consultar:
https://afmata-tropicalia.blogspot.com/2010/01/1-viagem-de-exploracao-maritima-da.html
Os factos:
Os mais destacados navegadores
portugueses ao serviço da coroa portuguesa nos finais do séc. XV [1470 –
1500]: João Vaz Corte Real, seus filhos Gaspar e Miguel, Diogo
Caão [Cam], Bartolomeu Dias, Vasco da Gama e Pedro Álvares
Cabral.
Bartolomeu Dias, deixou o rio Tejo a
05 de Agosto de 1487, com duas caravelas e uma naveta.
A pequena frota constituída por duas
caravelas e uma naveta de mantimentos, fez escala em São Jorge da Mina. Seguiu
a costa ocidental africana reconhecida e traçada pela guarnição de Diogo
Caão.
Dias não encontrou o Prestes
João, nem chegou ao Oriente, mas abriu o caminho marítimo para a Índia.
A costa marítima que é hoje a África
do Sul, desde as Ilhas Chãos até ao Rio do Infante estendia-se
indubitavelmente para Nordeste e a água do mar, que é muito mais quente do que
aquela perto dos cabos mais a Oeste, só podia vir das latitudes tropicais. Sem
dúvida, tinha dobrado a África e aberto o caminho marítimo para a Índia.
A célebre viagem do descobrimento do
caminho marítimo para a Índia, realizada em [1497-1499], por uma armada de
quatro navios comandada por Vasco da Gama, largou do rio Tejo a 08 de
Julho de 1497.
A frota de Pedro Álvares Cabral,
constituída por 13 navios com destino a Índia., foi a 9 de Março de 1500. A
antecipação da viagem para a estação primaveril, resultou das
recomendações de Vasco da Gama, única excepção conhecida na altura.
A expedição foi antecipada para Março,
a fim de evitar a época das monções no oceano Índico, pois atrasavam a
navegação. Tempo de espera, em Sofala, ou na ilha de Moçambique, até
que as guarnições topassem ventos de feição.
Nas duas viagens efectuadas para Sul
do Equador (1482) e (1485), ao longo da costa ocidental de África ainda
desconhecida , para lá da latitude 2º Sul, as guarnições de Diogo Caão,
largaram do rio Tejo em plena estação estival, Ao sulcar as águas do oceano
Atlântico a Sul do Equador, era necessário encontrar tempo bonançoso
e ventos de feição, factores determinantes para o bom sucesso do
empreendimento..
Já se ouviu falar de Diogo Caão,
aquele duro capitão da caravela que tão desagradável se tornou ao pobre
Eustache de la Fosse, quando o turnesino andava a cruzar em frente à costa do
golfo da Guiné.
Veio dos montes selváticos de
Trás-os-Montes, no Norte de Portugal.
Filho de uma família de guerreiros
enérgicos foi educado como escudeiro na corte do reino. O seu avô e
o seu pai, distinguiram-se nos reinados de D. João I e D. Afonso V.
D. João II
nomeou o navegador Diogo Caão, um homem à sua feição, para comandar uma
expedição marítima, com o objectivo claro de navegar o mais
possível pela costa ocidental africana até atingir o cabo
mais meridional e entrar no oceano Índico.
A expedição
partiu – ignora-se a data precisa, antes dos finais do mês de Agosto de 1482.
O caminho
marítimo foi traçado até S. Jorge da Mina, Gana, onde Diogo de
Azambuja comandava a construção de uma fortaleza, uma espécie de feitoria, para
comercializar produtos locais e servir de base para futuras explorações.
S.
Jorge da Mina era um porto com utilidade, ali os navios podiam
fazer aguada. A guarnição forneceu-se, sem dúvida, de tudo o quanto pode,
antes de seguir viagem, ao longo da vasta curva do golfo da Guiné.
Seguindo para
Leste e para Sul, atravessou o Equador.
Escalou
a Ilha de S. Tomé e a ilha de Ano Bom.
Seguiu o
rumo do cabo de Santa Catarina, à latitude 2º Sul, último ponto da
costa ocidental africana descoberto e reconhecido no tempo do rei D.
Afonso V, por Rui Sequeira em 1475.
Bordejando a
costa para Sul e Sudeste, numa extensão aproximada de 350 milhas
náuticas entrou num largo estuário dum grande rio, o rio Poderoso, rio Zaire ou Congo.
