A "Mona Lisa" de Leonardo da Vinci - Análise da obra
A pintura "Mona Lisa",
realizada pelo pintor renascentista Leonardo da Vinci, representa uma
enigmática figura feminina sobre uma paisagem que tem sido interpretada como o
retrato de uma dama, provavelmente florentina. Apesar das reduzidas dimensões
que apresenta (setenta e sete por cinquenta e três centímetros), adquiriu um
significado mítico que ultrapassa em muito a sua real importância para a
história da arte, eclipsando outras obras de maior interesse do seu próprio
autor. Este fascínio advém em grande parte da ambígua e idealizada expressão da
personagem, transmitida pelo seu misterioso sorriso. Imersa numa enigmática e
complexa teia de interpretações pouco consensuais, esta pintura tem vindo a
iludir todas as tentativas de atribuição cronológica e de identificação da
figura representada.
Uma das versões, que recolheram maior
unanimidade ou, pelo menos, maior divulgação, deve-se ao historiador e artista
Giorgio Vasari que, em meados do século XVI, atribuiu a execução desta pintura
a 1505. Vasari procurou com esta cronologia acentuar o seu retracto de um
Leonardo genial (ideia que ainda perdura), tornando-o no mais importante e
influente pintor renascentista. De facto, esta data permitia-lhe estabelecer
uma filiação leonardesca para muitas pinturas de retractos da autoria de outro
importante pintor renascentista, Rafael e realizadas precisamente por volta
desta data. Segundo autores mais recentes, as características formais e
estilísticas, nomeadamente ao nível da paisagem, do tratamento da cor e da modelação
do planeamento, remetem esta obra para um período mais tardio, posterior a
1510. É de facto possível estabelecer um paralelo entre esta pintura e a
solução cromática do negro sobre negro do quadro "A Virgem dos
Rochedos".
Outra das dificuldades tem sido a
interpretação temática (embora seja quase dogmaticamente reconhecido como um
retracto) assim como a identificação da figura representada. Em 1550 Vasari
atribuiu a uma pintura de Leonardo o nome de Gioconda, identificando a
personagem como sendo Lisa Gherardini, mulher do mercador florentino Francesco
del Giocondo, embora sem qualquer prova
documental. No entanto só em 1625, Cassiano del
Pozzo identificou esta pintura com o retracto da Gioconda descrito por
Vasari. Apesar de esta teoria ter sido posta em causa, é geralmente aceite que
este quadro é o retracto de uma dama florentina.
Lillian Schwartz, cientista dos
Laboratórios Bell, sugere que a Mona Lisa é na verdade um auto-retrato de
Leonardo, porém, vestido de mulher. Esta teoria baseia-se no estudo da análise
digital das características faciais do rosto de Leonardo e os traços do modelo.
Comparando um possível auto retracto de Leonardo com a mulher do quadro,
verifica-se que as características dos rostos alinham perfeitamente. Os
críticos desta teoria sugerem que as similaridades são devidas ao facto de
ambos os retratos terem sido pintados pela mesma pessoa usando o mesmo estilo.
A historiadora Maike Vogt-Lüerssen,
sugeriu que a mulher por trás do sorriso famoso é Isabel de Aragão, Duquesa de
Milão, para quem Leonardo da Vinci trabalhou como pintor da corte durante 11
anos. O padrão do vestido verde escuro
de Mona Lisa indica, segundo este estudioso, que o modelo é um membro da casa
de Visconti-Sforza. O retracto de Mona Lisa terá sido o primeiro retracto
oficial da nova Duquesa de Milão e pintado no Inverno ou Verão de 1489. São
comparados cerca de 50 retratos de Isabel de Aragão, representada como a
Virgem ou Santa Catarina de Alexandria e
conclui que a semelhança com a Mona Lisa é evidente.
Tal como todos os quadros de Leonardo
da Vinci, esta pintura foi realizada sobre tábua (embora em Itália fosse já
frequente a utilização de suportes em tela, desde o início da carreira do
artista). Abandonando a têmpera, o pintor utilizou tintas de óleo que lhe
permitiram aplicar, tanto na figura como na paisagem, um processo expressivo conhecido
por sfumatto (esfumado). Este processo consistia na modelação das formas
através de gradações delicadas de luz e sombra, obtidas pela mistura suave dos
tons e das cores e pela diluição dos contornos, criando uma atmosfera velada e
difusamente iluminada.
O grande rigor, perfeição e
meticulosidade da representação de todos os elementos contidos no quadro foram
suportados pelo aprofundado conhecimento da realidade (possibilitada pelo
espírito analítico e científico de Leonardo) e pela observação cuidada dos
fenómenos e dos objectos que pintou.
