quinta-feira, 15 de julho de 2010

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A "Mona Lisa" de Leonardo da Vinci - Análise da obra


A pintura "Mona Lisa", realizada pelo pintor renascentista Leonardo da Vinci, representa uma enigmática figura feminina sobre uma paisagem que tem sido interpretada como o retrato de uma dama, provavelmente florentina. Apesar das reduzidas dimensões que apresenta (setenta e sete por cinquenta e três centímetros), adquiriu um significado mítico que ultrapassa em muito a sua real importância para a história da arte, eclipsando outras obras de maior interesse do seu próprio autor. Este fascínio advém em grande parte da ambígua e idealizada expressão da personagem, transmitida pelo seu misterioso sorriso. Imersa numa enigmática e complexa teia de interpretações pouco consensuais, esta pintura tem vindo a iludir todas as tentativas de atribuição cronológica e de identificação da figura representada.

Uma das versões, que recolheram maior unanimidade ou, pelo menos, maior divulgação, deve-se ao historiador e artista Giorgio Vasari que, em meados do século XVI, atribuiu a execução desta pintura a 1505. Vasari procurou com esta cronologia acentuar o seu retracto de um Leonardo genial (ideia que ainda perdura), tornando-o no mais importante e influente pintor renascentista. De facto, esta data permitia-lhe estabelecer uma filiação leonardesca para muitas pinturas de retractos da autoria de outro importante pintor renascentista, Rafael e realizadas precisamente por volta desta data. Segundo autores mais recentes, as características formais e estilísticas, nomeadamente ao nível da paisagem, do tratamento da cor e da modelação do planeamento, remetem esta obra para um período mais tardio, posterior a 1510. É de facto possível estabelecer um paralelo entre esta pintura e a solução cromática do negro sobre negro do quadro "A Virgem dos Rochedos".

Outra das dificuldades tem sido a interpretação temática (embora seja quase dogmaticamente reconhecido como um retracto) assim como a identificação da figura representada. Em 1550 Vasari atribuiu a uma pintura de Leonardo o nome de Gioconda, identificando a personagem como sendo Lisa Gherardini, mulher do mercador florentino Francesco del  Giocondo, embora sem qualquer prova documental. No entanto só em 1625, Cassiano del  Pozzo identificou esta pintura com o retracto da Gioconda descrito por Vasari. Apesar de esta teoria ter sido posta em causa, é geralmente aceite que este quadro é o retracto de uma dama florentina.

Lillian Schwartz, cientista dos Laboratórios Bell, sugere que a Mona Lisa é na verdade um auto-retrato de Leonardo, porém, vestido de mulher. Esta teoria baseia-se no estudo da análise digital das características faciais do rosto de Leonardo e os traços do modelo. Comparando um possível auto retracto de Leonardo com a mulher do quadro, verifica-se que as características dos rostos alinham perfeitamente. Os críticos desta teoria sugerem que as similaridades são devidas ao facto de ambos os retratos terem sido pintados pela mesma pessoa usando o mesmo estilo.

A historiadora Maike Vogt-Lüerssen, sugeriu que a mulher por trás do sorriso famoso é Isabel de Aragão, Duquesa de Milão, para quem Leonardo da Vinci trabalhou como pintor da corte durante 11 anos.  O padrão do vestido verde escuro de Mona Lisa indica, segundo este estudioso, que o modelo é um membro da casa de Visconti-Sforza. O retracto de Mona Lisa terá sido o primeiro retracto oficial da nova Duquesa de Milão e pintado no Inverno ou Verão de 1489. São comparados cerca de 50 retratos de Isabel de Aragão, representada como a Virgem ou Santa Catarina de Alexandria  e conclui que a semelhança com a Mona Lisa é evidente.

Tal como todos os quadros de Leonardo da Vinci, esta pintura foi realizada sobre tábua (embora em Itália fosse já frequente a utilização de suportes em tela, desde o início da carreira do artista). Abandonando a têmpera, o pintor utilizou tintas de óleo que lhe permitiram aplicar, tanto na figura como na paisagem, um processo expressivo conhecido por sfumatto (esfumado). Este processo consistia na modelação das formas através de gradações delicadas de luz e sombra, obtidas pela mistura suave dos tons e das cores e pela diluição dos contornos, criando uma atmosfera velada e difusamente iluminada.

O grande rigor, perfeição e meticulosidade da representação de todos os elementos contidos no quadro foram suportados pelo aprofundado conhecimento da realidade (possibilitada pelo espírito analítico e científico de Leonardo) e pela observação cuidada dos fenómenos e dos objectos que pintou.

