terça-feira, 23 de setembro de 2014

"mapas, cartas , portunalos de África, América, Ásia e Oceania - evolução"




1424, carta náutica de Zuane Pizzigano
Os portugueses descobriram a costa americana as verdadeiras “Antilhas”. Reconheceram  sucessivamente as ilhas “Saya”, península Avelon; “Satanazes”, Terra Nova; “Antília”, Nova Escócia; “Ymana”, ilha Príncipe Eduardo, como pode ser comprovado pela Carta Náutica de 1424, onde estão gravadas nitidamente a data de 22 de Agosto de 1424 e o nome do seu autor, Zuane Pizzigano, um cartógrafo italiano de Veneza. Apesar do mapa ter sido feito por um italiano, os nomes das quatro ilhas – Antília, Satanazes, Soya e Ymana – estão escritas em português a testemunhar a ida e volta de navegadores portugueses a terras da América do Norte, antes de 1424! Esta descoberta das verdadeiras Antilhas deve-se ao Dr. Manuel Luciano da Silva!
1439 portulano, Grabriel de Valseca

1459, mapa mundi de Fra Mauro
Quem foi Fra Mauro?!
Foi monge dos Camaldulenses em Veneza, no Mosteiro de S. Michele de Murano. Aí desenvolveu o seu trabalho de cartógrafo (temos notícia de em 1443 estar a elaborar um mapa da Istria), chegando mesmo a deixar discípulos importantes, como é o caso de Andrea Bianco.
É comumente considerado o melhor cartógrafo erudito medieval, pode-se dizer que apenas se encontra num estádio de maior avanço técnico e científico de muitos anteriores. A sua obra situar-se-á assim num momento de transição entre a Idade Média e a cartografia do Renascimento.
A cartografia medieval, de um modo geral até ao século XIV, era basicamente esquemática e simbólica, sendo os seus mapas conhecidos por T–O, pois o mundo era apresentado por um círculo, em que no seu interior o T, formado por três rios, divide a Ásia, ao cimo, a Europa e a África, em baixo. Jerusalém situava-se quase sempre no centro.
Este tipo de esquema vai-se tornando cada vez mais complexo e começa a surgir o Mediterrâneo mais ou menos correctamente representado, assim como as informações e legendas de carácter económico ou social se vão multiplicando pelos vários continentes representados.
Ora, o planisfério de Fra Mauro é profícuo em tais características, o que leva a considerar que o seu autor represente o culminar deste tipo de cartografia, como já dissemos.
O Planisfério de Fra Mauro, terminado em 1459, foi uma encomenda do Rei de Portugal, D. Afonso V.
Sobre o seu pagamento há alguns documentos na Torre do Tombo e no Arquivo de Murano. Em Lisboa existe uma carta de quitação (Chancelaria de D. Afonso V, Lv. 1, fl.2) onde está inscrita a verba de 30 ducados para pagar aos pintores do mapa de Veneza.
Em Murano aparecem 3 assentamentos relativos a pagamentos. Um de 28 ducados, de 8-II-1457, e outros dois de 1459 (17 de Março e 24 de Abril), um refere 2 ducados, e o outro afirma que o mapa está pronto.
Veja-se agora as principais características de tão famoso mapa-mundo. As suas dimensões são bastante grandes, com 196 cm de diâmetro, ainda o podemos considerar um T-O, com a forma circular e um oceano a toda a volta, invulgarmente está orientado para Sul, ou seja o topo do mapa corresponde ao Sul, ou ao fim de África, o que David Woodward considera ser influência árabe.
Relativamente ao centro temos o Mediterrâneo que está mais ou menos correcto, o que se deverá à influência dos portulanos e das informações de Ptolomeu.
Os desenhos da Ásia, embora incorrectos, aparecendo bastante maior do que na realidade (outro dado de Ptolomeu), têm importantes legendas e informações de carácter comercial.
Estas devem-se aos escritos de Marco Polo, que influenciam bastante o cartógrafo. Assim, aparecem referenciados o Cataio, o Cipango e a Insulíndia descrita por Polo. Na China aparecem os vários «reinos» e indicações acerca da Rota da Seda.
Outra zona a que Fra Mauro atribui bastante importância é a da costa oriental de África, o Índico em geral, embora a Índia esteja bastante mal representada.
Isto deve-se às fontes que utilizou, as informações dos comerciantes e viajantes árabes. Assim, interessa-se bastante pelo comércio e navegação dos muçulmanos até Sofala. Será este conjunto de informações que o levará a pensar que o Índico não é um mar fechado, é por isso que representa a África, a Sul, desligada de qualquer continente.
Ora, tal facto é bastante importante, pois como o mapa se destinou a Portugal, será bem provável que a ele se tenha devido o plano de atingir a Índia das especiarias através da Costa Ocidental Africana, não apenas o reino de Preste João.
Outro dado importante deste Planisfério é a referência às viagens portuguesas, principalmente ao Golfo da Guiné.
Diz que a exploração daquela zona se deve ao Rei de Portugal, que recebeu cópias de cartas portuguesas com as novas informações geográficas. Tais dados levam Fra Mauro a afirmar, ao contrário de Ptolomeu e outros autores que a navegação e sobrevivência nas zonas tórridas era possível.
Assim se verifica a importância deste Planisfério, pois mostra aspectos da cartografia medieval tradicional, que tenta conjugar com os novos dados da observação das viagens que os portugueses e outros iam fazendo.
Biografia: Introdução à História dos Descobrimentos Portugueses, 4ª Ed., Mem Martins, Europa-América, [s.d.]. CORTESÃO, Armando, Cartografia e Cartógrafos Portugueses dos séculos XV e XVI. (Contribuição para um estudo completo), vol.1, Lisboa, Seara Nova, 1935. IDEM, História da Cartografia Portuguesa, 2 vols., Lisboa, Coimbra, Junta de Investigações do Ultramar/ 1969-1970. GONÇALVES, Júlio, Motivos Portugueses no Planisfério de Fra-Mauro, Lisboa, Aca-demia das Ciências, 1961. NORDENSKIÖLD, A. E., Periplus. An Essay on the Early History of Charts and Saling-directions, Estocolmo, P. A. Norstodt & Söner, 1897. WOODWARD, David, HARLEY, J. B., The history of Cartography. Volume One. Cartography in Prehistoric Ancient and Medieval Europe and the Mediterranean, Chicago/Londres, The University of Chicago Press, 1987.
1462, portulano de Piero Roselli
1467, portulano de Grazioso Benincasa
1471 -carta náutica anónima portuguêsa de "Circa"
Uma carta náutica portuguesa anónima de Circa 1471.  Está guardada, com mais três, num estojo circular de cartão, na Biblioteca Estense, de Modena. As quatro Cartas, com várias outras. pertenciam ao fundo de Cartas geográficas do Palácio Ducal .de Modena, donde foram subtraídas em 1859, no momento da passagem da antiga à nova ordem de coisas. Recuperou-as o Dr. Giuseppe Boni, que em 1870 as doou à Biblioteca Estense . Está desenhada em pergaminho, muito bem iluminada; posteriormente foi montada, com as pontas -dobradas sobre a face superior. A Carta portuguesa mede 752 X 650 mm., e representa a costa atlântica da Europa e da África ocidental. desde a Normandia (França) ao Rio do Lago (Golfo da Guiné), com os Açores, a Madeira, as Canárias e as Ilhas de Cabo Verde, e ainda uma grande parte do Atlântico Norte oriental, entre Este. e ESE. da Bretanha tem a Carta -desenhada a Ilha Donayda, que representa uma das Ilhas Legendárias, místicas, do Atlântico Norte.
2 - O Atlântico está absolutamente limpo de desenhos, que possam impedir o seu rápido emprego para a navegação; e nos continentes não se vêem os de animais ·e outros, que se admiram em muitas Cartas quinhentistas, nem tão pouco qualquer designação toponímica. As costas estão bem providas de toponímia genuinamente portuguesa, a qual se estende igualmente às ilhas Atlânticas, além disso, as 'costas mediterrânicas terminam no Sul da Espanha e no Cabo das Três Forcas (Marrocos). A letra da nomenclatura é do tipo cursivo das escritas portuguesas do século XV. De maneira que não pode existir a menor dúvida quanto a Carta náutica, destinada à navegação nacional para Marrocos, e para as costas africanas e ilhas atlânticas pelos nossos já então descobertas: aquelas costas vão do Bojador ao Rio do Lago, estas ilhas compreendem as dos Arquipélagos dos Açores, da Madeira e de Cabo Verde. Esta Carta náutica é pois portuguesa, tendo sido desenhada por um cartógrafo anónimo. É de aceitar que seja cópia da Carta padrão de el-rei dos armazéns da Casa da África, de Lisboa. Quanto ao ano da sua feitura inclino-me para Circa 1471, ano este, em que foi descoberto o Rio do Lago, término da nomenclatura da sua costa africana; desta forma a Carta, na frase feliz de Almagià: «é síncrona dos Descobrimentos portugueses». 
3 - Rumagem. - O ,centro de construção  da Carta é no encontro .do meridiano de Faro com o paralelo da Gran Canária. Fica este ponto no interior da África e marca-o uma artística rosa-dos-ventos, muito bem iluminada. É ele igualmente o centro da rumagem da Carta, o qual está circundado por dezasseis rosas-dos-ventos secundárias, seis das quais são também artisticamente iluminadas. As sete rosas iluminadas tem ao Norte a tradicional «flor de liz». Devo notar que uma das secundárias, a mais meridional, tem a Oeste mais outra «flor de liz» para o que não encontro qualquer explicação: seria engano do cartógrafo? O sistema de rumagem vem das Cartas mediterrânicas: mas o emprego .das 32 linhas dos rumos, correspondendo às 32 quartas da agulha, deve-se aos portugueses, que o iniciaram, conjunta ou seguidamente a terem principiado a bordo a prática das observações astronómicas para a determinação da altura do pólo (latitude). 
4-Escalas. - Não tem a Carta qualquer escala de latitudes ou de longitudes. Não tem traçado o ,Equador, o que não admira porque o seu limite inferior o não atinge, nem tão pouco o trópico de Câncer. Ignoro o que possam significar um paralelo, que está traçado ao Sul do Cabo das Palmas, e um pedaço dum meridiano, que quase margina a parte inferior direita da Carta . . ':tem aos cantos .da esquerda duas escalas das léguas, colocadas na direcção dos meridianos, com doze grandes divisões  troncos das léguas - a de cima, ·e quinze a debaixo; ambas são coloridas e estão deformadas por motivo do encarquilhamento do pergaminho. Alguns dos troncos das léguas contêm ainda subdivisões cada um. O comprimento de cada tronco é em média de 107/10 mm. O trópico de Câncer não está traçado, como disse, mas passa na Angra dos Cavalos, 24º Norte (arredondamento de 23º 27' Norte), ao Sul do Bojador, segundo Pacheco Pereira, a latitude do Cabo das Palmas é 4° Norte. à diferença de 20°, entre estas latitudes, correspondem na Carta 310 mm. ou 29 troncos das léguas. Não pode admitir-se que o grau fosse de 16 2/3 léguas  que os portugueses usavam quando iniciaram no mar a prática da determinação da latitude pelo Norte (Polar) e pelo Sol - porque então aos 20 graus de diferença de latitudes corresponderiam 333 1/3 léguas, e ao tronco 11 1/2 léguas ( 333 1/3), dimensão abstusa, como o dr. Duarte Leite já concluíra para a Carta de Cantino.
De forma que o grau era já de 17 1/2 léguas: correspondendo os 20 graus a 350 léguas, o tronco a 12 léguas, e a subdivisão a 2 2/5 léguas. Como a Carta de Cantino emprega o mesmo tronco de 12 léguas, e ambas as Cartas foram copiadas das Cartas padrões de el-rei, segue-se que o tronco de 12 léguas devia ser o oficial quando as duas Cartas foram confeccionadas. Como 20°, cerca de 2.222 quilómetros, estão representados na Carta náutica por 310 mm., a escala é muito aproximadamente de 1:7.500.000
5 -Bandeiras. - Nove bandeiras iluminadas ornam a Carta: duas portuguesas, uma bretã e seis diversas. As portuguesas estão colocadas em África: uma na Ilha de Arguim, onde já existia uma fortaleza feitoria, ·e outra no local de a Mina do Ouro, local em que se estabelecera o resgate do ouro pouco antes da Carta ser desenhada. A bretã está situada na Bretanha, então ducado independente. As outras seis, todas colocadas em África, devem pertencer a chefes indígenas locais. 
6-Igrejas.- O ignorado cartógrafo desenhou três igrejas na sua Carta. A primeira na Bretanha, sendo possível que simbolize qualquer importante igreja do ducado. A segunda, em frente de Lisboa, representa a Sé da Capital. A terceira, em terra de Marrocos, deve indicar a da Santa Maria de África, de Ceuta. 
Só raríssimas Cartas fixam alguns nomes, muito poucos, de descobridores, seus descobrimentos e até os respectivos anos em que os efectuaram. A Carta náutica, existente em Modena, não pertence a essas raríssimas Cartas, mas é ela a melhor Fonte portuguesa para a denominação, localização e sua consequente identificação dos Descobrimentos marítimos da costa africana, com D. Henrique -até 13 de Novembro de 1460- do Bojador à Serra Leoa; e com D. Afonso V -até 1471- da Serra Leoa ao Rio do Lago.  Poucas são as Fontes coevas para o estudo dos Descobrimentos marítimos até 1471.
1474 Toscanelli, mapa
1484,  recorte do mapa de Pedro Reinel. De notar a costa ocidental africana do capo Lopo Gonçalves até ao rio Zaire (rio poderoso), correspondente à 1ª viagem de exploração marítima  da guarnição do navegador Diogo Cam (Caão)
1484,  Pedro Reinel 
Na corte dos reis D. João II e D. Manuel I de Portugal, ponto de encontro de gentes de todas as raças e proveniências, os escravos negros da Senegâmbia e Guiné, baptizados, instruídos e casados com criadas mestiças ou até brancas, formavam uma elite, em que os mais aptos poderiam especializar-se em variados ofícios, de criados da alta nobreza a músicos e artistas. De 1470-80 até c.1540, distinguiu-se um grupo de habilíssimos entalhadores de marfim da Serra Leoa, criadores da arte híbrida chamada “afro-portuguesa” - primeiro exemplo duma arte colonial de origem europeia desde os Fenícios e Romanos... Pela sua inteligência no desenho e alta capacidade técnica, os filhos recebiam educação na escola do Paço, eram libertos e podiam seguir uma profissão liberal. Deve ter sido esse o caso de Pedro Reinel, ou “Reinol” (i.e, já nascido no Reino), e seu filho Jorge, formados nas matemáticas e cosmografia, que viriam a tornar-se os fundadores e melhores representantes da “escola” de Cartografia manuelina. A esses dois negros oriundos da Pedro e Jorge Reinel (at.1504-60) Terra Brasilis (Nova Série), 4 | 2015 12 Serra Leoa devemos a primeira representação detalhada e realista do litoral do Brasil, e uma imagem mítica do seu interior.
1489, portulano Albino  Canepa  
notar a costa marítima do cabo Lopo Gonçalves ao rio Zaire (rio poderoso), na sequência da 1ª viagem de exploração da guarnição de Diogo Cam. o recorte deste mapa assemelha-se ao mapa de 1485 de Pedro Reinel
 1489,  portulano Cristóvão Colon, Salvador Fernandes Zarco

 1485, portulano do cartógrafo veneziano “Cristóforo Soligo 
O primeiro documento cartográfico do Cabo de Stª. Catarina 2º latitude Sul, Gabão, à Ponta Redonda  Farol do Giraúl, baía de Moçâmedes, Namibe em  Angola latitude 15º 13'  Sul e  log. 12º 11'. Este. Zona explorada pela guarnição do navegador Diogo Cam, (Caão) a Sul do Equador, durante a primeira viagem de exploração marítima, (1482 -1484), ao longo da costa ocidental africana, existente no British Museum, 


1489, mapa mundi Henricus Germanus Martellus 
Martellus Germanus, Henricus
Sobre este cartógrafo pouco se sabe, dada a escassez de dados biográficos existentes sobre o mesmo. Sabe-se ser de nacionalidade alemã, o seu nome latinizado acrescentava o aposto “germanus”. Henricus Martellus Germanus operou em Itália, na cidade de Florença, no último quartel do século XV, na oficina do gravador e impressor de cartas náuticas, Francesco Rosselli.
Alguns autores, entre os quais Roberto Almagià, admitem que Martellus tenha trabalhado em associação com Rosselli, concluindo aquele estudioso italiano que uma parte da obra cartográfica de Martellus Germanus se radica na obra de Rosselli, não obstante Armando Cortesão admitir que “apenas se pode conjecturar” a eventual associação entre os dois cartógrafos.
De importância fundamental para a história da cartografia quatrocentista, avulta o planisfério de raíz ptolomaica, da autoria de Henricus Martellus, datado de c. 1489, inserido no Insularium Ilustratum Henrici Martelli Germani, de que se conhecem quatro cópias:
no British Museum, na Biblioteca da Universidade de Leiden, no Musée Condé de Chantilly, e na Biblioteca Laurenziana de Florença.
A raiz ptolemaica na obra deste cartógrafo foi observada por O. A. W. Dilke a propósito do grande mapa-múndi manuscrito, datado de c. 1490, com assinatura “Opus Henricus Martellus Germanus”, que se guarda na Biblioteca da Universidade de Yale, divulgado em 1963 por Alexandre Vietor.
Dilke deduz que o cartógrafo, ao utilizar a Segunda Projecção de Ptolomeu na execução desta carta, foi “aparentemente a primeira pessoa que optou por este procedimento”.
Na carta de Martellus, de c. 1489, encontram-se registados os resultados da segunda viagem de Diogo Cão, quando este navegador, em 1486, erigiu o seu quarto padrão em “c. de padrom”, actual Cape Cross, Namíbia e chegou a “serra parda”, bem como as consequências da viagem de Bartolomeu Dias de 1487-88, no decorrer da qual descobriu a costa africana para além do término da última viagem de Diogo Cão, dobrou o Cabo da Boa Esperança e, tendo passado pela “ilha de fonti”, aportou a “rio do Infante” em pleno Oceano  Índico.
Neste planisfério, as viagens efectuadas pelos dois navegadores portugueses são evocadas por três legendas.
Na legenda inscrita sobre o Golfo da Guiné, diz-se: “Hec est Uera forma moderna affrice secundum discripcione Portugalesium Jnter mare Mediterraneum et oceanum meridionalem”.
Esta legenda é bastante elucidativa da moderna configuração do continente africano, entre o Mediterrâneo e o Índico.
Uma segunda legenda elucida-nos sobre a colocação do referido quarto padrão no Cabo do mesmo nome, quando da última viagem de Diogo Cão, e refere: “Ad hunc usq; montem qui vocatur niger per venit classis secundi regis portugalie cuia classis perfectus erat diegus canus qui in memoriam rei erexit colunam marmorea cum crucis ab mõte nigro et hic moritur”.
A terceira e última inscrição, diz respeito à dobragem do Cabo e à chegada de Bartolomeu Dias à “ilha de fonte” e observa a data de 1489, portanto, imediatamente a seguir à viagem deste navegador.
Reza a legenda: “ Hunq usq ad Ilha de fonti pervent ultima navegatio portugalesium. anno. d. ni. 1489,
O monumento cartográfico da autoria de Henricus Martellus inscreve-se num grupo de cartas vulgarmente designadas por “luso-ptolemaicos”, que procuram conciliar uma cartografia de natureza prática, que tem por base a observação directa dos lugares e uma cartografia de raiz erudita e humanística, que ainda prevalecia nas oficinas dos cartógrafos onde Ptolomeu era modelo a observar.