O quadro "Mona Lisa"
encontra-se exposto no Museu do Louvre em Paris. A obra terá sido levada para
França pelo próprio Leonardo, quando foi
convidado por Francisco I de França para trabalhar na sua corte. Francisco
teria então comprado a pintura, que passou a estar exibida em Fontainebleau e,
posteriormente, no Palácio de Versailles.
Só após a Revolução Francesa o quadro
foi exposto no Museu do Louvre, onde se conserva até hoje. Napoleão Bonaparte
ficou apaixonado pelo quadro desde a primeira vez que o viu, e mandou colocá-lo
nos seus aposentos. Porém, durante as guerras com a Prússia, a Mona Lisa, bem
como outras peças da colecção do museu francês, foi escondida num lugar seguro.
A 22 de Agosto de 1911, cerca de 400
anos após ser pintada por Leonardo da Vinci, a Mona Lisa foi roubada. Muitas
pessoas, incluindo o poeta francês Guillaume Apollinaire e o pintor espanhol
Pablo Picasso, foram presas e/ou interrogadas sob suspeita do roubo da
obra-prima da pintura italiana. Quanto a Guillaume Apollinaire e a Pablo
Picasso, foram libertados meses mais tarde. Acreditou-se, que a pintura estava
perdida para sempre, que nunca mais iria aparecer. Todavia a obra apareceu em
Itália, nas mãos de um antigo empregado do museu, Vincenzo Peruggia, que era de
facto, o verdadeiro ladrão.
A pintura foi restaurada numerosas
vezes. Exames de raios X mostraram que há três versões escondidas sob a actual.
O revestimento em madeira mostra sinais de deterioração numa taxa mais elevada
do que se pensou previamente, causando preocupação dos curadores do museu sobre
o futuro da pintura.
Fontes: Mona Lisa. In Infopédia [Em
linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-05-18].
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Obra raramente é retirada de um cofre
subterrâneo. Em Turim, acreditam que o olhar do retrato dá poder a quem o
observa e por isso esconderam-no de Hitler.
auto retrato de Leonardo Da Vinci
É um dos auto-retratos mais famosos do
mundo, tem cerca de 500 anos e raras vezes tem sido oferecido aos olhares do
mundo. A Biblioteca Real de Turim é a detentora do desenho a sanguínea - uma
espécie de giz vermelho - em que o próprio Leonardo Da Vinci passou para o
papel os traços do seu rosto. E tem-no fechado a sete chaves numa sala
subterrânea que pretende evitar danos maiores, causados pela inexorável
passagem do tempo.
Mas o auto-retrato de Leonardo, cuja
história é tão antiga quanto surpreendente, está exposto a partir de hoje e até
ao próximo dia 15 de Janeiro de 2015, numa mostra a que a Biblioteca Real de
Turim chamou "Leonardo e os Tesouros do Rei". Quase uma centena de
obras-primas da colecção da instituição, entre cartas náuticas, manuscritos ou
desenhos de Raffaello, Carracci, Perugino, Van Dyck e Rembrandt deixaram os
cofres a que normalmente estão confinadas e estarão acessíveis ao público nas
salas abertas da biblioteca durante pouco mais de dois meses.
Todas as obras são autênticas
preciosidades, mas só uma delas tem estatuto especial: o auto-retrato de Da
Vinci é tão valioso e simbólico que, por exemplo, só pode ser deslocado com
autorização do governo italiano e o seu transporte exige uma "caixa
especial" capaz de manter as mesmas condições de temperatura e humidade da
sala subterrânea onde está guardado. Esta caixa é depois acondicionada dentro
de várias outras caixas, com o objectivo de evitar qualquer vibração. E o
veículo onde for transportada será monitorizado remotamente, acompanhado por
uma escolta armada.
O processo é extremamente complexo e,
segundo a BBC, é pouco provável que se repita mais vezes: a última ocasião em
que o auto-retrato de Leonardo saiu da Biblioteca Real de Turim foi em 2011
para uma exposição no palácio de Venaria Reale, nos arredores da cidade, que
marcava os 150 anos da reunificação italiana.
Só nestes casos especiais a
instituição equaciona mostrar o desenho de Da Vinci, pelo que a exposição agora
inaugurada é uma excelente oportunidade para observar a obra datada de 1515,
ainda que alguns peritos considerem que o estilo e a técnica do desenho se
identificam mais com os trabalhos de Leonardo na década de 1490. Há mesmo quem
se recuse a acreditar que tenha sido Leonardo o autor do retracto, em
consequência das convicções do próprio: Da Vinci acreditava que a arte devia
representar um ideal e não a face do artista.
Na realidade, sabe-se ainda muito
pouco sobre este retracto com cinco séculos. O que domina são sobretudo os
mitos construídos em volta do homem que surge no desenho: seja ou não Leonardo
Da Vinci, tem um olhar tão intenso e penetrante, mesmo do papel, que os
próprios especialistas que se dedicaram à sua restauração admitiram ter
arrepios enquanto trabalhavam na obra.
