onde se pode destacar o Pau-Rosa, Ngulo Mazii, Pau Preto, Tola Branca e Diánuno. A fauna é constituída de animais como os Elefantes, Rinocerontes, Pacaças, e vários primatas como os gorilas, chimpanzés, pequenos macacos e preguiças, vários tipos de roedores, aves raras como o papagaio cinzento de rabo vermelho, pássaros: a celeste, rabo de junco, sacanjuel, pica-flor, zangarelho e outros.

Texto extraído da descrição e roteiro da costa ocidental de África, por Alexandre Magno de Castilho ,primeiro tenente da armada, engenheiro hidrográfico do ministério das obras públicas -1866)
 porto de Caioanima

Largando do ancoradouro de Malembo para a baía de Cabinda ande-se ao S4SE.,  nunca por menos de uns 14 ou 15 metros de água.
 baía de  Malembo

Estende-se a baía de Cabinda, uma das melhores de África ocidental, povoada de gente relativamente industriosa e civilizada, por entre a ponta de Cascais ao Norte e a do Palmar ao Sudoeste.
Canção: Minha Terra, Terra Minha, Cabinda,compositor: Filipe Mukenga
cidade e baía de  Cabinda

Fica esta última em 5°32' Norte e 21°13'Este; morre em terra quase rasa com o mar,  sobe mais para dentro a altura regular; tem seu matagal pelo topo, e calvas na encosta.

Molda-a pelo Noroeste e Sudoeste, um parcel que geralmente floreia,  senão aparta dela mais de uns 500 metros pela banda do Norte para Este, muito achegados à beira mar, existem vários rochedos junto aos quais se tem bom embarcadouro.
 Igreja Nª Srª Rainha do Mundo, Cabinda
Será o Golfo das Almadias dos mapas de Diogo Homem e Filippe Pigafetta? Parece-nos que sim, por ser o nome da primeira baía que aparece nesses mapas para Norte do rio Congo, que figura ali na altura de 6 graus, por chamarem Ponta do Palmar ao seu extremo Sul. Também foi chamada do “Gouverneur”, por alguns franceses.



Guarnece-se a costa seguinte de praia larga de areia, contornando até se atirar toda para Norte.
Vários barracões se erguem na face Norte da Ponta do Palmar;  obra de meia milha  na cabeceira da encosta, se apresenta a povoação de Porto Rico, ou de Cabinda, com suas casas bem construídas e grandes, em comunicação com a praia por meio de muito sofríveis estradas.
porto cais Cabinda

Nas suas vizinhanças se levantou em 1783 um forte português, cuja guarnição se entregou, no ano seguinte, a uma esquadra francesa.

lago M’Puela, Cabinda

Milha e meia mais além, se abre a foz do rio Lucola, donde se pode tomar água um tanto salobra, onde podem entrar escaleres.
  rio Lucola.
 lagoa em Massabi


 
 rio Chiluango.


Há varias feitorias na margem esquerda daquele rio. Seguem-se, ao fundo da baia, altas, arborizadas de cor avermelhada, sobre as quais assentam vários povoados, entre eles os de Nanaté e Mani Puma;
baía de Cabinda

Aparece depois a Ponta Chapéu do Sol, arredondada, gradual, remate da beira esquerda do rio Lolondo. Várias alentadas árvores crescem sobre o recosto das montanhas, pouco para Sul desse rio.
Malongo, Cabinda 

Lândana e foz rio Chiloango

Abaixa depois o terreno, se desenrola em planície rasa até ás vizinhanças do rio Belé.
Ao demandar Cabinda, vindo do Norte, deve-se navegar por modo que se marque sempre Porto Rico para Este do Sul., a fim de fugir ao banco de Belé;
Maiombe, Cabinda

Vindo do Sul não se deve puxar para a baía antes da ponta do Palmar ficar ao ESE., para se não topar com o parcel dessa ponta.
Há bom ancoradouro, ainda que um tanto incómodo, fora da baía, em 10 ou 11 metros, lodo, para Noroeste da ponta do Palmar.

Querendo entrar na baía, navegue-se para ONO. ou NO4O. da ponta do Palmar, puxe-se depois para ela até que o fundo seja de o,4m os quais se encontram junto à parte meridional do estreito canal de entrada; siga-se depois paralelamente à terra,  uns três quartos de milha,  largue-se ferro em 5,4m ou 6,3m.
 monumento memorial do tratado de Simulambuco 01.02.1885, Portugal e Cabinda

Fica o melhor surgidouro interior em 6 metros, onde se marca Porto Rico ao SE, a ponta do Palmar para OSO.
Outro quase igualmente bom se encontra na entrada do caneiro, em 8 metros, para N4NO de Porto Rico, para N43/*NE da ponta do Diabo, que está umas 12 milhas para Sul da ponta do Palmar.
Também se pode fundear ao largo de toda essa costa, e até fora de vista da terra, em 70 metros.
Em Cabinda se acha muita criação, cabritos e frutas, tudo refresco. Em conta, mais ainda quando se dão fazendas em troca. É piscatória a baía.
baía de Cabinda