O facto de Martellus Germanus ter elaborado o seu mapa-múndi a partir de originais portugueses desaparecidos, realça o seu excepcional valor, dada a escassez de monumentos cartográficos portugueses executados no século XV. Dada a abundante presença de estrangeiros na corte de Lisboa, interessados no comércio das nossas espécies cartográficas, o pretenso cuidado dos monarcas portugueses teve limitados ou nulos efeitos. Segundo Armando Cortesão, baseado em estudos de H. Winter e E. G. Ravenstein, Martim Behaim ter-se-á inspirado no mapa de Martellus na construção do seu Globo. “A Cartografia Portuguesa dos Séculos XV e XVI”, in História e Desenvolvimento da Ciência em Portugal, vol. II, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1986, pp. 1061-1084. CORTESÃO, Armando, Cartografia e Cartógrafos Portugueses dos Séculos XV e XVI, Lisboa, Seara Nova, 1935. IDEM, História da Cartografia Portuguesa, vol. II, Lisboa, 1970, pp. 204-209. GUERREIRO, Inácio, “A viagem de Bartolomeu Dias e os seus reflexos na Cartografia Europeia Coeva,”, in A Viagem de Bartolomeu Dias e a Problemática dos Descobrimentos, Actas do Seminário realizado em Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta, de 2 a 7 de Maio de 1988, pp. 133-143.
1492,globo terrestre de Martim Beahim, (Martinho da Boémia)
Martim Beahim, (Martinho da Boémia)
Comerciante alemão e cartógrafo, Martim  Behaim ou Martinho da Boémia, como lhe chamam nos textos portugueses da época, nasceu em 1459, em Nuremberga, Alemanha.
Em 1484, Martim  Behaim estabeleceu-se em Portugal, tendo nesse mesmo ano participado na segunda viagem do navegador Diogo Cão até a S. Jorge da Mina no Gana, que, investido na qualidade de embaixador do reino de Portugal e de D. João II, tinha como objectivo descobrir o caminho marítimo para o Índico, através da costa africana.
Em 1490, Behaim regressa a Nuremberga onde, com a experiência entretanto adquirida, começa a trabalhar na construção de um globo terrestre, designado pelo próprio de «Erdapfel». Na época e mesmo antes, não havia conhecimento da existência de qualquer mapa cartográfico em forma de globo. Em 1261, Giovanni Campano, notável matemático italiano, escreveu um tratado - Tractus de Sphera Solida - onde descreve o processo de manufactura de globos de madeira ou de metal. Toscanelli, na sua Carta de Navegação de 1474, refere ao globo como a melhor forma de prever a distância entre o continente europeu e a Ásia. Igualmente, Cristóvão Colon tinha o globo terrestre como um dos símbolos nas suas embarcações.
Em 1492, no ano em que Colon traçou o caminho marítimo até às Caraíbas, América Central, Martinho da Boémia termina a construção do globo terrestre. Utilizando os conhecimentos adquiridos em Lisboa, inspirou-se no mapa de Martellus Germanus de 1489 para construir o globo. Defendeu a ideia de alcançar a Ásia pelo Ocidente, ignorando portanto a existência do Continente Americano. A distância do Faial(ilha do arquipélago dos Açores  até Cipango (Japão) seria mais ou menos a mesma do que a do Faial a Lisboa. Esta ilha, aliás, figura como a Nova Flandres. O globo de Behaim representa, assim, a transição entre o conhecimento cartográfico antigo e o moderno, ou seja, a visão tradicional é parcialmente substituída pelo conhecimento empírico dos portugueses.
Actualmente, o globo terrestre encontra-se no Museu Nacional de Nuremberga, na Alemanha, daí ser também designado de Globo de Nuremberga e tem cerca de 51 centímetros de diâmetro, sendo a sua estrutura recoberta por gomos de papel pintados a tempera por Georg  Glockendon, o «Velho». Martinho da Boémia morreu em 1507
1492, de Jorge Aguiar 
Fonte: 
A carta portuguesa mais antiga que se conhece assinada e datada está arquivada na Yale University, em New Haven (EUA) [É de 1492 e o seu autor  é Jorge de Aguiar, piloto  e mais tarde Capitão de naus das Índias no final do século XV e princípio do século XVI.
Para iniciarmos a nossa abordagem à carta de Jorge Aguiar, vamos recordar dois modelos  que estimam o valor da declinação magnética em 1500 no Mediterrâneo e costa leste do Atlântico Norte. Nestes dois modelos é possível verificar uma concordância no facto da declinação magnética ser nula nos Açores e na margem oriental no Mediterrâneo.
Curiosamente na carta de Jorge de Aguiar surgem duas rosas-dos-ventos (?) muito simples, sem flor-de-lis e aparentemente com uma agulha bem desenhada, apontando o Norte. 
A primeira destas duas rosas, surge perfeitamente alinhada com a linha agónica (declinação nula) que passaria nos Açores em 1500.
Recordemos o que diz João de Lisboa no capítulo IX do Tratado da Agulha de Marear, “Em que se declara como havemos de tomar este meridiano Vero….”:
“Hás-de saber que este meridiano vero, onde as agulhas verdadeiramente ferem o pólo do mundo árctico, divide a Ilha de Santa Maria e a ponta da Ilha de São Miguel….”
O desenho desta rosa muito peculiar e o seu posicionamento na carta  faz com que legitimamente possamos colocar a pergunta se não seria já conhecido o fenómeno da variação da agulha na época (1492) em que Jorge de Aguiar desenhou a carta.
Uma segunda rosa, cujo desenho é idêntico ao da primeira, parece indicar a linha agónica que passava pelo Mediterrâneo embora se estime que na época esta passasse mais para oriente, na costa oriental do Mediterrâneo, e não no centro do Mediterrâneo como parece surgir na carta de Jorge de Aguiar. No entanto não deixa de ser um indício que parece indicar alguma semelhança no que se pretendia assinalar com estas duas rosas.

