D. João II, desejoso de apertar
relações de grande amizade com o rei do Congo, Nzinga-a-Kuvu, de fazer
regressar os homens de lá trazidos, 4 (quatro) reféns do baixo Soyo, de recolher os 2 (dois) emissários portugueses enviados ao rei do Congo em Maio de 1483 e lá deixados , de prosseguir na
descoberta do caminho marítimo para a Índia, enviou no segundo semestre de
1485, a guarnição de Diogo Caão [Cam] nesta
segunda viagem, com duas caravelas.
Para o rei do Congo, Nzinga-a-Kuvu,
uma embaixada com ricas prendas, ofertas de amizade e recomendações para rei do
Congo renegar ídolos e feitiçarias abraçando a religião cristã.
Iam como missionários Fr. João da
Costa e alguns seus súbditos do convento de Stª Catarina de Santarém. [história
de Angola – Ralph Delgado e memórias relativas ao Convento de São José de
Luanda, revista Diogo Caão [Cam] do padre Ruela Pombo, IV série pág. 173].
caravela Vera Cruz
Nesta 2ª viagem de exploração
marítima, a guarnição levava a bordo (2) dois padrões de pedra calcária,
diferentes dos da 1ª viagem de exploração, com as modificações neles operadas.
Escudetes virados para baixo,
supressão da flor-de-lis, inscrições em português arcaico e latim
respectivamente, de acordo com a reforma operada à Bandeira Portuguesa pelo
monarca em Março de 1485.
Iniciada a viagem em Setembro de 1485,
a guarnição dirigiu-se para S. Jorge da Mina, Gana, entreposto comercial.
Aparelhados em S. Jorge da Mina, rumou
de seguida para o estuário do rio Zaire ou Congo [rio Poderoso].
baía do Loango Congo,Brazaville
A frota foi ter ao,Golfo del Judeo,
”, baía do Loango, 4º 60’ Sul. [ elementos do comandante
Fontoura da Costa], [mapa - mundi de Henricus Martelus Germani de 1489].
Seguindo a derrota do Sul, entrou no
“Golfo das Almadias”, baía de Cabinda, latitude 5º 33’ .Sul. Os habitantes da
região pescavam em canoas.
baía de Cabinda
O "Cabo" onde se encontra o
actual farol costeiro da cidade de Cabinda, foi designado de cabo de S.
Martinho, era o dia 11 de Novembro de 1485. [mapa - mundi de Henricus Martelus Germani de 1489]
ponta do farol de Cabinda
A meados de Novembro de 1485, entrou
no estuário do rio Poderoso, rio Zaire ou Congo, onde aportou a M’Pinda, praça
e residência da autoridade local, o Manisoyo, situada a 10 km da ponta do Padrão.
Dando conta que os emissários enviados
ao rei do Congo dois anos antes, Maio de 1483, não se encontravam em M’Pinda,
o navegador decidiu zarpar rio acima até às imediações de Nóqui.
itinerário fluvial da foz do rio Zaire até Nóqui
Acompanhou a
guarnição alguns guias do Manisoyo,
aproximando-se o mais possível da residência do rei.
município de Nóqui, Angola
Chegados a Nóqui, enviou ao potentado
de M’Banza Congo, 2 dos 4 africanos agora vindos de Portugal, bem vestidos e
com ofertas, a falar a língua portuguesa, a fim de anunciar à corte e ao rei do Congo Nzinga à
Kuvu [Cuum], dos portugueses se encontrarem naquele local, juntamente com os
seus vassalos, pedindo a libertação dos emissários, a troco da restituição dos 2 restantes instalados a bordo.
Inesperadamente amainou o andamento
das caravelas, surgiram enormes cachoeiras saltando a água em forma de
catarata, a guarnição não podia avançar.
cachoeiras em Matádi no rio Zaire a 2 Km a montante do afluente do rio M'Pozo perto de Yelllala
Seguir até Quiloa que fica no outro
lado da costa oriental africana no oceano Índico, através do canal desenhado no
mapa de Fra Mauro, onde a guarnição se
encontrava, era praticamente impossível!
mapa mundi de Fra Mauro
A guarnição estava muito próxima das
cataratas de Yellala, 145 km, 78 milhas náuticas da foz do rio Zaire.
No livro belga-Etuies Bakongo- do
rev.do padre Van Wing, S. J . , missionário de Kisantu, edição de Bruxelas,
1921, à página 35; está a seguinte nota :
"C' est à ce second voyage de Diego
Cão que se rapporte l'inscription, trouvée par Domenjos sur un rocher à
l'embouchure de la Mpozo"
confluência da foz do rio M'Pozo, margem esquerda do rio Zaire, em Matádi
De seguida, a montante de Vivi, foi
ter a uns recifes, num sítio chamado “Nsadi – Qumbidinga” (rio de peixe), na
margem esquerda, chegou a uma ponta que está a uns duzentos metros dos rochedos
onde iriam efectuar as gravações.
Alguns homens descalços desembarcaram,
era completamente impossível seguir calçados por pedras escorregadias, de onde caindo,
inevitavelmente iriam ao rio, a morte
seria certa.
Em enormes dificuldades conseguiram
andar alguns metros, chegando a um ponto onde a todos faltou o ânimo para
continuar.
rio Zaire/Congo em Matádi
Tinham na sua frente, por único
caminho, um despenhadeiro de alguns metros de altura, cortado a pique sobre o
rio, sem outra coisa a que se segurassem, que não fosse alguns fios de erva,
capim, e as raízes de uma árvore, lianas!
Houve alguém que se arrojou a transpor
aquele precipício, os que seguiram foram atrás.
Ao fim de algum tempo encontravam-se
sob o rochedo onde iria ficar a inscrição.
Ali, em frente de tamanho espectáculo,
vendo o rio, em baixo soltando rugidos de leão, avaliaram a intrepidez de
tamanha façanha que acabavam de efectuar.
De seguida, gravaram as armas de
Portugal, o escudo que começou a ser usado naquele ano de 1485, a cruz de
Cristo e nomes de vários nautas deixando para a posteridade a permanência dos
portugueses naquele lugar.
O escudo, os castelos, as quinas
gravadas revelam ser posteriores à reforma decretada por D. João II (Março de
1485).
Inscrições portuguesas nas pedras de
Yellala, rio Zaire ou Congo, foto década 1970
A partir de Março de 1485
D. João II retira das armas reais os remates flor-de-lis, foram suprimidas as pontas da cruz verde florestada da Ordem de Avis.
D. João II retira das armas reais os remates flor-de-lis, foram suprimidas as pontas da cruz verde florestada da Ordem de Avis.
-Fundo branco.
-Cinco quinas azuis dispostas em cruz
(as laterais apontam para baixo, como as do centro).
-As quinas possuem cinco besantes brancos
(dois pontos – um ponto – dois pontos) -Bordadura vermelha.
-Sete castelos dourados na bordadura
(por vezes oito castelos).
O Escudo português, constituído por
cinco quinas todas viradas para baixo, uma cruz da ordem de Cristo e a
inscrição de estilo gótico “Aqui chegaram os navios do esclarecido rei D. João
II de Portugal – Diogo Caão, Pero Anes, Pero da Costa”.
Noutro rochedo dois nomes de estilo
gótico: Álvaro Pires, Pero Escolar e uma sigla A, por baixo de Álvaro Pires.
Noutro rochedo os nomes de estilo
gótico: João de Santiago, Diogo Pinheiro (por cima do D, o sinal de uma cruz
reduzida), Gonçalo Álvares e Antão.
