padrão do cabo da Serra/Cruz - no museu “Institut fur Deutsche Geschichte”, Berlim , Alemanha.
erguido em Fev/Mar de 1486, pela guarnição de Diogo Caão [Cam], no cabo da Serra/Cruz, Cape Cross, Namíbia, latitude 21º46' Sul e longitude 13º 57' Este
O padrão do cabo da Serra/Cruz, Cape
Cross, Namíbia, é constituído por uma peça do calcário vulgar das pedreiras dos
arredores de Lisboa, com a forma de uma coluna sobrepujada dum cubo
Em vigor a partir de Março de 1485
D. João II retira das armas reais os
remates flores-de-lis (pontas da cruz verde florestada da Ordem de Avis).
-Fundo branco.
-Cinco quinas azuis dispostas em cruz
(as laterais apontam para baixo, como as do centro).
-As quinas possuem cinco besantes
brancos (dois pontos – um ponto – dois pontos) -Bordadura vermelha.
-Sete castelos dourados na bordadura
(por vezes oito castelos).
Numa das faces do cubo encontra-se o
escudo nacional português, mas com as modificações nele introduzidas por D.
João II – supressão da Cruz de Avis, redução do número de castelos a sete,
modificação da posição dos escudetes laterais, que deixam de ser apontados ao
centro, para o serem a baixo como os três restantes.
Há duas inscrições: Uma em latim,
outra em português.
Foram lidas pelo Prof. Scheppig que
comunicou o seu teor a Luciano Cordeiro.
Este publicou-as na sua monografia.
O texto latino é o seguinte:
A mundi creatione fluxerunt ani 6684
et a Christi nativitate 1485 quum excelentissimus serenissimusque Rex d.
Johanes secundus portugaliae per iacobum canum ejes militem colunam hic situari
jussit
O Texto português é o seguinte:
Era da criação do mundo de bjm bjc
lxxxb e de xpto de IIIclxxxb o eycelente esclarecido Rei dom Jº s.º de Portugal
mandou descobrir esta terra e poer este padram por dº cam cavº de sua casa.
Correntemente:
“Era da criação do mundo de 6685 e de
Cristo 1485 o excelente esclarecido Rei D. João II de Portugal mandou descobrir
esta terra e pôr este padrão por Diogo Cam cavaleiro de sua casa”.
Da inscrição em latim, o Professor
Scheppig teve dúvidas, quanto ao último algarismo do ano da era cristã, em
virtude de estar muito mal conservado, podendo ser 4 ou 5
Luciano cordeiro entendeu que “ esse
algarismo embora parecido aos que têm evidentemente o valor de 4…, deve
considerar-se como uma das variantes que até ao séc. XV se encontram na maneira
de escrever o algarismo 5 “. E estabelecendo a relação entre datas da criação
do mundo e do N. de Cristo achou: 6 684 – 5 199 = 1485
Partindo deste cálculo considerou
errada a data 6 685, da era da criação, que se encontra na inscrição em
português.
Ravenstein, estudando novamente este
assunto “ The voyages of Diogo Cão and Bartolomeu Dias, no Geographical Journal
de Dezembro de 1899 (Vol. XVI, pág. 625-665”, considera errada a data da
inscrição latina, 6684, estabelecendo as datas 6685 e 1485 da inscrição em
Português – as quais de facto, coincidem desde 1 de Setembro a 31 de Dezembro –
e conclui que só dentro deste lapso de tempo teria Diogo Cão partido: “ Como a
ano 6685 da era Eusebiana começa a 1 de Setembro de 1485, Cão deve ter partido
depois deste dia e antes do fim do ano”…
réplica do padrão do cabo da Serra/Cruz, "Cape Cross" , Namíbia
Análise da inscrição latina e
portuguesa do Padrão do Cabo do Padrão:
“O ano de 6684, pelo cômputo da era Eusebiana começou no dia 1 de Setembro de 1484 e terminou em 31 de Agosto de 1485.
Ao analisar-se as inscrições em latim como em português no padrão, elas correspondem ao que o Prof. Scheppig comunicou a Luciano Cordeiro, isto é, na inscrição latina a criação do mundo é o ano de 6684, e a era cristã o ano é 1485.
Na inscrição portuguesa a criação do
mundo é o ano de 6685, e a era cristã o ano de 1485.
cabo da Serra/Cruz, "Cape Cross" , Namíbia
A inscrição latina foi efectuada ou gravada antes do dia 31 de Agosto de 1485 ou mesmo nesse dia, o que coincide com o ano de 6684 da criação do mundo.
Na inscrição portuguesa, o ano da criação do mundo é 6685, pelo motivo desta inscrição ter sido gravada após o dia 01 de Setembro de 1485, ou mesmo nesse dia.
