quinta-feira, 5 de abril de 2012

" rio Zaire ou Congo"


Bacia hidrográfica do rio Zaire ou Congo

O rio Zaire ou Congo, rio da África Central o oitavo maior rio do mundo e o segundo de África com 4700 quilómetros de comprimento nasce nos Planaltos Centrais da Zâmbia e do Shaba, Catanga, nas montanhas do Rift, na República Democrática do Congo, drenando todas as águas da zona equatorial africana, razão pela qual o seu caudal é o segundo maior do mundo. Possui uma bacia hidrográfica de 3 888 000 quilómetros quadrados , apenas superada pelo rio Amazonas da América do Sul.

Baía de Lualaba, nome do rio Zaire ou Congo até Kisangani e ao longo da passagem sobre o dique, via Sudoeste


rio Zaire ou Congo Maluku,perto de Kinshasa

Tem o nome de Lualaba até Kinsangani e o Cassai, antes de desaguar no Pool Malebo, antigo Stanley Pool, situado entre Kinshasa e Brazaville.
rio Zaire em Pool Malebo, Kinshasa e Brazaville
 
Para jusante de Matádi é acessível a navios de alto mar. Navegável por troços, tem um regime bastante regular, sendo a pesca muito activa.

rio Zaire nas cataratas a montante Matádi

rio Zaire e foz do rio M'Pozo, em Matádi

rio Zaire ou Congo, em Matádi

O rio Zaire ou Congo, denominado rio Zaire no antigo Zaire entre 1971 e 1997, é o segundo maior rio de África, após o rio Nilo e o nono do mundo, com uma extensão total de 4.700 Km, o primeiro em extensão de água chegando a debitar mais de 80.000 m3/s de água.
 
 
  
 rio Zaire visto da cidade de Boma, RDCongo


 
 rio Zongo afluente do rio Zaire 

Zaire" é uma corruptela portuguesa do termo "nzadi" que, em Kikongo, língua dos povos do Congo, os bacongos, quer dizer "grande rio".Nazadi ou Nzade significa também "o rio mais importante de certa região".
A principal extensão do rio atravessa a República Democrática do Congo.
  posto avançado Pedra do Feitiço -fuzileiros navais, foto 1970

rio Zaire na Pedra do Feitiço

Pedra do Feitiço

A 120 Km, ou 65 milhas náuticas da sua foz, na margem esquerda estabelece  fronteira terrestre no município de Nóqui, em Angola, com a RDCongo.

Ao atravessar o lago Moero, recebe as águas do lago Tanganica, formando as famosas cataratas de Levingstone, com cerca de 32 cachoeiras.
É o único rio da Terra que atravessa duas vezes a linha do Equador.
Pedra do Feitiço, margem esquerda do rio Zaire

Os seus principais afluentes são: o rio Ubangui, pela margem direita,  o rio Cassai, pela margem  esquerda. O seu regime depende das chuvas equatoriais, cuja  bacia é coberta por impenetráveis florestas equatoriais. 
Outros afluentes de interesse :Alima, Aruwimi, Elila, Inkisi, Itimbiri, Kwa, Lomami, Lowa, Lufira, Lukuga, Lulonga, Luvua, Mongala, Sangha, Ruki, Oubangui, Ubangui
Sendo o 2º rio do mundo em caudal e também o 2º em área de bacia hidrográfica, apenas é ultrapassado pelo rio Amazonas.
Posto avançado da Quissanga -fuzileiros navais, foto 1970

Banha duas capitais vizinhas: Brazaville, da República do Congo, na margem direita e Kinshasa, da República Democrática do Congo, na margem esquerda.
O primeiros europeus a chegar ao Rio Congo foi  a guarnição do navegador português Diogo Cão [ Caão ou Cam] em Abril de 1483, ao serviço de  D. João II, rei  de Portugal.
O rio recebeu o  nome do antigo Reino do Congo, localizava-se nas terras em redor da sua foz.
rio Zaire, vista aérea do município de Nóqui, Angola
 
rio Zaire, na Pedra do Feitiço, Angola

Devido à constância do seu enorme caudal, é navegável por barcos de grande tonelagem até  Matádi, da República Democrática do Congo, distando a 5 Km a montante de município de Nóqui em Angola. 
  rio Zaire para jusante de Nóqui, Angola

rio Zaire, em Nóqui, fronteira terrestre com a RDC.