Neste rochedo e por cima Gonçalo Álvares as palavras de estilo
uncial “ da doença”, precedidas de uma cruz ┼, seguida do
nome Gonçalo Álvares!?,
o que quer dizer que o nauta morrera por doença!
O estudo epigráfico desta inscrição
revela ser posterior às outras inscrições. A letra, a grafia utilizada é
diferente.
O sinal de uma cruz ┼ reduzida por cima
do D de Diogo Pinheiro quer dizer que o nauta se encontrava afectado pela
doença!
Gonçalves Álvares, foi um
explorador português que participou activamente da Era dos Descobrimentos, a
partir da segunda viagem de Diogo Cão.
Em 1497,
comandou o navio São Gabriel na jornada épica de Vasco da Gama para a Índia e,
em 1505, a bordo da frota de Francisco de Almeida - o primeiro vice-rei da
Índia portuguesa - navegou para o sul no Atlântico para onde "água e até o
vinho congelou "e descobriu uma ilha que recebeu o nome dele.
Mais tarde, a ilha foi rebaptizada de Gough Island pelos britânicos, que tomaram posse no
século XIX.
Gonçalo Álvares ocupou o cargo de piloto -chefe da navegação para a
Índia e o mar do oceano até sua morte em 1524. Foi a partir desta data que a inscrição nas pedras de Yellala de estilo uncial morto da doença se efectuou.
Deve notar-se, durante a época dos
Descobrimentos há 3 períodos de marcação das terras descobertas a favor de
Portugal:
No Primeiro Período usou-se a Cruz de
Madeira Alta para os descobrimentos do Porto Santo, Madeira, Cabo Verde e
Açores. Mas estas cruzes apodreciam.
No Segundo Período fez-se gravações em
pedras ou rochas à beira dos rios ou nas praias - Pedras de Yellala em África e
a Pedra de Dighton na América do Norte.
No Terceiro Período compreendeu a
colocação de Padrões. Diogo Cam executou o Segundo e Terceiro Períodos.
Encontrando-se a guarnição próximos da
residência, M'Banza do rei do Congo, Manicongo, cerca de 20 léguas para
Sudeste, decidiu esperar por notícias, fundeando as caravelas em Nóqui.
A embaixada constituída por dois
africanos já enviada ao rei, teve como objectivo principal restaurar a
confiança do imperador congolês e recuperar os 2 emissários portugueses!
O monarca do Congo ao receber os seus súbditos na sua M' Banza (residência) ficou deveras encantado, ao
ouvir da boca deles , já um pouco aportuguesados, notícias precisas
a respeito dos portugueses que se encontravam em Nóqui
Os recém chegados (os 2 súbditos) causaram muita
admiração, respeito e alegria de toda a corte congolesa.
Segundo o cronista Garcia de Resende,
o rei do Congo viajou da sua residência de M'Banza Congo até Nóqui, onde se encontrava a frota
do navegador:
(Garcia de Resende, Crónica de D. João II e Miscelânea, Lisboa: INCM, 1991, pág. 221) relata:
o qual “hindo polla dita cofta com assaz perigo, e trabalho, foi ter com a dita armada ao rio de Manicongo”.
o qual “hindo polla dita cofta com assaz perigo, e trabalho, foi ter com a dita armada ao rio de Manicongo”.
Como exemplo cita-se o trecho seguinte
no qual o cronista narra o acontecimento.
“O qual hindo polla dita cofta com affaz perigo, e trabalho, foy ter com a dita armada ao rio de Manicongo, (…) o qual rio, e terra de Congo he de Portugal mil e fetecentas legoas, onde por fer tão lomge da outra terra de Guiné já defcuberta não fe poderão entender com a gente da terra, e levando muytas lingoas nenhua entendia, nem fabia aquella lingoagem”.
Deste modo, o navegador não foi à residência do rei do Congo, M'Banza Congo, ex-S. Salvador, como narrou o cronista João de Barros que propôs o contrário:
Diogo Cam foi à M’Banza real, visitar o imperador do Congo?!
Os capitães não se ausentavam dos navios para não comprometer, as guarnições e o sucesso do empreendimento, faziam-no em condições muito especiais.
“O qual hindo polla dita cofta com affaz perigo, e trabalho, foy ter com a dita armada ao rio de Manicongo, (…) o qual rio, e terra de Congo he de Portugal mil e fetecentas legoas, onde por fer tão lomge da outra terra de Guiné já defcuberta não fe poderão entender com a gente da terra, e levando muytas lingoas nenhua entendia, nem fabia aquella lingoagem”.
Deste modo, o navegador não foi à residência do rei do Congo, M'Banza Congo, ex-S. Salvador, como narrou o cronista João de Barros que propôs o contrário:
Diogo Cam foi à M’Banza real, visitar o imperador do Congo?!
Os capitães não se ausentavam dos navios para não comprometer, as guarnições e o sucesso do empreendimento, faziam-no em condições muito especiais.
O rei e a sua corte encontram-se a 20
léguas de distância, 100 km para o interior das terras, em M’Banza [ residência] Congo,
cinco dias de caminho por itinerários desconhecidos, uma aventura muito
arriscada , também os dois emissários portugueses enviados pelo navegador dois anos antes, Maio de 1483, Martim Afonso e Fernão Martins, ainda não tinham regressado à foz do rio Zaire, da M’Banza real, conforme o combinado. A guarnição não sabia dos seus compatriotas, se estariam cativos ou
mortos!
Alguns dias de caminho em assaz perigo
e trabalho, o rei do Congo, Nzinga-a-Kuvu foi ter com a dita armada ao rio do
Manicongo, rio Zaire ou Congo, onde os navios se encontravam fundeados junto a
Nóqui, local de melhores acessos.
Festivamente, o rei do Congo e a sua
corte acompanhados de grande multidão e levado num estrado, nu da cinta para
cima, com uma carapuça de pano de palma lavrada e muito alta, posta na cabeça,
ao ombro um rabo - de - cavalo guarnecido de prata, foram recebidos
amistosamente com grandes estrondos.
Seguiu-se os festejos ao som de
trombetas, tímbales, trombas e outros instrumentos que usavam.
Efectuados os cumprimentos da praxe, o
navegador ofertou ao rei do Congo, um rico tecido de damasco e muitos outros
objectos, a mando de D. João II. Serviram de intérpretes os vassalos agora
chegados, porque os portugueses não se “ entendiam com a língua da gente da
terra “.
O rei por sua vez, ofereceu peças de
marfim, objectos de arte, peles de animais, como sinal de uma futura amizade a
encetar com o Rei de Portugal. Os dois emissários regressaram às caravelas, houve
contentamento de todos. Martim Afonso, já conhecedor da língua congolesa trouxe
os conhecimentos culturais das gentes e das terras da região.
Cumpridos os festejos, o navegador
prometeu numa próxima visita a encetar brevemente, levar consigo para Portugal
uma embaixada congolesa.
rio Zaire/Congo em Boma, RDCongo
Reiniciada a navegação seguiu para a
foz do rio Zaire.
Era a altura dar continuidade às instruções de D. João II, encontrar o tão desejado caminho marítimo para a Índia das especiarias, estabelecer contactos com o reino cristão Preste João, situado na Etiópia para uma futura amizade.
Era a altura dar continuidade às instruções de D. João II, encontrar o tão desejado caminho marítimo para a Índia das especiarias, estabelecer contactos com o reino cristão Preste João, situado na Etiópia para uma futura amizade.
