de Maria Nídia Jardim:
O farol do Saco do Giraúl para além da função estritamente inerente à sua
actividade, estava inserido num local onde as pessoas se deslocavam,
designadamente aos fins de semana para passearem pela zona litorânea a norte de
Moçâmedes, passando dali até à Praia das Conchas e Barambol.
farol Saco Giraúl
Eram 3 zonas muito frequentadas, especialmente, por pescadores desportivos de
pesca à linha, de pesca à cana e caça submarina, a partir da Praia das Conchas
até foz do rio Giraúl.
vista da baía de Moçâmedes da Ponta Redonda do Giraúl
Toda a zona do Farol até à Praia das Conchas, onde se situava um banco rochoso,
é uma zona de muita rebentação, e, se uns iam para o local com o fito de darem
asas ao gosto pela pesca/caça aos peixes, outros iam simplesmente para as zonas
menos rochosas apanhar búzios, burriés, pequenos caranguejos, ostras,
mexilhões, sujeitando-se, a cortar os pés ou as sapatilhas com as conchas
afiadas como lâminas, outros ainda para contemplarem o espectáculo que lhes era
dado apreciar das altas ondas do mar envoltas em espuma a baterem furiosas nas
altas rochas da zona, como que as querendo galgar.
praia das Conchas
Ao fim do dia os pescadores desportivos mais aguerridos podiam pela a sorte
levar para casa uma variedade de peixes, desde garoupas vermelhas pintadas,
pargos, sargos / mariquitas, canelas, meros, moreias, anchovas, tinhas, badejos,
chocos, polvos, lagostas, que davam para encher o frigorífico para a semana.
Afinal valia mesmo a pena ir até ao Farol, à Praia das Conchas e ao Barambol! Uma
curiosidade: na «Praia das Conchas», como em algumas outras praias como a do
Chiloango, etc., é comum verem-se grandes ossaduras de baleias, que ali vão
«encalhando» trazidas pelas correntes desde a Praia Amélia (*), em tempos mais
para trás (década de 1920/30), uma vez que durante essa década existiu naquela
praia, a 6 km a Sul do centro da cidade de Moçâmedes, uma grande empresa
norueguesa que ali se instalou, vocacionada na industrialização de carne e
gordura desses cetáceos.
Eis a imponente WELWITSCHIA MIRABILIS planta milenar contemporânea dos
dinossauros apenas existente no deserto de Moçâmedes. Esta espécie vegetal foi
descoberta a 3 de Setembro de 1859 pelo botânico explorador austríaco Frederich
A. Welwitsch Frederic Welwitsch (1809-1878) foi para Lisboa em 1839, onde
consegue autorização para entrar em Angola, para onde embarcou a 8 de Agosto de
1853 e onde fez demoradas explorações botânicas tendo descoberto a Welwitschia
Mirabilis no deserto de Moçâmedes, actualmente Deserto do Namibe.
A planta que recebeu o binome de Welwitschia Mirabilis Hook. F.
É tão diferente, morfologicamente de todas as espécies botânicas
conhecidas, que dada a grandeza dessa diferenças, não “cabia” em nenhum dos
géneros já descritos. Houve, por isso, a necessidade de criar um género novo, o
qual ainda se conserva, como uma única espécie consequentemente. Definir uma
nova família de plantas para este único género, a família das
WELWITSCHIACEAE.WELWITSCHIA , é também conhecida por "Tumbo", pelos
autóctones, nativos da região do deserto de Moçâmedes.
As suas flores são unisexuadas. Os estames masculinos atingem
aproximadamente 6 cm (antenas com 3 divisões) localizam o óvulo estéril envolto
pelo periano.
Welwitschia é uma planta da família das gimnospérmicas adaptada á vida nas
regiões desérticas da África tropical. É uma planta de caule de grandes
dimensões, com a forma de um gigantesco cogumelo dilatado e côncavo de 50 a 75
cm de altura que parece partida pelo golpe de um machado em tiras.
As suas grandes folhas, duras e muito largas, deitadas no chão, arrastam-se pelo deserto podendo atingir dois ou mais metros de comprimento
As suas grandes folhas, duras e muito largas, deitadas no chão, arrastam-se pelo deserto podendo atingir dois ou mais metros de comprimento
Diversos trabalhos mundiais sobre a Welwitschia encontram-se em exposição em
vários Jardins botânicos espalhados pelo mundo. Que se encontram descritos no
livro Botanical Gardens of the World.
Entre outras pessoas que deram igualmente o seu contributo na pesquisa
desta espécie no período de 1953 a 1955, podemos destacar os seguintes
Professores: A.H. Church, E. Salisbury, Henri Humbert, Jose Dalton Hooker, Luís
Wittnich Carrisso, Melo Geraldes, R. J. Rodin, W.J.Hooker.
Mais recentemente, Maria Helena Boavida.
Coisas que já se disseram acerca da "welwitschia mirabilis":
welwitschia mirabilis
"A "welwitschia mirabilis", descoberta nas vizinhanças do
Cabo Negro, da costa ocidental africana, é a mais curiosa das gnetaceas e
talvez de todas as dicotiledoneas. Este bizarro vegetal é conhecido entre os
indígenas pelo nome de TUMBO."
(Dr. José Dalton Hoecker, Presidente da Sociedade Real de Londres e sócio
da Academia das Ciências de Paris)
"Uma das curiosidades do deserto de Moçâmedes é a célebre
"welwitschia mirabilis", planta estranha, verdadeiro aborto do reino
vegetal. O caracteres aberrantes do seu aparelho vegetativo, conferem-lhe um
lugar de destaque no conjunto das formas vegetais."
(Dr. Luís Wittnich Carrisso, Professor de Botânica da Universidade de Coimbra.)
"A "welwitschia mirabilis" é uma das maiores maravilhas que tem
produzido a natureza."
(Dr. Augusto Henriques Rodolfo Griesbach, Professor de Botânica da Universidade de Göttingen).
"É sem sombra de dúvida a planta mais maravilhosa e também a mais feia que jamais trouxeram a este país."
(Dr. Augusto Henriques Rodolfo Griesbach, Professor de Botânica da Universidade de Göttingen).
"É sem sombra de dúvida a planta mais maravilhosa e também a mais feia que jamais trouxeram a este país."
(Regius Keeper, do Royal Botanic Gardens, Kew - 1863)
porto mineiro e baía de Moçâmedes, Namibe
"Foi nos anos de 1858/59 que o botânico austríaco Dr. Welwitsch,
contratado pelo governo português, descobriu e classificou a "welwitschia
mirabilis", dando-lhe o nome de "tumboa bainesii". Os caracteres
desta notável planta são de tal modo desconsertantes, que vindo a ser estudada
há perto de 80 anos pelos mais eminentes botânicos, ainda hoje se discute qual
o lugar que lhe compete na escala botânica, como se pode ler nos autores
citados e nos trabalhos de Baines, Anferson, Júlio Henriques, Hallier, Chodal,
etc..
A "welwitschia mirabilis" por consenso geral é tida como a maior
descoberta botânica do século XIX e, em todo o globo, é o distrito de Moçâmedes
o único lugar em que ela vegeta, havendo centenas de milhares na parte
desértica, desde os minúsculos exemplares, até aquelas que, pelo seu porte,
demonstram uma existência multissecular."
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