As cataratas de Yellala, encontram-se a 2 milhas a montante de Matádi, a seguir ao afluente  do rio M'Pozo, localizado na margem esquerda do rio Zaire

Foz do rio Zaire ou Congo
estuário da foz do rio Zaire

O rio Zaire ou Congo desagua no Oceano Atlântico sensivelmente à latitude 6º Sul. A largura da foz do rio Zaire ou Congo tem 30 milhas aproximadas entre a Ponta da Moita Seca, terra mais bojante para Oeste das que ficam perto e para Sul da margem esquerda e a Ponta de Banana que é o extremo da sua margem direita.

Medeiam umas 24 milhas entre as pontas de Banana e de Stº António (Shark's). 7 milhas  entre a cidade de Banana e a Ponta de Stº António, sita para ENE daquela.
foz do rio Zaire ou Congo, e Stº António do Zaire, Sazaire, foto década 1970

A bacia que se dilata entre aquelas quatro pontas, Ponta de Bulambemba na cidade de Banana, na margem direita por um lado, e de Stº António e Moita Seca na margem esquerda pelo outro, é muito larga da banda do Oeste, estreita e ainda mais porque entope boa parte o banco da Mona Mazea ou Bulambemba na banda de Este, é que despeja o rio Zaire.

estuário e baía de Diogo Cão da foz do rio Zaire e base petrolífera do Kuanda, da cidade do Soyo, margem esquerda

São as margens do rio baixas, pantanosas e cobertas de fechado matagal, com suas palmeiras e outras árvores à mistura.
Mais ao longe erguem-se dunas arborizadas, da ponta de Stº António (Shark's), se levanta uma muito mais alta que o terreno adjacente.
A meados de Novembro, mês e meio após o começo do tempo das águas de chuva, se enche o rio Zaire até uns 2,7 metros acima de seu nível ordinário

Vai sempre arrebatado, levando   pelas águas muitas e grandes ilhas, formadas de raízes de plantas sem conta, recobertas de bambus e de ervas. Algumas dessas ilhas chegam a 90 e 100 metros de comprido,  por irem muitas vezes de encontro aos navios fundeados no rio, que os pode pôr em grande risco.
Existe alguma confusão na nomenclatura das três pontas  figurando nas cartas antigas com os nomes de Shark's Point, Turtle's Point e Point Padrou,  que se conheciam por  pontas de Santo António, do Padrão e da Moita Seca.
canal ou muíla a Sul da Ponta do Padrão

Denomina-se ponta do Padrão à Turtle's moderna, por  ter sido junto desta, entre os arbustos, que se encontraram as relíquias da réplica do padrão de Diogo Cam, o nome de ponta de Santo António à Shark's, devido às  relações antigas de contacto com os navegadores  portugueses duma ponta com esse nome, e não existir outra por ali, a não  ser aquela do extremo da península que fecha à banda do Oeste a enseada de Stº António.
ponta do Padrão e terminal Kuanda base,  2 Km da cidade do Soyo, Sazaire ou Stº António do Zaire

As  causas que se  atribuem as grandes cheias do rio são  as chuvas equatoriais, e o sopro   com muita força da brisa marítima, que  retardam o escoamento das águas.
Dentro do arco de círculo descrito da foz do rio Zaire com o raio de 35 milhas, vai a corrente exterior para NNO., ao Norte do paralelo da ponta Banana; para ONO, no paralelo dessa ponta, e para SO. ao Sul do paralelo da ponta da Moita Seca, variando a sua força.
mangal do  rio Zaire

canal de acesso à foz do rio Zaire, margem esquerda

Correm as águas junto à margem esquerda paralelamente a ela, isto é, para O4SO na enseada de Stº António, baía de Diogo Cão,; porém vão para Norte até à altura da ponta de Stº António, cingem-na de perto, seguem para OSO desde o seu meridiano, tornam para Oeste a meio rio, entre a ponta Banana e a margem esquerda; para N4NO ou NNO perto da ponta Bulambemba, isto é para cima dos baixos de Moanda, donde se dirigem para a ponta Banana.
 
rio Zaire ou Congo

Pelo rio acima discorrem paralelamente às duas beiras.
Consiste na existência de uma corrente que vai por debaixo da superficial, na  direcção contrária,  em calma, cerca de milha a milha e meia por hora,   as águas da superfície  levam  a velocidade de 4 a 5 nós.
margem direita da foz rio Zaire, ponta Bulambemba, Banana RDCongo