O monarca português desejava também
uma forte aliança com reino cristão do Preste João, combater os inimigos da fé
cristã, propósito à muito esperado, os árabes dominavam os mares de toda a
região da costa oriental de África.
Chegados à foz, deixou na praça de M’
Pinda os guias do Manisoyo.
Para nova investigação costeira do
continente africano rumou para Sul do rio Zaire ao largo da costa, em direcção
ao Promontorium Prassum, 15º 8’ lat. Sul, já que pela via fluvial não foi
possível transpor o canal até Quiloa no oceano Índico.
Teria passado a guarnição pela Mazanga, ilhas
de Luanda e Mussulo?
caravela Vera Cruz
Um dominicano mestiço proveniente da
Confraria do Rosário, em Lisboa, acompanhou o navegador nesta segunda viagem,
acredita segundo o seu diário, ir ao encontro da sua família remota perdida no
Congo.
O diário do Frei Jorge do Rosário
refere explicitamente que ele, Jorge andava à procura da família Nsanda, cuja
proveniência eram as suas origens da sua mãe negra forra de Lisboa, nele
coincidem duas memórias de duas histórias: a da mãe, da família Nsanda, e a dos
frades portugueses que o educaram cuja religião adoptou.
Descobriu dois jovens sobrinhos Nsanda
Kabasa e Nsanda Kakulo, e a família Nsanda, na ilha do Mussulo!
A guarnição passando pela costa
anteriormente já reconhecida, ancorou no "Golfo de S. Lourenço",
[mapa - mundi de Henricus Martelus Germani de 1489 ], Porto Amboim, foz do rio
Cuvo ou Queve lat. 10º 52’ Sul, para
abastecer as caravelas de água
potável o quanto bastasse.
cabo e baía de Porto Amboim
Seguidamente atingiu, princípios de Janeiro de 1486 o “Cabo Zerto” , "Cabo Deserto"[mapa - mundi de Henricus Martelus Germani de 1489] o falso cabo“Promontorium
Prassum”, a Ponta Redonda do Farol do Giraúl,
cabo extremo Sul assinalado na carta geográfica de Cristóforo Soligo,
onde terminara a 1ª viagem de exploração marítima, Setembro de 1483.
Ponta Redonda do Farol do Giraúl, praia das conchas
Ponta Redonda do Farol do Giraúl
Chegado à Ponta Redonda do Farol do Giraúl rumou para
Leste e pouco depois verificou a
surpresa inesperada
A orla marítima após a Ponta Redonda do Farol do Giraúl, 1 km para Este e 2,5 Km para
Nordeste, ao atingir o actual porto mineiro do Saco Giraúl, faz uma inflexão. Corre para Sudeste, Sul, Oeste e Nordeste até à Ponta Grossa ou Ponta do Pau descrevendo um semi arco de 15 Km, formando uma enorme baía.
Entrando numa larga baía, princípios
de Janeiro de 1486, actual baía de Moçâmedes, Namibe, vislumbrou-a em toda a
extensão a perder-se de vista!
Sul da baía de Moçâmedes, porto cais
Que desilusão!
Com efeito, enquanto a guarnição seguia em direcção a Sul, em Roma, pelo
resultado alcançado pela viagem anterior
(1482-1484), na Oração de Obediência que o Rei D. João II enviou ao papa
Inocêncio VIII , o embaixador Vasco Fernandes de Lucena em 11 de Dezembro de
1485, afirmou:
Tradução do Latim:
“ … o ano anterior tinham os
portugueses chegado até perto do “ Promontório Prassum”, onde começa o Golfo da
Arábico. «A tudo isto acresce a esperança bem fundada de explorar o Golfo
Arábico, onde reinos e povos que habitam a Ásia, mal conhecidos de nós por
notícias muito incertas, praticam escrupulosamente a fé santíssima do Salvador,
dos quais, a dar crédito a experimentados geógrafos, já a navegação portuguesa
se não encontra senão a alguns dias de viagem. Efectivamente, descoberta já uma
parte enormíssima da costa africana, chegaram os nossos no ano passado até
perto do Promontório; foram explorados os rios, praias e todos os portos que
desde Lisboa, numa extensão de mais de 45 centenas de milhares de passos, estão
enumerados com exactíssima observação do mar, das terras e dos astros…”
(do texto latino destas afirmações ocupa, na 1ª edição da Oração de Obediência – Roma, 1485, as últimas linhas da 10ª página e as primeiras da 11ª).
(do texto latino destas afirmações ocupa, na 1ª edição da Oração de Obediência – Roma, 1485, as últimas linhas da 10ª página e as primeiras da 11ª).
costa marítima da baía da Baba à baía dos Tigres
Para Sul da Baía de Moçâmedes Janeiro
de 1486:
Iludidos por aquela orientação da
costa, ilusão que certamente não foi só do navegador, a guarnição seguiu
adiante.
Com terra à vista, navegando ao longo
da costa para Sul da Baía de Moçâmedes,
observou a “Terra fragosa” [mapa - mundi de Henricus Martelus Germani de
1489].
No dia 18 de Janeiro de 1486,
desembarcou numa enseada acessível e
desértica, e num cabo de rocha escura,
designado de “Cabo Negro “ , latitude: 15º 13´ Sul e longitude: 11º 93' Este, Elevação: 19m / 62 pés, a 15 km ou 8 milhas
náuticas a Norte da actual cidade de
Tombua, Porto Alexandre.
baía do cabo Negro, vista para Norte
No
cabo Negro, implantou um padrão seguida de celebração de missa, dirigida
por Fr. João da Costa.
A partir de Março de 1485
D. João II retira das armas reais os remates flor-de-lis, foram suprimidas as pontas da cruz verde florestada da Ordem de Avis.
-Fundo branco.
-Cinco quinas azuis dispostas em cruz (as laterais apontam para baixo, como as do centro).
-As quinas possuem cinco besantes brancos (dois pontos – um ponto – dois pontos) -Bordadura vermelha.
-Sete castelos dourados na bordadura (por vezes oito castelos).
réplica do padrão do Cabo Negro, com vista da costa para Sul, foto década 1970-Sete castelos dourados na bordadura (por vezes oito castelos).
Para Sul deste cabo a costa é
igualmente baixa, constituindo uma baía, onde desemboca o rio Curoca,
geralmente seco, excepto por ocasião das chuvas torrenciais caídas no planalto
da Huíla.
costa marítima a Sul do Cabo Negro, vista para Norte, foto obtida do Pinda
A aridez da região, o tipo das rochas
e os acidentes geográficos, provocados pelos agentes erosivos, dão ao ambiente
aspectos impressionantes e tristes, a contrastarem com o do leito do rio Curoca
que se apresenta revestido de plantas herbáceas resistentes às tiagens cuja cor
se distingue no imenso areal circundante.
região do arco rio Curoca, 20 Km da foz
Nas margens do rio Curoca vivia ou
vive a interessante tribo dos Kwadi ou Mucuépes, numa única aldeia com habitações
coliformes recobertas de excrementos de bovinos.
região do arco rio Curoca, 20 Km da foz
Os Kwadi cuja origem se desconhece
possuidores de uma língua estranha e sem paralelo com as outras populações têm
elevada estatura, cor negra, cabelo encarapinhado, nariz achatado e são dotados
de outras características físicas semelhantes à de alguns povos ...(falha de
som)... de Angola.
costa marítima do Pinda ao cabo Negro, vista para Norte
Esmeraldo Situ Orbis – Duarte Pacheco
Pereira:
“Jaz a ponta preta (cabo Stª Maria) e o monte negro
norte e sul, tem vinte e cinco léguas na Rota". "Este monte está
sobre o mar e não é muito alto, porque a terra em redor é de muita areia e tem
um mato baixo e raso que faz uma mostra mais preta que toda a outra terra, por
isso lhe puseram nome monte negro".Esta costa é quase deserta e muito pouco povoada o qual monte se aparta
em latitude da linha equatorial contra o pólo antárctico quinze graus e vinte
minutos"
costa marítima do cabo Negro a Porto Alexandre
A seguir entrou na “Angra das
Aldeias”, Porto Alexandre actual Tombua, latitude 15º 48’ Sul, a que foi posto
este nome, porque a guarnição achou duas
grandes aldeias de habitantes.
