Diogo Caão e o
levantamento de um padrão na costa de África. Painel inspirado em
Aguarela do mestre Roque Gameiro
A história dos descobrimentos marítimos portugueses está recheada de incongruências, muito fértil neste tipo de situações, distorcem com regularidade a realidade dos factos ocorridos.
As
viagens das expedições marítimas do navegador Diogo Caão [Cam] não fogem à regra, desde logo não
existe um "roteiro" "Diário de Bordo" dessas
viagens, que desapareceu!!!..
Para
colmatar esta situação recorre-se ao plausível, .... os
padrões implantados pelas guarnições do navegador. em cada viagem de exploração marítima ao longo da faixa litoral da costa ocidental do continente africano, desde os 2º (dois graus) até aos 23º (vinte e três) de latitude Sul.
A solução do problema das datas em que viagens de exploração marítimas foram realizadas! pode ser observado nas inscrições no padrão de Stº Agostinho.
Assim no padrão de Stº Agostinho
O 2º padrão a ser erguido no Cabo de Stª Maria (Angola)13°25'14.2"S 12°31'58.4"E , Sul de Benguela ou a 50 Km a Norte de Lucira Grande, nota-se com clareza o momento (data)) , o ano de 1482, em que o padrão terá sido feito nas pedreiras de calcário em Azambuja, Lisboa, antes dessa viagem ter início:
-não é credível que a inscrição do padrão tivesse sido elaborada no próprio local “ Cabo de Stª Maria”, na altura denominado de “Cabo do Lobo” onde foi colocado pela guarnição. em 28 de Agosto de 1483.
O 2º padrão a ser erguido no Cabo de Stª Maria (Angola)13°25'14.2"S 12°31'58.4"E , Sul de Benguela ou a 50 Km a Norte de Lucira Grande, nota-se com clareza o momento (data)) , o ano de 1482, em que o padrão terá sido feito nas pedreiras de calcário em Azambuja, Lisboa, antes dessa viagem ter início:
-não é credível que a inscrição do padrão tivesse sido elaborada no próprio local “ Cabo de Stª Maria”, na altura denominado de “Cabo do Lobo” onde foi colocado pela guarnição. em 28 de Agosto de 1483.
Escudetes
laterais apontados ao centro e a flor-de-lis própria
da dinastia de Avis, iniciada com o rei D. João I em 1383 !
No padrão os escudetes
laterais estão virados e apontados ao centro, o qual foi divulgado pela 1ª vez pelo Geógrafo e
epigrafista "Luciano Cordeiro" no século
XIX, na sua “Monografia”, arquivada na Sociedade
de Geografia de Lisboa, nunca teve os
reflexos históricos que se exigia.
Quanto ao Padrão de S. Jorge o 1º padrão a ser erguido nessa viagem na península extrema, margem esquerda e Sul da foz do rio Zaire, pela guarnição a 26 de Abril de 1483.
O dia de S. Jorge comemora-se a 23 de Abril. Não se conhece nada sobre as inscrições do padrão de S. Jorge.
O
Sr. Edgar Prestage no seu livro “descobrimentos portugueses”,
informa que os holandeses um dia do ano de 1642 aportaram ao estuário
da foz do rio Zaire.
Por ali deambularam algum tempo até que se
lembraram de fazer alvo de artilharia o azarado padrão original que
foi destruído!
Na
sua estadia que durou oito anos, os holandeses ainda fizeram algumas
benfeitorias.
Construíram pavilhões de campanha, servindo de
armazéns e mercadorias confiscadas, tráfego de escravos. Em 1975
eram bem visíveis alguns desses pavilhões. A antiga administração
civil de Sazaire ainda funcionava num destes pavilhões feitos pelos
holandeses..
Mais
tarde, um dia do ano de 1855,uma armada da Inglaterra, entrando
gloriosamente na foz do rio Zaire destruíram a tiros de canhão a 1ª
réplica do padrão de S. Jorge., implantada em 1648, quando
estabelecida a soberania Portuguesa em Angola por Salvador Correia de
Sá e Benevides.
Henrique
Galvão no seu livro “Outras Terras outras Gentes” diz que
aqueles os “ingleses” que se esqueceram de aparecer 400 anos
antes para descobrir qualquer coisa, entraram airosamente ou gloriosamente no estuário
do rio Zaire fazendo tiros de artilharia ao alvo da réplica do
Padrão! Os habitantes locais, ciosamente guardaram os restos do
padrão, dizendo que os bocados eram um poderoso “feitiço”. Mas
estes não eram civilizados....
Conclui-se que a partir de meados desse ano de 1482 teve início uma viagem de exploração marítima ao longo da costa ocidental de África, além da latitude ou paralelo 2º Sul,( Cabo de Stª Catarina), Gabão, última etapa reconhecida por Rui Sequeira em 1475, no reinado de D. Afonso V, comandada pelo navegador Diogo Caão [Cam] a mando do D. João II, que levava a bordo dois padrões de pedra calcária, semelhantes.
Esta viagem teve início no ano de 1482,
já com o Castelo de S. Jorge da Mina, no Gana praticamente concluído
para dar apoio logístico a futuras explorações marítimas,
traficar ouro, pedras preciosas e escravos.
A meados de 1482 do mês de Junho, S. Jorge da Mina, no Gana estaria já em fase de conclusão.