Na ponta Bulambemba ou  Mona Mazea,   morre,  propriamente, a margem direita do rio Zaire ou Congo; a ponta é baixa,  tem na sua parte meridional várias árvores que, extremando-a do terreno vizinho,  servem-lhe de baliza.
Ficam a 6°2'Sul. Segue dali para E4NE. na mesma margem, toda baixa, arborizada e retalhada de inumeráveis esteiros.
Pela altura da ponta Banana termina a serrania, que vai desde a ponta Bulambemba, correndo paralelamente à beira-mar,  tão achegada que vista de longe parece banhada do mar.
Várias árvores solitárias se levantam sobre esses outeiros,  sítios há, como a 18 milhas da Banana, para SOi3/*O. Desta, e para NO. da ponta de Santo António, donde se vê apenas até certa altura uma renque de árvores, com suas clareiras de espaço a espaço, e mais para a direita as colinas que descaem quase a prumo.
base petrolífera do Kuanda, Soyo, Sazaire - Angola

Mais para a direita ainda, se percebem as terras da margem esquerda do rio, e para Sul delas a ponta de Santo António com seu arvoredo alto.
Fica a ponta de Santo António à latitude  6° 4' 36" Sul e longitude 21°20' 8" Este, que é  o extremo de uma península baixa e arborizada, que se estende para NE,  no seu focinho se levanta um mangal bastante alto; deita fora uma restinga muito curta.
foz  do rio Zaire e península extrema da margem esquerda da Ponta do Padrão

Encurva-se a terra para Este dessa ponta, para formar a enseada de Santo António, baía do Sonho ou enseada de Diogo Cão, quase toda entupida de baixios com 2,7m de água,  separados uns dos outros por uns canais estreitos e tortuosos, abertos  pelas águas dos canais que por ali despejam.
Ali se levanta um povoado,  com duas espécies de mangues crescem por ali, bem como ao comprido das duas margens do rio; são arbustos deitando muílas ramadas duma dessas espécies,  árvores com uns bons 30 metros de alto,  caules enfeixados nos seus 7 metros de comprido. 

estuário da baía de Diogo Cão da foz do rio Zaire e base petrolífera do Kuanda, da cidade do Soyo, margem esquerda

A 16 km da ponta de Santo António, existe ou existia uma ermida em ruínas do mesmo nome, edificada pelos frades missionários barbadinhos; encontra-se  nessa ermida, uma imagem do thaumaturgo, mais alta que um homem regular e com sua coroa de prata, outra imagem da Virgem, dois crucifixos e metade de um sino com a data de 1750.
pôr do Sol na  Ponta do Padrão

Perto da aldeia do M'Pinda se  ergue uma árvore chamada dos Ingleses, por sombrear a campa  de um inglês,  uma pedra comemorativa da estada de outro.
 4ª réplica do padrão  São Jorge, na Ponta do Padrão

A ponta de Santo António é muito íngreme das bandas do Norte e Oeste, onde se encontram 13 metros junto à praia de areia: decresce porém essa fundura a 3,6 metros logo para Este do meridiano da ponta,  a 7 e 9 metros mais ainda para Este.
península  extrema margem esquerda, Ponta do Padrão, foz do rio Zaire

A terço ou quarto de milha dela, porém, se pode navegar por todos os lados.
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península extrema da margem esquerda da foz do rio Zaire, Ponta do Padrão


placa indicativa caminhos da história, Ponta do Padrão

Obra de 2 milhas e dois terços para SO4O. da ponta   de Santo António, em 6º 6' Sul e 21°18' 15"E., está a ponta do  Padrão (Turtle's), baixa, pouco saída. Não tem vegetação alguma na extremidade, mas cobre-se dela na parte mais alta, onde se vêem seus arbustos, separados uns dos outros, copados por cima,  quatro árvores que fazem como cálix.
 4ª réplica do padrão  São Jorge, na Ponta do Padrão

Foi ali que a guarnição do navegador Diogo Cam, cavaleiro da real casa de D. João II, levantou, para perpetuar a memoria do descobrimento,  atestar a posse que tomava, um comprido padrão de pedra, a que deu o nome de S. Jorge, tendo de uma parte as quinas reais de Portugal, com uma cruz por cima e um letreiro em letras portuguesas de estilo gótico que mostravam qual o rei mandara descobrir aquela terra, em que tempo, qual o capitão que pusera o marco.
(texto adaptado do 1º tenente da armada engenheiro e hidrógrafo, Alexandre Magno de Castilho 1866)
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O rio Congo ( mais conhecido por rio Zaire) é o  mais profundo do planeta,   há um peixe que o prova.
Por  ZAP  - fonte:

Lamprologus lethops, espécie de peixe que vive no baixo Congo

Segundo o Live Science, o primeiro vislumbre dos cientistas relativamente às profundezas do baixo Congo começou há mais de uma década, devido aos peixes pálidos e cegos que só apareciam quando já estavam a morrer ou mortos.
Melanie Stiassny, curadora do Departamento de Ictiologia do Museu de História Natural de Nova Iorque, nos Estados Unidos, estuda a biodiversidade e a evolução dos peixes nos rápidos turbulentos do baixo Congo, os últimos 322 quilómetros antes de o rio desaguar no Oceano Atlântico, na República Democrática do Congo.
Na apresentação da investigação, em Dezembro de 2019, no encontro anual da União Geofísica Americana (AGU), Stiassny afirmou que mais de 300 espécies de peixes foram encontradas apenas no baixo Congo.
Os rápidos são tão poderosos que separam fisicamente as populações de peixes, fazendo com que novas espécies evoluam, mesmo quando não há muita distância física a separar os animais dos seus parentes próximos. E houve uma que se destacou.
“Num lugar, encontrámos um peixe estranho: um ciclídeo cego e despigmentado — que se parece muito com um peixe de caverna, embora não haja cavernas neste rio”, declarou.
“Quando um destes peixes morreu na minha mão, formaram-se bolhas sob a pele e sob as guelras”, disse a investigadora, referindo que este era um claro sinal do síndrome de descompressão. Durante um rápido aumento de águas muito profundas para profundidades mais rasas, a pressão cai acentuadamente e faz com que gases dissolvidos formem bolhas dentro do corpo. Se não for tratada, esta condição pode ser fatal.
Este fenómeno levou, então, à pergunta que os investigadores não tinham considerado anteriormente: Poderia haver águas realmente profundas no baixo Congo? Para responder a isso, a equipa colocou caiaques nos rápidos, implantados com equipamento para medir a profundidade do rio, e usaram um perfilador hidro-acústico para medir a direção e a velocidade das correntes ao longo da coluna de água.
Os resultados da investigação, segundo Stiassny, foram “espantosos”. O fundo do rio no baixo Congo fica a mais de 200 metros abaixo da superfície. Além disso, os dados também mostraram que há correntes poderosas a circular pela água, criando jactos fortes que disparam do fundo do rio até à sua superfície.
Um pequeno peixe que viva perto do fundo do rio e que nade num desses jactos seria rapidamente lançado à superfície centenas de metros, onde morreria pelas curvas, explicou a investigadora.
Agora que a morte misteriosa destes peixes já foi explicada, a equipa quer perceber porque é que algumas das populações de peixes que estão isoladas umas das outras apresentam características semelhantes, um processo conhecido como evolução convergente.

6 comentários:

  1. Gostei, mas quero efectivamente saber se o rio nasce perto do planalto central em Angola descendo pra a Lunda, na zona do lago Dilolio

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    1. Estava perguntando ao grupo sobre o rio cassai que é afluente do rio Congo.

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    2. Caríssima
      Sim, o rio Cassai nasce a Norte ou Noroeste do Lago Dilolo em Angola. Inicialmente o rio corre no sentido dos pontos cardiais Oeste/Este até à fronteira com a RDCongo. Na fronteira desagua o rio Luau vindo do Sul engrossando o caudal. O rio Cassai nesse ponto segue a direcção do Norte até à região da Lunda mais a Norte servindo de marco fronteiriço natural com a RDCongo, formando vários deltas que se juntam já em território da RDCongo. Neste território segue a direcção de Noroeste efectuando uma ligeira curva até desaguar no rio Congo ou Zaire a Nordeste da cidade de Kinshasa/Brazaville.
      Muito obrigado pela atenção

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  2. Gostaria de ver imagem do lago Dilolo e o percurso do rio cassai ao sair de Angola ok? Obrigada.

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    1. Em breve irei postar em imagem satélite o lago Dilolo, Angola e o percurso do rio Cassai a fazer de fronteira com a RDCongo até à sua foz no rio Zaire ou Congo.

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