Segundo a tradição, foi nesta Angra
das Aldeias que no regresso da
expedição, levou alguns habitantes para Lisboa, repatriados
posteriormente na expedição de Bartolomeu Dias!. A baía é notável porque
oferece uma inflexão esplêndida da costa dum abrigo e porto seguro e
exuberância piscatória das suas águas.
baía de Tombua, Porto Alexandre
Esmeraldo Situ Orbis – Duarte Pacheco
Pereira:
“…. oito léguas adiante do monte negro
se faz uma grande angra que entra uma légua e meia pela terra dentro que se
chama angra das aldeias e este nome puseram porque no tempo que Dieguo Cão
descobriu esta costa por mandado del Rei Dom João que Deus tem, achou dentro
nesta angra duas grandes aldeias e por isso lhe pôs o dito nome; os negros
desta terra são gente pobre que não se mantêm nem vivem senão de pescaria que
aqui há muita, e que fazem cazas com costas de baleas cobertas com seba do mar,
lançando-lhe por cima areia e assim aly passam sua triste uida, são Idolatras e
nesta terra não há proveito. Do monte negro até aqui se corre a costa nordeste
e sudeste e tem as ditas oito léguas na Rota e toda esta terra ao longo do mar
é baixa…”
para Sul de Tombua , Zona do Iona em direcção à baía dos Tigres, foto de João P. Baptista
A terra continua sem quaisquer espécie
de arvoredo, estendendo-se o areal a perder de vista. Não foi possível
encontrar água ou qualquer abastecimento, além do peixe, em que a costa é
riquíssima.
Navegando à vista duma costa coberta
de dunas e correndo nordeste sudoeste com a "Angra das Aldeias", a
quinze léguas, a guarnição achou uma
enseada, que chamou “Manga das Areias”, Baía dos Tigres, lat. 16º
30’ Sul, estendendo-se por terra a
dentro cinco ou seis léguas, com doze a quinze braças de fundo
costa marítima de Porto
Alexandre,Tombua à Baía dos Tigres
Esmeraldo Situ Orbis – Duarte Pacheco
Pereira:
“… além da angra das aldeias é achada
uma enseada que terá duas léguas em largura na boca que se chama a manga das
areias e esta se estende por dentro pela terra cinco ou seis léguas e na mesma
boca e dali por dentro tem doze e quinze braças de fundo e esta terra é deserta
e nenhum arvoredo tem porque tudo é areia e dentro desta manga há muita
pescaria e em certos tempos do ano vem aqui do sertão alguns negros a pescar os
quais fazem casas com costelas de baleias cobertas com seba do mar, em cima
lançam areia e ali passam sua triste vida; esta manga das areias se corre com
angra das aldeias nordeste e sudoeste e tem quinze léguas na Rota; A qual
mangas se aparta em latitude da linha equinocial contra o pólo antárctico
dezasseis graus e meio".
Fonte: Ovakwambundo - O povo do nevoeiro, Aurélio Baptista
Fonte: Ovakwambundo - O povo do nevoeiro, Aurélio Baptista
Na segunda metade do século XVII,
havia em Angola um povo conhecido por “Ovakwambundo”, em tão atrasado estado
cultural, que comia a carne e o peixe crus, assim como todos os alimentos de
que usava, semente de gramíneas, casca de certas árvores, raízes, etc., muito
provavelmente por desconhecimento do processo de produção do fogo e da falta de
combustível para ele; que até a carne de carnívoros aproveitava; que este povo
vivia na faixa marítima do deserto do Namibe, nas imediações do paralelo 17º,
onde deixou vestígios das suas habitações em pequenas construções circulares
com lajes, que ainda hoje se pode observar; que também utilizavam, quando o mar
lhos oferecia, e noutros locais mais pobres de materiais de construção, os
ossos de baleia para estrutura dos seus abrigos, que, impelidos para o Norte,
certamente por pressão de outros povos invasores, vindos de Leste, se fixaram
nas proximidades da baia de Porto Alexandre onde nem habitações construíram,
limitando-se a utilizar as cavidades que as dunas formam na parte oposta ao
lado de onde sopram os ventos; e que, finalmente, aqui, nestas novas paragens,
o grupo se extinguiu como unidade étnica, quando a indústria da pesca se
estabeleceu e as suas aptidões de gente de longa vivência do mar, puderam ser
aproveitadas.”
"Ovakwambundo" um povo
pré-banto que habitou a região compreendida entre o vale do rio Curoca e o rio
Cunene, desde há muitos séculos, provavelmente empurrados pela invasão dos
Bantus, que existiu até final do séc.
XIX, princípios do séc. XX.
“Os negros, referidos por Duarte
Pacheco Pereira, aquando da 2ª viagem
da guarnição de Diogo Cam em 1486 à “Manga das Areias”, actual Baía dos
Tigres, eram elementos deste grupo étnico, pois o tipo de habitações que
descreve coincidem com as encontradas por Willian Messum e Alexandre Magno de
Castilho e as estudadas pelo Dr. Alberto Machado da Cruz.
habitações dos Ovakwambundo
O gentio que em 1665 José da Rosa
levou para Luanda, encontrado pelo paralelo 18 não deixa dúvidas que eram povos pré-bantos pelo tipo de linguagem que
utilizavam e também o facto de comerem tudo cru evidenciando não utilizar o fogo, característico desta
etnia.
João Pilarte da Silva na sua viagem do
Jau ao Cabo Negro, efectuada em 1770, dá-nos conta de que aquele povo falava
por estalos, o que provavelmente estariam na presença de elementos desta gente.
Um pormenor interessante, é o facto das duas negras daquele gentio que
levavam consigo terem falecido de bexigas.
Sabe-se que as bexigas era o nome pelo
qual seria conhecida na altura a varíola, facto que também J. Pereira do
Nascimento refere no seu livro “Exploração Geográphica e Mineralogica no Districto
de Mossamedes em 1894-1895, como tendo sido uma das causas da extinção dos
Ovakwambundos.
Acontece que em certos povos, viveram muitos anos isolados, tornando-se muito vulneráveis a vírus
provenientes de outros continentes, como aconteceu nas civilizações da América
do Sul, a varíola, era nessa altura muito comum entre os europeus e a gente que
com eles contactava.
Embora o Dr. Alberto Machado da Cruz
não o refira, esta também terá sido uma
das causas da sua extinção, a par daquelas por ele apresentadas.