O quadro "Mona Lisa" encontra-se exposto no Museu do Louvre em Paris. A obra terá sido levada para França pelo próprio Leonardo, quando  foi convidado por Francisco I de França para trabalhar na sua corte. Francisco teria então comprado a pintura, que passou a estar exibida em Fontainebleau e, posteriormente, no Palácio de Versailles.

Só após a Revolução Francesa o quadro foi exposto no Museu do Louvre, onde se conserva até hoje. Napoleão Bonaparte ficou apaixonado pelo quadro desde a primeira vez que o viu, e mandou colocá-lo nos seus aposentos. Porém, durante as guerras com a Prússia, a Mona Lisa, bem como outras peças da colecção do museu francês, foi escondida num lugar seguro.

A 22 de Agosto de 1911, cerca de 400 anos após ser pintada por Leonardo da Vinci, a Mona Lisa foi roubada. Muitas pessoas, incluindo o poeta francês Guillaume Apollinaire e o pintor espanhol Pablo Picasso, foram presas e/ou interrogadas sob suspeita do roubo da obra-prima da pintura italiana. Quanto a Guillaume Apollinaire e a Pablo Picasso, foram libertados meses mais tarde. Acreditou-se, que a pintura estava perdida para sempre, que nunca mais iria aparecer. Todavia a obra apareceu em Itália, nas mãos de um antigo empregado do museu, Vincenzo Peruggia, que era de facto, o verdadeiro ladrão.

A pintura foi restaurada numerosas vezes. Exames de raios X mostraram que há três versões escondidas sob a actual. O revestimento em madeira mostra sinais de deterioração numa taxa mais elevada do que se pensou previamente, causando preocupação dos curadores do museu sobre o futuro da pintura.

Fontes: Mona Lisa. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-05-18].





O MUSEU VIRTUAL


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Obra raramente é retirada de um cofre subterrâneo. Em Turim, acreditam que o olhar do retrato dá poder a quem o observa e por isso esconderam-no de Hitler.
auto retrato de Leonardo Da Vinci