Foi
a partir desta data, que a frota da guarnição do navegador, reunia
as condições de iniciar a aventura de cruzar o Equador e fazer-se
ao desconhecido para além do Cabo de Stª Catarina!
De
acordo com o célebre Duarte Pacheco Pereira , o método da navegação
bordejando a costa, se
era vantajoso por permitir um meticuloso conhecimento da costa, não
era isento de graves dificuldades, estavam a navegar contra correntes
e ventos contrários, ainda
aconselhava,
“sabendo pouco a pouco o que nella hia, a asy suas Rootas e
conhecenças, e cada província de que gente era, pela
verdadeiramente saberem ho luguar em que estauam, por onde podiam
seer certos da terra que hiam buscar” [Esmeraldo de situ orbis].
Esta
viagem teve o seu término em Lisboa, finais de Março ou princípios
de Abril de 1484 e porque assim foi....
Uma vez chegada a Lisboa [da viagem de exploração marítima] , D. João II, reconhecendo os serviços prestados, “..... Diogo Caão [Cam], assi tanto nas partes da Guiné como em outros lugares nos tem mui bem servido, em especial em esta ida onde o enviamos a descobrir terra nova nas ditas partes da Guiné, de onde ora veio...”, Carta régia de 4.04.1484, concedeu-lhe uma tença anual de 10.000 reais brancos.
Seis dias depois 14.IV.1484, foi-lhe passado carta de enobrecimento, em que se atende não só os seus serviços, mas também aos de seu avô, Gonçalo Cão, no tempo de D. João I, nas lutas contra Castela, e aos de seu pai, Álvaro Fernandes Cão no reinado de D. Afonso V.
Conclusão: Esta viagem de exploração marítima tendo início a partir de meados do Ano de 1482, teve o seu término em princípios do ano de 1484
nas inscrições das cataratas de Yellala em Novembro de 1485 nota-se modificação do escudo, todos os escudetes virados para baixo
O padrão
do Cabo Negro,
o 3º padrão a ser erguido pela guarnição no cabo Negro,
Angola a 16 de Janeiro de 1486, na segunda expedição marítima, à
latitude 15 º 40' Sul e longitude 11 º 55' Este. Encontra-se em
estado avançado de deterioração, não é possível apurar a data
da sua inscrição. Nota-se que o Escudo da Bandeira tem
uns traços semelhantes ao do padrão do Cabo da Cruz ou da Serra,
conhecido na versão inglesa por Cape Cross , Namíbia, antigo
Sudoeste Africano.
O padrão
de cabo da Cruz ou da
Serra, o
4º padrão a ser erguido pela guarnição nesta expedição marítima
Fevereiro ou Março de 1486 em "Cape Cross", Sudoeste
Africano, Namíbia, à latitude 21º 46' Sul e longitude
13º 57' Este.
Neste
padrão nota-se boa visibilidade do escudo da Bandeira Nacional. Os
escudetes todos virados para baixo e
a flor-de-lis suprimida
e redução
do número dos castelos.
Existem duas inscrições uma em português e outra em Latim. A inscrição em Latim refere a data de 1485, sendo imperceptível o último algarismo da data na inscrição em Português, 148__. O único padrão que mantêm a cruz original de pedra calcária.
As
modificações foram introduzidas no escudo da Bandeira Nacional pelo
rei D. João II, depois de Março de 1485.
"Como o livro da chancelaria relativo ao ano de 1485 se encontra perdido, existem elementos de arquivo na Câmara Municipal do Porto, vereações vol.5º págs 83-84) que permitem asseverar que o rei D. João II não estava em Beja antes de Março de 1485, data em que decretou a modificação do Escudo" .
Com
efeito, os cronistas Garcia de Resende (Crónica de D.João II. cap.
55 e 56 e João de Barros, crónica de D.João II cap, 18 e 19,
afirmam ter sido em Beja, em 1485, que o monarca decretou as
modificações do escudo nacional.
"Supressão
da flor-de-lis (Cruz de Avis), redução do número de
castelos a sete, modificação da posição dos escudetes
laterais, que deixaram de ser apontados ao centro, para o serem
para baixo." e redução do número de
castelos
A
construção dos padrões feitos de pedra calcária e suas inscrições
foram concluídos antes das expedições de exploração
marítimas terem início! Assim, a data 1485 dos 3º e 4º padrões
corresponde a outra viagem.
Neste
contexto uma viagem iniciada em 1482 e outra iniciada em 1485
correspondem a duas viagens.
Quanto
ao assunto das viagens do navegador ser “ um
problema ainda em aberto”
segundo “Carmen Radulet”, apraz registar que a historiadora apresenta dúvidas, de quantas viagens de exploração
marítima foram efectuadas para Sul do Equador ao longo da
costa ocidental pelas, guarnições de Diogo Cão !...
Terão
sido várias, ... quantas necessárias, ninguém sabe, na possibilidade delas terem existido
nunca foram além da baía de Molembo ou baía de Cabinda, “ angra das Almadias” !
Não existe qualquer memória descritiva ou mítica de terem chegado à foz do rio Zaire muito menos a Sul da futura Angola, antes de Abril de 1483!
Não existe qualquer memória descritiva ou mítica de terem chegado à foz do rio Zaire muito menos a Sul da futura Angola, antes de Abril de 1483!