Em todas as narrativas há imensas
coincidências que o deixam convicto de que estão na presença de uma única e só
etnia, que por pressão de outras civilizações desapareceu, restando talvez
algum do seu sangue correndo nas veias de alguns Quimbares de Onguaia e de
Tombua.
ponta das Pedras ou malha negra ou cabo negro dos mapas antigos, na baía dos Tigres
Esmeraldo Situ Orbis – Duarte Pacheco
Pereira:
"seis léguas adiante da manga das areias faz a terra uma ponta baixa toda coberta de areia que se chama a
ponta das pedras e este nome lhe puseram porque quase no rosto desta ponta e
assim além dela estão muitos e grandes penedos e até que se corre esta costa
nordeste e sudeste e toma a quarta de leste e oeste e tem as ditas seis léguas
na Rota; e esta terra é muito baixa e má de conhecer mas quem quiser haver
conhecimento dela veja como se aparta da linha equinocial dezasseis graus e
dois terços contra o pólo antárctico; e esta é a melhor conhecença que
tem".
"Jaz a ponta das pedras e o cabo negro (padrão do cabo Negro),norte e sul e tem dez léguas na Rota; e este cabo é muito baixo e a terra em redor dele é toda harca senão quando sobe a ponta deste cabo está uma malha negra, e por isso lhe puseram este nome de cabo negro o qual não parece cabo senão quando homem está uma língua em mar dele e sendo três ou quatro léguas em mar parece tudo costa direita; esta terra é trabalhosa de navegar e o seu inverno é do mês de Abril até fim de Setembro; as naus que vão para a Índia sempre se metem em mar e se arredam desta costa duzentas e cinquenta léguas e mais em maneira que não chegam a ela".
"Jaz a ponta das pedras e o cabo negro (padrão do cabo Negro),norte e sul e tem dez léguas na Rota; e este cabo é muito baixo e a terra em redor dele é toda harca senão quando sobe a ponta deste cabo está uma malha negra, e por isso lhe puseram este nome de cabo negro o qual não parece cabo senão quando homem está uma língua em mar dele e sendo três ou quatro léguas em mar parece tudo costa direita; esta terra é trabalhosa de navegar e o seu inverno é do mês de Abril até fim de Setembro; as naus que vão para a Índia sempre se metem em mar e se arredam desta costa duzentas e cinquenta léguas e mais em maneira que não chegam a ela".
costa marítima da foz do rio Cunene a cape Cross, Namíbia
A navegação a partir de agora
tornar-se-ia mais difícil. Os trabalhos de bordo seriam mais penosos por causa
da calema larga que se quebrava contra a costa.
rio Cunene
À latitude 18º 26’ Sul, reconheceu a
“Ponta Verde” [mapa mundi Henricus Martelus Germano 1489].
ponta Verde, Namíbia
Esmeraldo Situ Orbis – Duarte Pacheco
Pereira:
" adiante do cabo negro dezanove
léguas são achados uns “mendoos” [dunas] de areia ao longo do mar em que haverá
seis ou sete montes da dita areia e estas são alguns tanto mais altos que a
outra terra e esta costa toda é deserta e sem gente e do cabo negro (ponta das pedras ou malhas negras a Sul da baía dos Tigres) dos até aos
“mendoos” (dunas) se corre norte e sul têm as ditas dezassete léguas na Rota os
quais mendoos (dunas) se apartam em latitude do círculo da equinocial contra o
pólo antárctico dezanove graus".
costa dos esqueletos, Namíbia
À latitude 20º 14’ Sul o “Golfo das
Baleias”, [mapa mundi Henricus Martelus Germano (1489)].
"Jazem os “mendoos” e a angra de
Rui Pires norte e sul e de meio caminho em diante toma a quarta de nordeste e
sueste e tem vinte léguas na Rota, e esta terra toda é muito baixa e areia e
deserta e nesta angra caberão seis ou sete navios pequenos e a um tiro de
bombarda da terra podem poisar em fundo de oito braças tudo limpo a qual angra
se aparta em latitude contra o pólo antárctico vinte e meio".
"Jaz angra de Stº Amaro e os
areais norte e sul e tem 12 léguas na Rota e esta costa é deserta por ser toda
areia e por isso lhe puseram nome os areais os quais se apartam da linha
equinocial em latitude contra o pólo antárctico vinte e dois graus e vinte
minutos".
cabo da Cruz/Serra, Cape Cross, Namíbia
À latitude: 21º 77’ Sul e longitude: 13º 95' Este, Elevação: 11m
/ 36 pés, a guarnição atingiu um cabo, “Cabo Padrão da
Serra/Cruz”, onde ergueu outro padrão, o mais meridional de todos, num sítio
que actualmente se chama Cape Cross, sinalizando o último ponto e a primeira presença
europeia, em terras situado a cerca de 130 km da cidade de Swakopmund, Namíbia.
cabo da Cruz/Serra, Cape Cross, Namíbia, colónia de focas
Esmeraldo Situ Orbis – Duarte Pacheco
Pereira:
"Dez léguas adiante dos areais
parece uma ponta que se chama o cabo do padrão (Cruz = Cross); o qual tem um
padrão de pedra com três letreiros…f….(constam apenas dois letreiros um em
latim e outro em português arcaico) o qual cabo se corre com os areais norte e
sul e tem as ditas dez léguas da Rota como dito é e esta se aparta da linha
equacional em latitude contra o pólo antárctico 22º 45´(real 21º 46’)(diferença
de 1º grau), e esta terra é baixa e má de conhecer e o melhor conhecimento que
tem ali são as alturas do pólo antárctico e graus em que se aparta em latitude
da linha equacional".
padrão original do cabo da Cruz/Serra, Cape Cross, Namíbia
Texto latino:
A mundi creatione fluxerunt ani 6684
et a Christi nativitate 1485 quum excelentissimus serenissimusque Rex d.
Johanes secundus portugaliae per iacobum canum ejes militem colunam hic situari
jussit
Texto português:
Era da criação do mundo de bjm bjc
lxxxb e de xpto de IIIclxxxb o eycelente esclarecido Rei dom Jº s.º de Portugal
mandou descobrir esta terra e poer este padram por dº cão cavº de sua casa.
Correntemente:
“Era da criação do mundo de 6685 e de
Cristo 1485 o excelente esclarecido Rei D. João II de Portugal mandou descobrir
esta terra e pôr este padrão por Diogo Cão cavaleiro de sua casa”.
A partir de Março de 1485:
D. João II retira das armas reais os remates flores-de-lis, suprimidas as pontas da cruz verde florestada da Ordem de Avis.
D. João II retira das armas reais os remates flores-de-lis, suprimidas as pontas da cruz verde florestada da Ordem de Avis.
-Fundo branco.
-Cinco quinas azuis dispostas em cruz,
as laterais apontam para baixo, como as do centro.
-As quinas possuem cinco besantes
brancos (dois pontos – um ponto – dois pontos) -Bordadura vermelha.
-Sete castelos dourados na bordadura
(por vezes oito castelos).
O original foi levado para Berlim, em 1893. Em 1986,
o governo da Namíbia mandou construir um memorial, juntamente com uma réplica
daquele padrão.
A guarnição avistou para o interior do
deserto do Calaári, uma grande serra, "Montes de Brandberg", reserva natural da Namíbia,, a que chamou de “Sierra Parda”, 2560 metros
de altitude, a 80 km de distância ou 16 léguas para Este de Cape Cross!
Mais a Sul fica a Ponta dos Farilhões
e Plagia da Sardinha, 22º 26’ lat. Sul. A guarnição deu por finda a expedição neste lugar?
