( texto adaptado de Max Justo Guedes ) ...o descobrimento oficial do Brasil
itinerário de Lisboa a Porto Seguro, baía Cabrália, da frota de Pedro Álvares Cabral
A partida da frota de Pedro Álvares Cabral
constituída por 13 embarcações (naus e caravelas), do rio Tejo, Lisboa deu-se a
09 de Março de 1500, uma Segunda Feira.
iluminura do livro "armada portuguesa, da frota Pedro Álvares Cabral
O rumo foi desfechado após a saída do rio
Tejo.
Singraram a SSW, rumo usual para a travessia
até às Canárias, trecho conhecido então, como de “las Yegguas” pelos pilotos
espanhóis.
derrota de Pedro Álvares Cabral do rio Tejo, Lisboa ao Equador
Bom tempo e vento de feição permitiram que a
distância de aproximadamente 700 milhas fosse percorrida em 5 dias, como
andamento diário de 140 milhas, ou seja, a velocidade de 5,8 nós bastante
razoável para a época.
É curioso lembrar que Colon em 1492, conhecido pelo nome falso de "Colombo",
percorreu menor distância em seis dias, segundo Fernando Colon ou sete dias ,
de acordo com Las Casas, Vasco da Gama, em 1497, levou sete dias, Martin Afonso
de Sousa, trinta anos depois, gastou um dia mais que Cabral e D. João de
Castro, em 1538, sete dias.
No dia 14 de Março, Sábado, entre as oito e
as nove horas da manhã, estava a frota entre as Canárias, mais perto da Gran
Canária, como esclarece Caminha.
Nesse dia, a calmaria deteve a esquadra à
vista das ilhas, a 3 ou 4 léguas da Gran Canária, única maneira de conciliar a
realidade geográfica com a afirmação de Pero Vaz: "aly andamos todo aquele dia em calma
avista delas obra de três ou quatro léguas das Canárias" ou mesmo da Gran
Canaria, Fuerteventura e Tenerife, que eram as ilhas à vista. Se achasse a 4
léguas da Gran Canaria, a esquadra estaria afastada mais de 10 léguas de
Fuerteventura ou de Tenerife!
arquipélago das ilhas Canárias
Tendo a frota passado entre Tenerife e a Gran
Canaria ou entre esta e Fuerteventura, não se possui elementos para o saber com
segurança.
Trinta ou quarenta milhas após ultrapassada a
extremidade Sul desta ilha o vento volta à direcção e intensidade normais - o
alisado de Nordeste - a armada retomou seu andamento.
O rumo, como é natural, foi aberto para
Oeste, SW 1/4 S - Sudoeste um quarto a
Sul - em demanda das ilhas de Cabo Verde, ou, mais precisamente de Santiago,
conforme aconselhara Gama.
A 800 milhas que separam os dois arquipélagos
foram cobertas em oito dias, com velocidade média de 4 nós folgados.
arquipélago das ilhas de Cabo Verde
O andamento foi bom, Martim Afonso de Sousa demorou-se doze dias,
em Dezembro de 1530; Colon, mais feliz,
levou somente seis dias- velocidade média,
de 6 nós-, por ocasião da sua terceira viagem, D. João de Castro, oito dias.
Pero Escobar, um dos maiores pilotos
portugueses da época, tendo estado na
Índia com Vasco da Gama, reconheceu, prontamente, a ilha de S. Nicolau, quando
dela de acercou a frota às dez horas
"pouco mais ou menos ".
A rota que levavam levou a esquadra a passar
no largo canal - 58 milhas aproximadamente -que separa S. Nicolau da ilha do
Sal.
Sendo aquela uma ilha bastante elevada, pode
ser avistada , com boa visibilidade, a mais de 70 milhas.
Fosse a rota mais aberta e S. Antão, com o
seu tope da corroa alçando-se a 6493 pés -1980 m - apareceu primeiro aos vigias da armada.
A rota
foi chegada à ilha de S. Nicolau,
Caminha não menciona o avistamento da ilha do Sal, com o seu monte
Grande, de 1332 pés de altitude - 406 m - é visível a quem se aproxime a menos
de 40 milhas.