É um dos auto-retratos mais famosos do mundo, tem cerca de 500 anos e raras vezes tem sido oferecido aos olhares do mundo. A Biblioteca Real de Turim é a detentora do desenho a sanguínea - uma espécie de giz vermelho - em que o próprio Leonardo Da Vinci passou para o papel os traços do seu rosto. E tem-no fechado a sete chaves numa sala subterrânea que pretende evitar danos maiores, causados pela inexorável passagem do tempo.
Mas o auto-retrato de Leonardo, cuja história é tão antiga quanto surpreendente, está exposto a partir de hoje e até ao próximo dia 15 de Janeiro de 2015, numa mostra a que a Biblioteca Real de Turim chamou "Leonardo e os Tesouros do Rei". Quase uma centena de obras-primas da colecção da instituição, entre cartas náuticas, manuscritos ou desenhos de Raffaello, Carracci, Perugino, Van Dyck e Rembrandt deixaram os cofres a que normalmente estão confinadas e estarão acessíveis ao público nas salas abertas da biblioteca durante pouco mais de dois meses.
Todas as obras são autênticas preciosidades, mas só uma delas tem estatuto especial: o auto-retrato de Da Vinci é tão valioso e simbólico que, por exemplo, só pode ser deslocado com autorização do governo italiano e o seu transporte exige uma "caixa especial" capaz de manter as mesmas condições de temperatura e humidade da sala subterrânea onde está guardado. Esta caixa é depois acondicionada dentro de várias outras caixas, com o objectivo de evitar qualquer vibração. E o veículo onde for transportada será monitorizado remotamente, acompanhado por uma escolta armada.
O processo é extremamente complexo e, segundo a BBC, é pouco provável que se repita mais vezes: a última ocasião em que o auto-retrato de Leonardo saiu da Biblioteca Real de Turim foi em 2011 para uma exposição no palácio de Venaria Reale, nos arredores da cidade, que marcava os 150 anos da reunificação italiana.
Só nestes casos especiais a instituição equaciona mostrar o desenho de Da Vinci, pelo que a exposição agora inaugurada é uma excelente oportunidade para observar a obra datada de 1515, ainda que alguns peritos considerem que o estilo e a técnica do desenho se identificam mais com os trabalhos de Leonardo na década de 1490. Há mesmo quem se recuse a acreditar que tenha sido Leonardo o autor do retracto, em consequência das convicções do próprio: Da Vinci acreditava que a arte devia representar um ideal e não a face do artista.
Na realidade, sabe-se ainda muito pouco sobre este retracto com cinco séculos. O que domina são sobretudo os mitos construídos em volta do homem que surge no desenho: seja ou não Leonardo Da Vinci, tem um olhar tão intenso e penetrante, mesmo do papel, que os próprios especialistas que se dedicaram à sua restauração admitiram ter arrepios enquanto trabalhavam na obra.
Em Itália, acredita-se que o desenho tem poderes ocultos e na própria cidade de Turim existe o mito de que aqueles que observam o auto-retrato de Leonardo são imbuídos de força e poder. Ao ponto de, durante a Segunda Guerra Mundial, a obra ter sido retirada de Turim e levada para Roma sob sigilo: o objectivo era evitar que caísse nas mãos de Hitler, dando-lhe ainda mais poder. Da colecção de manuscritos e desenhos da Biblioteca Real de Turim, foi o único a ser deslocado. O actual director da instituição, Giovanni Saccani, disse à BBC que, ainda hoje, ninguém sabe o local onde foi mantido fora do alcance dos nazis.
Na altura, não danificar a obra terá sido a última das preocupações na operação de transporte, pelo que o desenho está hoje muito deteriorado e é conservado em condições absolutamente excepcionais, numa sala subterrânea da Biblioteca à qual só é possível aceder através de portas blindadas e que foi construída em 1998 especificamente para guardar o desenho e outros manuscritos valiosos. A luz natural não entra neste compartimento e a iluminação faz-se unicamente através de fibra óptica. A temperatura é mantida a uns constantes 20º e a humidade a 55%. A caixa de protecção do desenho é feita de um tipo de vidro "anti-tudo", ironiza o director da Biblioteca, e a área é permanentemente vigiada com câmaras de segurança e tem alarmes de todo o tipo.
Na penumbra, Saccani usa uma tocha especial para iluminar o caminho e que mostra também as manchas e as marcas bem visíveis no papel frágil em que Da Vinci desenhou o seu auto-retrato. Na parte inferior esquerda do desenho havia uma inscrição que dizia "Leonardus Vincius", mas desvaneceu-se completamente no decorrer dos últimos 200 anos.
A única garantia que a Biblioteca Real pode oferecer é que desde que a obra-prima está guardada nas catacumbas do edifício, os danos não se agravaram. "Este facto conforta-nos", explicou à BBC o director da Biblioteca. "Temos de recordar que este é um desenho com 500 anos. Os desenhos que fizemos na escola já nem sequer existem e este foi feito em papel comum, por isso é extraordinário que hoje consigamos expor esta obra-prima".
A forma como o desenho acabou em Turim também é curiosa: foi comprado em 1839 pelo rei Carlos Alberto de Sabóia, por um valor exorbitante para a época: 70 000 liras, quando na altura o salário de um médico, por exemplo, não ultrapassava as 1000. O vendedor, Giovanni Volpato, também era curador e nunca revelou como conseguiu o auto-retrato de Leonardo. E, além do preço, apresentou ao rei outra contrapartida: queria ser o curador dos desenhos da Biblioteca Real de Turim. O monarca acedeu e Volpato, que já tinha o que queria, até lhe fez um desconto: vendeu-lhe o desenho por 50 000 liras e dispensou pagamento pelos seus serviços de curador. Ainda assim, o rei levou oito anos a pagar-lhe o auto-retrato em prestações.
A nova iluminação da capela foi feita em conjunto pelas universidades de Roma, de Budapeste e de Barcelona
 
  
 
 
  

Fotografia © GIULIO BROGLIO
 
Os frescos de Miguel Ângelo no tecto da Capela Sistina são  agora [ 30.10.2014], iluminados por focos que imitam a luz natural.
Para celebrar os 450 anos da morte de Miguel Ângelo, o Vaticano estreia um novo sistema de iluminação na Capela Sistina que permite aos visitantes do monumento ver o tecto como ele era quando foi pintado, quando era banhado pela luz natural.
Foi há 502 anos que se inauguraram os frescos da Capela Sistina, que na altura eram iluminados pelas amplas janelas na parte de cima do edifício. Em 1980, porém, o Vaticano optou por clausurar as janelas, para evitar que a luz solar danificasse a obra de arte, e colocar alguns focos artificiais como substituição.
A partir desta quinta-feira, porém, o sistema de iluminação dos frescos é feito especialmente para imitar a luz natural. Conforme reporta hoje o El Mundo, este projecto pertenceu às universidades de Sapienza, em Roma, de Budapeste e de Barcelona, que trabalharam juntas para criar a nova iluminação.
A instalação é composta por 7000 LEDs (emissores de luz) que conseguem a iluminação uniforme que faz com que seja muito mais fácil ver os pormenores da pintura.
"O novo sistema de iluminação exalta todas as maravilhas, incluindo os mais pequenos detalhes, daquela que é sem dúvida a antologia artística mais importante do Renascimento italiano", diz o director dos Museus Vaticanos, Antonio Paolucci, citado pelo El Mundo.

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