Fluindo do centro do misterioso
continente, corre majestoso, com três léguas de largo na embocadura, misturando
as suas águas castanhas com as azuis do oceano até vinte milhas além da foz,
descobrimento na verdade, digno de nota.
Os portugueses viram os rios do
Senegal e Gâmbia. O pátrio Tejo, nada se assemelhava a tamanha grandeza. Em
nada, porém, se podia comparar com este rio.
Perceberam que o rio se chamava "rio
Zaire", atravessava um grande império governado por um poderoso rei,
conhecido por Manicongo, vivendo com a sua corte no interior a certa distância
dali, praça do M'Pinda, pelo menos distante 40 léguas para o
interior na margem esquerda do rio Zaire
Uma multidão
de habitantes de cabelo encarapinhado surgiu correndo das choças cobertas de
folhas de palmeira. Juntaram-se na margem do rio, onde é hoje a cidade do Soyo,
a olhar espantada para os castelos flutuantes com homens brancos dentro.
Na aparência
não diferiam das tribos encontradas pelos portugueses noutros locais da
África, falavam uma língua incompreensível a qualquer dos
intérpretes que seguiam na expedição.
Por meio de
sinais e pantominas estabeleceu-se a comunicação.
Estabelecida a
confiança com o chefe local, residente na praça do M'Pinda, o
Manisoyo, e na sua presença, a guarnição, levantou o primeiro padrão de pedra
calcária na península extrema e margem esquerda e Sul da foz do rio Zaire, à
latitude 6º 5’ Sul, num sítio arenoso, conhecido por "Moita Seca"
ou "ponta do Padrão".
O rei de
Portugal desejava manter relações de amizade com todos os potentados da África.
Preparou um
rico presente de várias coisas para oferecer à majestade negra.
Dois
mensageiros cristãos foram à corte dizer ao Manicongo que o grande
rei branco, estava em paz com todo o mundo e desejava a sua amizade.
Utilizando o
curso fluvial, os navios foram até às imediações de Nóqui, 160 Km da
foz.
Os emissários,
acompanhados por pisteiros cedidos pelo Manisoyo, autoridade da praça de M'Pinda,
desembarcaram e desapareceram no mato, penetrando 20 léguas para o interior.
O rei e suas
gentes ficaram contentíssimos com os visitantes. Naturalmente acharam-se meios
de comunicação eficazes. O rei e seus vassalos depois de muitas perguntas a
fazer e interessados pelas respostas, mostraram-se contrários a
deixar partir os estranhos.
Enquanto estes
acontecimentos decorriam, a guarnição velejou contra a corrente a montante de
Nóqui, onde o rio se estreita cada vez mais
Duas milhas depois, se apercebeu da enorme
dificuldade que os esperava. Os navios ficaram impossibilitados
de avançar pela forte corrente fluvial. A guarnição não conseguiu
avançar. Deu meia a volta e retrocedeu para Nóqui. O rio
na altura corria vertiginoso.
Depois de algum dias de espera, como os emissários enviados ao rei congolês tardassem
o regresso, a guarnição fez- se
à vela, seguiu o curso do rio até à foz.
Chegada à foz, zarpou para Sul à
procura da tão desejada passagem marítima para Oriente.
A 27 milhas
náuticas, 50 Km para Sul do cabo de Stª Maria, entrou numa larga
baía conhecida mais tarde por angra de João de
Lisboa, planisfério de 1502 dito de Cantino actual “ baía
de Lucira Grande”, onde tomou a latitude do lugar (14º) 13º 52’ lat. Sul.
A 5,5 milhas
náuticas para Oeste da baía de Lucira Grande, dobrou para
Sul o cabo de Stª Marta, reconheceu a “Ponta
Sul das Salinas” designada de “Pradro”, 14º
11’ lat. Sul , actualmente existemj dois campos verdejantes, formação
de plantas herbáceas ou seja praia coberta de plantas forraginosas.
Bordejando a
costa para Sudeste da Ponta Sul das Salinas, e Sul da foz do rio
Bentiaba reconheceu:
A Ponta
Sul do rio Piambo, baía Mariquita ou Furado.
A Ponta
Sul da baía de Baba,
A Ponta
da Pedra Gigante da baía das Pipas,
A Ponta
do Bambarol da foz do rio Giraul.