Pela terceira vez, e no decurso de uma reunirão internacional que os portugueses têm conhecimento da existência das raríssimas cartas portuguesas quatrocentista conhecidas.
Foi num congresso internacional de geografia que Marcel Destombes revelou a  Fontoura da Costa que em Modena havia uma carta portuguesa do último quartel do século xv, e  foi no congresso internacional dos descobrimentos que em Lisboa, em 1960, V. Bernard nos  deu a  conhecer a  carta de Pero Reine! de c. 1483 que esta em Bordeis. Agora,  pela forma que todos viram, sabemos da ate aqui ignorada carta de Jorge de Aguiar de 1492, e  os portugueses  devem estar gratos a  Vietor e  Washburn por esta importante revelação.
Mais uma carta portuguesa do século xv, e  mais uma sem graduação de latitudes ...
No aspecto estilístico, afigura-se particularmente interessante a multiplicidade de tipos de rosas-dos-ventos, sobretudo a  dupla representação de rosas de tipo mediterrâneo (maiot-quino?) e Atlântico (com a curiosa escrita dos nomes dos ventos); a dupla figura na grande rosa central e particularmente significativa.
Ao mesmo tempo que se vêem os traços da origem mediterrânea da cartografia náutica portuguesa, nota-se já um novo estilo, Atlântico sobretudo, com a característica flor-de-lis que encima uma das rosas.
E também de assinalar, numa bandeira logo ao Sul da península de Cabo Verde - clara alusão a doação feita
por D . João II de parte da Guiné ao duque de Viseu D. Manuel, a volta de 1486.
Tantos motivos de interesse, colhidos apenas em rápida análise!
Muito obrigado a  Vietor e  a Washburn pelo magnifico presente que trouxeram a  essa reunirão! assina Cortesão
1502, Juan de la Cosa
Este mapa é um dos mais preciosos da época dos descobrimentos. Foi elaborado pelo navegador e cosmógrafo espanhol Juan de la Cosa (1460-1510). Participou da primeira (1492) e da segunda expedição de Colon, bem como da expedição de Alonso de Ojeda, em 1499.Em 1500, após seu regresso, começou a confeccionar seu famoso mapa-múndi. Em baixo da ilustração de São Cristóvão, escreveu: Juan de la cosa la fizo en el puerto de S: ma en año de 1500 (Juan de la Cosa o fez no porto de Santa Maria no ano de 1500).Posteriormente, Juan de la Cosa fez outras viagens. O mapa foi  actualizado, com novas descobertas, até por volta de 1508. Registou as descobertas de Colon, CabralCortes Reais e Vasco da Gama.O mapa foi elaborado numa época de revolução nos entendimentos da geografia do Planeta. Em 1500, ainda não se concebia a existência do Oceano Pacífico. Nos primeiros anos do século 16, a América era entendida, por quase todo mundo, como uma extensão da Ásia. Assim, as feições da costa americana era uma adaptação do que se conhecia do leste asiático. O Brasil foi muito confundido com a Austrália. Esse mapa foi manuscrito em couro de boi e mede 96 x 183 cm.
Foi encontrado, em 1832, numa loja de Paris, pelo Barão Charles Athanase Walckenaer.
Em 1853, após sua morte, o mapa foi adquirido pela Espanha.
Está actualmente no Museu Naval de Madrid.
1502 Planisfério anónimo dito de Cantino 
O chamado "Planisfério dito de Cantino" de 1502, é um dos mais antigos mapas da era dos descobrimentos.
É uma cópia do "padrão real" e foi desenhado por um cartógrafo Português, da casa da Guiné e da Mina(mais tarde Casa da Índia) em 1502. Demonstra o elevado grau científico com que os portugueses trabalhavam durante os descobrimentos. Foi obtido clandestinamente por um espião chamado Alberto Cantino.
Esta personagem pagou 12 ducados de ouro ao cartógrafo e enviou-o para Itália, para Hércules d' Este, Duque de Ferrara.
É o primeiro mapa que apresenta a costa do Brasil a costa da América do Norte com a Flórida, a Gronelândia e a Terra Nova, Madagáscar, Índia, Malásia e Golfo da Tailândia.
Foi a primeira vez que estão representadas num mapa as linhas do Equador e do tratado de Tordesilhas. A África está espantosamente bem desenhada, tendo em conta que só tinha sido circum-navegada por três vezes (mas a última armada - a de João da Nova  ainda não tinha regressado a Lisboa). No entanto a Europa, em relação à África, não está desenhada correctamente, está mais curta.
Deve-se ao facto de, na altura, se utilizarem medidas comprimento diferentes:
Na Europa  cada grau era medido duma maneira e na África foi utilizada outra medida.
No séc. XVI as escalas eram de 18 léguas por grau ou de 20 por grau.
Na escala de 18 cada légua media 6173 metros (cada grau eram 111.114 metros).
Na escala de 20 cada légua media 5.555 metros( cada grau media 111.100 metros)
O mapa está desenhado em três escalas diferentes das que eram habituais; 18,5 ; 22,5 ; e 24.
Apresenta ainda outros enigmas que são falados nas fotos de pormenor.
O mapa encontra-se na biblioteca Estense, em Modena, Itália.  
 1504 Pedro Reinel 
Fonte: consulta obrigatória
A carta de marear de 1504 de Pedro Reinel (arquivada na Bayerische Staatsbibliothek, Munique), famoso cartógrafo português, é a carta mais antiga conhecida por ter uma escala de latitudes. Na realidade a carta apresenta duas escalas de latitude, sendo uma desenhada ao largo da Terra Nova e orientada obliquamente.
A escala oblíqua apresenta um ângulo de 22º 30’ em relação ao Norte, valor muito aproximado daquele que se estima quer seria o valor da declinação magnética (15º W a 25º W, de acordo com diversos modelos) naquela zona em meados de 1500.
Supomos que o ângulo da escala de latitudes resulta indirectamente da adaptação da escala de latitudes aos territórios já previamente desenhados e não da imposição prévia de um ângulo (duas quartas) no desenho da própria escala. Na realidade Pedro Reinel adaptou a uma carta já existente uma primeira escala de latitudes. Tinha boas referências para a construir, as latitudes das várias ilhas do Arquipélago dos Açores, o mesmo em relação a Cabo-Verde, Canárias, Madeira, etc. No entanto percebeu que as latitudes e os rumos navegados que os pilotos portugueses lhe forneciam para os pontos mais importantes da costa da Terra Nova (como por exemplo o Cabo St.John e o Cabo Spear, como hoje são conhecidos) não se ajustavam à primeira escala, daí tendo seguramente surgido a engenhosa ideia de ajustar uma escala oblíqua na carta.
Discordamos que se diga de forma peremptória que esta escala oblíqua não representa um primeiro testemunho do conhecimento explícito dos desvios das agulhas. Concordamos com a opinião de que esta escala oblíqua resulta do reconhecimento por parte dos desenhadores das cartas de marear das dificuldades em cartografar correctamente a esfericidade da terra, mas não afastamos em absoluto a hipótese de já existir um conhecimento razoável dos desvios sofridos pelas agulhas, do noroestear e nordestear das agulhas de marear. Existem alguns factores de dúvida que deverão ser estudados com mais profundidade, como iremos tentar fazer, nomeadamente o facto de o desenhador da escala oblíqua ter atribuído exactamente o valor de duas quartas ao ângulo da mesma escala
O trabalho desenvolvido pelos pilotos e cartógrafos portugueses em cartografar e desenhar nas cartas de marear a Gronelândia e a Terra Nova foi notável.
As naus envolvidas nessas viagens partiram maioritariamente dos Açores, navegando grandes distâncias por mares muito agrestes, o Atlântico Norte. O tradicional método de desenhar novos territórios nas cartas existentes (oriundas dos portulanos) através das singraduras e das léguas navegadas incorria em muitos mais erros do que quando se navegava ao longo da costa de África, que era uma navegação fundamentalmente em latitude e com declinação magnética geralmente moderada. Um dos problemas que se colocava logo à partida, era o facto (desconhecido para os pilotos) de que na época a declinação magnética era nula nos Açores e aumentava com a navegação para Poente atingindo valores muito elevados (aproximadamente 20 º a 25º W) na Terra Nova.
 1504 planisfério de Maiollo 
O PLANISFÉRIO DE MAIOLLO DE 1504.
 De :ROBERTO LEVILLIER
Nova prova do itinerário de Gonçalo Coelho-Vespúcio, à Patagónia, na sua viagem de 1501-1502 (*).
(*) . Texto espanhol traduzido pela Lic. Sónia Aparecida Siqueira (Nota da Redacção).
Ao entrar na exposição vespuciana de Florença, em princípios de Julho de 1954, fiquei admirado à vista do conjunto cartográfico.
Ir além dos cinco mapas que formam o grupo de 1502, directamente derivado da viagem que comento, encontrava-se entre eles, ocupando lugar de honra, um planisfério que uma etiqueta oficial indicava ser de Maiollo, datado de 15(3?)4. Procedia da Biblioteca Federiciana de Fano. Já à distância, havia reconhecido no perfil atlântico do hemisfério austral, grande semelhança com Kunstmann II, Pesaro e HamyPude verificar, aproximando-me, que a nomenclatura da região atlântica meridional concordava com a de Kunstmann II, Cavério e Waldseemüller, desde o Cabo de Santa Cruz, ao Norte, até Cananor, ao Sul, (estamos a informar àcerca da costa Leste da América do Sul).  Numa vitrina vizinha, estava a única cópia existente da edição de 1507 de Waldseemüller, com o título: América.
Em frente ao Maiollo exibia-se o planisfério de CavérioDum lado, Salviati e Juan Vespúcio. Faltava apenas Juan de la Cosa para encontrarem-se reunidas os fac-similes de Hamy, Cantino e Juan de la Cosa (que chegou depois da inauguração), as mais  importantes imagens do Novo Mundo, associadas à viagem austral. Essas peças únicas e originais, pertencem às bibliotecas italianas e  estrangeiras.
Foi estranho ver que o mapa de Maillo  surpreendesse, pois nunca havia sido reproduzido. No grande salão do Palazzo Vecchio levei tempo estudando-o, medindo-o e fazendo-o fotografar, até conseguir uma boa cópia do hemisfério meridional, do mesmo tamanho do modelo. No mês de Agosto em Veneza,  procurei e encontrei na Biblioteca do Convento de São Marcos a respectiva bibliografia, e em começos de Outubro entreguei à Revista L'Universo do Instituto Geográfico Militar de Florença, um breve estudo sobre o mapa de Maiollo, antes um conjunto de reflexões de um historiador de viagens austrais, que a análise técnica de um cartógrafo. Este  publicou com o título de Il Maiollo di Fano alia mostra vespucciana Deixando de lado os problemas de projecção e de construção do mapa, consagrei-me somente a quatro pontos:
1.°) a configuração do hemisfério austral;
2.°) a toponímia da costa dessa região;
3.°) a legenda que marca a data e a assinatura do autor, e
4.°) o sentido da legenda Tera de Gonçalvo Coigo vocatur Santa Croxe, ou seja: Terra de Gonçalo Coelho chamada Santa Cruz (2).
Vista a bibliografia conclui-se que o mapa era 'conhecido pelo menos há um século, mais pelo nome do que alguma vez tivesse sido analisado. Uzielli e Amat de San Filippo (3) registam-no em catálogo como sendo de 1504, numa 'simples anotação, baseada no elenco das cartas geográficas reunidas na exposição de Veneza em 1881. Harrisse (4) e Nordens-lciold (5) já não puderam encontrá-lo e declararam perdido o que acreditam ser um atlas. Por essa razão provavelmente, e por estar arquivado na biblioteca duma pequena povoação adriática, passou despercebido até que o Prof. Sebastián Crino o descrevesse  num curto estudo, em 1907, sem reproduzi-lo (6) . Sabe-se que o sr. Luigi Massetti o havia doado à Biblioteca de Fano em 1862. Cita as três legendas principais sem delas tirar conclusão histórica, calculada a escala em 1:20.000.000 que sugere a data de 1534. A razão que dá para atribuir ao mapa-múndi essa data, parece lógica, mas não era a exacta. O reputado polígrafo Desimoni  descobriu um convénio subscrito por Maiollo nesse ano, no qual se comprometia a entregar antes de 1535 ao editor Lomellini uma carta náutica do mundo (7), e o prof. Crino deduziu dessa circunstância que
"essendo stata composta da carta in esame Giug no 15 4, due mesi dopo cioe dell'atto notarile su ricordato se la cifra mancante tra il 5 e il 4 come non senta verosimiglianza puo supporsi, sia un 3 completamente obliterado". Várias razões, que se verá mais adiante, se opõem a esta conjectura. A que formulará depois o Prof. Giuseppe Caraci é igualmente infundada. Num artigo em que se ocupa de outros mapas de Maggiolo, dedica algumas linhas a este, à sua data e aos que o haviam precedido no exame ou menção do planisfério (8). Com tal ênfase generalizadora de que soe usar, rejeita sem dar razão alguma, a data de 1504, e assevera: "La data dei atlante (ainda acredita ser um atlas) e senza dubbio piu tarda; l'equivoco fu possibili perche nella sotoscrizione la terza cifra del milesimo e illegibile e fu credeta un zero". Notará o leitor que o senza dubbio tem, como o equivoco, tão pouca justificação como aquilo de que "il piu antico lavoro finora conosciuto di Vesconte resta il notissimo atlante del 1511".
(1)— Revista do Instituto Geográfico Militar. Ano XXXIV, no 6, Novembro ou Dezembro, 1954. Florença.
(2)— Na referida legenda nota-se com facilidade a região do Norte do Brasil.
(3) Studi biografici e bibliografia sulla storia della geografia in Itallta. Roma, 1882.
(4)— The Discovery of North America. Londres, Paris, 1892.
(5)— Periplus. Estocolmo, 1897. 
(6)— Notizie sopra una carta de navigare di Visconte Maiollo. Boletim da Sociedade Geográfica de Roma, t. III, 1907.
(7) — Elenco di certa et atlanti nautici di autora Genovesa. Giornale linguistico, lige 1875
(8)-Di un atrante poco noto di Vesconte Maggiolo (1549) . Bibliofilia, Florença, janeiro-fevereiro 1951.
O exame do hemisfério austral de Maiollo e sua comparação com as outras representações já citadas do novo mundo, oferece sólidos fundamentos para associar este planisfério à primeira cartografia derivada do périplo de Gonçalo-Coelho-Vespúcio de 1501-1502 e autoriza assim mesmo a fixar-lhe a data de 1504.
Enviou-me uma fotografia do planisfério, que não utilizei por parecer-me que as obtidas em Florença, tanto do conjunto como das partes que me interessavam, eram mais pormenorizadas e claras.
O mapa de Maiollo tem  1,40 m de comprimento por 0,895 m de altura, uma espessura do bordo direito e do esquerdo 0,915 m .
Carece de graduações de latitude e longitude, não está incluída a ilha de Cuba,  somente chega até a Índia pelo Oriente.
A forma 'da costa atlântica americana ao Sul do Equador, é a mesma de Pesaro, Hamy e Kunstmann II, sobretudo a deste último, pela sua inflexão SSO. Termina uns graus mais ao Sul de um estuário ou golfo denominado por Kunstmann II e Cavério, e mais tarde Waldseemüller: Rio Jordán, este é o nome que Maiollo também lhe dá, enquadrando-o, como os anteriormente citados, entre Pináculo Detentio (Pináculo de Tentación) ou seja o cerro 'de Montevidéu e Rio Santo António.
Já se demonstrou em América la bien llamada e em El Nuevo Mundo (9) com uma vasta cartografia, que essa enseada representa o sítio do primeiro nome cristão do Rio da Prata, chamado até então Paranaguazú ou Huruay pelos índios .
Cavério, mapa assinado, Kunstmann II, sem as Di un atlante sconoschno di Vesconte Maiollo (1548) . "L'Universo", Setembro de 1926.
(9)— 2 vols. Kraft. Buenos Aires, 1948 e Editorial Nova, Buenos Aires, 1951 sinatura, mas datado de 1502 pelos mais eminentes cartólogos se unem a Maiollo, datado e assinado, para certificar que ao redor ,de 1502 e 1504 foi atingido e descoberto o Rio da Prata.
E os três planisférios assim (10) Waldseemüller marcam também a presença em sua nomenclatura de Cananor, como extremo fim da expedição descobridora da Patagónia .
Do ponto de vista da toponímia, Maiollo é muito satisfatório (11) . Quanto à configuração, se conserva a inflexão SSO de Pesaro, Kunstmann II e Hamy, não leva a costa atlântica até a alta latitude de Cananor. Possivelmente por má informação diminui duns 10 graus ao Norte da latitude do Cabo Agulhas, se é que não há demasiada extensão Norte-Sul do continente africano. Cavério e Hamy são, entre os mapas citados de 1502, os únicos que marcam latitudes, e o segundo o faz com características curiosas.
Publiquei Hamy, fazem anos, na parte que mais interessava ao meu estudo (12) . Reproduzi a África também, para demonstrar que a costa atlântica descia frente ao continente negro, algo mais ao sul que o Cabo Agulhas (35°) mas a graduação da escala .acabou ilegível na cópia fotográfica, e a imprensa a devolveu pedindo que se aclarasse. Um desenhista o fêz, sem reparar no facto realmente insólito de que esse mapa apresenta duas linhas equinociais. Uma começa no Oriente e termina pelo meridiano de Alexandria, e a do Ocidente termina na costa oriental da África, cinco graus ao sul da anterior.
O paralelo marcado 35°S na escala oriental, passa com toda exactidão pelo cabo terminal da África, mas na mesmíssima altura, na escala ocidental, se  lê: 30°.
Segundo Gallois, a linha que vem de Este a Oeste é a de Ptolomeu, e a que vai de Oeste a Este a dos navegantes modernos. O desenhista ao esclarecer as cifras, que são claras na escala oriental, utilizou as mesmas para a ocidental, alterando, sem direito, um conceito do autor do mapa.
De toda maneira, não favorece essa inadvertência à prova de  que originalmente ia utilizando o mapa de Hamy, conjuntamente com Pesaro, Kunstmann II, Cavério e Cantino, todos de 1502.
Os cinco mapas, uns pela sua configuração, outros pela sua toponímia, outros pela extensão de sua costa, demonstram com esses testemunhos, e não com suas. latitudes escritas, que o Rio da Prata e o litoral patagónio estavam descobertos desde 1502, por uma expedição que só podia ser a de Gonçalo Coelho-Vespúcio. Maiollo corrobora esta verdade de forma concludente.
(10). — Ocuparam-se de Cavério, considerando-o de 1502, Gallois, Kretschmer Marcel, Nordenskiold, Harrisse, Ruge, Phillips, Lowery, Stevenson, Vignaud Winter, Tomaschek, Revelli, Almagia, Magnaghi e muitos outros. Com  Kunstmann II se especificaram aceitando a data dada por P. Kunstmann: Kohl, Peschel, Ruge, Kretschmer, Nordenskiold, Harrisse, Stevenson, Winter, Uzielli, Philips, Lowery, Almagia, etc. (11)— Veja-se a toponímia comparada no quadro anexo. (12) — América la bien Ilamada, vol. II, págs. 8, 9 e 10.
Se a costa atlântica apresenta um perfil quase idêntico ao de Hamy, Kunstmann II e Pesaro, a do Caribe oferece uma característica igual a que dão Juan de la Cosa (1500), Kunstmann II e Hamy. Nesses três mapas, como pode ver o leitor na América la bien llamada (13), se interrompe de repente a linha do litoral, prolongando-se esse corte ao ponto de fazer desaparecer toda a terra compreendida entre o Maranhão e o Rio Grande do Mar Doce (Amazonas) e também esses dois rios.
Esta singular omissão ocorre também em Maiollo indicando parentesco de época. O desenhista italiano inspirou-se num modelo análogo ao de Kunstmann II, ao qual está ligado por outros indícios de contemporaneidade. A toponímia de alguns destes mapas é um deles. Veja o leitor o quadro no qual aproximamos os nomes da costa atlântica Sul de Kunstmann II, Cavério, Maiollo e Waldseemüller.
Pouco falta para que sejam idênticos, desde Santa Cruz até Cananor.
Estes indícios concordantes permitem também afirmar que Maiollo pertence à cartografia derivada das viagens caribeanas, de Colombo a Vélez de Mendonza, que reflecte, como os cinco mapas citados, as viagens atlânticas de Cabral e Gonçalo Coelho-Vespúcio.
0 que foi dito já está muito bem provado.
Não obstante ampliarei os testemunhos para que o Q.E.D. seja concludente. Passarei à data.
A legenda em que ela consta provê somente três cifras, apresentadas assim: 1.5.4.
À primeira vista poderia ser 1534, 1524, 1514 ou 1504. Os antecedentes enunciados tendem a demonstrar que é 1504. Acrescentarei razões pelas quais se deve eliminar qualquer outra data. Indiquei, há anos, a série de nomes mal situados por Maiollo, na costa atlântica de seu mapa de 1519 (14). Acreditava que o cartógrafo os havia transposto nessa representação. Descubro agora '11  que não fêz mais do que reiterar seu errado encolhimento da costa de 1504, ficando outra vez uma série de lugares fora do sítio.  Leva Cananor, Santo António, Pináculo Detentio e Rio Jordão, da jurisdição castelhana à portuguesa, colocando esses nomes por São Paulo. Além de que, atribui a essa região uma altura de 19 e 20°, em vez da correcta; 23°30'. Comete outro erro, ao marcar o cabo de Santa Maria por 28° em vez de 34°45'. (13)- Op. cit., vol. 1, 92: vol. II, 'págs. 8 e 10. (14) --, Op. cit., vol. II, págs. 72 e 73.  A abundância da toponímia neste mapa de 1519, em comparação com as cartas geográficas citadas, indica uma época mais avançada e a utilização de novas viagens, cada uma das quais deixou atrás de si, baptismos sem precedentes. Maiollo 1519 é, pois, posterior ao que ocasiona este estudo, e com muito maior razão deve afastar-se a suposição de que pudesse ser de 1524. Por seu lado, o planisfério de 1527 torna inadmissível a data de 1534.
