segunda-feira, 22 de julho de 2013

reino de Benguela



Manuel Cerveira Pereira e o Reyno de Benguella

A região de Benguela, antes da chegada dos Portugueses, era habitada por povos bantos criadores de gado, que tudo indica serem de ascendência Herero, vindos do Sul.
De facto, a baía de Benguela foi durante muito tempo conhecida como “baía das Vacas”, por lá os Portugueses terem avistado (e roubado) muito gado aos povos da região. Habitada por grupos nómadas de Khoisan, que há muito se tinham adaptado à secura da região.
O primeiro contacto dos Portugueses com a baía de Benguela teve lugar na primeira viagem de exploração marítima pela guarnição do navegador Diogo Caão, que ali ancorou em 15 de Agosto de 1483,  à qual deu o nome que hoje é praia morena da baía de Benguela  de “angra de Santa Maria”.
Ao rio Catumbela,  deu o nome de “rio do Paúl”.
Ao morro do Sombreiro deu o nome de "castelo dalter poderoso".

De acordo com Gastão Sousa Dias na sua obra "Os Portugueses em Angola", edição da Agência Geral do Ultramar, Lisboa, 1959, p.p. 99 e 100, lembra-nos que em 1615 o Rei Filipe II de Portugal (e III de Espanha) separou o Reino de Benguela do governo de Angola.
"De meu poder real e absoluto, me praz e hei por bem, por esta presente provisão, a capitania, conquista e governo das províncias do dito Reino de Benguela [...] e por ela as erijo e ao dito reino em novo governo, para que de hoje em diante tenham separada a jurisdição e governador", nomeando como Governador, Conquistador e Povoador de Benguela ao mesmo tempo governador de Angola Manuel Cerveira Pereira”.

O objectivo principal da criação da nova colónia era a procura e eventual exploração das minas de cobre do Sumbe  Ambela, a Norte da foz do rio Cuvo (ou Queve), e a Sul de Benguela-Velha, a primeira povoação portuguesa na região, mais tarde extinta, perto da actual cidade de Porto Amboim.
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
Manuel Cerveira Pereira deixou Luanda a 11 de Abril de 1617 à frente de uma expedição de 130 homens e rumou a Sul sempre ao longo da costa até que chegou à Baía das Vacas a 17 de Maio. Manuel Cerveira Pereira fundou a povoação de S. Filipe de Benguela, que havia de ser a capital do novo domínio português a Sul de Angola.

Fonte:
O VIAJANTE Igrejas de Benguela
Igreja da Nossa Senhora do Pópulo é sem dúvida um edifício de estaque em Benguela pela sua arquitectura barroca, pela sua antiguidade e também pelas lendas que existem sobre a sua construção.
A história desta igreja remete-nos para o século XVII, e rezam as lendas que terá sido a primeira construção de alvenaria a ser erguida em Benguela usando as pedras que vinham do Brasil nos barcos negreiros que transportando os escravos para o continente americano traziam no regresso da viagem enormes pedras que serviam de lastro aos navios com o objectivo de tornar a viagem mais cómoda.
A única data que ainda hoje é visível na fachada principal, 1 de Novembro de 1748, terá sido a data de um eventual restauro da igreja, ou da primeira missa, segundo pude apurar em versões diferentes que encontrei na net.
O púlpito de madeira estilo rococó terá (segundo rezam as lendas) sido realizado com madeira oriunda também do Brasil.
Uma outra curiosidade que encontrei na net, diz-nos que foi no coro desta Igreja que Raul Indipwo se estreou como solista, muitos anos antes de se tornar muito conhecido ao lado do Milo MacMahon no mítico Duo Ouro Negro.

A cidade de Benguela (S. Filipe) foi fundada na "baía das Vacas" por Manuel Cerveira Pereira, em 1617. A possível existência de minas de cobre na foz do rio Queve originou a sua fundação. Foi ocupada pelos flamengos de 1641 a 1648. O  Reino de Benguela foi autónomo de Angola desde a sua fundação até 1869, ano em que foi incorporada na administração de Luanda.
 fundação de S. Filipe de Benguela

Por Helder Fernando de Pinto Correia Ponte, em - Introdução ao Estudo da História de Angola
O Reino de Benguela foi uma criação dos Portugueses, pois na realidade tal reino nunca existiu, e referia-se à região costeira a Sul dos reinos da Quissama (na margem Sul da Barra do Cuanza)e do Libolo, passando pela baía do Quicombo, até à foz do Rio Caporolo, a Sul da actual cidade de Benguela. Para o interior, o Reino de Benguela cobria as regiões do Amboím e do Seles, e para Sul até às fraldas dos planaltos do Huambo, Caconda e Quilengues, que na altura estavam sob o domínio dos Jagados Ovimbundos.
O Reino de Benguela era assim constituído por um grupo de potentados africanos independentes que os Portugueses tentaram dominar no intuito de expandir a captura e troca de escravos para além dos reinos do Congo e de Angola, que rapidamente perdiam população, e que assim não podiam garantir um oferta sustentável de escravos para os engenhos de açúcar do Brasil.

Alguns estudiosos da História de Angola defendem o argumento que a criação de uma possessão autónoma na região era necessária como alternativa a Luanda, tendo em vista o desafio holandês na região. De acordo com este ponto de vista, os Portugueses criaram a possessão autónoma de Benguela como "válvula de escape", com receio da perda de Luanda, e com ela todo o acesso ao comércio negreiro no Atlântico Sul. E no entanto curioso notar que os Portugueses consideraram durante o período de ocupação holandesa de Angola, a criação de uma nova capital que se havia de situar na Barra do Dande, como posto negreiro alternativo a Luanda, ideia que mais tarde foi abandonada.

Durante um breve interregno de sete anos (1617-24), e graças ao esforço de Manuel Cerveira Pereira, que fundou a Cidade de São Filipe de Benguela em 1617, na Baía das Vacas, o Reino de Benguela esteve separado do Reino de Angola, como capitania-geral e governador próprios e directamente ligada a Lisboa; contudo, a sua existência foi efémera, pois em 1624 foi incorporado permanentemente e subordinada à autoridade do Governador e Capitão-General da Colónia de Angola.
Já no Século XVIII, e durante o consulado do governador pombalino Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho Benguela serviu de base para a conquista das terras do Libolo, do Jaga Huambo, do Jaga Caconda, e das terras do Nano (Quilengues), e das Terras Altas da Huíla, sem contudo os Portugueses assegurarem nunca uma permanência duradoura nos Planaltos do Huambo e da Huíla.

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