A frota passou pela ilha de Boavista, sem a
avistar, indo cruzar o canal que separa a ilha de Santiago da ilha do Fogo,
esta última com um notável vulcão que se eleva a 9281 pés- 2829 m, foi visível
durante alguns dias.
No Quarto d'Alva do dia seguinte, uma segunda
feira, dia 23, foi notada a falta de uma das naus.
Caminha diz ter sido a de Vasco de Ataíde.
Dois dias se demorou a frota em infrutíferas
buscas, ao cabo das quais Cabral, cingindo-se às instruções de Gama, iniciou o
que Pero Vaz de Caminha chamou " o nosso caminho per este mar delongo.
regime das correntes marítimas na costa Leste Atlântica brasileira
Navegação com o alisado de Nordeste
As 600 milhas que separam o arquipélago de
Cabo Verde até à latitude 5º Norte e longitude de 24º 30' W- que marca o
início das calmas equatoriais para Março- Abril, foram cobertas com o alisado pela alheta de
bombordo em cinco dias, com andamento médio de 5 nós.
Passagem pela região de calmas equatoriais
Tendo ultrapassado Cabo Verde, na noite de 24 para 25, pois os dias 23 e 24
foram gastos na procura de Vasco Ataíde, cinco dias depois, entre 29 e 30 de
Março, a frota estava em 5º de latitude Norte, entrando na região das calmas equatoriais - doldrums,
limite inferior do alisado de Nordeste.
Esta região, no início do mês de Abril ou fim
de Março, estende-se por aproximadamente 3 3/4 graus, uma vez que o limite
Norte médio do alisado de Sueste anda por 1 1/4 grau de latitude Norte.
Entrando
nas calmarias, a Corrente Equatorial Sul deslocou a frota cerca de 90
milhas para Oeste, - arrastamento médio de nove milhas diárias- a velocidade passou a ser estimada em 1 nó.
Com singraduras de 24 milhas, levou cerca de 10 dias para ultrapassar os
doldrums,levando as embarcações a atingir a latitude 1 1/4 Norte e longitude
26º Oeste.
Navegação com o alisado de Sueste
Atingida a latitude 1º 1/4 Norte, o alisado
de Sueste fez-se sentir, pouco a pouco . É o vento escasso que
obrigou a frota a lançar-se na volta do mar, dois dias depois cruzou o Equador,
data próxima do dia 10 de Abril, entre as longitudes 27º e 28º a Oeste de
Greenwich. Nessa altura, pelo efeito do rumo Sudoeste e da corrente que anda
por 15 milhas diárias, deslocou a esquadra
1º 1/4 para Oeste.
Ultrapassado o Equador, o vento alargou-se e
a rota fechou um pouco sobre o Sul ou Sul quarta a Sudoeste, corrigido da
declinação magnética (cerca de quarta Leste ), foi de SSW, rumo singrado até à latitude de Fernão de Noronha,
deixada a sotavento, a 210 milhas - 70 léguas -, tendo em atenção o abatimento
por força da Corrente Equatorial.
Pelas alturas do Cabo São Roque, a Corrente
Equatorial biforca-se formando a Corrente Brasileira que corre
paralelamente à costa, afastada de 120 a 150 milhas levou a frota a percorrer
600 milhas seguintes até à latitude 13º Sul
da actual cidade de S. Salvador, com um aumento da velocidade estimada
em 1/2 nó, com abatimento de 0,2 a 0,3 nó para Oeste.
Por volta do dia 18 de Abril, associada à
velocidade da superfície acrescida do deslocamento provocado pela corrente, em
5 nós estaria a esquadra à latitude da
actual Baía de Todos os Santos.
Seguindo rumo verdadeiro próximo de
Sudoeste, três dias depois de percorrer
300 milhas, próximo da latitude Porto Seguro, numa Terça-Feira das oitavas da
Páscoa, dia 21 de Abril, viram os mareantes " ervas compridas aque chamã e
asy outras aque tambem chamã rrabo dasno", os quais os sinais de terra se
tornaram por demais evidentes.
derrota da frota de Pedro Álvares Cabral do Equador a Porto Seguro, baía Cabrália, Brasil
Nessa ocasião rumou Cabral a Oeste ou quarta
de Nordeste, em demanda de terra, cobrindo
120 milhas em trinta e poucas horas com andamento cauteloso de 3 nós.