Inteirado o cartógrafo da viagem de Magalhães, marca todo o litoral e o estreito, e acrescenta o nome de São Cristóvão (posto pelo nauta lusitano ao Rio da Prata) ao de Jordán, resultante da viagem Gonçalo Coelho-Vespúcio. Vai corrigindo erros de 1504 a 1519 e aproximando-se da realidade topográfica do litoral (15). E seria verosímil que  sete anos depois, ou seja, 1534, aparecesse um mapa seu de tão breve costa e tão primitiva nomenclatura? E' bem sabido que surgiram a miúdo na cartografia do século XVI, surpreendentes recúos, mas raramente entre os italianos. Eles sempre souberam informar-se e foram entre os primeiros a fazê-lo, graças ao seu contacto mediterrâneo com as potências descobridoras e a actividade subtil dos núncios, diplomatas e agentes comerciais, prevalecentes em Lisboa, Burgos e Sevilha. Basta para concretizar, escrever aqui os nomes de Martir de Angleria, Pascualigo, Trevisano, Cantino, Affaitadi, Cretico, Ca-Masser, Rondinelli, Priuli, Sanuto, Empoli, Marchioni, Vespúcio mesmo (16) . Todos escreviam mostrando que sabiam.
O segredo das chancelarias interessadas era um mito. Demonstram-no mapas italianos de 1502, 1504, 1519 e 1527; 1536, 1543 e 1553.
As abelhas sugavam seu mel onde e como podiam. Dar ao Maiollo de Fano, conhecendo o de 1527, a data de 1534, seria uma extravagância. Tão pouco é aceitável 1514. O corte na costa norte, semelhante ao de Juan de la Cosa de 1500, Hamy e Kunstmann II de 1502 é explicável numa época em que os pilotos de Espanha e os desenhistas de Portugal não tinham segurança de acertar na indicação das jurisdições. Omitir, também podia ser uma astúcia; mas em 1514, os nautas de Castela haviam percorrido muitas vezes a costa norte, e descoberto o Mar do Sul. Um mapa como o de Maiollo, nessa data seria um anacronismo. Ao aparecer este artigo en L'Universo, em Dezembro de 1954, enviei um exemplar ao meu eminente amigo Heinrich Winter, cartólogo alemão de grande autoridade e autor de muitos trabalhos de valor, como The false Labrador and the Oblique meridian, Francisco Rodrigues Atlas of 1513; The true position of Hermann  Wagner in the controversy of the Compass Chart, A circular map in a .Ptolemaic mss, etc., pedindo-lhe sua opinião sobre a interpretação da data de Maiollo de Fano. Sua resposta de 2 de Fevereiro de 1955, ratifica, por uma excelente razão, a conclusão formulada de::
1504. Publicamo-la em inglês, tal como a recebemos. (15). Op cit., vol. II, págs. 108 a 110. (16)— Veja-se op. cit., vol. I, págs. 182 a 199, Veja-se op. cit., vol. I, págs. 182 a 199, meus comentários à extravagante "política de segredo", do senhor Jaime Cortesão, publicada pela primeira vez sob o título de "O sigilo nacional sôbre os descobrimentos" na revista "Lusitânia" de janeiro de 1924. O mesmo conceito é repetido com maior extensão na Histria de América de A. Ballesteros, em 1947 "As to the date of Maiollo, certainly it was inevitable to refute the readings : 1534, 1524, 1514. But there is another reason for favoring 1504. At the end of the 15th century one changed from semigothic letiers to latin ones and vice versa from latin numbers to sernigothic ones, and after 1500 there was a new situation: one pronounced one (thousand) Eive (hundred) and four = 1.5.4, so, having only thrce unities. The refore one was not obliged to put in a zero, as far as, the 3 unity was an independent word, not composed as thirteen, fourteen, etc. Therefore 1.5.4. is not a lapse. And even the same Maiollo uses the last possibility for such writing (3 unity twelve) on his portulan chart in New York: "Vesconte maiolo composuy hanc cartam in neapoly de anno dny. 1.5.12. dic 2 Juny,, still with three unities for writing as for speaking". Pensamos que esta grata lição, saída da realidade histórica,.servirá para consignar ao planisfério de Maiollo uma poderosa ratificação de Hamy-Pesaro-Kunstmann II-Cavério-Cantino, como grupo cartográfico e reflexo da viagem de Gonçalo-Coelho-Vespúcio ao Rio da Prata e à Patagónia em 1501-1502. Uma circunstância visível no próprio mapa, empresta à referida data um poderoso apoio. Numa legenda escrita em caracteres maiúsculos, aparece no alto do mapa:
TERÁ DE GONZALVO' COE (G?) (L?) O VOCATUR SANTA CROXE.
Maiollo interpretou erradamente o nome e o sobrenome Gonzalo Coelho. Escreveu-os mal, e nele não eram raros tais descuidos. Anota por Santo António: San Antogno; Cristóvão Colombo: Cristof a Colombo; Santa Croce: Santa Crusis, e Magalhães: Maçaianes.
A legenda evidencia a intenção de uma homenagem ao capitão-mor da expedição descobridora: das terras meridionais da América, percorridas por Gonçalo Coelho,.com Vespúcio, em 1501-1502, desde .o cabo São Roque no Brasil, até Cananor na Patagónia .
Muito se discutiu, particularmente entre os brasileiros e na época do Império, se ele foi o chefe, ou se esse cargo correspondeu a André Gonçalves (17) . Os quatro historiadores brasileiros de renome do século XIX: Caetano da Silva, Varnhagen, Mendes de Almeida e Capistrano de Abreu, firmaram o peso de sua autoridade em favor do primeiro, e ante os motivos alegados por eles, sustentei em América la bien llamada; El Nuevo Mundo, e vários artigos de polémica publicados na Revista de História, de São Paulo, que deveria ter sido Gonçalo Coelho(18) A legenda até então nunca apreciada (1954) corrobora de maneira decisiva essa tese. (17) . Veja-se Varnhagen A., História Geral do Brasil, Madrí, 1854. Capistrano de Abreu, O descobrimento do Brasil, Rio, 1883  Vespúcio, a quem um profissional da quimera, e, mais tarde, seus corifeus, pretenderam atribuir o comando da viagem de 1501-1502,  nunca escreveu ter sido capitão-mor de nenhum périplo, e quando foi capitão de uma caravela, afirmou-o claramente.Em todas as suas cartas predomina seu interesse pelas questões cosmográficas, astronómicas, etnográficas geográficas, sobre os problemas náuticos. Sua hierarquia a bordo das três primeiras viagens, sobretudo na terceira, deve ter sido a de assessor científico. Refere que o Conselho de Oficiais lhe confiou em 15 de Fevereiro a orientação do périplo, que ele dirigiu até 50° de latitude Sul. Em 7 de Abril, o capitão-mor retomou a direcção para voltar a Portugal. Noutro parágrafo alude à morte dum grumete e ao impulso da tripulação de vingar-se dos indígenas, o que o capitão-mor proibiu. Não pretendia, pois, ser o Chefe. Veja-se Varnhagen A., História Geral do Brasil, Madrí, 1854. Capistrano de Abreu, O descobrimento do Brasil, Rio, 1883. A legenda de Maiollo tira toda a dúvida sobre o tão discutido ponto; foi Gonçalo Coelho o capitão-mor da expedição de 1501-1502A Vespúcio coube o mais importante, descobrir sob sua direcção o Brasil Meridional, o Rio da Prata, o Cerro de Montevidéu e a Patagónia. Isto não é tudo. Esta terra foi também sua fonte de inspiração. Ao bordejar pelo litoral interminável, inteirou-se do carácter de continentalidade. A essa compreensão feliz se deve pela primeira vez na história o uso dos termos Mundus Novus, Continente e Quarta Parte Mundi, foi um uso exacto. A viagem de tão fecundos resultados repercutiu sobre o capitão-mor, provocando a homenagem lusitana de Tera de Gonçalo Coelho, provavelmente inscrita no modelo utilizado por Maiollo. Desse precioso testemunho evidencia-se que a viagem, o planisfério, e a legenda são simultâneos,  agregam-se  as seguintes conclusões:
1) O mapa de Maiollo de Fano, incorpora-se, por sua configuração ao grupo dos três planisférios de 1502, de inflexão SSO;
2) a concordância de sua toponímia com a de Kunstmann II, Cavério e Waldseemüller, é evidente no quadro anexo, associa-o igualmente à família cartográfica derivada da viagem Gonçalo Coelho-Vespúcio de 1502;
3) em razão dos conhecimentos obtidos em viagens posteriores, resumidos nos mapas de Maiollo de 1519 e 1527, não é aceitável que o de Fano seja de 1514, 1524 ou 1534;— Veja-se América la bien Ramada, tomo II. El Nuevo Mundo e Revista de História, de São Paulo, n.° 16 de 1953. Boletin de la Real Sociedad Geográ-fica de Madrid, n.o 333, de 1954.
4) estes (18) fundamentos acrescentados a indícios da época, como a interrupção da costa no litoral Norte do Brasil (em concordância  com outros mapas de 1502)  a lembrança da memória de Gonçalo Coelho, impõem a data de 1504 ao planisfério de Maiollo da Biblioteca de Fano;
5) a explicação dada pelo sr. Winter sobre a maneira de numerar em princípios do século XVI, é definitiva para solução do problema de data . (18) - veja-se América la bien Ramada, tomo II. El Nuevo Mundo e Revista de História, de São Paulo, nº 16 de 1953. Boletim de la Real Sociedad geográfica de Madrid, nº 333, de 1954.
1506 Nicolaus Caraverius
1503 Kunstmanns 
Título: Kunstmannn II (a.k.a. "Mapa de quatro dedos").
Autor: desconhecido 
Data: 1502-1506
Descrição: O mapa pode ser associado à convergência íntima da descoberta do Novo Mundo e a promoção de uma nova cruzada para difundir a fé cristã em toda a África, e de facto em toda a terra. O mapa Kunstmann II,medindo 43,7 x 39 polegadas (110,5 x 99 cm), regista as descobertas feitas no Novo
Mundo de Miguel Corte-Real e Amerigo Vespucci em 1501-1502. Consequentemente, tem até agora geralmente estudado como um importante documento inicial para a história da descoberta da América e comparada com outras representações iniciais do Novo Mundo. O mapa anónimo foi datado entre 1502 e 1506, o que tornaria um dos  primeiros mapas do mundo europeu para mostrar o Novo Mundo, bem como um dos últimos Mapas mundiais europeus para caracterizar o paraíso terrestre. O mapa cobre a Ásia, a Europa,África e as Américas recentemente descobertas. A Gronelândia (Terra de Lavrador) é retratada  na forma de uma ilha longa e estreita, que se estende de leste a oeste. Terra Nova e Labrador, designado como Terra de Corte-Real, aparece como um grupo de ilhas que se juntam por quatro tiras semelhantes aos dedos, que deram ao gráfico o apelido de "Four-Finger Map".Cuba (Terra de Kuba) e Haiti (insula spagnola) são retratados como grandes ilhas. Para o sul América do litoral é mostrada a partir do lisleo [San Lorenzo, no Golfo de Maracaibo, par a foz do rio de la aues [rio Orinoco] e, após uma lacuna, da costa sul identificado como Terra Sancte Crucis [Cabo San Roque a Rio Cananea], combinando informações fornecidas pela expedição de Vespucci de 1501-1502. Uma inscrição e uma representação na América do Sul regista o fenómeno local do canibalismo, também relatado por Vespucci. O "banderole" [isto é, pequena bandeira] e elementos pictóricos fornecem informações sobre nomes de locais, produtos da região, papagaios e falcões, e o canibalismo supostamente praticado lá. Um segundo bandeirola regista os nomes de as ilhas do Caribe, como Le Antilie, bem como referências à sua descoberta oficial por Colon, sua estranha fauna e a abundância de ouro encontrados lá. O Velho Mundo é também mapeado e inclui a Europa, a África. A costa sul da Ásia, tanto quanto a Malabar e as costas do Mar Negro, do Mar Cáspio e do Mediterrâneo. Uma grande e pequena vista de Jerusalém e Meca e alguns navios de vela são retratados.Ou oito ou dezasseis flechas irradiam para fora das cinco rosas de vento indicando a direcção dos ventos.
O mapa manuscrito do mundo conhecido como "Kunstmannn II" é um dos conjuntos de Treze gráficos publicados pela primeira vez por Friedrich Kunstmann em 1859. O que é conhecido sobre o mapa está bem resumido por Ivan Kupcik. Em termos de sua técnica cartográfica, é escala média é 1:23 milhões; não tem uma projecção, e o equador não marcado e os trópicos são colocados imprecisos. As duas rosas do compasso no Atlântico Ocidental são anotado 11 ° para indicar desvio magnético. Kupcik descreve o mapa de Kunstmann II como um"Imagem de pergaminho colorido", e o mapa hoje está muito desbotado. No seu dia, foi certamente um mapa ricamente iluminado destinado a alguém de alto nível. Isso pode ser deduzido por sua borda decorativa em vermelho e marrom, suas iluminações, muitas das quais incluem folha de ouro, e suas interpretações sobre lendas que descrevem características-chave. A escala utilizada é verde, e embora a folha de ouro tenha sido aplicada generosamente,  é apenas parcialmente preservada. Toques ocasionais de azul e vermelho aumentam a aparência deste impressionante portolano. Finalmente, a rotulação é no estilo italiano, o que pode explicar o facto de que o gráfico foi pensado para ser uma versão italiana de um original em português; no entanto J. Rey Pastor e Garcia Camarreo declararam que o gráfico pertence à Escola de Mallorca.
Detalhe: mostrado aqui são Terra Nova e Labrador, designados como Terra de Corte-Reall, aparecem como um grupo de ilhas e são unidas por quatro tiras tipo dedo, que deram o gráfico. apelido de "Four-Finger Map" e Terra de Lavorador [Gronelândia] Como observou o historiador David Quinn, mapas, gráficos,e os atlas foram apresentados como presentes por monarcas e outros homens de alto nível no 16 século porque eram estimados como obras de arte. Estes são os mapas e gráficos que sobreviveram principalmente aos nossos dias, e  existem precisamente porque foram valorizados como arte objectos, mesmo quando  saíram das mãos dos clientes a quem estavam dados. Tais mapas e gráficos sobreviveram ao período em que foram valorizados pela sua utilidade, seja como representações precisas ou como projectos estratégicos, porque eram trabalhos de arte. A crista que aparece no mapa Kunstmann II como parte do ícone do "O Jardim do Éden" colocado sobre a África do Sul sugere que o mapa foi encomendado ou rapidamente entrou nas mãos do cardeal Bernardino Lopez de Carvajal. Bernardino Lopez de Carvajal era um bispo espanhol de Cartagena e mais tarde foi Cardeal em
1492. 
Em Roma,  morava no palácio dos Mellini. Era conhecido por sua aprendizagem. 
A execução do mapa implica duas mãos: um cartógrafo e um artista. o cartógrafo desenhou o mapa e incluiu os dados geográficos, enquanto o artista ilustrou o mapa. A presença dum artista não é incomum para mapas, gráficos e atlas, sejam eles pintores, gravadores ou lenhadores, fazem uso de arte essencial as suas técnicas. Com certeza, a maioria dos gráficos que foram levados para o mar não foram amplamente ilustrados, mas gráficos e mapas criados para clientes ricos foram em bellished com imagens visuais projectado não só para agradar o patrono, mas também para recriar para o cliente uma visão e um sentir das terras recém-descobertas.
O mapa Kunstmann II é datado c. 1506 principalmente devido à ausência de Madagáscar, mas também pela forma como as Américas são retratadas. No norte Atlântico, uma leitura da Terra do Lavrador aparece sobre a Gronelândia, como acontece com a Mapa do rei Hamy de 1502 . 
Um segundo rolo que lê Terra de Corte Reall aparece sobre o que é hoje Terra Nova e Labrador
Corte Reall refere-se a Miguel e Gaspar Corte Real, dois irmãos portugueses que exploraram o Atlântico Norte. Como mencionado acima, o mapa é apelidado de "mapa de quatro dedos" devido à imagem visual que aparece em Terra Nova / Labrador
De acordo com Kupcik, a terra foi dividido em quatro dedos que sugerem "a noção de América como uma ilha. . . é ilusório e aquele deve assumir um continente de dimensões até então desconhecidas ".
Existem poucos nomes de lugares, por exemplo,  a representação dessas terras no Atlântico Norte segue o mapa do rei Hamy  e o mapa de Cantino .
As  iIlhas das Caraíbas, por outro lado, incluem nomes de lugares. Terra de Cuba marca uma longa Ilha fina com um pronunciado alinhamento norte-noroeste-sul-sudeste que se estende até o Norte, quase atinge o mesmo paralelo que a Irlanda. A ilha de Espanola  é chamado Insula Spanola e carrega o nome do local, Punta de S. Maria, e a costa do Norte está marcada com cruzes. 
O litoral da Venezuela contém doze nomes de lugares. 
A costa do Brasil, que termina com o Rio Cananea, combina com a viagem de Vespuccide 1501-1502. 
Existem 37 nomes de lugares ao longo da costa brasileira. 
O pergaminho sobre o Brasil dá o nome do Brasil como Sanctae Crucis [Holy Cross] e descreve cassia, papagaios e canibalismo. 
O ícone visual colocado sobre o continente do Brasil é um das mais representações famosas do canibalismo. 
Esta imagem sugere Amerigo Vespucci, cujas descrições sobre o canibalismo faziam parte do que criou aquilo.Letras publicadas: o Mundus Novus e o Soderini. Contudo, descrições de O canibalismo também aparece na terceira carta familiar de Vespucci (Lisboa 1502), na qual descreve a viagem ao Brasil.
A imagem do canibalismo era da mão do artista ou do cartógrafo?Suzi Colin argumenta que a imagem do canibalismo no Four Finger Map foi desenhada por uma testemunha ocular, contudo incorpora claramente uma presunção europeia sobre o que o canibalismo devia ser.
A imagem no mapa consiste de um corpo empalado num cuspo e não recria rituais de canibalismo, conforme descrito por visitantes posteriores ao Brasil. 
Um artista que não viu mas apenas o canibalismo imaginado pode surgir com a imagem tal como aparece no mapa. Esta é a primeira ilustração do canibalismo  num mapa. Desde a descoberta e publicação do mapa no século XIX, os estudiosos têm concentrado a sua atenção principalmente na  parte ocidental, vendo isso como essencialmente um documento para a história das descobertas que geralmente foram descritas em termos  progressistas. desenvolvimento das "eras das trevas" medievais para o radiante "alvorecer dos modernos da geografia ". 
Assim, no  atlas de 1859, Kunstmann achou que era suficiente reproduzir apenas a parte ocidental do mapa, assim como Jules-Théodore-Ernest Hamy e KonradKretschmer, em 1886 e 1892, respectivamente. E se alguns estudiosos também olharam para representação da África, só foi para observar a exagerada extensão leste-oeste(devido ao cálculo impreciso da longitude), para comparar nomes de lugares costeiro com aqueles em outros gráficos ou outros registos de viagens portuguesas de exploração, ou para conclusões da ausência de Madagáscar,descoberto em 1506, que o gráfico deve ter feito antes dessa data. Pouca atenção foi dada ao "sinal do mapa" para o Paraíso terrestre (10 x 7cm) que aparece no meio do Sul da África. 
A presença do Paraíso na África  foi totalmente não marcado, mas não foi discutido muito na literatura.
Alessandro Scafi explorou essa característica particular no mapa Kuntsmann II. HansWolff e Ivan Kupic também notaram um "símbolo pictórico do Paraíso" na África sem, num estudo italiano  publicado em 2001, significativamente intitulado Alla scoperta del mondo, onde a presença do Paraíso na África é definida como uma "ancoragem muito sólida ao passado" e "muito peculiar num mapa desse período ". 
Os autores sugerem que a posição da vinheta é modelada  na representação do Paraíso no mapa catalão Estense de 1450-1460 (Livro III, nº 246). 
A representação da África no mapa Kunstmann II traça o litoral num detalhe cuidadoso,  é rico em nomes de baías, promontórios, rios, cidades e portos. O retrato do interior é mais um resumo, o vazio geral do continente sendo mascarado por sete retratos de governantes locais e uma grande vinheta no Trópico de Capricórnio mostrando o paraíso, denominado Paradisus Terrestris. 
A inclusão do Jardim de Eden num mapa mundial que data de apenas 1500 e que inclui esboços cartográficos do Novo Mundo é realmente notável. Ao longo da Idade Média, o Jardim do Éden descrito em Gênesis, acreditava-se que existisse na Terra, como um lugar pertencente ao passado e para o leste. Em primeiro lugar, pensou-se que o reino mítico do Preste João era em algum lugar da Índia,
Esta transferência foi mais um factor que contribuiu para a localização medieval tardia do Paraíso na África. Também explica por que, neste mapa, Paradise aparece perto do retrato do Preste John. mas no decorrer do século 14 seu império foi gradualmente mudado da Índia para a Etiópia, uma terra que sempre foi vista como quase celestial.
Uma vez que a tradição ditava que o primeiro paraíso era inalcançável pelo homem, oautor do mapa de Kunstmann II colocou seu sinal para o Paraíso no trópico que JacobusPérez de Valência disse que era a fronteira intransponível do fogo protegendo o Paraíso; aO fabricante de mapas, no entanto, também estava esboçando e nomeando em seu mapa várias novasdescobriu terras que se encontravam ao sul desse trópico, não só na América, mas também na Áfricaem si. Uma lenda no mapa ao sul do Golfo da Guiné (e, portanto, do Trópico deCapricórnio), por exemplo, indica a ilha onde os criminosos portugueses foram exilados. DeO tempo que o mapa de Kunstmann II foi compilado, ou seja, o mundo conhecido tinha