A latitude 22º 26'Sul distam 30
Km da cidade Swakopmund , que fica para Sul.
costa dos Esqueletos, de Cape Cross a Wellis Bay, Namíbia
Um cabo redondo ou pequeno promontório
a 90 km, 48,6 milhas náuticas a Sul de Cape Cross.
Farilhões significa “ilhota escarpada
ou pequeno promontório”, mas segundo a tradição significa "rochedos
vulcânicos de cor negra".
A orla marítima para Sul do Cabo da Serra ou Cruz até à ponta dos
Farilhões, descrita por Alexandre Magno de Castilho, em 1866, no
roteiro da costa ocidental de África:
"Passada a ponta da Serra se
encurva a beira mar até ao cabo ou ponta dos Farilhões, a qual é pedrada, baixa, coroada de um outeiro arenoso.
Está a 30 milhas do cabo da Serra, em
22° 9' Sul e 23° 20' Este, remata pela
banda do Norte a baía dos Farilhões.
No rosto dessa ponta, assentes em parcel que tem 6 milhas de Norte
a Sul, se prolonga até umas 5 e meia
para Oeste da costa, se mostram os dois Farilhões, rochedos vulcânicos, negros,
situados a meia milha da terra, para Oeste da boca do rio Swakop, que desce de
Este, corre por entre dois picos altos e
solitários, pertencentes às montanhas Blaauwe, e para Noroeste do monte
Colquoum; é este monte o mais elevado daquela cordilheira, está em 22°33'Sul e
23 49' Este, tem 1000 metros de alto.
Perto da beira mar, à latitude do
Colquoum, uns 12 metros acima do nível do oceano, está uma lagoa.
Não é ainda conhecida a hidrografia da
baía dos Farilhões, o que todavia pouco
importa, por ser lugar desabrigado, e ficar apenas 30 milhas mais para Sul a
muito amparada baía de Walvis
Sabe-se porém que há na entrada
daquela de 18 a 23 metros de fundo, que
anda por 12 milhas a distância entre as pontas extremas, sitas uma da outra.
Passada a baía dos Farilhões, se
apresenta a costa arenosa e baixa; quanto mais para Sul tanto mais as dunas de
areia vão recuando para o sertão, por modo que nas vizinhanças de Walvis Bay é a terra plana até muito para o interior.
a praia das Pedras
Esmeraldo Situ Orbis – Duarte Pacheco
Pereira:
" Jaz o cabo do padrão e a praia
das pedras norte e sul e tem doze léguas na Rota e esta praia será de 5 ou 6
léguas ao longo do qual a maior parte dela é toda cheia de penedos e no cabo
dela há uma angra muito pequena e esta jaz debaixo do trópico de Capricórnio?
Pontualmente? e por isso se aparta em latitude do círculo polar equinocial
contra o pólo antárctico 23º 33´; toda a costa é deserta e toda a terra são
areias e costa de muita infinda pescaria e para diante trabalhosa de navegar; e
no mês de Junho, Julho; Agosto se acontece acudirem aqui os ventos norte e
noroeste com que para o cabo de Boa Esperança à popa fazem caminho".
O mapa de Henricus Martellus Germanus,
refere que depois do Cabo do Padrão vem a Praia das Sardinhas e por último a
Serra Parda, onde hoje se encontra a actual cidade de Walvis Bay 22º 57’ 33’’
lat. Sul. ?
A expedição terminou neste local? Em Walvis Bay, ou nas suas imediações 30 km
para o interior não existe nenhuma serra. Centenas de dunas compõem o cenário
paisagístico do seu interior, chegando algumas a atingir 300 metros de altura.
Depois do Cabo do Padrão da Serra, a
guarnição navegou mais umas centenas de
milhas da costa para Sul até à
"Ponta dos Farilhões", reconhecendo
a "Piagia da Sardinha",
Praia da Sardinha, e a "Sierra Parda", Serra Parda onde a terminou a expedição marítima .[mapa de
Henricus Martellus Germanus, 1489],
A Sierra Parda só pode ser os actuais "Montes de Brandberg", reserva natural da Namíbia, visíveis em toda a extensão da costa marítima de Cape Cross até Walvis Bay, .
A Sierra Parda só pode ser os actuais "Montes de Brandberg", reserva natural da Namíbia, visíveis em toda a extensão da costa marítima de Cape Cross até Walvis Bay, .
O termo exacto da viagem, deve-se a
uma legenda de um mapa de 1489 de Henricus Martellus Germanus, cujo texto legenda,
sugere que o navegador aí morreu. Se foi isso que aconteceu, eis a razão dos barcos não avançaram mais para Sul.
Em 1884 a Namíbia foi proclamada por Bismarck, protectorado da Alemanha, após o fim da 1ª guerra (1914-1918), passou a ser um protectorado da África do Sul
Em 1884 a Namíbia foi proclamada por Bismarck, protectorado da Alemanha, após o fim da 1ª guerra (1914-1918), passou a ser um protectorado da África do Sul
No tempo da Alemanha de Bismarck, em
1893, Beder, comandante do cruzador alemão Falte, recolheu num cabo que algumas
cartas antigas chamam Cabo do Padrão, modernamente tem o nome de Cape Cross, um
padrão que levou para a Alemanha.
Encontra-se no museu do Institut fur
Deutsche Geschichte, Berlim- Leste, sendo o único de todos os Padrões de Diogo
Cão que conserva a cruz como cimeira original.
A cruz de pedra que o descobridor
português colocou na actual Costa do Esqueleto em Fev./Mar de 1486, foi assim
no final do século XIX 1893, retirada para Berlim pela então potência colonial,
a Alemanha, mais tarde substituída por uma imitação réplica.
Em 1998, o governo da Namíbia,
Sudoeste Africano, pediu às autoridades alemãs a devolução do padrão erigido há
512 anos, no litoral daquele país africano pela guarnição de Diogo Cão, a fim
de exibi-lo na Expo-98, em Lisboa, o que não chegou a concretizar-se.
Em plena Costa dos Esqueletos, no
local que hoje a cartografia refere como Cape Cross, surge uma réplica do
padrão que ali foi deixado em 1486 por Diogo Cão, o primeiro navegador europeu
a chegar à Namíbia e atingir as proximidades do Trópico de Capricórnio (23º e
27’ lat. Sul).
"Para o visitante, é difícil de
imaginar a reacção da armada de Diogo Cão ao encontrar uma colónia de focas,
chegando a reunir cerca de 100 mil animais.
No século XV, a tribo Herero saiu da
Etiópia, com os seus rebanhos, e atravessou a África até à Namíbia.
Os Himba, Ovahimba, que hoje vivem no Sul de Angola, são descendentes dos Herero, e mantiveram as tradições centenárias quase intactas. Uma delas é o hábito das mulheres de cobrirem o corpo com um óleo avermelhado, mistura de banha de boi com uma pedra local, que protege a pele do vento e do sol. As mulheres Himba despendem todos os dias várias horas a cuidar da sua beleza.
Os Himba, Ovahimba, que hoje vivem no Sul de Angola, são descendentes dos Herero, e mantiveram as tradições centenárias quase intactas. Uma delas é o hábito das mulheres de cobrirem o corpo com um óleo avermelhado, mistura de banha de boi com uma pedra local, que protege a pele do vento e do sol. As mulheres Himba despendem todos os dias várias horas a cuidar da sua beleza.
mulheres Himba
As Himba também comandam uma sociedade
poligâmica, em que cada mulher pode ter relações sexuais com vários homens. Os
Himba vivem próximos ao Rio Cunene, que marca a fronteira entre a Namíbia e
Angola, mas circulam livremente entre os dois países. Para eles, não existem
fronteiras. Vagam pelo deserto como os leões e os elefantes, chegando a
caminhar até 80 quilómetros em busca de água para o gado. Tanto esforço vale a
pena: o gado bovino é o principal símbolo de status de uma família Himba, e seu
roubo é punido com a morte.