Embora, o ano da criação do mundo, não sejam coincidentes, tanto numa como noutra inscrição, o certo é que, o ano da era cristã da inscrição em latim é ano de 1485, o que valida igualmente o ano da era cristã da inscrição portuguesa, que se encontra bem legível 1485”.
Importante:
Dá-se assim crédito ao ano de 1485, por motivo de D. João II ter decretado a modificação do escudo, a partir de Março desse ano (1485).
Assim sendo, a 2ª viagem de exploração marítima da guarnição de Diogo Cam, teve início após o dia 1 de Setembro de 1485 e antes do fim do ano (conclusão de Ravenstein), que se aceita como correcta.
Os nautas, ainda percorreram mais 50Km de costa para Sul do cabo do padrão da Serra/Cruz, até à ponta dos Farilhões, Hentiestbaai de hoje e foi aí que a expedição terminou!
Cape Cross, Cabo da Serra/Cruz, Namíbia
O termo exacto da viagem, deve-se a
uma legenda de um mapa de 1489 de Henricus Martellus Germanus, cujo texto
legenda, sugere que Diogo Cam aí terá morrido. Se assim aconteceu, poderá ter
sido essa a razão porque os navios não avançaram mais para sul?
Em 1884 a Namíbia foi proclamada por
Bismarck, protectorado da Alemanha, após o fim da 1ª guerra (1914-1918), passou
a ser um protectorado da África do Sul.
No tempo da Alemanha de Bismarck, em
1893, Beder, comandante do cruzador alemão Falte, recolheu num cabo que algumas
cartas antigas chamam Cabo do Padrão, e modernamente tem o nome de Cape Cross,
um padrão que levou para a Alemanha.
Encontra-se no museu do Institut fur
Deutsche Geschichte, Berlim-Leste, sendo o único de todos os Padrões de Diogo
Cão que conserva a cruz como cimeira original.
A cruz de pedra que o descobridor
português colocou na actual (Costa do Esqueleto) em Fev./Mar de1486, foi assim no
final do século XIX (1893) retirada para Berlim, pela então potência colonial,
a Alemanha, e mais tarde substituída por uma imitação réplica.
Cape Cross, Namíbia
Em plena Costa dos Esqueletos, no
local que hoje a cartografia refere como Cape Cross, surge uma réplica do padrão,
cujo original foi deixado em 1486 pela
guarnição de Diogo Cão, o primeiro navegador europeu a chegar à Namíbia e
atingir as proximidades do Trópico de Capricórnio, 23º e 27’ latitude Sul.
réplica do padrão do cabo da Serra/Cruz, Cape Cross, Namíbia
pedra em mármore comemorativa dos 500 anos da chegada da guarnição de Diogo Cam a Cape Cross, (1986) escrita em Português, Alemão e Inglês, – junto à réplica do padrão.
padrão original do cabo da Serra/Cruz fur Deutsche Geschichte”, Berlim , Alemanha. 17.05.2019
Noticia de 17 de Maio de 2019, pelas 18:56
O Padrão colocado pela guarnição do navegador Diogo Cão
no Cabo da Cruz em Março de 1486 vai regressar a casa, a Cape Cross, Namíbia, (Sudoeste Africano) - Lat. 21º77' Sul e 13º 95'Este
A Alemanha vai devolver à Namíbia o padrão, com mais de 500 anos, colocado
pela guarnição do navegador português Diogo Caão [Cam] na costa central daquele país, anunciou esta
sexta-feira, 17.05.2019 a ministra da
Cultura alemã, Monika Gruetters.
Apesar do padrão ser originalmente europeu, a devolução pretende ser um
"gesto de reconciliação" um sinal de que a Alemanha assume a responsabilidade pelo seu passado colonial.
"A devolução do padrão sinaliza claramente o reconhecimento da
necessidade de reavaliar o passado colonial e trabalhar em conjunto com
os países de origem dos objectos coloniais para que possam encontrar formas
construtivas de compromisso e respeito uns pelos outros"
Para Monika Gruetters, a "injustiça deste período" foi "suprimida e esquecida há demasiado tempo" na memória cultural colectiva
da Alemanha. "A restituição é uma contribuição para a reconciliação e o
sentido de entendimento comum com o povo da Namíbia. Ao mesmo tempo, aceitamos
a responsabilidade pelo passado colonial da Alemanha", considerou.
A decisão foi bem acolhida pelo embaixador da Namíbia na Alemanha, Andreas
B.D. Guibeb, que agradeceu a resposta positiva às pretensões do governo e da
população namibianos.
"O regresso da Cruz original é um passo importante "a reconciliação do passado colonial".