foi estendido para o sul do Trópico de Capricórnio em vários pontos, quaseem torno, por assim dizer, dos territórios africanos desconhecidos que se pensavam fronteiriços no Paraíso.O sinal do mapa para o Paraíso, no entanto, destina-se a não identificar uma localização exata, mas aindicar de forma geral um bairro e um limite, o ponto em que o conhecidoe o mundo cognoscível deveria terminar. Na medida em que o autor do Kunstmann IIO mapa mostra os litorais em grande detalhe, enumera os portos e define espaço porastronomia matemática, ele está adotando os princípios da criação de gráficos náuticos eMapeamento ptolemaico. Na medida em que ele inclui o inacessível "em algum lugar" da terraParaíso na África, ele permanece na tradição dos mapas mundiais medievais em que oA articulação do espaço é um desdobramento do processo da história humana e os lugares sãoindicados um ao lado do outro, independentemente das distâncias e posições "corretas".O que torna a representação do Paraíso no mapa Kunstmann II particularmenteinteressante é o seu design. Para ler a maioria das legendas e vinhetas, o mapa deve servirou-se para que o leste esteja no topo. O ícone e a inscrição para o Paraíso (paradisusterrestris) estão posicionados para serem lidos com o mapa orientado para o leste na parte superior. oA vinheta mostra o paraíso no topo de uma montanha alta, criando uma imagem que evoca a situação intermediária de um Paraíso na Terra, a meio caminho do céu. O paraíso também é retratado
como um jardim protegido por um cerco murado, uma prática padrão na iconografia deo sujeito. Dentro do jardim, a árvore maior e central poderia ser a Árvore da Vida ou,mais provável, a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, mencionada em Gênesis como situada nomeio do Éden, enquanto as duas pequenas árvores que o flanqueiam representam as outras árvores (Gênesis9). No topo da árvore central fica um papagaio.De acordo com a Scafi, a maioria dos intrigantes de todos, no entanto, é o brasão que está penduradona maior árvore do Paraíso. Um brasão é um sinal de propriedade. O brasão éo do cardeal espanhol Bernardino López de Carvajal (1456-1523), e oimplica que o mapa já estava na posse do cardeal ou, maisprovavelmente, dada a prática cartográfica contemporânea, que tinha sido feita para ele.Considerando que os contornos geográficos do mapa ilustram Columbus eAs descobertas de Vespucci, a vinheta na península ibérica de duas figuras, rotuladas como RexHispaniae e Rex Portugalie, apertando as mãos, são uma clara referência ao Tratado deTordesilhas. A linha de demarcação especificada no tratado está registrada neste mapa como emmuitas cartas contemporâneas. Os dois pares de veleiros colocados no oeste eAtlântico Sul, como para sugerir a direção de viagens de descoberta em curso, podetambém deve ser interpretado como uma dica para os exploradores espanhóis e portugueses chegarem às terras para ooeste e leste da linha, respectivamente.O mapa Kunstmann II não é apenas sobre reivindicações territoriais. Ao exibir a localização geográficaconhecimento de seu tempo, o autor do mapa também fornece uma visão coerente evisão unitária da propagação do cristianismo europeu sobre a terra. Novamente, oA representação de África no mapa de Kunstmann II deve muito à visão da rainhaIsabel de Espanha que a importância da conquista da África e da luta para
propagar fé cristã foi um dos seus principais objetivos / visão. Uma série de reissão retratados na África. Em seu touro Ineffabilis et summi (1495), o Papa Alexandre VI teveapontou que os territórios africanos eram governados por soberanos, todos com o título de reis.A maioria desses reinos, no entanto, precisava ser cristianizado, e a propagandaacompanhando a diplomacia espanhola apresentou o rei Ferdinand como o rei capaz depropagando a fé unificando vários reinos diferentes. Sapi (Sappi, no mapa)
foi o nome dado às pessoas que vivem ao longo da costa da Serra Leoa pelos portuguesescomerciantes nos séculos 15 e 16. O líder Malindi (Rex Melindi no mapa) teveofereceu a primeira expedição portuguesa, liderada por Vasco Da Gama (1497-1499), hospitalidadee presentes. Magnus Soldanus foi o sultão da Babilônia, que governou o Egito e oTerra Santa e teve laços diplomáticos especiais com os monarcas espanhóis. A presença deo Rei de Túnis (Rex Tunci) e o Rei de Fez (Rex Fessi) (seus territórios eram oobjeto de longas negociações entre Espanha e Portugal) lembrou o visor do mapa
que essas cidades africanas, que haviam subido à soberania independente, se tornaram muitopopuloso após a expulsão dos mouros e judeus da Espanha em 1492 e foram osobjeto da campanha militar de Ferdinand. "Príncipe Bemoim" (o rei, ou bumi, de Jolof,Ziloffo no mapa), pediram aos portugueses batizá-lo junto com todos os seuspessoas, como relatado em 1488 por João de Barros e Pagholo degli Ulivieri, e foiconsiderado um bom exemplo para o futuro do cristianismo africano. O ponto ésublinhado pela presença no mapa do lendário Preste João, o governante cristãoPronto para ajudar a cristandade europeia na sua luta contra o Islã.Neste contexto, a submissão das Ilhas Canárias (insule de canaria) e a
novas descobertas no Atlântico foram vistas pela Espanha (e pelo cardeal Carvajal) como umpasso importante no processo de conversão da África, um processo que começou com a expulsão dos muçulmanos de Granada e que visava uma cruzada contra aTurcos otomanos e a reconquista cristã da Terra Santa. Na verdade, em 1503 Carvajalfoi nomeado patriarca de Jerusalém. A importância dada à conquista de Jerusalémtambém explica a ênfase visual dada à cidade sagrada (superada, no mapa, por umpadrão marcado com uma cruz) neste mapa. Meca (Mecha), a cidade a partir da qual oa heresia do islã se espalhou, também é retratada no extremo leste da península arábica.É a conexão no mapa Kunstmann II entre expansão em África e recuperaçãode Jerusalém, por um lado, e a descoberta de novas terras além do oceano, naOutro, que foi discutido pelo historiador Alessandro Scafi. Como Columbus escreveu paraO papa Alexandre VI, em fevereiro de 1502, navegando para o oeste foi outro caminho para alcançar oTerra Santa. A pista está no design do Paraíso terrestre na África, o casaco de Carvajalbraços e a Linha de Tordesillas atravessando os "quatro dedos" no norte ecoincidindo com o cuspo no qual o canibal está assando sua vítima no sul. Atéagora, as quatro tiras tipo dedo foram tomadas para simbolizar o vasto desconhecidocontinente da América, verde com florestas ricas. A proeminência de uma característica tão grande emO mapa, no entanto, poderia sugerir outro significado, mais atraente. Os dedos pertencemuma mão direita, abra com a palma voltada para cima, como se fosse convidar o europeu para aNovo Mundo. Um gesto semelhante é mostrado, por exemplo, na Virgin of the Navigators porAlejo Fernández (pintado um pouco mais tarde, c. 1530). Uma referência visual anterior é a
Gravura famosa que acompanhou o poema de Giuliano Dati L'isola che ha trovatonuovamente il Re di Spagna, publicado em 1493, onde o rei Ferdinand gesticula paraColón para as novas terras no oeste. Ainda mais pertinente é o duque de Albareferência, em 1492, à "mão sagrada" de Alexandre VI, a quem ele viu como destinado afortalecer a fé católica e derrotar seus inimigos. Mas é o próprio Oratio super de Carvajalpraestanda solemni obedientia de 1493 que parece confirmar nossa interpretação da mãono mapa Kunstmann II:"Cristo colocou sob sua autoridade [dos reis espanhóis] também o FortunatoIlhas, conhecidas por sua fertilidade maravilhosa [as Ilhas Canárias são retratadasno mapa]. Recentemente, ele também apontou outras ilhas desconhecidas para oIndies, que são predominantemente consideradas entre as coisas mais preciosas emTerra e que se espera que obedeçam em breve a Cristo graças à ação do Realenviados ".
Assim, a mão parece pertencer a Cristo. Está mostrando aos espanhóis o desconhecidoterritórios que eles devem reivindicar para a sua Igreja. Em tal luz, podemos relacionar acoincidência na América do Sul da linha Tordesillas pólo a pó com os canibaiscuspir toda a questão da expansão da fé; ensinar o cristianismo também significavaespalhando civilização. No boato papal Inter caetera emitido em 3 de maio de 1493, o papaencorajou os reis espanhóis a enviar missionários para as novas terras para ensinar tanto aFé católica e bons costumes: a prática monstruosa do canibalismo retratada naO mapa (não muito longe da inscrição Terra Sanctae Crucis) foi um forte aviso daimportância de tal tarefa, confirmada em 1504 pela rainha Isabella.É razoável assumir um relacionamento entre a mão apontando para o novo
terras e brasões no paraíso africano, bem como uma coesão geral einter-relação de significados no mapa. É possível que o autor do mapa pretendapara sugerir várias camadas de significado em uma veia similar. Um escudo pendurado em uma árvore é ummotivo freqüente na heráldica. O costume em torneios era apresentar escudos edesafiar desafios em uma "árvore de honra". Aqui, a árvore de honra é a Árvore do Conhecimento em Paraíso. Carvajal foi cardeal titular de Santa Croce em Jerusalém e, como relatado porA história da Verdadeira Cruz, retratada na abside dessa igreja e amplamente citadapor Carvajal em um sermão entregue em 1508 perante o imperador Maximiliano, a Árvore deO conhecimento forneceu a madeira para a cruz de Cristo. Famosas relíquias da Verdadeira Cruzforam alojados na igreja de Carvajal e o tema do triunfo da cruz sobre oinfiéis fazia parte da propaganda espanhola e entusiasmo pela expansão da fé.A rainha Isabella foi comparada à imperatriz Helena, que recuperou a Vera Cruz em
Jerusalém e Ferdinand com o imperador Heráclico, que entrou na cidade sagrada com umreliquia disso. Para o ano jubilar de 1500, Carvajal restaurou sua igreja e teve-seretratado no mosaico da capela de Santa Helena, ajoelhada ao pé da cruzrealizada pelo santo. Por isso, é apropriado que, no mapa Kunstmann II, o seu brasão se agachea madeira da cruz.O elemento-chave da vinheta paraíso, no entanto, é o papagaio. O papagaio foiconsiderado uma testemunha ocular da queda de Adão e Eva e um símbolo danascimento virgem de Cristo. No entanto, no mapa de Kunstmann II,também poderia ser um símbolo de eloqüência, outrosignificado aceito, para um homem aclamado como um orador talentoso.
Na verdade, outro papagaio apresenta no mapa,mostrado na mão do sultão da Babilônia, o governante deEgito. Em várias cartas náuticas tardias, o sultãoda Babilônia é retratado com um papagaio na mão. Em outrocasos, aparece um papagaio ao longo do Nilo. É provável queO Egito foi considerado pelos europeus como uma terra rica empapagaios; Era bem conhecido, por exemplo, que um papagaio eraapresentado a Frederico II pelo sultão da Babilônia. oo papagaio, no entanto, simbolizaria o trabalho daembaixador, já que o papagaio imita a voz de suamestre. Assim, o papagaio na mão do sultão deBabylon no mapa Kunstmann II também pode representarPeter Martyr d'Anghiera, o embaixador enviado em abril1501 por Isabella e Ferdinand ao novo sultão da Babilônia, Khansu al-Ghuri. Peter'sa tarefa era fortalecer a aliança com o Egito contra os turcos, garantir a segurançada costa africana, e negociar sobre a melhoria nas condições do localComunidade cristã, bem como acesso aos lugares sagrados. Esta seria uma confirmaçãoque o autor do mapa pretendia que o papagaio implicasse, como um dos seus significados, omissão do embaixador.No mapa Cantino de 1502 (# 306), por exemplo, os papagaios aparecem na América do Sule África Ocidental. Uma lenda na América do Sul no mapa Kunstmann II refere-se àpresença de papagaios lá. Tanto as lendas quanto as imagens se referem ao canibalismo. Curiosamente,as primeiras contas dos papagaios associados à exploração e a alimentação de papagaios comcanibalismo.Assim, o mapa Kunstmann II testemunha o fato de que, enquanto as descobertas denovas terras no Atlântico foram consideradas parte da expansão territorial espanhola na África,eles também marcaram uma nova colaboração. Após uma crise em seu relacionamento, a Espanha e aPapa estava unido no seu objetivo de organizar uma cruzada contra os turcos e trazendo
Cristo tanto para África como para as Índias. O autor anônimo do mapa Kunstmann IIexibe em um estágio geográfico as convicções que se colocam no cerne da Carvajalesforços diplomáticos: a capacidade do poder cristão formado no Mediterrâneo poros soberanos católicos não só para superar a ameaça turca, mas também para seguirO convite de Cristo para ampliar os limites do mundo cristão, além do Atlânticobem como na África. Como um cavaleiro trava seu escudo quando descansa após a vitória, ou como umdesafio a outros cavaleiros a jogarem, brasão de Carvajal pendurado na Árvore deO conhecimento parece estar destacando suas vitórias diplomáticas, bem como adesafio de um Novo Mundo.
O mapa Kunstmann II também é um exemplo importante de como o gráfico náuticofazendo adotar a lógica dos mapas mundiais medievais na representação deÁfrica do Sul.O mapa Kunstmann II é comparável a toda uma série de mapas famosos: o LaMapa de Cosa (# 305), o mapa de Cantino (# 306), o mapa de Caveri (# 307), o mapa do rei Hamy(# 307.1), e o mapa 1504 de Vesconte de Maggiolo (# 316). O Kuntsmann II, no entanto,mais parecido com os mapas do rei Hamy e Maggiolo, particularmente com respeitopara o espaço em branco deixado na costa norte da América do Sul e a dobra orientalleva a sua costa leste, a maneira peculiar de que a ilha deA Groenlândia se estende de leste a oeste e a representação das ilhas do Caribe comosendo muito perto da costa sul-americana. Também é semelhante a representação do Mar Vermelho.Uma diferença importante, no entanto, é a configuração das ilhas do Caribe e aForma de "quatro dedos" de Terra Nova. Isso pode ter sido concebido como um resumoe uma representação exagerada das florestas, semelhante àquelas gráficamente representadas naGráfico de Cantino.Localização: Bayerische Staatsbibliothek. Abteilung fur Handschriften und Seltene Drucke.Bacalhau. ícone. 133.Tamanho: 43,7 x 39 polegadas (110,5 x 99 cm)Referências:Boehrer, B. T., Parrot Culture: Nosso fascínio de 2.500 anos com os mais conversadores do mundopássaro (Filadélfia: University of Pennsylvania Press, 2004), pp. 5 e 29-31.Colin, S., "Lenhadores e canibais: índios brasileiros como vistos nos primeiros mapas", emAmérica: Early Maps of the New World, Ed. Hans Wolff. (1992), pp. 175-181.Kupcik, I., Gráficos de Munique Portolan "Kunstmann I-XIII" e dez outros gráficos Portolan.Metcalf, Alida C., "Amerigo Vespucci e o mapa mundial de quatro dedos (Kuntsmann II)",e-Perimetron, Vol. 7, No. 1, 2012, pp. 36-44.Quinn, D. B. (1986), "Artistas e ilustradores no mapeamento inicial da América do Norte",The Mariner's Mirror 72 (3): 244-273.Relaño, F., "Paraíso na África: a história de um mito geográfico de suas origens emPensamento medieval para sua morte progressiva na Europa moderna precoce, "Terre incognitae: TheRevista para a História das Descobertas 36 (2004), p. 9. Relaño, F., The Shaping of Africa, pp. 98-100.Scafi, Alessandro, "O paraíso africano do cardeal Carvajal: New Light on the"Mapa Kunstmann II," 1502-1506 ", The Warburg Institute, 28 pp.Scafi, A., Mapeando o Paraíso: Uma História do Céu na Terra (Londres: British Library, 2006),pp. 47-9, 125-31, 170-82, 193-5, 254-77.Van Duzer, C., "Hic sunt dracones: a geografia e a cartografia deMonstros ", 18 Ashgate Research Companion, p. 428.* Wolff, H., América. Mapas iniciais do Novo Mundo, pp. 134-5, Figura 5.
1504 Kunstmanns
1507 J. Ruysch
Mapa do Mundo de Johannes Ruysch - 1507
uma cópia do mapa do mundo do cosmógrafo Johannes Ruysch (c.1460-1533), que foi incluído na edição de 1507 da Geographia de Ptolomeu, publicada em Roma (Bernardus Venetus de Vitalibus). Adopta uma projecção polar. Original na Biblioteca do Congresso dos EUA. À direita, uma versão ampliada da parte do Brasil.
A inscrição, em latim, colocada na área da América do Sul, pode ser traduzida como:
"Terra de Santa Cruz ou Mundo Novo".
"Em diferentes lugares essa região é habitada e muitos supõem ser outro mundo. Homens e mulheres aparecem inteiramente nus ou usando folhas entrelaçadas e penas de aves de várias cores. Eles vivem em comunidades sem qualquer religião ou rei. Vivem continuamente em guerra entre si e comem carne humana daqueles capturados. Os ares saudáveis permitem que vivam mais de 150 anos. Raramente adoecem e, quando acontece, curam-se apenas com raízes e plantas. Existem leões aqui, serpentes e outros monstros são encontrados nas florestas. Existe grande quantidade de pérolas e ouro nas montanhas e rios. Daqui, pau-brasil e cássia são levados pelos portugueses."
Texto lateral na América do Sul: "Até onde os navegadores espanhóis chegaram. Eles chamaram essa terra, por sua grandeza, de Mundo Novo. Como ainda não foi explorada completamente, não se conhece seu contorno."
Outro texto deste mapa indica que Johannes Ruysch acreditava que a Ilha de Cipango (Japão), referida por Marco Polo, seria a Ilha Hispaniola (Haiti/Rep. Dominicana).
1507, mapa- múndi waldseemuller
Os portugueses viajaram pela costa ocidental da América Latina muito antes de 1513, quando o espanhol Fernando Balboa “descobriu” o Oceano Pacífico para os europeus ou da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães em 1519.  Por volta de 1500, o rei de Portugal D. Manuel I patrocinou uma viagem secreta em que navegadores, dos quais a guarnição de Gonçalo Coelho ou André Gonçalves passou pelo  Estreito conhecido mais tarde por Magalhães, dobrou o cabo Horn e navegou depois ao longo da costa ocidental do continente Sul americano. Observe-se, por cima do mapa-múndi  cuja representação está  em baixo, a junção das fronteiras do Chile com o Equador que estão a 19 graus de latitude Sul. É verdadeiramente impressionante este pormenor geográfico correcto num mapa com a data de 1507. Este mapa do século XVI mostra inequivocamente a prova de que Portugal chegou ao oceano Pacífico primeiro que a Espanha.
1507 waldseemuller globo e mapa 
O globo de waldseemuller, mostra inequivocamente, a ligação do oceano Atlântico ao oceano Pacífico pelo extremo Sul, e a costa ocidental do continente Sul Americano. Nota-se a junção das fronteiras do Chile com o Equador, estão a 19 graus de latitude Sul, pormenor geográfico correcto num mapa com a data de 1507.  A prova  inequívoca de que Portugal chegou ao oceano Pacífico primeiro que a Espanha. 
Em 1519, data que  Fernão de Magalhães, cruzou o estreito efectuando a ligação do oceano Atlântico/Pacífico, já sabia da sua existência através de mapas portugueses da época.
1513,   Ptolomeu, carta de África
1513 waldseemuller 
1516 walddseemuller carta marina
1516: A "Carta Marina" com base em gráficos náuticos e novas explorações
Apenas nove anos depois, Waldseemüller desenha outro mapa mundial, de tamanho similar, mas as diferenças são impressionantes. Por sua "Carta Marina" - como se chama - Waldseemüller abandonou as técnicas de Ptolemy e, desta vez, projectou um mapa mundial baseado em gráficos náuticos, enfatizando as linhas costeiras e mostrando um sistema de linhas de rumo (a construção desse sistema explicou aqui) que foram utilizados na navegação como referência, para leitura e marcação de direcções (cursos) entre lugares. Mais original, mais detalhado e contendo mais elementos gráficos, o mapa é uma imagem inteiramente nova do mundo, com base em novas fontes, explicou Chet Van Duzer. O seu título fala por si: é "uma carta náutica que mostra de forma abrangente as viagens portuguesas e a forma de todo o mundo conhecido ... suas regiões e seus limites como estão determinados em nossos tempos e como eles diferem da tradição da antigos, e também áreas não mencionadas pelos antigos ".
É pensado para ser o primeiro gráfico náutico impresso do mundo inteiro.
Como modelo, Waldseemüller parecia ter usado o mapa 1503 de Nicolo de Caverio, de Gênova, disse Van Duzer (veja o comentário no final do artigo sobre outros mapas que poderiam ter inspirado Waldseemüller).
Mais uma vez, as semelhanças são facilmente vistas:
Forma da África, Ásia do Sul
Localização de Groenlândia e Labrador
Forma da linha costeira da América do Sul na parte Leste. Omite a linha costeira da parte ocidental da América do Sul ve r mapa de 1507

