Foram os navegadores portugueses quem primeiro desenharam esta baía em
forma duma cabaça, num mapa antigo datado de 1506 e que está presentemente bem
guardado na Alemanha!
Fig. No. 1-- Em Portugal ainda hoje o povo continua a usar as cabaças cheias de
água ou vinho quando vão para o monte ou trabalhar nas terras.
Foi no dia 5 de Agosto de 2003, que eu recebi um e-mail de Lucy van Beek,
Productora da Televisão Paladin Invision de Londres, na Inglaterra, com
perguntas pertinentes em preparação para a minha entrevista em frente da câmara
de vídeo que teve lugar no Museu da Pedra de Dighton, no dia 15 de Agosto de
2003. Aqui está, a tradução do referido e-mail:
“Há mais uma última coisa que eu preciso de te perguntar. No teu livro ‘Os
Pioneiros Portugueses e a Pedra de Dighton’ há três mapas: a carta de Reinel de
1522; a Carta de Reinel de 1519 e também o Planisfério de Diogo Ribeiro de
1522.
Tens reproduções destes mapas na tua biblioteca, e será que poderemos ler e
filmar os nomes de ‘Terra dos Corte Reais’? Já ouvistes falar no Atlas de
Kunstmann de 1571? Tens uma cópia deste mapa? Pensamos que este mapa menciona
uma baía ou um rio com o nome de João Vaz. Mais uma vez muito obrigada pela tua
cooperação. Lucy.”
É óbvio que a equipa de televisão de Londres queria verificar e filmar os
documentos reais!
A minha resposta para a Lucy foi de que tenho todos os mapas que ela me pediu,
com excepção do Mapa de Kunstmann. Confessei-lhe que nunca tinha ouvido falar
neste mapa mas prometi-lhe que iria procurá-lo e assim fiz.
Eu sei, por experiência pessoal nos passados quarenta anos, que quando eu
preciso de encontrar qualquer informação sobre um mapa antigo vou em primeiro
lugar à Monumenta Cartographica Henriquina.
Eu tenho a colecção completa dos sete volumes assim como a colecção de
mapas coloridos na Biblioteca Museu, com o meu nome, em Cavião, Vale de Cambra,
Portugal. Mas como estou agora na América onde é que eu poderia ir para
examinar a Monumenta Cartographica?
Decidi ir à Biblioteca de John Carter Brown, localizada em Providence,
Rhode Island, a qual é considerada a melhor nos Estados Unidos da América em
cartografia Antiga.
Eu tenho sido Membro Associado da Biblioteca de John Carter Brown há mais
de quarenta anos. Fui lá para rever os enormes volumes da Monumenta
Cartográfica Henriquina. Possuem a colecção número treze, a qual foi dádiva do
Primeiro Ministro de Portugal, em 1960, que naquela altura era António de
Oliveira Salazar.
1576 Fernão Vaz Dourado
Fui três dias à Biblioteca de John Carter Brown onde fui muito bem recebido
e tratado por todos os empregados.
(1) O Mapa de Kunstmann
Com muita atenção e perseverança consegui localizar o mapa de Kunstmann!
Eureca! Aqui está a descrição deste mapa como aparece na Monumenta
Cartographica Henriquina publicada em Portugal, em 1960:
“A maior parte desta colecção foi coordenada pelo humanista Konrad
Peutinger (1465-1547) e pelo impressor alemão Valentim Fernandes que se
estabeleceram em Lisboa.
Em 1715 Ignaz Peutinger ofereceu o que tinha sido acumulado pelo seu
antecessor à biblioteca dos jesuítas em Augsburg; mas no princípio do século dezanove
quando houve uma partilha da colecção uma parte ficou em Augsburg e a outra foi
para Munique.
Isto não quer dizer que todo o material de origem portuguesa tivesse sido coleccionado
por Peutinger, como por exemplo o Atlas de Vaz Dourado que foi adquirido muito
mais tarde. Mas esta carta anónima c. 1506 foi uma das adquiridas em Lisboa
para a colecção do humanista de Augsburgo.
É geralmente conhecida como “Kunstmann III” porque a sua parte ocidental
foi pela primeira vez reproduzida em 1859, num fac-símile a cores com o No.
III, no célebre Atlas do sábio padre e historiador alemão Friedrich Kunstmann,
que viveu alguns anos em Lisboa. Não há dúvida nenhuma que ela é genuinamente
portuguesa.
O pergaminho em que esta carta estava desenhada media aproximadamente 87 x
117 cm. nas suas maiores dimensões, e representava o Mar Negro, Mediterrâneo,
Europa, metade da África e Atlântico com a Gronelândia, Terra Nova e costa do
Brasil.
