Ponta do Padrão, península extrema
da margem esquerda da foz do rio Zaire, Angola
[ Notícia de Maio de 2010, Jornal de Angola ]
A Ponta de Padrão, sítio histórico localizado na foz do rio Zaire, está votada ao abandono, afirmou ontem, no Soyo, o historiador Monteiro Guilherme.
À margem de uma excursão de investigação dos
estudantes da 13ª classe do curso de Geografia e História da Escola de Formação
de Professores do Soyo ao monumento, Monteiro Guilherme defendeu a necessidade
de resgate dos valores históricos da Ponta de Padrão, local onde começou a
história da colonização de Angola, quando, em 1483, o navegador português Diogo
Cão desembarcou no local.
Sazaire, Soyo, foz do rio Zaire e Ponta do
Padrão, fota década 1970
O historiador considerou que os organismos
competentes da província do Zaire não estão a agir no sentido de se preservar
este monumento, sob pena de se perder a história moderna de Angola iniciada em
1483. “A Ponta de Padrão é um monumento histórico que deve ser preservado, pelo
facto de ser uma fonte que nos fornece dados e faz a comparação entre o passado
e o presente.
Ponta do Padrão e foz do rio Zaire
Como simples historiadores, não
podemos fazer nada para a sua manutenção e preservação, sem que haja a mão das
entidades governamentais, quer do Soyo, quer da província do Zaire”, afirmou o
historiador.
Monteiro Guilherme apelou ao Governo provincial
do Zaire para levar a cabo acções concretas para a manutenção e preservação de
todos os monumentos históricos da província, por representarem as raízes do
povo angolano.
Sazaire, Soyo - foto década 1970
“Praticamente ninguém fala dessas fontes
históricas da província, tais como a Ponta de Padrão e os portos do Mpinda e
Porto Rico, localizados na região onde começou a história moderna de Angola”,
disse Monteiro Guilherme.
Canal, mangal ou muíla na península extrema
do rio Zaire em Angola
A questão do mau aproveitamento das fontes orais
também foi levantada pelo historiador, que a considerou essencial na pesquisa e
divulgação da cultura angolana.
“Além dos monumentos, que necessitam
urgentemente de maior atenção, as fontes orais são outra das riquezas étnicas e
culturais dos angolanos pouco exploradas e aproveitadas”, adiantou.
Estuário rio Zaire em Sazaire, Soyo,
Para Monteiro Guilherme é necessário que as
autoridades locais devem criar programas de protecção, valorização e
divulgação deste património.