À latitude 15º
7' 36'' Sul, entrou numa larga baía , actual baía de
Moçâmedes, sem darem por isso, a Norte da baía se encontra a Ponta
Redonda do Farol do Giraul, onde a costa se eleva,
constituída por penhascos, de águas profundas corre para Este e
Nordeste numa extensão de 3,5 Km até ao porto mineiro do Saco do Giraúl, ponto
de inflexão da costa para Sudeste !
Um espesso
manto de nevoeiro retirou toda a visibilidade da baía e região envolvente,
dificultando deste modo a navegação prosseguir a sua rota.
A guarnição
terminou ali a 1ª viagem de exploração marítima!
Animá-los-ia certamente,
a vontade de prosseguir e desvendar o mistério da rota Oriental que os levasse
até à Índia.
Confrontados
com esta situação, voltou para trás, convictos de ter
alcançado o promontório mais meridional de
África da geografia de Ptolomeu, "O
Promontorium Prassum"!
Retomado o
regresso na direcção do Norte, a navegação tornou-se mais veloz,
alimentada agora pelos ventos alísios soprando no sentido SE- NW e pela força
da Corrente Fria de Benguela.
Chegados ao
baixo Soyo em M'Pinda, a guarnição certificou-se dos emissários
enviados meses antes, ao potentado do rei do Congo, ainda não tinham voltado,
embora a sua ausência durasse muito mais tempo conforme o combinado.
Como os seus
homens demorassem o regresso, resolveu não esperar por eles.
Não deixou
sair quatro homens de categoria que visitavam os navios.
Enviou recado ao rei congolês a dizer que voltaria mais tarde.
Todos os dias
apareciam africanos nos navios a comprar panos e objectos, não foi difícil
reter quatro deles.
Além disso,
para evitar qualquer injúria aos emissários portugueses, por meio de sinais, o
navegador deu a entender que os levava para os mostrar ao seu soberano.
Prometeu
passadas 15 luas, trazê-los de volta à sua terra. Entretanto, os seus
mensageiros ficariam confiados aos cuidados do rei do Congo.
Os africanos
levados pela guarnição do navegador estudaram português! Tiveram tempo de
aprender a língua e os costumes da terra. No futuro,
podiam estabelecer o intercâmbio, abrindo-se fontes de informação
útil.
Esta viagem já
se prolongava por mais de um ano, era provável que escasseassem as provisões.
A guarnição
fez-se à vela para Portugal. Tratou os africanos como hóspedes de honra, também
como discípulos distintos. Durante todo o percurso da viagem receberam
instrução intensiva.
Os africanos
souberam
corresponder.
João de
Barros, diz, adaptaram-se bem por serem de nobre nascimento!
Quando
chegaram a Lisboa, já sabiam falar um pouco de português, aptos a responder às
perguntas que o rei lhes quereria fazer.
D. João II
ficou encantado com os seus visitantes, vindos dum reino negro até então
desconhecido. Não ordenara que lhe levasse exemplares humanos,
contudo aprovou a iniciativa.
O
rei proporcionou aos nobres africanos o melhor tempo de vida deles:
vesti-os com roupas magníficas, alojou-os admiravelmente, mostrou-lhes todas as
maravilhas da sua corte; os grandes do reino da casa real faziam-lhes muita
honra com as atenções devidas a hóspedes distintos, de uma nação estrangeira e
amiga.
Do ponto de
vista das investigações antropológicas foi uma providência muito sensata –
menos satisfatória talvez para os portugueses perdidos na África equatorial,
pior ainda para os africanos levados por seres desconhecidos para terras
ignoradas dentro de meios de transporte nunca vistos!
Depois de
desembarcarem em Lisboa, não se perdeu a oportunidade de os ir integrando nos
costumes, hábitos e práticas portuguesas, dando-lhes a conhecer muitas coisas
que eles até então ignoravam, no aspecto material, social e religioso.
O navegador,
pretendeu apresentá-los ao Rei e à corte como testemunho válido da sua
importante descoberta.
Pode-se
afirmar da tarefa educativa e civilizadora de Portugal, em relação à futura
Angola, começou com a primeira viagem de exploração da guarnição de Diogo Caão.
Positivamente, não foi imposta, foram os naturais, as populações
locais, que a assimilaram, vendo nisso vantagens evidentes.
O navegador
permaneceu em Portugal, de Abril de 1484 a finais de Agosto de 1485,
data da partida para a 2ª viagem de exploração marítima da costa ocidental
africana.