O mar de dunas, a névoa desorientadora, a falta de água, os horizontes intermináveis e os leões estão sempre à espera de uma presa indefesa.
deserto do Calaári, Namíbia
O deserto da Namíbia ocupa uma faixa
litorânea de cerca de 50 km de largura .Surge depois, uma vasta região
semi-árida e montanhosa, igualmente remota e hostil. É um dos desertos mais
antigos do mundo.
Há 80 milhões de anos, a areia vem
sendo pacientemente depositada ao longo da costa. Quase toda a areia da Namíbia
vem do mar, carregada pelo aluvião do Rio Orange, ao Sul, até ao Oceano
Atlântico.
Da foz é levada pela corrente marítima
e pelo vento até ao litoral da Namíbia. O resultado deste longo trabalho é um
interminável manto de dunas que se debruça sobre as águas frias do Atlântico e
redesenha o mapa da Costa do Esqueleto a cada dia.
Praias, baías e ilhas que os
navegadores portugueses mapearam já não existem mais.
Algumas das dunas chegam até 300
metros de altura. São, pelo que se diz, as mais altas do mundo. Isso tudo
seriam belas praias tropicais se chovesse mais do que os 15 milímetros por ano
que gotejam sobre a Costa do Esqueleto (a precipitação anual da Amazónia é de
2500 milímetros por ano).
No lugar da chuva, quem dá as caras
por ali é uma névoa espessa que, toda manhã invade o deserto e se alastra até
50 km sobre o continente.
plantas espinhosas do deserto do Calaári, Namíbia
Obra do singular encontro da fria Corrente de Benguela
com o ar quente do deserto, a névoa, em seu caminho, vai se depositando nas
poucas espécies de plantas que vivem no deserto.
Plantas essas que servem de alimento a
animais como elefantes, girafas e antílopes.
É assim que a vida se sustenta no Namibe.
Uma das plantas vem se alimentando dessa forma há milhares de anos, é a Welwistschia mirabilis, apelidada por Charles Darwin de “ ornitorrinco do reino vegetal”. A planta, endémica do Namibe, é um milagre da evolução.
É assim que a vida se sustenta no Namibe.
Uma das plantas vem se alimentando dessa forma há milhares de anos, é a Welwistschia mirabilis, apelidada por Charles Darwin de “ ornitorrinco do reino vegetal”. A planta, endémica do Namibe, é um milagre da evolução.
Só com a névoa matinal, cada exemplar
pode viver cerca de 2 mil anos. Por causa da sua estranha forma – apenas duas
folhas rígidas e fibrosas acopladas a um caule grosso e achatado – os botânicos
consideram a Welwitschia uma espécie de árvore anã.
Outra planta que sobrevive bem às
duras condições do deserto é o melão! Nara (o ponto de exclamação significa um
estalido com a língua no idioma falado pela tribo nama). Com sua raiz de 40
metros de profundidade, a planta tira do lençol freático toda a água de que
precisa para viver.
melão! Nara
Névoa pode ser bom para insectos e plantas, mas para quem
está disposto a tentar escapar das armadilhas do deserto pode ser o fim.
Imaginemos alguém perdido no meio de
uma névoa costeira que não lhe permite ver um palmo adiante e que, para piorar,
vem acompanhada pelo ronco gelado do vento sudoeste que sopra sobre as dunas.
Agora imagine-se como seria para os
antigos navegantes enfrentar um mar revolto repleto de recifes e bancos de
areia e no meio da neblina. É fácil supor por que a Costa do Esqueleto é
considerado um dos litorais mais traiçoeiros do planeta. O litoral inteiro da
Namíbia está tomado pelo deserto.
Não se espere encontrar a foz de um
rio derramando água fresca e farta sobre o oceano. O litoral da Namíbia tem
apenas dois rios perenes: O rio Cunene ao Norte, faz fronteira com Angola, e o
rio Orange ao Sul, que delimita a divisa com a África do Sul.
Entre
ambos, só o deserto e o seu punhado de rios sazonais. O que já basta. Os
especialistas chamam a esses rios de “ oásis lineares”, responsáveis por
abrigar quase toda a vida do Namibe.
Também aparecem leões, vêm do
semi-árido, caminhando lentamente pelo leito dos rios até chegar à costa. E,
como a vida animal não é tão abundante como a da savana, adaptaram-se ao
cardápio disponível.
Acabaram por descobrir uma nova fonte
de alimento nas focas e nas baleias encalhadas, ocupando as praias da costa do
Esqueleto. Refeições que compartilham com hienas e chacais, ali em Cape Cross
os leões vão à praia.
Defendida por um mar turbulento que
atira qualquer barco contra a costa, tem sido ao longo dos séculos cenário de
vários naufrágios, que hoje são recordados pelos muitos restos de navios que
surgem presos nas armadilhas da areia da praia. É a presença destes destroços
que dá origem ao nome desta longa linha de areia que se estende até Angola,
Costa dos Esqueletos. "[Bartaburu, Xavier - Revista Terra - Namíbia].
É a seguinte a legenda da carta de
Henricus Martellus, de 1489, da qual consta que Diogo Cão, tendo colocado um
padrão no Monte Negro (o actual Cabo Negro) segue avante mais mil milhas, até à
Serra Parda e ali morre:
“ ad hunc usquemontem qui vocatur
niger pervenit classis secudi regis portugalie cujus classis prefectus erat
diegus canus qui in memoriam rei erexit colunam marmoreã cum crucis in signe et
ultra processit usque ad Serram Pardam que distat ab mõte nigro mille miliaria
et hic moritur”.
tradução:
“até este monte que se chama Negro
chegou a armada do rei de Portugal [João] segundo, da qual armada era
comandante Diogo Caão, que em memória do rei, erigiu uma coluna de mármore com o sinal da cruz e
seguiu avante até à Serra Parda, que dista do Monte Negro mil milhas e aqui
morre “.
Esta interpretação tem a seu favor
certas afirmações contidas num parecer de peritos espanhóis apresentada na
conferência luso-espanhola de 1524, reunida em Badajoz «.... Diogo Can.... em
outro viagem desel dicho Monte Negro pasó á Sierra Parda, donde muerio»
Publicado por Navarrete (Coleccion de los viages Y descubrimientos, tomo IV,
pág. 343 a 355).
Outros aceitaram a leitura, segundo a
qual a frase quereria dizer que aí acabava a serra. O conhecimento de um mapa
do cartógrafo veneziano Pietro Coppo, datado de 1520, resolveu a questão?!: aí
está escrito “reversus est in regno”, aludindo ao navegador, que volveu ao reino do qual nunca mais houve
notícia.
Pietro Coppo resolveu a questão? Se o
navegador volveu ao reino, porque motivo
nunca mais houve notícia dele?! Como soube que volveu ao reino, se no ano de
1520, já tinham passado 34 anos, desde que se realizou a última viagem, 1486!?