O padrão de calcário, encimado por uma cruz com as armas da coroa
portuguesa, foi colocado por Diogo Cão, em 1486, na costa central do território
que hoje corresponde à Namíbia para reclamar as terras para a posse de Portugal.
Com mais de 500 anos, o padrão tem cerca de dois metros de altura e pesa
mais de 350 quilos, tendo dado àquela zona o nome de Cabo da Cruz e assinalando
a descoberta do ponto mais meridional alcançado até então pelos europeus em
África.
Em 1893, quando aquela zona fazia parte do império colonial alemão, o
padrão foi trazido para a Alemanha, onde permanece até hoje em exibição no
Museu de História de Berlim.
O museu adiantou, em comunicado, que a decisão de devolver o padrão foi
tomada numa reunião da direcção realizada na quinta-feira e segue as orientações
dadas nesse sentido pelo presidente do museu, Raphael Gross.
Foi há mais de 500 que a guarnição do navegador português Diogo Caão [Cam] colocou na costa central da Namíbia este padrão
que ergue o escudo de Portugal. Com cerca de dois metros de altura e mais de
350 quilos, o monumento que deu àquela zona o nome de Cabo da Cruz e que marcou
o período das navegações portuguesas retornará no mês de Agosto de 2019 a casa, depois de anos sob
a alçada do Museu Histórico Alemão. A ministra da cultura alemã Monika
Gruetters anunciou que o museu irá devolvê-lo à Namíbia depois de ter sido
levado durante a era colonial.
JORNAL DO PÚBLICO
17 de Maio de 2019, 21:30
Um padrão português
pertencente à colecção do Museu Histórico Alemão (DHM, na sigla alemã), em
Berlim, vai ser devolvido à Namíbia. O monumento foi deixado na costa africana
por exploradores portugueses em 1486, por altura das viagens de Diogo Cão, e
foi levado para a Alemanha em 1893, durante o período em que os germânicos
colonizaram aquele país africano. Será devolvido à Namíbia em
Agosto.
A direcção do museu
respondeu favoravelmente ao pedido de devolução que foi oficialmente endereçado
pela Namíbia em 2017. De acordo com a revista Der Spiegel, ao longo do séc. XX, o país africano pediu
três vezes a Berlim a devolução do monumento — em 1925, em 1960 e em 1990),
vendo, por três vezes, esse desejo rejeitado.
A ministra da cultura alemã, Monika Grutters, presente na cerimónia onde foi anunciado o regresso do artefacto ao país de origem, afirmou que era "um sinal claro" do compromisso alemão em não omitir o seu "passado colonial". O embaixador da Namíbia na Alemanha, Andreas Guibeb, classificou o gesto como um passo importante para a reconciliação com o passado colonial, bem como com " o rasto de humilhação e injustiça sistemática" que este deixou. A Alemanha devolverá em Agosto de 2019 à Namíbia o padrão português erguido pela guarnição de Diogo Caão. Monumento foi erguido na época dos Descobrimentos e depois roubado durante o período colonial. A Alemanha acedeu, por fim, a devolver à Namíbia um padrão português da época dos Descobrimentos que foi de lá retirado durante o colonialismo do século XIX. A devolução do monomento de mais de 500 anos é um passo no sentido de sanar as feridas do passado colonial. " Esta restituição é uma contribuição para a reconciliação e o sentido de entendimento comum com o povo da Namíbia, indicou a ministra da Cultura alemã, Monica Gruetters,, numa cerimónia pública onde foi feito o anúncio.
A ministra da cultura alemã, Monika Grutters, presente na cerimónia onde foi anunciado o regresso do artefacto ao país de origem, afirmou que era "um sinal claro" do compromisso alemão em não omitir o seu "passado colonial". O embaixador da Namíbia na Alemanha, Andreas Guibeb, classificou o gesto como um passo importante para a reconciliação com o passado colonial, bem como com " o rasto de humilhação e injustiça sistemática" que este deixou. A Alemanha devolverá em Agosto de 2019 à Namíbia o padrão português erguido pela guarnição de Diogo Caão. Monumento foi erguido na época dos Descobrimentos e depois roubado durante o período colonial. A Alemanha acedeu, por fim, a devolver à Namíbia um padrão português da época dos Descobrimentos que foi de lá retirado durante o colonialismo do século XIX. A devolução do monomento de mais de 500 anos é um passo no sentido de sanar as feridas do passado colonial. " Esta restituição é uma contribuição para a reconciliação e o sentido de entendimento comum com o povo da Namíbia, indicou a ministra da Cultura alemã, Monica Gruetters,, numa cerimónia pública onde foi feito o anúncio.
Sem comentários:
Enviar um comentário