Os africanos
trazidos deveriam regressar ao Zaire no espaço de 15 meses, promessa feita pelo
navegador ao Manisoyo, residente em M’Pinda, 10 km da foz do rio
Zaire.
A primeira
viagem de exploração marítima da costa ocidental africana para além da latitude
2º Sul, despertou interesse especial, não tanto pelo descobrimento
de um novo império africano, mas pela extensão da costa revelada!
Vemo-la
traçada cuidadosamente pelo veneziano Cristóforo Soligo num mapa desenhado em
1486 por informações colhidas em Portugal, ali se pode ver, o padrão de Santo
Agostinho no cabo do Lobo, actual cabo
de Santa Maria, em Angola; depois desse cabo navegando pela costa atinge
uma grande ponta, volta para leste e de repente desaparece.
Oh! Essa
enigmática curva para leste! Os geógrafos consultaram o seu Ptolomeu.
A latitude
alcançada pela guarnição encontra-se perto do paralelo do Promontorium Prassum dos Antigos! Os
sábios da Antiguidade não acreditavam que a África se estendesse mais a Sul.
A guarnição
chegara ao ponto que a levaria ao oceano Índico!?...
A ideia obtém
aceitação da parte dos homens de saber, colige-se da oração de Vasco Fernandes
de Lucena, proferida no dia 11 de Dezembro de 1485 quando foi enviado por D.
João II a prestar obediência ao papa Inocêncio VIII.
O eloquente
doutor excedeu-se a si próprio. Em sonoros períodos latinos, proclamou tudo o
que os reis de Portugal têm feito pelo Cristianismo e pela expansão da Fé. Assim
como se esmagou a cabeça duma serpente venenosa, assim D. João I esmagou o
poder dos mouros em Ceuta, os seus descendentes continuaram a boa obra.
Estendendo o
domínio da Igreja pelas costas de África e pelas ilhas do oceano. Em especial
D. João II, em quatro anos, três meses e treze dias, leva a cabo coisas maiores
do que as realizadas durante quatro décadas.
Depois de
descrever o castelo da Mina, facho da civilização entre “ estes povos ferozes e
bárbaros”, que já mostram indícios de grande mudança devido ao contacto com os
cristãos, o orador apresenta a sua conclusão mais sensacional; a tudo aquilo,
exclama ele:
“ a esperança
fundada de explorar o golfo Arábico, onde reinos e povos que habitam a Ásia,
mal conhecidos de nós por notícias muito incertas, praticam escrupulosamente a
fé santíssima do Salvador, dos quais, a dar crédito a experimentados geógrafos,
já a navegação portuguesa se não encontra senão a alguns dias de viagem.
Efectivamente, descoberta já uma parte enormíssima da costa africana, chegaram
os nossos no ano passado até perto do Promontorium
Prassum onde começa o golfo Arábico; foram explorados os rios,
praias, e todos os portos desde Lisboa, numa extensão de mais de 45 centenas de
milhares de passos, estão enumerados com exactíssima observação de mar, das
terras e dos astros”.
Acreditasse ou
não o rei em tal feito, o certo é que deu ao navegador uma bela recompensa.
Qual a região,
mais a Sul da costa ocidental africana atingida pela guarnição de
Diogo Cão da 1ª viagem de exploração marítima!
Comparado o
traçado da costa marítima desenhado no mapa de Cristóforo Soligo por um mapa
real, do rio Catumbela, rio do Paul ao cabo extremo
Sul, verifica-se o local exacto onde a guarnição chegou.
Alguns
historiadores afirmam ter a guarnição atingido a baía
de Lucira Grande, que dista a 26 milhas náuticas, 48 km a Sul
do cabo de Stª Maria, designado de cabo do Lobo.
Nesta baía a
guarnição terá voltado para trás, porque provavelmente
sofria de escorbuto e também de escassez de víveres!
A
viagem de exploração marítima não teve o "términus" na baía
de Lucira Grande! pelos motivos seguintes!
Constata-se
pelo mapa de Cristóvão Soligo de 1485, a tomada da latitude do
lugar, 14º , na baía de Lucira Grande, mapa de Cristóvão
Soligo, fazendo-se a guarnição ao mar largo e reconhecendo sucessivamente
os seguintes pontos:
1ª Viagem de Exploração 1482 – 1484 -Padrão de S. Jorge-
Padrão de S. Jorge.
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