No globo terrestre de Martin Behaim –
Martinho da Boémia-, há uma legenda na costa ocidental de África
que refere o seguinte:
que refere o seguinte:
globo terrestre de Martin Behaim de 1492
“Quando começava o ano de 1484? o
ilustríssimo rei D. João II de Portugal mandou dois navios chamados caravelas
tripulados, fornecidos e armados para três anos, além das Colunas de Hércules,
em África, sempre para o meio-dia e contra o nascer do Sol, enquanto lhes fosse
possível….”
Assinalando a passagem de Diogo Cam pelo Cabo Negro, marca baliza, por estas palavras:
“Aqui levantaram as colunas do rei de
Portugal a 18 de Janeiro de 1485, ano do Senhor.”
Entretanto Damião Peres contesta
aquela data dizendo:
“Deve entender-se que o ano de 1485 da
legenda corresponde na contagem habitual moderna a 1486, tendo o autor Behaim
usado ali, certamente, o estilo da Anunciação, segundo o qual os anos começam
em Março e não em 1 de Janeiro”. História de Angola – 1º Volume de Ralph
Delgado
Sobre este cartógrafo pouco se sabe, dada a escassez de dados biográficos existentes sobre o mesmo. Sabe-se ser de nacionalidade alemã, o seu nome latinizado acrescentava o aposto “germanus”. Henricus Martellus Germanus operou em Itália, na cidade de Florença, no último quartel do século XV, na oficina do gravador e impressor de cartas náuticas, Francesco Rosselli.
Martellus Germanus,
Henricus
Sobre este cartógrafo pouco se sabe, dada a escassez de dados biográficos existentes sobre o mesmo. Sabe-se ser de nacionalidade alemã, o seu nome latinizado acrescentava o aposto “germanus”. Henricus Martellus Germanus operou em Itália, na cidade de Florença, no último quartel do século XV, na oficina do gravador e impressor de cartas náuticas, Francesco Rosselli.
Alguns autores, entre os quais Roberto
Almagià, admitem que Martellus tenha trabalhado em associação com Rosselli,
concluindo aquele estudioso italiano que uma parte da obra cartográfica de
Martellus Germanus se radica na obra de Rosselli, não obstante Armando Cortesão
admitir que “apenas se pode conjecturar” a eventual associação entre os dois
cartógrafos.
De importância fundamental para a história
da cartografia quatrocentista, avulta o planisfério de raíz ptolomaica, da
autoria de Henricus Martellus, datado de c. 1489, inserido no Insularium
Ilustratum Henrici Martelli Germani, de que se conhecem quatro cópias:
no British Museum, na Biblioteca da
Universidade de Leiden, no Musée Condé de Chantilly, e na Biblioteca Laurenziana de Florença.
A raiz ptolemaica na obra deste
cartógrafo foi observada por O. A. W. Dilke a propósito do grande mapa-múndi
manuscrito, datado de c. 1490, com assinatura “Opus Henricus Martellus
Germanus”, que se guarda na Biblioteca da Universidade de Yale, divulgado em
1963 por Alexandre Vietor.
Dilke deduz que o cartógrafo, ao
utilizar a Segunda Projecção de Ptolomeu na execução desta carta, foi
“aparentemente a primeira pessoa que optou por este procedimento”.
Na carta de Martellus, de c. 1489,
encontram-se registados os resultados da segunda viagem de Diogo Cão, quando
este navegador, em 1486, erigiu o seu quarto padrão em “c. de padrom”, actual
Cape Cross, Namíbia e chegou a “serra parda”, bem como as consequências da
viagem de Bartolomeu Dias de 1487-88, no decorrer da qual descobriu a costa
africana para além do término da última viagem de Diogo Cam, dobrou o Cabo da
Boa Esperança e, tendo passado pela “ilha de fonti”, aportou a “rio do Infante”
em pleno Oceano Índico.
Neste planisfério, as viagens
efectuadas pelos dois navegadores portugueses são evocadas por três legendas.
Na legenda inscrita sobre o Golfo da
Guiné, diz-se: “Hec est Uera forma moderna affrice secundum discripcione
Portugalesium Jnter mare Mediterraneum et oceanum meridionalem”.
Esta legenda é bastante elucidativa da
moderna configuração do continente africano, entre o Mediterrâneo e o Índico.
Uma segunda legenda elucida-nos sobre
a colocação do referido quarto padrão no Cabo do mesmo nome, quando da última
viagem de Diogo Cam, e refere: “Ad hunc usq; montem qui vocatur niger per venit
classis secundi regis portugalie cuia classis perfectus erat diegus canus qui
in memoriam rei erexit colunam marmorea cum crucis ab mõte nigro et hic
moritur”.
A terceira e última inscrição, diz
respeito à dobragem do Cabo e à chegada de Bartolomeu Dias à “ilha de fonte” e
observa a data de 1489, portanto, imediatamente a seguir à viagem deste
navegador.
Reza a legenda: “ Hunq usq ad Ilha de
fonti pervent ultima navegatio portugalesium. anno. d. ni. 1489,
O monumento cartográfico da autoria de
Henricus Martellus inscreve-se num grupo de cartas vulgarmente designadas por
“luso-ptolemaicos”, que procuram conciliar uma cartografia de natureza prática,
que tem por base a observação directa dos lugares e uma cartografia de raiz
erudita e humanística, que ainda prevalecia nas oficinas dos cartógrafos onde
Ptolomeu era modelo a observar.
O facto de Martellus Germanus ter
elaborado o seu mapa-múndi a partir de originais portugueses desaparecidos,
realça o seu excepcional valor, dada a escassez de monumentos cartográficos
portugueses executados no século XV. Dada a abundante presença de estrangeiros
na corte de Lisboa, interessados no comércio das nossas espécies cartográficas,
o pretenso cuidado dos monarcas portugueses teve limitados ou nulos efeitos.
Segundo Armando Cortesão, baseado em estudos de H. Winter e E. G. Ravenstein, Martim Behaim ter-se-á inspirado no mapa de Martellus na construção do seu Globo. “A Cartografia Portuguesa dos Séculos XV e XVI”, in História e Desenvolvimento da Ciência em Portugal, vol. II, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1986, pp. 1061-1084. CORTESÃO, Armando, Cartografia e Cartógrafos Portugueses dos Séculos XV e XVI, Lisboa, Seara Nova, 1935. IDEM, História da Cartografia Portuguesa, vol. II, Lisboa, 1970, pp. 204-209. GUERREIRO, Inácio, “A viagem de Bartolomeu Dias e os seus reflexos na Cartografia Europeia Coeva,”, in A Viagem de Bartolomeu Dias e a Problemática dos Descobrimentos, Actas do Seminário realizado em Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta, de 2 a 7 de Maio de 1988, pp. 133-143.
Segundo Armando Cortesão, baseado em estudos de H. Winter e E. G. Ravenstein, Martim Behaim ter-se-á inspirado no mapa de Martellus na construção do seu Globo. “A Cartografia Portuguesa dos Séculos XV e XVI”, in História e Desenvolvimento da Ciência em Portugal, vol. II, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1986, pp. 1061-1084. CORTESÃO, Armando, Cartografia e Cartógrafos Portugueses dos Séculos XV e XVI, Lisboa, Seara Nova, 1935. IDEM, História da Cartografia Portuguesa, vol. II, Lisboa, 1970, pp. 204-209. GUERREIRO, Inácio, “A viagem de Bartolomeu Dias e os seus reflexos na Cartografia Europeia Coeva,”, in A Viagem de Bartolomeu Dias e a Problemática dos Descobrimentos, Actas do Seminário realizado em Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta, de 2 a 7 de Maio de 1988, pp. 133-143.
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