Localização das linhas de rumo


1513 Francisco Roíz Rodrigues e Tomé Pires 
1513 Piri Reis
O mapa de Piris Reis é um fragmento de um mapa elaborado pelo almirante, geógrafo e cartógrafo otomano Piri Reis em Constantinopla em 1513. É o primeiro mapa conhecido do mundo real que mostra a costa ocidental da Europa e o Norte da África com razoável precisão. O mapa mostra pormenores da costa Leste do Brasil da América do Sul,  várias ilhas do Oceano Atlântico, incluindo as ilhas dos Açores a Ilha da Madeira as ilhas Canárias e Ilhas de Cabo Verde, assim como a mítica ilha Antília.
Contém elementos do hemisfério Sul, da costa da Antárctica  e da calota polar, considerados como prova dos conhecimentos da cartografia comprovados recentemente.
Redescoberto em 1929, resta apenas a metade ocidental, representando as Falsas Antilhas (Caraíbas), o Leste da América do Sul, e o Noroeste da África e Europa. Tipo portulano, cortado por linhas loxodrómicas, indicando as direcções dos ventos, terá sido confeccionado com base em mapas portugueses e árabes. Nele, está registada a costa do continente americano, tornando-o o primeiro a mostrar a América do Norte e América do Sul. As legendas, em língua turca, informam: "os nomes, foram dados por Colon, para que sejam conhecidos." Acredita-se que Piris Reis tenha obtido essa informação através de um dos marinheiro de Cristóvão Colon, mais tarde aprisionado e feito escravo pelos turcos.
Embora se trate dum mapa elaborado pelo antigo sistema portulano, as posições de latitude e longitude estão delineadas correctamente
As indicações cartográficas de Piris Reis mostram a conformação das regiões polares exactamente como estavam antes da última glaciação e não na situação actual. Não se sabe qual mapa se baseou onde pudesse conter informações à 10 mil anos atrás
1514 mapas de João de Lisboa,
Mapas no Tratado de Marinharia
por João de Lisboa em 1514
alvorsilves@gmail.com 
http://alvor-silves.blogspot.com
Não querendo falar aqui sobre a enigmática existência de mapas, sejam eles egípcios, sumérios, gregos, romanos, etc… fica claro que só temos acesso a uns poucos mapas do final da Idade Média (catalães, italianos), A verdadeira produção de mapas do final da idade média só  começa a partir de 1500. Há  mapas que merecem uma atenção e um relevo especial,  que pouco têm de tão informativo e surpreendente quanto o conjunto de mapas incluso no Tratado de Marinharia (ou Livro de Marinharia) de João de Lisboa, de 1514. Desde a representação do Estreito de Magalhães, às quinas nos castelos em território Inca, ou numa bandeira em Jerusalém, tudo isto deveria merecer a máxima atenção. No entanto, a obra é quase desconhecida, foi  relegada para terceiro plano.  É demasiado evidente o que está nos mapas, e são esses que prendem a  atenção imediata.
Mapas no Tratado de Marinharia
Datação
Na página 26 do Tratado de Marinharia surge a primeira indicação sobre a sua data.
Aqui se começa o tratado da agulha de marear achado por João de Lisboa o ano de 1514 - pelo que se pode saber em qualquer parte que homem estiver quanto é arredado do meridiano verdadeiro pelo variar das agulhas.
O ano de 1514 é ali referido e serve como datação para o Tratado da Agulha de Marear. Ao analisar-se a caligrafia nota-se que há duas formas,  pelo  uso ao longo do texto percebe-se ter havido alguma simultaneidade temporal. A caligrafia para os títulos dos capítulos é diferente,  alterna com uma caligrafia corrida, de forma natural. Uma excepção é a inclusão da datação, fora das margens da página. Talvez  o próprio autor fez uso de duas formas, o que  parece difícil de analisar, ou houve duas pessoas a escrever, pai e filho ou mestre e aluno.
A menção “achado por João de Lisboa” deve ser entendida como “ encontrado por João de Lisboa”.
O corrente sentido popular do verbo achar (no sentido “considerar”,“julgar”) não faz aqui qualquer sentido. É dito claramente que João de Lisboa encontrou um tratado anterior a 1514, que dá conta.
Os problemas de datação continuam com os mapas inclusos. As dificuldades são brevemente relatadas na Portugalia Monumenta Cartographica. Estabelece-se como data limite superior o ano de 1560, já que as referências ao Estreito de Magalhães, ao Japão, ou aos bancos de D. João de Castro, obrigariam a uma datação posterior a 1540.
A análise feita na Portugalia Monumenta Cartographica parece feita de propósito, é pouco detalhada. Não são mencionados problemas nos mapas, inconsistentes com a teoria oficial, que colocam bandeiras portuguesas em território Inca (Perú), em Jerusalém, etc. Seria  mais importante publicar os mapas do que entrar em polémicas para não comprometer a publicação da obra em 1960.
MAPA DO GLOBO
O mapa do globo, em representação polar, é talvez a peça mais fascinante do conjunto de mapas no Tratado de Marinharia. Encontra-se uma representação  em traços gerais que não é muito diferente dos mapas actuais. É globalmente superior às representações encontradas posteriormente noutros mapas até 1770.
Em vários aspectos este Mapa Globo, é o melhor mapa-múndi de que há registo durante os 250 anos seguintes à data da sua publicação. 
Análise da disposição das bandeiras no hemisfério português de Tordesilhas
Repara-se  que não existe qualquer bandeira na península arábica. Só seria possível antes das conquistas levadas a cabo por Afonso de Albuquerque, nomeadamente de Ormuz, o que dá uma indicação clara de ser anterior a 1515. Há uma bandeira na China, o que se ajusta aos primeiros contactos em 1513, e bandeiras em Java e Timor (1512). Não há qualquer bandeira no Japão. As bandeiras seguem a costa africana, indicando as possessões portuguesas,  encontram-se ainda na Índia.Uma análise desta parte da Ásia possibilita  a uma consistência maior com a datação de 1514. Surge então o problema oficial, com as bandeiras colocadas na parte americana.

Nota-se  praticamente que toda a costa do continente americano está coberta de bandeiras. Considerando a datação de 1514, Balboa chegou à costa do Oceano Pacífico em 1515 . Nenhuma das bandeiras na costa do Pacífico se pode referir à presença espanhola (nem outra qualquer). A diferença das bandeiras azuis e vermelhas tem a ver com a distinção das bandeiras de quinas (reais, azuis), e as bandeiras com a cruz de Cristo (vermelhas). A parte da costa americana que não tem bandeiras, é exactamente a que já se encontrava sob reserva espanhola – uma parte no golfo do México (Cortés desembarca em 1519), e uma outra na costa venezuelana (onde Colon [Colombo] desembarca em 1502). O mapa de 1514 não sofre alterações posteriores, tal como o mapa da Europa, onde mostra uma situação política anterior a Carlos V, fazendo notar uma bandeira de Castela em Sevilha (Juana, mas sob influência do pai Fernando), e uma bandeira francesa com o arminho bretão, justificação para o reinado com Ana da Bretanha (que morre em 1514)
Com os outros mapas nota-se algumas inclusões, para  “justificar” a datação posterior do conjunto,  que se explica.
COLA DO DRAGÃO
António Galvão faz referência ao prévio conhecimento do Estreito de Magalhães, que teria sido chamado Cola do Dragão (i.e. Cauda do Dragão).
No ano de 1428  o Infante D. Pedro,  foi à Inglaterra, França, Alemanha, à Casa Santa, e  outras localidades, RomaVeneza, trouxe de lá um Mapa-múndi com todo o âmbito da terra, o Estreito de Magalhães se chamava "Cola do Dragão", o Cabo de Boa Esperança: "Fronteira de África" (…)
Não seria novidade que houvesse um prévio conhecimento do Estreito, muito antes de Magalhães ter efectuado a viagem de circum-navegação. No mapa do globo não se encontra qualquer  referência ao “Estreito de Magalhães”, porém é dado destaque ao Cabo da Boa Esperança. Situação inversa é encontrada nos mapas de pormenor. Não se encontra qualquer  destaque para o Cabo da Boa Esperança, mas sim é dado  um grande destaque ao “Estreito de Magalhães.
Trata-se duma inclusão posterior,  facilmente exequível. Acresce o facto que à saída do Estreito, se encontra uma outra referência a vermelho  ultrapassando os limites do mapa. Nota-se a inclusão limitada pelo espaço onde diz “ estreito de Fernão Magalhães", oque indicia  tratar-se de inclusão posterior, a que acresce a designação portuguesa “porto de são Julião”, entre outros pormenores.
O mapa de João de Lisboa, que têm o nome do Estreito de Magalhães,  elaborado em 1514, anterior à viagem de 1519 de Fernão de Magalhães. Como pode isto ser possível a datação do livro “ Tratado da Marinharia” de João de Lisboa, ser de 1514 e por cima do traçado do Estreito aparecer o nome de “Estreito de Magalhães?!
 A "Cola do Dragão" foi assim representada antes da viagem oficial, conforme já dissera António Galvão...  Sendo João de Lisboa piloto de Magalhães, resultam ainda outros assuntos misteriosos e põe em causa a datação da sua morte!
João de Lisboa não consta na lista de 18 sobreviventes da viagem de circum-navegação à chegada a Espanha da nau Sebastião Delcano.
A história contada por Magalhães a Pigaffeta sobre um eventual mapa de Martin Behaim ganha contornos de simples despiste ao cronista, mas no fundo também poderá não ser despiste nenhum, uma vez que já havia conhecimento da costa ocidental da América do Sul, do oceano Pacífico navegado antes de 1507 , como pode ser comprovado pelo mapa de Waldseemuller elaborado em 1507.
Pedro e Jorge Reinel ajudaram também Fernão de Magalhães com diversos mapas.
Na viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães levava consigo João de Lisboa como piloto da nau capitânia, que no livro do “tratado da Marinharia” feito por si, desenhou 5 anos antes 1514 um mapa com o respectivo Estreito, com ligação do oceano Atlântico para o oceano Pacífico!.
Para que tudo passasse despercebido a inscrição “ estreito de Magalhães” sobreposta no traçado do canal do mapa de João de Lisboa aparece após a conclusão da viagem de circum -navegação da chegada a Espanha por Sebastião Delcano depois de Setembro de 1522. O mesmo é dizer que não bate a cara com a careta!
O facto de estar escrito "estreito de Magalhães" dá logo a a entender que foi posteriormente incluído.
COSTA DO PERU
No mapa do pormenor sobre a costa do Peru, vê-se castelos com bandeiras nacionais (as cinco quinas são indiscutíveis), e ainda uma possível bandeira islâmica! Não existindo qualquer registo da presença portuguesa nestas paragens, a execução é anterior à conquista castelhana de Pizarro, ou seja, anterior a 1535. Há uma mistura de nomes portugueses e castelhanos, resultado de possíveis inclusões posteriores de nomes, adaptados à conquista em curso. É de suspeitar que as inclusões sejam posteriores a Balboa e a Cortés, anteriores a Pizarro!
TERRA NOVA
Outro caso onde se poderia colocar em causa a datação do conjunto, está relacionada com a Terra Nova e Labrador, onde se pode ler o nome “Estreito do Franceses”. Este nome pode estar relacionado com as viagens bretãs, bem como a viagem de Jacques Cartier, sugerindo a data posterior a 1535. Mesmo assim, parece notória a inclusão de nomes, pela  necessidade em cortar a palavra “franceses” com a finalidade de adaptar o espaço existente!
Uma das poucas designações que refere a presença francesa é a de “c. dos bretões”,ou seja Cap Breton (que curiosamente, sob domínio francês, foi chamada de  Île Royale). O frequente aparecimento do arminho bretão nos mapas de Reinel, na zona de França, faz supor um eventual entendimento com os bretões na exploração da zona da Nova Escócia e Terra Nova.
JERUSALÉM
Num dos mapas aparece de forma surpreendente uma bandeira azul com as 5 quinas em Jerusalém. Não é um facto menor… todas as Cruzadas tiveram como propósito a reconquista da Terra Santa, por isso não é por acaso  que alguém colocaria uma bandeira portuguesa em Jerusalém, perdida para Saladino em 1187. A terceira cruzada, com Ricardo Coração de Leão, e todo o esforço templário durante vários séculos tinha esse propósito.
De que forma faz sentido? Tal facto passaria despercebido na História?
A bandeira não é exactamente igual às restantes bandeiras com 5 quinas. São conhecidos os relatos de Afonso de Albuquerque no sentido de recuperar Jerusalém, havendo referência a uma possível troca com Meca (que após a conquista do Suez, estaria  à mercê dos portugueses). A cidade sob controlo Mameluco, com capital no Cairo, já o vice-rei Francisco de Almeida tinha infligido uma pesada derrota naval em Chaúl e Diu. Afonso de Albuquerque teria pedido autorização ao rei, mas ao invés foi imediatamente substituído no cargo de vice-rei por Lopo Soares de Albergaria, tendo morrido na viagem de retorno. A partir desse momento, e com a queda do domínio Mameluco pelo império Otomano, o desígnio de conquistar Jerusalém parece ter deixado de figurar como prioridade nas conquistas portuguesas, e em geral, deixou de figurar como objectivo principal, mesmo com os ingleses no Séc. XIX que possuíam um poder naval considerado. A incursão napoleónica chegou apenas a Jaffa, e não prosseguiu pela peste…
1514 mapas de João de Lisboa,
1516 Vesconde  de Maiollo
1517 Pedro Reinel
 