Em " aoras de bespera", isto é,
passando das três horas da tarde, foi avistado de Sueste, um " monte muy
alto e rredondo e doutras serras mais baixas ao Sul dele", Monte
Pascoal, 536 m, situado a 18 milhas no interior da costa, a Oeste da
actual Ponta Corumbau.
monte Pascoal e serras envolventes a Sul
O monte pode ser avistado a 50 e mais milhas
de distância, desta forma, a mais de 30 milhas da costa pode ser avistado pela
armada.
ponta do Corumbau
Ao pôr do Sol do dia 22 de Abril, havendo
avançado mais 12 milhas, fundeou a armada em 19 braças, ancoragem limpa, a 6
léguas da costa, ou seja umas 19 milhas, estava descoberto o Brasil, oficialmente.
Fundeada permaneceu a frota até ao dia
seguinte, Quinta Feira, 23 de Abril, quando se fez à vela em direcção à terra.
Como era usual, as caravelas colocaram-se na
vanguarda, boas que eram para descobrir conforme se dizia então.
Sondagens cuidadosas permitiram aproximação
segura até milha e meia da costa, meia légua, onde, cerca das dez horas,
lançaram ferro em nove braças, próximo da foz do actual rio Frade.
foz do rio Frade
Á capitânia, vieram os comandantes,
deliberando enviar a terra um batel, nele foi Nicolau Coelho, experimentado
navegante que observaria o rio e os homens avistados de bordo.
rio Frade
Às oito horas da manhã de 24 de Abril, Sexta Feira, suspendeu a frota na direcção do
Norte, em busca de bom porto onde se pudesse abrigar, para refresco, aguada e
embarque de lenha.
Caravelas e embarcações pequenas chegados à
costa, as naus bem mais ao largo, para maior segurança da rota, com andamento
cauteloso de 3 nós escassos.
derrota da frota de Pedro Álvares Cabral ao rio Frade e rumo à baía Cabrália, terras de Vera Cruz, Brasil
Deste modo, a busca demorou-se até quase ao
pôr do sol.
Acharam " huu arrecife com huu porto
dentro muito boo e muito seguro com huua muy larga entrada". Este porto,
logo recebeu o nome de Porto Seguro, foi muito tempo, identificado como a
actual Baía Cabrália, em singela homenagem geográfica ao descobridor oficial do
Brasil.
Porto Seguro e baía Cabrália
Achado o porto que buscavam, meteram-se nele os barcos menores e amainaram.
As naus, sempre dentro da margem de segurança estabelecida por hábeis
mareantes, fundearam em onze braças, a uma légua do Recife da Coroa Vermelha.
recife da Coroa Vermelha da baía Cabrália, Brasil
À praia foi um esquife, com o experiente
Afonso Lopes ávido por reconhecer a terra e os habitantes.
Dois índios, são levados à capitânia, onde
Caminha pode observá-los, fazendo saborosíssimo relato do facto ao Soberano.
iluminura da baía Cabrália
Na manhã seguinte, Sábado dia 25 de Abril, as
naus demandam a baía e vão fundear em cinco a seis braças, junto das
embarcações pequenas.
Foram os portugueses a terra, Caminha entre
eles, bem como os dois veteranos Coelho e Bartolomeu Dias.
Os locais auxiliam a fazer aguada no útil
Mutári.
foz do rio Mutári
À tarde, Cabral e os demais capitães, saem
nos respectivos batéis, a passear pela baía.
Desembarcam todos no Recife da Coroa
Vermelha, onde folgaram durante uma hora.
baía Cabrália
No Domingo da Pascoela, voltaram todos ao
recife, onde ouvem missa, rezada em altar improvisado sob um esperável.