1570 , Fernão Vaz Dourado
A sua característica principal é a representação da Groenlândia, Terra de
cortte Riall e Brasil.
Também é de notar que esta carta, a qual, como julgamos, se segue
cronologicamente à de c. 1504 assinada por Pedro Reinel (Estampa 8), é a
segunda a mostrar uma escala de latitudes do Equador a 68 graus Norte.
É também a segunda, depois de Reinel de c. 1504 a apresentar o novo tipo de
rosa-dos-ventos com a flor de lis a apontar o norte, o que, conforme notou
Heinrich Winter ‘foi introduzido pelos portugueses’ e ‘se tornou
internacional”.
Aqui está uma foto do mapa Kunstmann feito por um cartografo em Lisboa em
1506 e preservado na Biblioteca de Augsburgo, na Alemanha, mostrando a terra do
futuro Canadá, com o nome de “Terra de cortte Riall” ou Terra de Corte Real.
Fig. No. 1--- Mapa de Kuntsmann
( (1) Aponta a “Terra de
cortte Riall” ou Terra de Corte Real
(2) Aponta para uma
baía em forma duma cabaça
(3) Aponta para a linha de latitudes
Examinemos agora de muito perto o mapa de Kuntsmann. Preste particular
atenção "às duas baías ligadas pelo gargalo duma garrafa formando uma só
baía em forma de um oito", igual à configuração duma cabaça!
Peço-lhe que note que o mapa de Kunstmann é uma cópia do mapa de Pedro
Reinel feito em 1504 como foi explicado acima na Monumenta Geográfica
Henriquina.
O uso da rosa-dos-ventos pela primeira vez nos mapas feitos pelos
cartógrafos portugueses com a flor de lis a indicar o Norte é muito importante
porque a flor de lis era o símbolo do Rei D. João II e também passou a fazer
parte da ornamentação da Coroa dos Reis Portugueses.
Vamos agora comparar as "duas baías ligadas por um gargalo de
garrafa" formando uma só baía em forma de um 8, ou em forma de uma cabaça,
que aparece desenhada na carta de Kunstmann de 1506, ------> e compare com a
figura em 8, ou do feitio de uma cabaça, igual ao formato da baía de São João
na Terra Nova, como podemos verificar ainda hoje.
Fig. No. 2 -- Eu visitei São João da Terra Nova, com a minha mulher e os
nossos dois filhos, em Julho de 1974, mas nunca mais me posso esquecer a grande
impressão que aquele porto de mar ou baía me deixou ao verificar que é igual a
uma cabaça!
(2) O Rio de João Vaz
O Rio de João Vaz pode-se ver no mapa feito por Fernão Vaz Dourado em 1576.
Fig. No. 3 – O nome de J. Vaz aparece neste mapa por baixo do pé direito do
lavrador que está a lavrar a terra.
(3) Canadá é um nome português
Revendo os mapas da cartografia portuguesa e os documentos antigos que se
referem às Terras dos Bacalhaus, verificamos repetidas vezes que estas terras
eram chamadas: Terras dos Corte Reais, Terra do Labrador, Terra de Estêvão
Gomes e Canadá!
A origem do nome Canadá vem do nome das terras que eram propriedade dos
Corte Reais na Cidade de Tavira, no Algarve, Portugal.
Os Educadores e Historiadores do Canadá deviam verificar estes factos e
ensinar a VERDADE à juventude canadiana e a todos os cidadãos canadenses, em
vez de estarem a ensinar erradamente, favorecendo os colonos ingleses e
franceses que chegaram muito mais tarde!
A designação canada foi aplicada ao estreito do rio St Laurent (Riviere de Canada) Oest do Saguenay por Cartier alegando que of Indios chamava o sitio Kanata, mas ele sempre escreveu "canada". Cartier falava e entendeu Português. De facto os Indios usavam o nome de Stradacona para o local, não Kanata.
ResponderEliminarAlguns historiadores do século XIX mantêm que foi o Gaspar Corte-Real que aplicou este designação ao local como descrição do estreito, antes de falecer.
Anos mais tarde Champlain pediu aos Indios no mesmo local (agora outro tribo - os Algonquin tenham expulso os Iroquois ) qual o seu nome. Eles responderam "kébec".
Kébec quer dizer estreito ou "onde o rio fica mas estreito".
Isto simplesmente reforça a lógica de designar o local por referência a sua topografia, tal pelos Portugueses tal pelos Algonquin.
Peter KH
Maravilhosas cartas!
ResponderEliminarObrigada.