1519 Jorge Reinel

Mapa do Brasil em 1519
Este é o mapa do Brasil que tem origem no Atlas Português de 1519, conhecido como Atlas Miller. O Brasil é indicado como Terra Brasillis, em latim, mas o nome "Brasil" é registrado no mapa-múndi do mesmo Atlas. Acredita-se que seria um presente, mas é claramente uma propaganda da grandeza do Império Lusitano. Note, por exemplo, que as terras ao sul do Rio da Prata (Argentina) tem a bandeira da Coroa Portuguesa. Original na Biblioteca Nacional da França.
1519 mapa Miller
Mapa preparado em Portugal como prenda de casamento [presente envenenado] com o objectivo obscuro: evitar que Fernão de Magalhães realizasse a sua volta ao mundo ao serviço dos reis espanhóis. O Atlas Miller, assim conhecido porque o seu último dono particular foi Emanuel Clement Miller, é um dos mais luxuosos mapas conhecidos da era dos descobrimentos. Hoje encontra-se depositado na Biblioteca Pública de Paris. A sua concepção e preparação são atribuídas a Lopo Homem, Pedro e Jorge Reinel, enquanto a ilustração foi executada pelo miniaturista António de Holanda. Tratou-se da oferta de casamento de D. Manuel à sua terceira mulher, D. Leonor de Áustria, irmã do rei de Espanha, Carlos V, empenhado em financiar o projecto de Fernão de Magalhães, que preparava a viagem de circum-navegação. O mapa, que é bastante detalhado e correcto em vários aspectos, mostra também um oceano Atlântico rodeado de terra por todos os lados, sem ligações a outros oceanos. Este e outros pormenores levam os estudiosos a concluir que o mapa era um logro montado por D. Manuel, de modo a fornecer informações falsas que levassem o monarca espanhol a cancelar a expedição do português Fernão de Magalhães.Reinel, Pedro e Jorge
Com Pedro Reinel dá-se início ao segundo dos quatro períodos ou “escolas” da cartografia portuguesa, estabelecidos por Armando Cortesão. Pedro Reinel, que teve no filho Jorge um continuador da sua obra, marca a transição do século XV para o XVI, no que concerne à evolução da cartografia portuguesa. A sua obra reflecte os avanços científicos originados pelas viagens de descobrimento e expansão dos navegadores portugueses, e inicia o corte com as velhas concepções ptolomaicas na construção de cartas náuticas. Os primeiros documentos que nos dão notícia de Pedro e Jorge Reinel são duas cartas de mercê, datadas de 10 de Fevereiro de 1528, outorgadas por D. João III, concendo uma tença de 15.000 reis anuais a Pedro Reinel, e uma de 10.000 reis a seu filho Jorge. Temos igualmente notícia da presença de Jorge Reinel, como assistente do Dr. Pedro Nunes, no exame para mestres de cartas de marear, feito aos cartógrafos António Martins, em 1563, e Bartolomeu Lasso e Luis Teixeira, em 1564. Para além destes documentos, nos Livros da Vereação, existentes no Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, existem dois autos de ajuramentação, datados de 29 de Agosto de 1551 e 29 de Novembro de 1554, respectivamente, em que aparecem Jorge Reinel e Lopo Homem como “exemjnadores darte de navegar”.
Pedro Reinel, para além de ser o primeiro cartógrafo português de quem se conhece produção cartográfica, foi também o primeiro a assinar um trabalho seu. A sua carta atlântica de c. de 1485 representa a costa ocidental do continente africano, e reflecte já as viagens de exploração levadas a efeito por Fernão Gomes (c. 1474) e por Diogo Cão na sua primeira viagem em 1482-1484, o que lhe confere um elevado significado e valor histórico. Esta carta, que se encontra à guarda dos Archives Departamentales de La Gironde, foi apresentada pela primeira vez em 1960, pelo Prof. Jacques Bernard. A produção cartográfica hoje conhecida, da denominada “escola” dos Reinéis, assegura-lhes um justo lugar na cartografia portuguesa, tanto em termos cronológicos, como pela qualidade técnica, rigor científico e artístico das suas produções. A sua obra é composta por mais oito cartas: a de c. 1504 está assinada Pedro Reinel, a de c. 1517, as duas de c. 1522 e a de c. 1535, são anónimas, atribuíveis a Pedro Reinel; a seu filho Jorge são atribuidas a carta anónima datada de 1510, o planisfério de c. 1519, igualmente anónimo, e a carta de c. 1540, assinada REINEL. Durante muito tempo as cartas que compõem o conhecido “Atlas Miller” foram atribuidas aos Renéis. Contudo, na sequência da descoberta do planisfério de Lopo Homem, datado de 1519, levantou-se o problema da atribuição da autoria, não só do planisfério como do referido Atlas. Assim, um grupo de especialistas reunido em Paris, em 1939, determinou que ambas as obras faziam parte de um conjunto, atribuindo a sua autoria a Lopo Homem e não aos Reinéis, opinião que não teve a concordância de Armando Cortesão, que atribuiu as cartas anónimas do mesmo Atlas a Lopo Homem-Reinéis, como hoje é conhecido.
Em 1519, na sequência de uma contenda com um clérigo de nome Pero Anes, Jorge Reinel refugiou-se em Sevilha, onde, ao que parece, continuou a trabalhar no seu ofício. Seu pai, deslocou-se nesse mesmo ano àquela cidade a fim de trazer seu filho de regresso a Portugal. Porém, no seguimento dos preparativos da viagem de Fernão de Magalhães, pai e filho vêem-se envolvidos numa situação obscura, conforme reza uma carta, datada de 18 de Julho de 1519, enviada pelo feitor de Portugal em Sevilha, Sebastião Álvares, na qual informava D. Manuel que a “terra de Maluco eu vy asentada na poma e carta que ca fez o filho de Reynell, a qual nõ era acabada quando caa seu pay veo por ele, e seu pay acabou tudo e pos estas terras de Maluco e per este padram se fazem todalas cartas...”. Também Bartolomé Leonardo de Argensola, citado por Armando Cortesão e A. Teixeira da Mota, refere que Magalhães, a fim de obter o apoio de Carlos V para a sua viagem, se serviu de “vn Planisferio dibujado por Pedro Reynel”, no qual as Molucas estariam representadas a leste da linha de demarcação estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Portugal e Espanha, portanto dentro do hemisfério espanhol. Durante as negociações da Junta de Badajoz-Elvas de 1524, os espanhóis terão tentado obter os serviços de Pedro e Jorge Reinel, oferecendo-lhes avultada soma, conforme Diogo Lopes de Sequeira e António de Azevedo Coutinho informavam D. João III, por carta datada de 9 de Junho de 1524. Não obstante, os dois cartógrafos mantiveram-se ao serviço de Portugal. Por Augusto O. Quirino de Sousa
1520  Pietro Coppo
1525  Lorenz Fries
1526 Canvas
1527 Weimar - carta universal 
1528 Pero Fernandes
Esta é a segunda carta portuguesa assinada e datada de que há conhecimento. Foi destruída durante a última grande guerra, quando se encontrava na Künigliche Bibliothek Zu Dresden. Contudo, tinha sido bem reproduzida em 1903 por Viktor Uautzsch e Ludwig Schimdt.
Pero Fernandes foi o chefe de uma notável família de cartógrafos que, através de várias gerações, produziram numerosas cartas e mapas durante dois séculos. Admite-se que era natural do Porto.
1529 Diogo Ribeiro carta Universal
Carta Universal do cosmógrafo português Diogo Ribeiro de 1529.
Título original: Carta universal en que se contiene todo lo que del mundo se ha descubierto fasta agora [material cartográfico] la qual se divide en dos partes conforme a la capitulacion que hizieron los catholicos Reyes de españa [et] el Rey Don Juan de Portugal en la villa de Tordesillas: Año: de 1494 / hizola Diego Ribero cosmographo de su magestad, ano de 1529, e[n] Sevilla".
Uma reprodução está na Biblioteca da Real Academia de la Historia da Espanha, com base no original do Museo del Palacio de Propaganda Fide, em Roma, cedido pelo Papa Leão XIII (1810-1903) para W. Griggs, Londres. Está actualmente na Biblioteca Apostólica Vaticana. Na margem inferior existem duas notas da reprodução: "Reproduced from the original in the Museum of the 'Propaganda' in   Rome, lent by His Holiness Pope Leo XIII, by W. Griggs, London." e "The second Borgian map by Diego Ribero, Seville 1529.
A referência "Borgian map" provavelmente tem relação com o Mappa mundi Borgia, do século 15.
Uma referência "1887?", feita a lápis, na cópia existente na Biblioteca do Congresso dos EUA, indica que alguém acreditou ser aquele o ano dessa reprodução.
W. Griggs é o inglês William Griggs (1832-1911), pioneiro em técnicas de litografia e que também reproduziu outros antigos manuscritos. A Kings Court Galleries, de Londres, que comercializou um exemplar, informa que foram 200 cópias, feitas em cromolitografia. O exemplar referido teria sido exposto na Colonial and Indian Exhibition, de 1887, em Londres. Mas, ao que parece, existiu apenas uma edição daquele evento e ocorreu no ano anterior, 1886. Lembre-se que todo o mapa foi reconstruído e reeditado, em litografia.
Diego Ribeiro era português e passou a trabalhar para a Coroa espanhola, em 1518.
 Em 1527, confeccionou o Padron Real (carta padrão espanhola), na Casa de Contratación, em Sevilha. Faleceu em 1533.
Este foi um dos primeiros planisférios conhecidos a incorporar os dados da circum -  navegação de Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522. Essa viagem resultou num conflito pelas Molucas e o Tratado de Tordesilhas foi revisado no mesmo ano de 1529, em que esta carta foi editada.
Diogo Ribeiro começou a trabalhar para Carlos de Espanha em 1518, como cartógrafo na Casa de Contratación em Sevilha. Após adoptar a cidadania espanhola em 1519, participou no desenvolvimento dos mapas utilizados na primeira circum-navegação da Terra por Fernão de Magalhães.
Em 10 de Janeiro de 1523, foi nomeado cosmógrafo real e "mestre na arte de criar mapas, astrolábios e outros instrumentos". Por fim substituiu Sebastião Caboto (que partiu em viagem) como o cartógrafo principal. Caboto publicou seu primeiro mapa em 1544.
Em 1524, Ribeiro participou da delegação espanhola na " Junta de Badajoz-Elvas" que antecedeu o Tratado de Saragoça (1529) na qual Espanha e Portugal discutiram se as Molucas e as Filipinas estavam do lado Espanhol ou Português do Tratado de Tordesilhas.
Em 1527, Diogo Ribeiro terminou o Padrón Real, o mapa oficial (e secreto) usado como modelo para os mapas presentes em todos os navios espanhóis. É considerado o primeiro mapa do mundo científico.  Em 1531, Diogo Ribeiro inventou uma bomba de água  de bronze capaz de bombear a água dez vezes mais rápido que os modelos anteriores. Diogo Ribeiro morreu em 1533.
o mais importante trabalho de Diogo Ribeiro é o Padrón real de 1527. O mapa principal é o primeiro mapa-mundi com base em observações empíricas da latitude. Existem 6 cópias atribuídas a Ribeiro incluindo na Grande Biblioteca Ducal em Weimar (1527 Mundus Novus) e na Biblioteca Apostólica Vaticana, na Cidade do Vaticano(1529 Carta Universal). A apresentação do mapa (Mapa-mundi) é fortemente influenciada pelas informações obtidas durante a expedição de Magalhães e Elcano em redor do mundo.
O mapa de Diogo Ribeiro delineia com precisão as costas da América Central e do Sul. No entanto, nem a Austrália nem a Antárctida aparecem, e o subcontinente indiano surge muito pequeno. O mapa mostra, pela primeira vez, a real extensão do Oceano Pacífico. Mostra também, pela primeira vez, a costa Norte-Americana como um contínuo (provavelmente influenciado pelas explorações de Estevão Gomes em 1525). Mostra também a demarcação do Tratado de Tordesilhas.
1531, Oronce Fine
1534 Viegas, Gaspar Luís
Carta Náutica do Oceano Atlântico e do Mar Mediterrâneo, pelo cartógrafo Gaspar Luís Viegas, datada de Outubro de 1534 (96 x 70 cm), texto em português. Original na Biblioteca Nacional da França (disponível online). Este é o único documento conhecido deste cartógrafo. Esta carta foi transferida dos arquivos de Portugal para a França, em 1865, como uma troca.  Cartógrafo (século XVI). Manteve-se activo durante a primeira metade de quinhentos, sendo autor de uma carta do Atlântico (Outubro de 1534), conservada na Biblioteca Nacional de Paris. Segundo parece, Gaspar Viegas ter-se-á baseado nos testemunhos da expedição de Martim Afonso, efectuada pouco antes da elaboração da carta. Apesar de este ser o único trabalho que assinou, são-lhe também atribuídas duas cópias de um atlas da mesma época, que foram deixadas anónimas. O historiador Armando Cortesão identificou este cartógrafo com Gaspar Luís Viegas, escudeiro do cardeal infante D. Henrique ou ainda com um Gaspar Luís, calígrafo de uma cópia do Roteiro do Mar Roxo de D. João de Castro.
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1535 Jorge e Pedro Reinel
1540 Jorge e Pedro Reinel
1544 Sebastion Caboto
1544 Battista Agnese, planisfério
1544 Apiano
1544 Jean Rotz
1545 Mapa mundi anónimo
1547 João Freire
1547 Dieppe, Nicholas Vallard de Dieppe
1548 Di Gastaldi , planisfério
 1550 Lopo Homem
Em 1524 participou na Junta Badajoz-Elvas, comissão estabelecida pelas Coroas de Portugal e Espanha para demarcar os limites a Este de navegação dos dois países, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, cuja posição exacta havia sido contestada na sequência da chamada "questão das Molucas". Sobre esta Junta existe na Torre do Tombo uma carta de autoria de Lopo Homem, aludindo à querela entre os dois soberanos acerca dos direitos que cada um tinha a territórios e navegações, e que terminaria com a assinatura do Tratado de Saragoça em 1529.
Foi-lhe atribuído, em 1531, um padrão de tença de 20.000 réis, aumentado com 5.000 em 1532. Esta renda foi vitalícia.
A obra mais antiga conhecida deste cartógrafo é um planisfério, descoberto em Londres em 1930. Em Florença existe outro planisfério, datado de 1554, e na Biblioteca Nacional de Lisboa há também uma carta marítima (que antes de 1910 se encontrava no Paço das Necessidades, tendo pertencido a Carlos I de Portugal), atribuída a este cartógrafo por Armando Cortesão. Este estudioso tem na sua obra "Cartografia e cartógrafos portugueses dos séculos XV e XVI" uma extensa parte dedicada a Lopo Homem.
Foi pai de Diogo Homem, também cartógrafo.
1551 Sanches Guiterrez
 1552 Sebastian Munster
 1554 Lopo Homem
1554 Sebastian Munster
1558 Lopes, Sebastião
  
 
 
1555 Testu Guillaume
1555 Testu Guillaume
 1558 C. Viupellius
 1558 Diogo Homem
 1558 Diogo Homem 
1558 Pedro Lemos e Sebastião Lopes
1558 Sebastião Lopes ?
carta de Sebastião Lopes, encontra-se no British Museum e é a única que se conhece assinada por ele.
Trata-se de uma bela e preciosa carta e está muito bem conservada. 
Sebastião Lopes raramente foi mencionado por qualquer dos grandes historiadores da cartografia, não obstante Armando Cortesão, entre muito poucos, se ocupar dele ainda que brevemente.
1558 Sebastião Lopes 
carta de Sebastião Lopes, encontra-se no British Museum e é a única que se conhece assinada por ele.
Trata-se de uma bela e preciosa carta e está muito bem conservada. 
Sebastião Lopes raramente foi mencionado por qualquer dos grandes historiadores da cartografia, não obstante Armando Cortesão, entre muito poucos, se ocupar dele ainda que brevemente.
1560 Bartolomeu Velho
Bartolomeu Velho (Lisboa, ? - Nantes, 1568) foi um matemático, cartógrafo e cosmógrafo português do século XVI.
Entre outras importantes obras, desenhou a Carta General do Orbe em 1561 para o rei Sebastião de Portugal.
No Brasil, além da detalhada nomenclatura geográfica e da apresentação da divisão administrativa em capitanias (erectas de 1534 a 1536), assinala a localização exacta de sete nações indígenas, como Tupinambás, AimorésTamoiosGuaranis, e localiza no interior uma misteriosa lagoa, o Alagoado Eupana, de onde partem  vários rios. Trabalhou durante muito tempo em França no seu tratado Cosmographia, publicado em Paris no ano da sua morte.
1561 Rusceslli Giralamo
1562 Diego Guterres
1563 Lázaro Luís
1563 Homem, Diogo
1564 A. Ortellius
1565 Lopes, Sebastião
1566 Nicolas Deslient
1567  Joan Martines, desenhado em Massine, França
1569 Giacomo Gastaldi, planisfério
1570 Ortellius Abraam
1570 Ortellius Abraam