São os Cabindas inteligentes, industriosos e muito aproveitáveis para o serviço das embarcações miúdas, em que os empregam quase todos os navios que estacionam na costa ao Sul do Equador, os que ali vão negociar.



densa floresta no Maiombe, Cabinda

Muitos deles possuem lanchas grandes, por meio das quais comerceiam com Loanda, Benguela e Moçâmedes, mais sítios intermédios, outros entre Loanda e Cabinda, donde se exporta principalmente marfim, cera, mel, alguma urzela, goma e copa.
baía de Cabinda, vista da ponta do farol

Corre a costa umas 12 milhas para S4ViSE. entre a ponta do Palmar a do Diabo (Rouge ou Red), guarnece-a o baixo que orla a ponta do Palmar, tem milha e meia de largura; reveste-se essa beira-mar, que é toda baixa, do muito arvoredo, especialmente de palmeiras, que por sítios se alinham em renques; pouco para o sertão se levanta uma fralda de colinas avermelhadas muito íngremes da banda do mar: outra cordilheira de montanhas mais altas se mostra mais para o interior, e destaca bem da precedente quando vista do Sul da ponta do Diabo.


São as colinas da primeira linha argilosas, altas por igual, em boa conta, e muito rasgadas de leitos de torrentes; estes na quadra seca são grandes barrocas,  no tempo das chuvas são tapados de lençóis de água; nasce aquela serrania umas 3 milhas para Sul de Cabinda,  cobre-se de palmeiras em vários sítios.
À mesma cordilheira pertencem os dois Montes, que são duas colinas muito achegadas uma á outra, mais altas do que os outeiros vizinhos, sitas obra de 5 milhas para Sul da ponta do Palmar.

Apresenta-se essa costa recortada de calhetas separadas por pontas muito pouco saídas, entre as quais uma denominada da Vista, que fica obra de 6 milhas para Sul da do Palmar, perto dos dois Montes.
Diversas aldeias, entre as quais Lisboa e Cafiuba, se levantam naquela beira mar;  coisa de 3 milhas da ponta do Palmar está o que os Cabindas chamam o Chapéu de Sol.
Demora a ponta do Diabo (Red Point ou Pointe Rouge) em 5°44' Norte e 21°9'38" Este. Dificilmente se denota quem está ao Norte ou ao Sul.; mostra-se porém distintamente a quem está para NE. ou SE. Termina da banda do mar em terra muito baixa.
igreja da missão católica de Cabinda

Vai-se erguendo a pouco e pouco até á montanha Vermelha, " que é a mais alta de todas que se levantam por ali nas proximidades da praia, assim denominada por ser de cor vermelha carregada. Alamedas de palmeiras crescem nas montanhas vizinhas da Vermelha.
Deita a ponta do Diabo um parcel que, vai coisa de 9 milhas para o mar, mas que não chega a ter 2 milhas, se estende para Norte até  ponta do Palmar. Floreia amiúdo,  na sua falda se acham 5,4m de água.

pôr do Sol praia de Cabinda, junto à missão católica

Atira-se a costa quase em linha recta por umas 27 milhas para SE3/*S entre a ponta do Diabo e a Banana, extremo da margem direita do rio de Congo.
Parece-se muito com a precedente, guarnece-se toda de estreita praia de areia, corre paralelamente a ela, pouco para o sertão, até a altura do rio dos Piratas, uma fiada de colinas, parte nua e parte com seu arvoredo, quase toda da mesma altura.
A obra de 4 milhas da ponta do Diabo começam os bancos de Moanda, ou baixo da Mona Mazea, onde o fundo varia entre 3,2 e 7 metros. Alastra-se até umas 6 milhas e dois terços da beira mar, até quase à foz do rio de Congo, onde em vários sítios vizinhos daquele alfaque se apruma em 200 e mais metros.
pôr do Sol,  missão católica Cabinda,

Raras vezes arrebenta o mar sobre todo esse parcel, de ordinário só floreiam alguns sítios onde há pedras; pelo geral diminui a fundura a pouco e pouco, desde os 7 ou 8 metros até à terra, repentinamente só por excepção.
Cresce gradualmente a profundidade da banda do mar, pois se acham 11 m a 2 milhas da fralda, 16 m a 2 e dois terços, e 23 m a 5 e meia. 
O petróleo de Cabinda

Em 1966 houve um sobressalto: jorrou petróleo em Cabinda em volumes mais do que promissores.  Nesse ano já Portugal estava atazanado, por todos os lados, para tomar uma resolução que solucionasse o anacronismo colonial em que estava envolvido. 
O petróleo de Cabinda foi um catalisador da independência de Angola.
A produção de Cabinda foi aumentando de ano para ano. 
Em 1973 as receitas do petróleo sobrepujaram as do café. 
Em números: petróleo com 147 068 barris diários totalizando 230 milhões de dólares (em 2005 corresponderia a 2,30 mil milhões de dólares); café com 213 407 toneladas totalizando 203 milhões de dólares (em 2005 corresponderia a 2,04 mil milhões de dólares).

2 comentários:

  1. É bom conhecer esta província tanto na geografia, no amor, acolhimento deste povo.

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  2. Cabinda maravilhosa. A terra e suas gentes...

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