Segue-se novo passeio de barco, com os índios, em grande alvoroço, metidos na
água e os portugueses tocando trompetas e gaitas até tornarem a bordo para
comer. Após o almoço, os capitães são reunidos em conselho ao qual assiste
Caminha.
Decide-se , então, enviar ao reino a caravela
dos mantimentos, levando a notícia do descobrimento; resolve-se que na terra
ficariam dois degredados e que nenhum índio seria levado a Portugal. Findo o
conselho, vão todos examinar o rio e recrearem-se ; confraternizam portugueses
e silvícolas, com Diogo Dias a dançar entre eles, ao som de gaita.
baía Cabrália
local da 1ª missa em terras de Vera Cruz, Brasil
Segunda Feira, 27 de Abril, novamente vão os
lusos fazer aguada, misturando-se com os
naturais, agora menos esquivos. Neste dia Mestre João, Afonso Lopes, piloto de
Cabral e Pero Escobar, piloto de Tovar, tomam a altura da passagem meridiana do
Sol, avaliando a latitude local 17º Sul próximo do real ( 16º 20' latitude Sul
).
A mando de Cabral, Diogo Dias e três
degredados visitam, uma taba indígena. Foi iniciado o sistema de trocas que se
tornou usual entre europeus e índios.
rio Mutári
Terça Feira, dedicou-se a guarnição a cortar
lenha e lavar roupa.. Iniciou-se a construção de uma cruz, utilizado uma árvore
cortada na véspera. Dias e dois degredados voltam à aldeia indígena, com ordens
de ali pernoitarem, o qual não lhes foi consentido.
pôr do Sol em Porto Seguro
Quarta Feira, cuidou Cabral de transferir a
carga da caravela dos mantimentos, distribuída pelas as demais embarcações.
Sancho Tovar foi a terra e permitiu que dois
naturais o acompanhem de volta. Comem e dormem a bordo da Nau.
Quinta
Feira, 30 de Abril, voltou a guarnição a cortar lenha e fazer aguada. Os índios
auxiliam na faina. Neste dia, o número deles foi elevado: quatrocentos e
cinquenta.
À noite, a guarnição ao regressar a bordo,
leva com eles quatro naturais, sendo dois para a nau de Cabral, um para a de
Aires Gomes da Silva e outro para a caravela de Simão de Miranda.
Sexta Feira, 1 de Maio, último dia relatado
por Caminha, foram todos a terra com bandeira de Cristo, desembarcando acima do
rio, contra o Sul, local onde foi erguida a cruz. Cabral e os seus homens
passaram o rio a buscá-la, o lenho ficou junto à floresta donde fora cortada a
árvore para a sua confecção.
Voltaram em procissão, os religiosos à
frente, entoando cânticos. Os índios auxiliaram o transporte da pesada cruz.
marco histórico de pedra em Porto Seguro
Passado o rio, junto à foz, é levada à cova
preparada na praia, cerca de trezentos metros ( dois tiros de besta, além da
embocadura do Mutari. A cruz levava as armas e a divisa de D. Manuel, conforme
conta Caminha.
Erguida, armou-se altar junto dela, oficiando
Frei Henrique. Versou a pregação sobre os apóstolos. e sua missão. às treze
horas, finda a cerimónia, recolheram todos às naus para almoçar.
No dia seguinte, partiu a armada rumo do Cabo
da Boa Esperança. Para Norte seguiu a
caravela dos mantimentos, que sob o comando de Gaspar de Lemos, levava cartas
de Cabral, capitães principais, Caminha e Mestre João.
A frota de Cabral, reduzida a onze
embarcações, enfrentou fortíssimo tempo, afundou-se subitamente quatro delas,
tresmalhando as demais, que irão juntar-se em Quiloa, à excepção da nau de
Diogo Dias, o qual só se encontrariam, no regresso a Cabo Verde.
baía Cabrália vista do istmo do recife da Coroa Vermelha
Com seis velas, atingiu Pedro Álvares Cabral
a Índia - Calicut em Setembro de 1500.
Bem recebido a princípio, surgem depois
desentendimentos com os mercadores mouros, senhores do comércio local, e mesmo
com o Samorim, interessado em protegê-los.