Em Itália, acredita-se que o desenho
tem poderes ocultos e na própria cidade de Turim existe o mito de que aqueles
que observam o auto-retrato de Leonardo são imbuídos de força e poder. Ao ponto
de, durante a Segunda Guerra Mundial, a obra ter sido retirada de Turim e
levada para Roma sob sigilo: o objectivo era evitar que caísse nas mãos de
Hitler, dando-lhe ainda mais poder. Da colecção de manuscritos e desenhos da
Biblioteca Real de Turim, foi o único a ser deslocado. O actual director da
instituição, Giovanni Saccani, disse à BBC que, ainda hoje, ninguém sabe o
local onde foi mantido fora do alcance dos nazis.
Na altura, não danificar a obra terá
sido a última das preocupações na operação de transporte, pelo que o desenho
está hoje muito deteriorado e é conservado em condições absolutamente
excepcionais, numa sala subterrânea da Biblioteca à qual só é possível aceder
através de portas blindadas e que foi construída em 1998 especificamente para
guardar o desenho e outros manuscritos valiosos. A luz natural não entra neste
compartimento e a iluminação faz-se unicamente através de fibra óptica. A
temperatura é mantida a uns constantes 20º e a humidade a 55%. A caixa de
protecção do desenho é feita de um tipo de vidro "anti-tudo", ironiza
o director da Biblioteca, e a área é permanentemente vigiada com câmaras de
segurança e tem alarmes de todo o tipo.
Na penumbra, Saccani usa uma tocha
especial para iluminar o caminho e que mostra também as manchas e as marcas bem
visíveis no papel frágil em que Da Vinci desenhou o seu auto-retrato. Na parte
inferior esquerda do desenho havia uma inscrição que dizia "Leonardus
Vincius", mas desvaneceu-se completamente no decorrer dos últimos 200
anos.
A única garantia que a Biblioteca Real
pode oferecer é que desde que a obra-prima está guardada nas catacumbas do
edifício, os danos não se agravaram. "Este facto conforta-nos",
explicou à BBC o director da Biblioteca. "Temos de recordar que este é um
desenho com 500 anos. Os desenhos que fizemos na escola já nem sequer existem e
este foi feito em papel comum, por isso é extraordinário que hoje consigamos
expor esta obra-prima".
A forma como o desenho acabou em Turim
também é curiosa: foi comprado em 1839 pelo rei Carlos Alberto de Sabóia, por
um valor exorbitante para a época: 70 000 liras, quando na altura o salário de
um médico, por exemplo, não ultrapassava as 1000. O vendedor, Giovanni Volpato,
também era curador e nunca revelou como conseguiu o auto-retrato de Leonardo.
E, além do preço, apresentou ao rei outra contrapartida: queria ser o curador
dos desenhos da Biblioteca Real de Turim. O monarca acedeu e Volpato, que já
tinha o que queria, até lhe fez um desconto: vendeu-lhe o desenho por 50 000
liras e dispensou pagamento pelos seus serviços de curador. Ainda assim, o rei
levou oito anos a pagar-lhe o auto-retrato em prestações.
A nova iluminação da capela foi feita
em conjunto pelas universidades de Roma, de Budapeste e de Barcelona
Fotografia © GIULIO BROGLIO
Os frescos de Miguel Ângelo no tecto
da Capela Sistina são agora [
30.10.2014], iluminados por focos que imitam a luz natural.
Para celebrar os 450 anos da morte de
Miguel Ângelo, o Vaticano estreia um novo sistema de iluminação na Capela
Sistina que permite aos visitantes do monumento ver o tecto como ele era quando
foi pintado, quando era banhado pela luz natural.
Foi há 502 anos que se inauguraram os
frescos da Capela Sistina, que na altura eram iluminados pelas amplas janelas
na parte de cima do edifício. Em 1980, porém, o Vaticano optou por clausurar as
janelas, para evitar que a luz solar danificasse a obra de arte, e colocar
alguns focos artificiais como substituição.
A partir desta quinta-feira, porém, o
sistema de iluminação dos frescos é feito especialmente para imitar a luz
natural. Conforme reporta hoje o El Mundo, este projecto pertenceu às
universidades de Sapienza, em Roma, de Budapeste e de Barcelona, que
trabalharam juntas para criar a nova iluminação.
A instalação é composta por 7000 LEDs
(emissores de luz) que conseguem a iluminação uniforme que faz com que seja
muito mais fácil ver os pormenores da pintura.
"O novo sistema de iluminação
exalta todas as maravilhas, incluindo os mais pequenos detalhes, daquela que é
sem dúvida a antologia artística mais importante do Renascimento
italiano", diz o director dos Museus Vaticanos, Antonio Paolucci, citado
pelo El Mundo.
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