1570-1580  mapa Ortellius A. 
1571-1644 ANGREN, Arnold Florent van
1570 Fernão Vaz  Dourado
1572 Jaime Olives
1574 Luís Teixeira
Mapa de Luís Teixeira (cerca de 1574)
Este mapa do cartógrafo português Luís Teixeira, mostra a América Lusitana com base no Tratado de Tordesilhas, após 1548, quando a Bahia foi transformada em Capitania Real. Notar existência de distorções, principalmente ao Sul. Contudo,  é um mapa que define as terras acordadas na época entre Portugal e Espanha. O mapa é parte da obra Roteiro de todos os sinais, conhecimentos, fundos, baixos, alturas e derrotas que há na costa do Brasil desde o cabo de Santo Agostinho até ao estreito de Fernão de Magalhães (original na Biblioteca da Ajuda, Lisboa). Cartógrafo português, colaborou com Abraham Ortelius no Theatrum Orbis Terrarum. Pertenceu a uma destacada família de cartógrafos cuja actividade se estende desde meados do século XVI até ao fim do século XVIII, incluindo o seu pai Pero Fernandes, o irmão Domingos Teixeira, seus filhos João Teixeira Albernaz, o Velho e Pedro Teixeira Albernaz, entre outros.
Terá sido o primeiro a utilizar linhas isogónicas

1571  Vaz Dourado  
1576 Dourado Vaz

Sobre o cartógrafo Fernão Vaz Dourado (c.1520-c.1580) existem poucos e inseguros dados e muito do que encontramos divulgado são meras suposições. De concreto, apenas chegaram até nós cinco atlas primorosamente iluminados, com datas entre 1568 e 1580, cujo autor se identifica como Fernão Vaz Dourado e, em três deles, com o título de "Fronteiro destas partes da Índia". Dois dos atlas foram desenhados em Goa, e outros dois, provavelmente também, pelas informações náuticas que incluem se referirem ao sub-continente indiano. O quinto poderá ter sido elaborado em Lisboa, a ser verdade que o autor tenha alguma vez estado em Portugal. A Dourado andou também atribuído o atlas universal de 20 cartas, complementar do Livro de Marinharia de João de Lisboa (c.1560), considerando-se, actualmente, que apenas um fragmento de um mapa figurando o Índico ocidental é também de sua autoria.
Em busca de Fernão e da família Dourado encontraram os biógrafos um Fernão Vaz Dourado ferido no celebrado segundo cerco de Diu, em 1546, e um Fernão Dourado em viagens no Índico oriental, em 1543-1544 ou em 1547. Supondo que o militar, o navegador-comerciante, e o cartógrafo-iluminador seja o mesmo homem, ele poderia ser filho de Francisco Dourado, moço de câmara, que em 1513 embarcou em Lisboa para a Índia, e lá casou, em 1519. Levantam-se ainda as hipóteses de a mãe ser indiana, de Fernão ter estudado em Goa, próximo do círculo do Colégio jesuíta de São Paulo ou, pelo contrário, ter vindo jovem a Portugal e estudado na Universidade, em Lisboa ou já em Coimbra, e de ter voltado à Corte, por breve período, no fim da vida, a acompanhar o vice-rei D. Luís de Ataíde, de quem era protegido. Tudo são suposições como é o Iluminado 171, da Biblioteca Nacional, em Lisboa, ser um atlas da sua autoria. Mas, com quase toda a certeza, trata-se de um sexto atlas de Fernão Vaz Dourado.
"Tudo é confuso e misterioso quanto à história deste atlas" - referem Armando Cortesão e A. Teixeira da Mota, que, com o 2º Visconde de Santarém foram os maiores estudiosos do autor e da sua obra. Santarém atribuiu o atlas ao cartógrafo João Freire e datou-o de 1546; os autores dos Portugaliae Monumenta Cartographica, na esteira do Conde de Ficalho e de Ernesto de Vasconcellos inscrevem-no com segurança entre os trabalhos de Dourado e dizem-no elaborado entre 1575 e 1580, provavelmente c.1576.
O volume terá dado entrada na Biblioteca Nacional durante a I República vindo das colecções reais do Palácio das Necessidades. D. Luís e D. Carlos tiveram pelo atlas uma particular atenção. O primeiro, a quem se reconhecem dotes no campo da pintura, copiou alguns dos mapas; o segundo mandou fazer um fac-símile manuscrito, exibido na primeira grande exposição nacional de cartografia, organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1903-1904. Antes, no final dos anos 40 do século XIX, sabemos ter o atlas feito parte das bibliotecas do senhor Ferron, sócio da Société de Géographie de Paris, e de João Martens Ferrão Castello Branco, exilado miguelista radicado em Paris, como o Visconde de Santarém, dedicando este último à obra uma primeira e detalhada análise. Como e quando chegou a Paris e como e quando chegou ou voltou a Portugal está por saber.
O códice encadernado é constituído por 20 fólios de pergaminho, de 38,5x51,5 cm, dobrados ao meio. Não tem frontispício, não apresenta autoria ou data e compõe-se de 1 fólio com elementos cosmográficos, 2 com tábuas de declinação solar e 17 onde se figuram cartas geográficas. Os elementos cosmográficos de interesse náutico foram detalhadamente estudados por Luís de Albuquerque na edição fac-similada do atlas, publicada pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, em 1991.
Os 17 mapas que constituem o atlas surgem ao leitor numa sequência geográfica, como se de uma viagem de circum-navegação se tratasse. A superfície da Terra observa-se através de largas e sucessivas janelas. Desde o Estreito de Magalhães são percorridos os litorais ocidentais do Oceano Atlântico até ao extremo Norte do Canadá, "saltando" o Brasil, que surgirá mais tarde, como escala na viagem Europa-Oriente. Seguem-se as costas ocidentais do Atlântico Norte, da Escandinávia à Península Ibérica, o Mediterrâneo (Ocidental e Oriental), a África ocidental, o Brasil, a África meridional, Madagáscar e a África oriental, o Índico ocidental e oriental, os litorais orientais da Ásia e os arquipélagos da Oceania, o Pacífico e, finalmente, os litorais ocidentais do continente americano.
Esta apresentação de mapas é em tudo semelhante às que encontramos nos atlas de Vaz Dourado, datados de 1570 e de 1575, eles também com 17 cartas. Aí, apenas se altera ligeiramente a localização das cartas referentes ao Brasil e às costas da Califórnia. A apresentação dos mapas dos três outros atlas de Dourado, em especial os que apresentam áreas particulares, de grande escala, terão outras leituras explicativas.
A esta sequência geográfica liga-se uma pensada construção geométrica que subjaz no estabelecimento das "janelas" e na sua própria construção interna. Quando pensamos estar perante mapas de escalas distintas, atendendo aos valores de latitudes que se apresentam, concluímos que são sempre, aproximadamente, rectângulos de 40º de latitude por 50º de longitude, apesar desta última coordenada não estar indicada e de a sua apreciação ser difícil. 
Oito dos mapas apresentam na base ou no topo a linha do Equador, prolongando-se para Norte ou para Sul perto de 40º de latitude. Dos restantes, dois têm por limite Norte o Círculo Polar Árctico, e outros dois "partem", respectivamente, do Círculo Polar Antárctico e do Trópico de Capricórnio. As excepções a esta geometrização do espaço mundial respeitam a áreas menos conhecidas: o litoral ocidental e o extremo Nordeste da América do Norte, o extremo Norte da Europa e o Pacífico. Nestes casos, os 40º de latitude contam-se entre paralelos aparentemente mais aleatórios. Haveria que estender estes exercícios a outros atlas coevos, portugueses e estrangeiros, analisando igualmente desenhos de costa, inventariando topónimos e elementos iconográficos e retendo a sua repartição espacial.
Porém, os mapas têm sido analisados quase exclusivamente a partir da toponímia inscrita e da configuração e desenho das ilhas e dos litorais. Na maior parte dos estudos, o objectivo último foi a relação entre esses aspectos e os episódios da história política e militar, como demonstração da prioridade dos portugueses na descoberta e ocupação de territórios não europeus. A hipótese de que as novas imagens cartográficas portuguesas se revelem fontes determinantes para a cartografia impressa da Europa do Norte e, mesmo, que transmitam elementos iconográficos originais e exóticos, mereceriam um estudo comparativo mais minucioso. No caso de Vaz Dourado, a quem são atribuídas inovadoras imagens cartográficas de Ceilão e do arquipélago japonês, algumas dessas análises foram já realizadas.
Tratando-se de cartografia de luxo ou de aparato, o seu processo de construção parece dever mais às regras da pintura e, concretamente, da iluminura, que da cartografia prática. O cartógrafo-iluminador terá sido antes um iluminador-cartógrafo ou, o que é mais provável, vários terão sido os técnicos e artistas implicados nas distintas fases de elaboração dos mapas. Aliás, bastaria reparar na vasta produção atribuída a Vaz Dourado para se concluir que só dificilmente um único profissional, do qual não são conhecidos trabalhos anteriores a 1568, em escassos 12 anos, poderia desenhar e pintar 115 folhas de pergaminho, 98 das quais com minuciosos mapas, ricamente decorados.
Só uma escola com experiência, oficinas e artistas em actividade, poderia responder a tais encomendas. Mas pouco se sabe sobre a existência dessa comunidade em Goa, assim como de todo o processo de construção dos mapas: desde a proveniência e fabrico do pergaminho e das tintas, aos tipos de fontes consultados e à sua origem (ocidentais e orientais, manuscritas e impressas), assim como dos métodos utilizados no desenho do fundo das cartas e no estabelecimento da sua coloração e ainda sobre a inclusão de elementos iconográficos.
Ao nome de Vaz Dourado têm sido associados os de Diogo Botelho Pereira, cuja obra se encontra perdida, e de Lázaro Luís, autor do famoso atlas de 1563, cujas cartas tantas semelhanças apresentam com as de Dourado, discutindo-se a mútua e estreita influência. Os três cartógrafos, provavelmente, nasceram e formaram-se na Índia portuguesa, representando os seus mapas o que de melhor em cartografia, aí se produziu na segunda metade do século XVI. Porém, há notícias documentais sobre a actividade cartográfica portuguesa no Oriente desde a década de 30, com Heitor de Coimbra, a qual se prolonga com Luís do Rego (c.1545), Pedro de Ataíde (1596), Mateus do Rego, "mestiço de Goa" (1601) e, finalmente, com o luso-malaio Manuel Godinho de Erédia (c.1560-1623), natural de Malaca (como Pedro de Ataíde), um dos mais brilhantes artistas da "época áurea" da cartografia portuguesa.
Mas, os mapas de Vaz Dourado não devem ser apenas comparados com os dos seus contemporâneos que trabalhavam no Oriente e com as fontes cartográficas orientais, donde podem chegar materiais e cores, informações geográficas ou elementos iconográficos. Os protótipos das cartas portuguesas realizadas na metrópole, em originais, cópias ou variantes, chegavam também periodicamente a Goa, daí as semelhanças possíveis de encontrar, cotejando Dourado com os mapas da última fase de Lopo Homem, os atlas de Diogo Homem (1561 e 1568) ou de Sebastião Lopes (c. 1565). Mas será também de considerar a influência da cartografia italiana e da cartografia espanhola.
A recepção e difusão das imagens de Vaz Dourado, em especial as do Oriente, atendendo à sua originalidade e qualidade estética, onde ressaltam os elementos decorativos renascentistas, fez-se sentir com alguma rapidez na cartografia impressa do Norte da Europa, como é o caso da inserta na obra de Linschoten ou a difundida nas edições da obra de Ortelius. A partir dessas imagens se elaboraram novas versões, impressas ou manuscritas, por todo o Mundo.
João Carlos Garcia - Professor do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da UP
1578 Juan Martines 
 1580 Bartolomeo Olives
1580 a 1600 Santa Cruz Alonso
1583 Sebastião Lopes
 1587 Juan Martines
1589 Baptista Boazzio 
1590 Pedro Lemos e Sebastião Lopes
1592 Sgrooten Crhistian
 
1596 Jan Huygen e Van Linschoten
1592 pigaffeta, Fillipo 
1592 pigaffeta, Fillipo 
1597- 1612 João Baptista Lavanha 
1598  Abraham Ortellius
1599 Century Ottoman Atlas
1600  Luís Teixeira
1600 Thomae
1601 Guillaume  Levasseur Dieppe
1606 Jodocus Hondius
1607  Kaerius Petrus
1612 Barent Langenes
1613 Pierre Vauls
1623 António Sanches
1630 João Teixeira Albernaz
 1630 anónimo Macau
 1635 Wilem Blaeu
1638 Wilem Blaeu
 
1640  João Teixeira Albernaz
1640 João Teixeira Albernaz
1650 Jean Blaeu
1675 Frederick De Wit
1679 Du Val
1680 Johannes Van Keulen

1640 João Teixeira Albernaz
 1650 mapa J. Janssonius 
 
1675 Frederich De Wit
1680 Johannes Van Keulen
 1630 Mapa do Reino do Congo , com a " Ilha e Porto de Loanda " , de Gerardo Mercator




1630, João Teixeira Albernaz
 1686 mapa de Allain Manesson Mallet (1630-1706), impresso em Frankfurt 
1675 Frederick De Wit
1680 Joannes Van Keulen
 
1710 Afrique FER, Nicolas de, 1646-1720
1717 Mapa d
1727 Mapa d
1749 mapa 
1754 mapa Jacques Beline 
1757  mapa Nicholas Bellin 
 1784 mapa costa marítima Angola 
1784 Carta da costa da Guiné PAGANINO, Jacinto José, 1782-1784
1790 mapa de Pinheiro Furtado –Tenente Coronel
1771  mapa R. Reynolds 
1748 mapa 
 
 
 

  
 
 
 1804 Johann Cristoph Matthias
1860  Kiepert Heinrich
  
mapa  Angola de 1885
1877 mapa África Austral
  

1860 Kiepert Heinrich
1860 mapa de Angola
 1877 a 1880 Entre Luanda e Ambaca
 1887 expedições terrestres em Angola
1887 embocadura rio Zaire
 
 
 
1860 Mappa dos reinos de Angola e Benguella

1860 Kiepert Heinrich
1885 KIEPERT, Richard, 1846-1915
1887 a 1880 mapa Angola entra Luanda e Ambaca
1877 expedições em Angola 
1887 embocadura rio Zaire
   
 
 
 
 
 
1890, de 11 de Março mapa esboço 
O “ Mapa Cor-de-Rosa” e o Ultimato inglês
Na década de 1880, sobretudo após a conferência de Berlim, Portugal jogava os seus principais  trunfos no projecto africano. As viagens de exploração davam bons resultados, permitindo um conhecimento do terreno e a delimitação dos territórios que os governantes portugueses julgavam poder subtrair à rapina da competição europeia. Pouco a pouco, com habilidade diplomática, jogando com as diversas rivalidades entre as várias potências e, sobretudo com rapidez de acção no terreno, o projecto português ganhava contornos mais nítidos. E que projecto era este? Nada menos que reclamar a posse de uma vasta região que se estendia desde Angola a Moçambique, abarcando os territórios intermédios e desenhando uma larga faixa na África Austral, a que se chamou “Mapa Cor-de-Rosa”. Apesar de alguns reveses diplomáticos, o projecto continuava a ser viável. Em 1886, Portugal conseguiu que a França e a Alemanha reconhecessem as fronteiras Norte e Sul de Angola e Moçambique, vizinhas das suas próprias colónias. Os portugueses podiam então avançar para o interior ; o que foi preparado em 1888 e 1889. Subitamente, porém, surgiram obstáculos inesperados. Várias populações do interior não aceitaram a presença portuguesa, alegando obediência à rainha de Inglaterra. Aqui , a imprensa acusava os portugueses de atacarem tribos aliadas de Sua Majestade. O governo inglês, que sempre se opusera às pretensões portuguesas, tanto mais  que ambicionava ligar o Cairo à cidade do Cabo por caminho de ferro (o que o “Mapa Cor-de-Rosa” impedia), viu aqui um bom pretexto para agir
No dia 11 de Janeiro de 1890, a Inglaterra entregava a Portugal um ultimato: ou os portugueses se retiravam da região entre Angola e Moçambique, ou corriam o risco de entrar em guerra com os ingleses. O governo português, encurralado, cedeu, o que levou a grandes manifestações de indignação por todo o país, contra a perfídia da Inglaterra e a fraqueza  ministerial. Chegou mesmo a ser feita uma subscrição pública para adquirir um vaso de guerra, o Adamastor, que iria defender os brios nacionais da ofensa cometida. A realidade, porém, era outra: Portugal como uma pequena potência, tinha ido longe demais nas suas pretensões e ambições, que não foram contrariadas até ao momento em que colidiram com os interesses da maior potência mundial- a Inglaterra.  
 1891 BARTHOLOMEW, John George, 1860-1920
 mapa Angola de 1892
1902 DINIS, Miranda, 1858 -1943
1929 carta escolar Angola


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