Finalmente, o porto foi bombardeado, em
retaliação à traição que vitimou portugueses.
Carregando especiarias e estabelecendo bons
contactos em Cochim e Cananor, pode Cabral iniciar a torna- viagem, a 16 de
Janeiro de 1501.
Ainda perderia a grande Nau de Sancho de
Tovar.
Aos 23 de Junho, entrava no Tejo a Anunciada,
seguindo de perto por Cabral e Pero Ataíde e a seguir por Nicolau Coelho, Tovar
e Diogo Dias.
Terminava uma viagem que, parecendo
momentaneamente desastrosa em face das elevadas perdas sofridas,
transformar-se-ia no grande feito náutico da gente lusa, origem que foi duma
das maiores e mais ricas nações, testemunha permanente do incomparável papel
civilizador do pequeno mas grande
Portugal!
iluminura da nau de Pedro Álvares Cabral com índios a bordo
Fonte:
A partida da armada de Pedro
Álvares Cabral
A armada de Pedro
Álvares Cabral foi a segunda frota enviada pelo rei D. Manuel à
Índia, e foi preparada logo após o regresso de Vasco da Gama. Desta vez,
tratava-se de uma poderosa força naval, constituída por 13 navios e mais de um
milhar de homens, com a missão de confirmar as informações, os contactos e
os acordos com o rei de Calecute, feitos na viagem anterior.
A dimensão da armada destinava-se, naturalmente, a exibir uma
clara posição de força, embora ainda se pensasse que a Índia era povoada por
cristãos e que o próprio rei de Calecute era também cristão. As ordens do
rei estipulavam detalhadamente os procedimentos que Pedro Álvares Cabral
deveria seguir e as cautelas que deveria ter, de forma a evitar os contratempos
que Vasco da Gama tinha enfrentado.
A armada partiu de Lisboa a 9 de Março e passou as Canárias e Cabo
Verde no espaço de poucos dias. Ao afastar-se da costa africana e depois de
passar o equador, a armada deparou com sinais de terra, que se confirmaram a 22
de Abril, quando atingiu a costa brasileira.
Foi um acaso, esta chegada ao Brasil?
No caso desta armada,
temos todas as razões para crer que sim. Há suspeitas de que esta terra já
tinha sido avistada ou tocada por navios portugueses, em anos anteriores, mas
nada de seguro se sabe. O caso mais conhecido é o de Duarte Pacheco Pereira,
que menciona no seu trabalho ter chegado ao Brasil em 1498.
Há também o célebre caso da linha do Tratado de Tordesilhas, que o
rei D. João II exigiu que fosse traçada mais para oeste do que tinha sido inicialmente
proposto pelos castelhanos, e que indicia o conhecimento ou a suspeita da
existência de terra naquelas paragens. Mas em qualquer dos casos, trata-se
apenas de suposições pouco sólidas.
Só na viagem de Cabral é que a existência do Brasil foi devidamente
assinalada e registada, e de tal maneira constituiu uma surpresa que o capitão
mandou um dos navios de regresso a Lisboa, para informar o rei do achado da
nova terra.
Como correu o resto da viagem?
O resto da armada retomou
o curso da viagem, após esta pausa de cerca de duas semanas. Atravessou o
Atlântico rumo ao Cabo da Boa Esperança, mas uma tempestade fez naufragar
vários navios, entre eles a caravela comandada por Bartolomeu Dias,
precisamente o primeiro europeu a passar o Cabo, doze anos antes.
A armada que chegou finalmente a Calecut estava, portanto,
substancialmente enfraquecida. Na Índia, Pedro Álvares Cabral tomou
conhecimento de uma realidade amarga: a terra não eram povoada por cristãos,
como Vasco da Gama tinha sido induzido, mas sim por gentios, e o comércio
marítimo era dominado por muçulmanos, naturalmente hostis aos portugueses.
Estava, portanto, aberto o caminho para as hostilidades e para o
confronto militar, que ocorreram por diversas vezes antes do regresso da armada
a Portugal e que veio a marcar o quotidiano da presença portuguesa na Índia nos
anos seguintes.
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